sexta-feira, 30 de abril de 2021

Cascão: HQ "Influências Opostas"

Em abril de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Influências Opostas" em que o Cascão tem contato com o vizinho Renato, um menino com paranoia de limpeza, o oposto do Cascão. Com 11 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 111' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cascão Nº 111' (Ed. Globo, 1991)

Nela, é apresentado o Renato, um menino asseado demais que chora até quando suja as mãos ao comer um bolo de chocolate. Mostra também Renato desesperado por ter sujado camisa com tinta enquanto estava pintando, querendo trocar imediatamente, não pega o cãozinho que ganhou dos pais para não se sujar de pelos e fica com nojo quando uma amiguinha toma suco com o canudo que ele estava tomando e manda a mãe levar outro canudo, custando a amiga dar soco nele e perder amizade.

Os pais ficam preocupados que Renato não sai de casa para brincar só para não se sujar e resolvem se mudar para um lugar com mais espaço e ar puro para o filho não ter uma vida fechado em um apartamento e, então, a família se muda para o bairro do Limoeiro perto da casa do Cascão, que não é nada asseado.

Dona Lurdinha dá bronca no Cascão por estar comendo bolinho de mãos sujas e ele diz para mãe que não dá para tirar as mãos para comer. Dona Lurdinha diz que bastava só lavar e Cascão diz que é mais fácil tirar as mãos do que lavar, irritando a mãe. Ela avisa que chegou um novo garoto no bairro, que é muito asseado, e queria que o filho fizesse amizade com ele. Cascão diz que vai assim que comer o bolinho que caiu do chão.

Renato se incomoda com o entra-e-sai da mudança da casa nova e queria ver tevê sossegado. Quando Cascão se aproxima, Renato pensa que se mudaram perto de um depósito de lixo e quando vê que o cheiro vem do Cascão, sobe desesperado em uma árvore para se afastar dele. Cascão pensa que ele é tímido e Renato pergunta o que aconteceu com o Cascão para ficar tão sujo daquele jeito. Cascão diz que se esforça para ficar daquele jeito, Renato acha um horror e só desce da árvore porque Cascão prometeu não tocar nele.

Renato pergunta se Cascão nunca tomou banho e como consegue viver sem banho. Cascão diz que não suporta água e pergunta como ele consegue tomar um banho por dia. Renato diz que toma 3 por dia e morando lá agora, vai passar a tomar 6. Cascão pergunta o nome dele e convida para jogar futebol. Renato recusa por várias razões, como sujar sapato, roupa, mãos e junto com Cascão vai se sujar mais ainda.

Cascão o acha um menino bobão, se tem medo de se sujar nunca vai se divertir, nunca vai sentir emoção de correr, pular, sentir vento no rosto, suor depois de um jogo de bola, etc. Vai ficar parado o resto da vida para não se sujar e com um espanador para não juntar poeira. Ele é sujinho, mas curte a vida e tem muitos amigos que tomam banho e não tem nojo dele e vai convidá-los.

Renato vê os meninos felizes  jogando bola, corre e se convida para jogar futebol com eles. Renato até joga bem, dá dribles bons e  até faz gol de bicicleta. Depois, Cascão e Cebolinha brincam de "siga o chefe", de alpinistas, de selva, pulando em árvores e galhos, de balanço com pneu velho e, por fim, tomam um guaraná, todos tomando no mesmo copo. 

Os pais do Renato veem e adoram vê-lo brincando como uma criança normal. Renato chega em casa exausto e vai tomar banho e a mãe pergunta se o banho não é mais gostoso depois de uma tarde de brincadeiras. Renato diz que foi graças ao Cascão, falando à mãe que é um menino que nunca tomou banho. A mãe fala que ele não sabe o que está perdendo  e dá ideia a Renato ir à casa do Cascão convencê-lo a tomar banho.

Renato se espanta que Cascão não se lavou nem depois das brincadeiras e fala que a água é boa e não conhece a sensação refrescante de tomar um banho.  Como Cascão lhe ensinou a não ter medo de se sujar, ele está querendo retribuir o favor e resolve dar um empurrão no Cascão para cair na banheira. Quando Renato empurra, há um mistério do narrador falando se finalmente Cascão tomou banho e no final, vimos que Cascão se abaixou e Renato quem caiu na banheira e Cascão fala que ao contrário do Renato, ele não está preparado para mudar, ainda.

Uma história muito legal com o Cascão lidando com um garoto que era oposto a ele, que tinha aversão à sujeira  e tinha medo de se sujar. Renato só mudou de ideia depois do discurso do Cascão que com aquele medo não ia curtir a vida. Ele só não conseguiu tirar o medo de água do Cascão no final, por ele já ter uma cabeça bem resolvida. Cascão tem em mente que um dia vai tomar banho, mas não estava preparado naquele momento, diferente do Renato que ele ouviu as palavras certas no dia que ele estava preparado para mudar de comportamento.

A história também serve de recado a mães que deixam os filhos em apartamento, não deixam sair para brincar na rua com  medo de se sujarem, se machucarem e, assim, eles não curtem a infância. Na história até que a ideia partiu da própria criança, os pais eram contra vê-lo só dentro do apartamento e se mudaram para o bairro do Limoeiro para ver se o filho se enturmava com outras crianças, mas na vida real são os pais que têm essa ideia na maioria das vezes.

Foi divertido ver o Cascão defendendo o seu jeito de ser sujinho, sendo vem abusado, respondendo à mãe que não dava para tirar as mãos para comer bolinho e mais fácil isso do que ele lavar as mãos e respondendo ao Renato com pergunta semelhante de como Renato consegue viver tomando banho todos os dias. Esse era o verdadeiro Cascão, hoje em dia mudou muito e lava as mãos tranquilamente sem medo e faz apologia á limpeza. Também tem cena considerada uma das mais incorretas de todos os tempos de ele querer comer o bolinho que caiu no chão e a mãe aceitar. Hoje em dia, cena inaceitável e chegou a ser alterada quando foi republicada na Panini. A violência da menina dando soco na cabeça no Renato também não é aceita mais nas revistas atuais.

O Renato só apareceu nessa história, como de costume personagens secundários assim, mas na época eu até pensava que seria um personagem fixo, visto que tratava como um novo vizinho que tinha se mudado para o bairro do Limoeiro. Podiam ter continuado com a personagem, mesmo com ele curado da sua mania de limpeza, mas podiam ter histórias com ele querendo dar banho no Cascão para se vingar desse final ou ajudando nos planos infalíveis do Cebolinha contra o Cascão ou até mesmo ser secundário nas histórias de futebol e brincadeiras, pois vimos que ele jogava bem, mesmo que nunca havia jogado futebol na vida antes.

Foi legal ver narrador-observador contando partes da história e o suspense dele para ver se Cascão tomou banho ou não, sempre eram divertidos quando tinham narrador nas histórias. Curioso o carro de mudança se chamar "Zás-Trás", uma espécie de homenagem á revista "Zaz Traz" da Editora Continental  onde Mauricio de Sousa publicava primeiras histórias do Bidu em 1959 e 1960. Nas propagandas inseridas nas histórias, dessa vez nas laterais com o Grupo "Ama", escola de música, bem frequente nas revistas de 1991.

Os traços muito bons, com direito a só curva nos olhos quando estavam bem brabos, embora teve erro de colorização em alguns momentos pintando de branco os olhos do Cascão, normalmente não pintavam quando eles tinham essa expressão, mesmo assim ficaram bons da mesma forma. No expediente final da revista informa que foi uma edição de março de 1991 erradamente, pois foi de abril, inclusive foram 3 revistas do Cascão no mesmo mês de abril por conta de calendário, no caso, as edições Nº 110, 111 e 112. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Capa da Semana: Mônica Nº 32

Uma capa com Mônica e Cebolinha na Inglaterra, com Mônica dando em cima do Cebolinha, que estava como um soldado inglês. Destaque para a roupa da Mônica, bem estilo à Madonna dos anos 1980, ficou bem legal.

Essa capa foi uma das séries de capas em sequência de 1989 tiradas de uma coleção de cadernos com os personagens viajando para outros países. As capas de Mônica Nº 29, 30, 31 e 32 e mais 'Cascão Nº 63' foram dessa coleção de cadernos e que até tinham propagandas nas revistas na época.

A capa dessa semana é de 'Mônica Nº 32' (Ed. Globo, Agosto/ 1989).

sábado, 24 de abril de 2021

Magali Nº 2 - Panini - 2021


Nas bancas, 'Magali Nº 2' lançada em abril de 2021 pela Editora Panini. Nessa postagem mostro como foi essa edição.

A revistas da MSP tiveram numeração reiniciada em março de 2021 formando uma terceira série na Panini. Após o reiniciamento, revistas da Magali passam a ter 84 páginas, formato canoa (não tem mais formato lombada quadrada as revistas com 84 páginas), com 1 página de seção de correspondências, mais 9 páginas de passatempos e  as seções "Turma do Mauricio" (mostrando fichas dos personagens) e tiras clássicas a partir dos anos 1960, custando R$ 7,90. Com essas inclusões, acaba tendo a mesma quantidade de páginas com histórias de antes quando tinha 68 páginas, pagando mais.

Na distribuição chegou aqui dia 9 de abril, uma data de média que costuma chegar as revistas nas bancas. A capa com logotipo em HD e com alusão à história de abertura com extensão na contracapa para justificar preço, código de barras, QR Code e selos não aparecerem na capa. 

Capa com desenho se estendendo com a contracapa

A revista tem 9 histórias, incluindo a tirinha final,  e a história de abertura é "Não perca o bonde da história", com 24 páginas. Escrita por Edson Itaborahy e dividia em 3 partes, a turminha é convidada pelo Ariovaldo a entrar em um bonde em que eles se tornariam celebridades conhecidas mundialmente e vários seguidores, cada um com sua especialidade, para entrarem na História da Fama. Mônica se tornou cantora, Cebolinha, um pintor, Cascão, um jogador de futebol, e mais a tarde a Magali, uma chef de cozinha.

Só que essa fama a qualquer custo era passageira e a intenção não era para eles "entrarem na História" e serem conhecidos e ficarem lembrados para sempre por uma carreira de sucesso e, sim, por uma tragédia ou notícia ruim bombástica sobre eles. Tipo, alguns famosos na vida real que deixam de ser famosos e depois de alguns anos são lembrados só por coisas ruins que aconteceram com eles nos bastidores e que foram mais impactantes que a carreira no auge. E a história também dá recado a pessoas que querem ser celebridades a qualquer custo, fazem de tudo para serem famosas.

Trecho da HQ "Não perca o bonde da história"

Até que achei um tema bem interessante e atual para alertar pessoas assim que querem fama repentina e o tombo pode ser feio. Ficou melhor após a reviravolta dos personagens se darem mal após terem seus minutos de fama. Gostei do vilão Ariovaldo, teve direto até assinatura de contrato com os personagens quando entraram no bonde mágico, se fosse criada na fase incorreta, o vilão até poderia ser um diabo disfarçado, mas nessa história colocaram como um bruxo. Ele ainda prometeu que ia voltar, então tem possibilidade desse personagem voltar nas revistas no futuro.

Pode-se dizer que teve situação incorreta da turminha entrar em um bonde de uma pessoa que não conheciam, aceitarem carona de desconhecido. Pelo visto deixaram passar isso. Os traços não ficaram ruins, quando tem arte-final de Kazuo Yamassake, os desenhos ficam bons. O final que podia terem colocado uma piadinha em vez de mostrar lição de moral e mensagem educativa, coisa que está predominante nas revistas atuais, mas no geral achei uma boa história para os padrões atuais.

Trecho da HQ "Não perca o bonde da história"

No resto da revista segue o estilo atual com traços e letras de PC e voltadas ao conteúdo didático e dar lição de moral e continua em todas as histórias um texto "Mauricio Apresenta" antes de cada título. Foram poucas histórias da Magali, pouco espaço na própria revista, o que vem acontecendo nos últimos anos, devia aparecer mais, e dessa vez sem muito foco em comida. De secundários, tiveram histórias com Tina, Dorinha, Dudu com Anjinho, Turma da Mata e Mingau. Na história da Tina, "Mantendo-se no agora", de 6 páginas, Tina tenta mostrar para Pipa, Zecão e Rolo que eles devem focar no presente e não ficarem pensando no que aconteceu no passado e não se preocupar com o futuro, com coisas que podem nem acontecer.

Trecho da HQ "Mantendo-se no agora"

Em "Fios brancos", de 2 páginas, Magali encontra e fica arrancando fios de cabelo brancos dos seus pais. Em "Para onde eu vou?", de 4 páginas, Dorinha fica indecisa se vai lanchar uma maçã ou um bolinho e Xaveco tenta ajudar. Tem participação da Magali nessa, mas o foco maior é da Dorinha e Xaveco. Durante a história teve mensagem educativa, mas até que teve piadinha no final.

Trecho da HQ "Para onde eu vou?"

Em "Os agentes", de 5 páginas, Dudu pede para o Anjinho buscar seu boneco que um pombo levou para um casarão abandonado com mensagem durante a história. Essa foi a única história que a Milena participou e foi só alguns quadrinhos no final, pelo menos não ficou uma série de histórias com ela, pelo menos nessa revista. Em "Se eu fosse igual a eles...", de 4 páginas, Jotalhão fica imaginando como seria se ele fosse como os seus amigos bichos; 

Mingau teve 2 histórias nessa edição. Em "Mingau X ginasta X carro X avestruz", de 5 páginas, ele fica brincando com bonecos que encontravam onde andava pela casa. E em seguida, na história de encerramento "Videoaula", de 7 páginas, Mingau fica atrapalhando a Magali em sua aula de ginástica online que estava assistindo ao vivo pelo canal de Youtube no laptop. Como a MSP gosta de sempre colocar histórias com situações atuais, nada mais normal histórias assim envolvendo videoaulas e canais de Youtube. Essa de encerramento não foi ruim, só os traços que podiam ser melhores.

Trecho da HQ "Videoaula"

Na seção "Turma do Mauricio", sempre com 2 páginas, mostra as fichas dos personagens Milena, André, Nefasta, Fuxico e Caudinha. Nas tiras clássicas, tiveram 4 tiras da Magali dos anos 1960 e 4 da Tina dos anos 1970. O que me motivou a comprar essa revista foi essas tirinhas da Tina, são do primeiro semestre de 1977 e ainda na fase hippie,  umas das últimas com ela assim. Vimos tirinhas até com o irmão Toneco e o pai dela, que estavam sumidos das revistas mensais na época, mas que apareciam nas tiras de jornais. 

Essas tiras de jornais foram as melhores coisas que fizeram quando reiniciaram as revistas, tem um valor histórico e até motiva a adultos comprarem só por causa disso ou quem fica desanimado comprar vendo tantas páginas de passatempos, afinal, ninguém faz passatempos. Colocam as tiras exatamente como saíram nos jornais e não só com os personagens da Turma da Mônica. As raridades são as tiras dos secundários porque as da Turma da Mônica já são mais conhecidas até recentemente pelos livros "As Tiras Clássicas da Turma da Mônica" e os livros pockets da Editora L&PM. Como eu não tinha nenhuma tirinha da Tina hippie, aí não resisti a comprar a revista. 

Bem que podiam depois de um tempo, criarem livro especial reunindo essas tirinhas que saíram nas revistas dessa terceira série da Panini. Ideal mesmo eram não ter cancelado os pockets da Editora L&PM e terem criado livros com tiras de jornais da Tina, Turma da Mata, Piteco, Astronauta, etc. Agora ficam criando livros de capas duras caros com reedições da Panini recentes e esse material histórico ficam de fora.

Uma das páginas de Tiras Clássicas da Tina da edição (1977)

No expediente final junto com a tirinha atual tem agora numeração real da revista desde o lançamento da revista da Magali da Editora Globo em 1989 ao lado do número da série atual. Contando todas as séries, vemos que essa é a edição Nº 575 da Magali.

Expediente final mostrando também numeração real da revista

Achei que não foi ruim por completo essa revista da Magali, mesmo inicialmente ter comprado só pelas tirinhas da Tina, mas até que achei legal a história de abertura e de encerramento. Podiam não focar tanto no politicamente correto e não ficarem se preocupando o tempo todo em ensinar boas maneiras e conteúdo didático, aí seria melhor. E podia ter mais histórias da Magali. As outras revistas do mês de abril eu não comprei, não vi nada de mais folheando, até poderia pelas tiras nas revistas do Cascão, Chico Bento e Turma da Mônica, mas não achei tão raras quanto as da Tina. Fica a dica.

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Livro "As Grandes Piadas do Pelezinho"

Em outubro de 1987 era lançado nas bancas pela Editora Globo "As Grandes Piadas do Pelezinho Nº 7", o primeiro livro especial reunindo tirinhas do personagem. Nessa postagem faço uma resenha de como foi esse livro.

Pelezinho finalmente ganhou um pocket, já que nem teve na série "As Melhores Piadas" da Editora Abril. Mesmo a revista mensal dele ter sido cancelada em 1982, tinham almanaques semestrais dele e algumas edições especiais de Copa do Mundo reunindo inéditas com republicações e agora ganhou um livro de tirinhas. Com formato pocket com lombada 10,5 X 17,5 cm, 84 páginas e miolo em papel jornal, tiras em preto e branco, uma por página em formato vertical, entre 2 a 4 quadros por tira.

A capa foi ilustrada por uma tirinha bem bacana, com Cana Braba, vendo o Pelezinho doente,  telefonando para o amigo adiar o jogo de futebol ao invés de ajudá-lo. Não teve frontispício falando sobre a edição, na página 3 foi apenas uma tirinha de 1 quadro. Esses pockets da Globo não costumavam nem ter frontispício, começavam já com uma tirinha, com raras exceções. Com isso, essa edição teve 81 tirinhas no total, incluindo a da capa. 

Foram republicações de tiras de vários jornais do Brasil dos anos 1980, provavelmente entre 1982 a 1984, fora de ordem de quando produzidas. Por serem tiras dos anos 1980, vimos uns traços mais enxutos, já da fase consagrada da MSP, visto mais nas últimas edições do Pelezinho da Editora Abril e até mais evoluídos um pouco com eram as capas dos almanaques da Editora Abril depois de 1982.

As 13 tirinhas iniciais a partir da página 4 foram tirinhas seriadas, tinham uma piada em cada tirinha, mas eram só de um tema, que reunidas formavam uma historinha. Até a página 10, teve a tira seriada do time da Rua de Cima dando um presente para a turma do Pelezinho, mas como eram inimigos deles, todos ficaram com medo do presente e não tinham coragem de abrir a caixa pensando que era uma bomba ou algo do tipo, aí em cada tirinha uma piada em cima disso formando uma historinha e aumentando a curiosidade dos leitores em saber o que eles tinham ganhado. No final, era um bola, mas tinha um explosivo dentro quando chutaram.

Da página 11 até 14 teve tirinha seriada com o Pelezinho querendo fugir para se casar com a Neuzinha em segredo porque o pai dela proibia o namoro entre eles, mas Bonga conta para algumas pessoas e cada um vai fazendo fofoca e todos ficam sabendo. No final, o padre diz que não vai casá-los porque são crianças, só quando forem adultos e desistem de casar quando o padre fala em que eles vão ter filhos.

Um fato curioso que foram poucas tiras envolvendo futebol, que era a marca registrada da Turma do Pelezinho. Desde 1976 que ele tinha tiras em jornais, aí pelo visto nos anos 1980 já não tinham mais inspiração para criar piadas sobre futebol e dentre as que tiveram esse tema, provavelmente muitas foram remakes do que já tinha,m produzido. Com isso, foco maior foram tiras envolvendo outras características gerais dos personagens.

Tem piadas com todos os personagens fixos da Turma do Pelezinho, menos o Jão Balão. O grande nome foi o Cana Braba, foi quem mais teve tiras ou serviu de fazer a graça nas piadas. Tiveram também algumas com trocadilhos, coisa marcante nas tiras da MSP e sempre engraçadas, assim como tiras com absurdos, bandidos, diabos, que também não podiam faltar na época. 

Dentre as tiras com características dos personagens como Pelezinho namorar escondido com a Neusinha e o pai dela ficar em cima do namoro deles, o Cana Braba falar palavrão em excesso, meninos apaixonados pela Bonga, Samira com seus quibes duros ou personagens fazendo bullying com o nariz grande dela, etc.

Dentre as de futebol, vemos situações cotidianas em partidas de futebol, eles s epreparando para jogar, sufoco que podem passar, assim como absurdos da força do Pelezinho ao chutar bola, Frangão não agarrar a bola, brigas, entre outras. Sem dúvida, as retratando a força do Pelezinho chutando bola foram mais engraçadas.

Algumas tiras foram refeitas de tiras existentes da Turma da Mônica como, por exemplo, a tira em que o Pelezinho chuta o Cana Braba, quando ele fala para o Pelezinho chutar o que tinha na mão para adivinhar. No caso, já teve uma tira igual  só que protagonizada com Cascão chutando o Cebolinha.

Uma pena não mostrarem o ano em cada tira, eles colocavam do jeito que saíam nos jornais só ajustando posição dos quadrinhos, deslocando para esquerda ou para direita para ficar com vidual harmonioso nas páginas. Podiam também ter colocado uma ordem cronológica, mas também era característica desses livros serem em fora de ordem, maioria era assim.

Após esse livro, Pelezinho  teve ainda algumas tirinhas publicadas nessa coleção em "As Grandes Piadas da Turma da Mônica Nº 20", de 1988 (o último da coleção), em que metade do livro eram tiras da Turma da Mônica e a outra metade de metade de personagens secundários convidados, e naquela edição foi com o Pelezinho.

Depois disso, ele só voltou a ter livro de tirinhas na série "As Tiras Clássicas do Pelezinho" em 2 volumes em 2012 e 2013, respectivamente, reunindo tiras dos anos 1970 e que infelizmente a coleção não foi continuada, intenção era reunir tiras em ordem cronológica até a última  produzida, mas não aconteceu. E nem teve também título na coleção da Editora L&PM, título também lamentavelmente cancelado.

Como pode ver, "As Grandes Piadas do Pelezinho Nº 7" foi um bom livro, tiras bem raras, já que as mais conhecidas foram as dos anos 1970, até porque eram publicadas nas revistas mensais e almanaques dele, mas que também não deixam de ser raras. Mesmo não tendo muito futebol, mas os absurdos, trocadilhos e características dos personagens não deixam de ser divertidas. Vale a pena ter na coleção.

sábado, 17 de abril de 2021

Coelho Caolho: HQ "Boa noite, filho!"

Mostro uma história em que o Coelho Caolho tem dificuldade de dar boa noite a seus filhos e o Raposão tenta ajudá-lo. Com 5 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 71' (Ed. Abril, 1978).

Capa de 'Cebolinha Nº 71' (Ed. Abril, 1978)

Coelho Caolho gosta de dar boa noite a todos os seus filhos, só que ele tinha muitos e ficava praticamente a noite toda dando boa noite a cada um dos seus filhos para só depois ir dormir. Ele termina bem na hora de acordar e a sua esposa vendo ele dormindo ,o acorda, reclamando que não é para dormir até tarde e manda ir trabalhar.

No caminho, Coelho Caolho dorme em pé e Raposão estranha e o chama. Coelho Caolho explica ao seu compadre que tem andado dormindo pouco, depois que dar boa noite para a filharada, á é dia e tem que levantar. Raposão tem ideia de dar boa noite a todos de uma vez só. A noite, Coelho Caolho põe em prática, só que todos respondem de uma vez só também tão alto que estremece a toca, derruba tudo e ele tem que arrumar os entulhos a noite toda e não dorme de novo.

No outro dia, Raposão dá ideia de gravar em uma fita e tocar na hora de dizer boa noite. Coelho Caolho faz isso e a princípio dá certo, mas acaba dando defeito no gravador repetindo boa noite sem parar, incomodando o Coelho Caolho, que chuta o gravador e cai em um buraco e ele tem que ficar ouvindo a gravação noite toda e mais uma vez não dorme.

No dia seguinte, Raposão fala para o Coelho Caolho arranjar um papagaio para falar boa noite. Cansado com as ideias dele, Coelho Caolho, coloca o Raposão como o papagaio e termina ele dando boa noite para os afilhados enquanto, finalmente, Coelho Caolho consegue dormir.

Uma boa história retratando a dificuldade do Coelho Caolho dar boa noite a todos os seus filhos e Raposão dar ideias para ajudar o seu compadre, só que nenhuma dar certo. Até que as ideias do Raposão não eram ruins, só que por algum motivo teve infelicidade de não funcionar e Raposão foi quem acabou se dando mal se tornando o papagaio para dar boa noite, como se fosse culpado das ideias propostas não funcionarem.


Eram comuns histórias do Coelho Caolho sofrendo com seus vários filhos, isso quando não sobrava para outros personagens. Estima-se que ele tem 128 a 140 filhos, mas nunca teve uma quantidade fixa nas revistas. Interessante que dessa vez não mostraram os filhos do Coelho Caolho, só os balões mostrando os filhos dando boa noite ao pai. Eles estavam ali perto, mas o roteirista quis focar só no Coelho Caolho. 

Vemos que a esposa dele bem braba e autoritária quando exige que ele saia da cama para ir trabalhar, foi engraçado. Legal também esse parentesco do Coelho Caolho e Raposão serem compadres, no caso o Raposão é padrinho dos filhos dele. O gravador com fita-cassete fica sendo algo datado, hoje teria gravação do áudio em um smartphone. 

Os traços muito lindos da fase dos personagens superfofinhos no final dos anos 1970. Embora chamavam mais atenção com a Turma da Mônica, mas todos os núcleos de personagens foram desenhados com esse estilo de traços e sempre eram bem caprichados assim. Essa fase superfofinha ficou entre 1977 a 1979 e ainda teve uma adaptação desse estilo nas revistas de 1981 como uma espécie de transição para os traços consagrados. Essa história foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 4' (Ed. Globo, 1988). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 4' (Ed. Globo, 1988)

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Tirinha Nº 81: Magali

Nessa tirinha, o pai da Magali, Seu Carlito, leva a filha ao médico preocupado com a sua gula, de comer sem parar. Não procurou médico assim que ela nasceu porque conseguia bancar, mas com a alta dos alimentos não estava mais conseguindo. Sabe como é, inflação alta, tudo aumenta e a gulodice da filha também só aumentando, aí fica difícil sustentar.

Não costumavam mostrar preocupação em retratar a fome da Magali no aspecto de prejuízo financeiro para os pais dela. Simplesmente comia e pronto, mas tiveram algumas vezes que foi mostrado isso e era engraçado ver o pai se virando para sustentá-la e parando para pensar é bem rico para bancá-la. E ainda tem crítica à inflação, que era muito alta na época e continua bem atual. Muito boa.

Tirinha publicada em 'Magali Nº 69' (Ed. Globo, 1992).

domingo, 11 de abril de 2021

Dona Morte: HQ "Com os dias contados"

Mostro uma história em que um homem resolveu curtir a vida após descobrir que só tinha 3 meses de vida. Com 4 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 10' (Ed. Gobo, 1987).

Capa de 'Cascão Nº 10' (Ed. Globo, 1987)

Nela, conhecemos o Otávio, que foi se consultar com o médico Doutor Fontes, que comunica Otávio tem uma doença incurável e só tem 3 meses de vida. Otávio sai da clínica arrasado e se pergunta o que vai fazer em 3 meses de vida e aí resolve viver a vida.

Otávio pede a conta do emprego puxando a gravata do chefe e é despedido. Vai ao bar, enche a cara de cerveja e pendura a conta para pagar daqui a 3 meses. Depois, chega em casa, a esposa reclama se não foi trabalhar por estar cedo em casa e Otávio a enfrenta, a chama de bruxa e já está cheio dela. A esposa pergunta se ele quer apanhar dela e Otávio a encara e vai embora, surpreendendo a esposa já que ele nunca agiu assim.

Depois, Otávio cai na farra na boate com  muitas mulheres e vai dormir no banco da praça. Vira mendigo esperando chegar a sua hora até que aparece a Dona Morte, só que para avisar que houve mudança nos planos e o nome dele está fora da lista. Com isso, Otávio avisa à Dona Morte para colocar outro nome na lista: Doutor Fontes. Ou seja, vai matar o médico porque o fez perder tudo com a notícia falsa.

História legal abordando tema de o que o leitor faria se descobrisse que tinha pouco tempo de vida. O homem descobriu que só tinha 3 meses de vida e já que ia morrer, resolve curtir a vida, só que extrapola e não esperava que não ia morrer mais. Com o abuso que fez, acabou perdendo tudo virando mendigo. É engraçada e triste ao mesmo tempo, dá pena de Otávio ter se tornado mendigo e só restou matar o Doutor Fontes que deu notícia falsa, pelo menos ia ser preso e não ia ficar mendigando na rua.

Culpa foi dele também, podia não extrapolar tanto, ou até podia ter ido a outro médico para confirmar ou insistir em um tratamento e ter sorte de curar da doença, que não foi revelada qual era. Se ele fosse um pouco mais pé no chão, pelo menos teria mantido o emprego até morrer. A coisa boa foi ter criado coragem e enfrentar a esposa  autoritária, que o tratava como panaca e batia nele. Mostra que ele era submisso e já podia ter separado há muito tempo. Impublicável hoje em dia por ter esse humor negro, além de envolver bebida alcoólica, farra e ter final triste não permitido mais nas revistas atuais.

Era comum histórias protagonizadas por personagens secundários e a Turma do Penadinho aparecer só no final e {as vezes nem aparecia. Gostava quando tinham histórias assim. Por isso a Dona Morte só apareceu no final para dar a notícia que Otávio não morreria mais. Como de costume em histórias assim, esses secundários aparecem só em uma história. Os traços ficaram bem caprichados, bem estilo anos 1980 que davam gosto de ver.