sexta-feira, 29 de abril de 2022

Chico Bento: HQ "Do outro lado da vida"

Em abril de 1992, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Do outro lado da vida" em que o Chico morre após cair de uma ponte e seu espírito não se dá conta que morreu. Com 10 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 138' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Chico Bento Nº 138' (Ed. Globo, 1992)

Nela, uma ponte arrebenta e Chico Bento cai de um abismo até um buraco. Quando ele sai do buraco, fica aliviado que aconteceu nada com ele, mas não sabia que estava morto quando saiu do buraco e vai ao encontro com a Rosinha.

O espírito do Chico chega lá e Rosinha não vê e comenta onde se meteu o peste do Chico, que ele deve ter esquecido do encontro e estar dormindo. Rosinha sai xingando o Chico, que pensa que ela estava fingindo que não o via por estar braba. Logo depois vê o Zé Lelé indo pescar e ele não vê o Chico, assim como Zé da Roça e Hiro não veem o Chico enquanto estão roubando goiaba do Nhô Lau. Chico vai dedurar os amigos ao Nhô Lau, que estava dormindo na rede e nem ouve Chico falando. Ele se toca que é coisa feia dedurar os amigos e fica aliviado que o Nhô Lau tem sono pesado e não o  ouviu.

Chico vai para casa e encontra a mãe chorando e pergunta se ela cortou cebola. Dona Cotinha não o vê e nem o ouve e Seu Bento aparece, falando que ainda não conseguiram encontrar o filho. Dona Cotinha fala que ele nunca se atrasou para o almoço, deve ter ido caçar e se perdeu na mata. Seu Bento fala que vai juntar uns homens para procurarem o filho na mata e pede pra esposa descansar enquanto Chico não entende que ele está lá e os pais não o veem.

Seu Bento vai para rua, bate a porta e o espírito Chico, ao sair, atravessa a porta. Ele se espanta que atravessou que nem um fantasma e deduz que está invisível e acha que vai ser divertido que vai ouvir as conversas dos outras sem elas notarem. Então, ele vê um garoto conversando com Rosinha, falando que o Chico é um bobão, que não gosta dela e se quer namorar com ele. Rosinha diz que vai pensar enquanto Chico tenta intervir na conversa e bater no garoto, que ele está ali, sem sucesso.

Chico pergunta como pode voltar a ser como antes e aparece um homem respondendo que não dá, agora ele é assim e não tem jeito. Chico pergunta a ele se está o vendo e o homem fala que é igual a ele mostrando o braço atravessando a árvore e que podem fazer um monte de coisas que não podiam quando eram vivos. Chico se espanta ao saber que morreu e o homem pergunta o que ele acha que  aconteceu quando caiu da ponte.

Chico quer voltar a ser como antes, não vai se acostumar, tem os pais e a Rosinha que vão sentir falta. O homem diz que os pais podem ter outro filho, a Rosinha arranja outro namorado e os amiguinhos vão esquecer dele, todos vão ficar bem. Aparecem anjos para buscá-los para o Céu, Chico foge, tropeça na pedra e bate a cabeça em uma outra pedra grande e desmaia. Aparece o São Pedro, avisando que Deus tem novos planos para Chico e aí ressuscita.

Assim, Chico acorda vivo no local do acidente, conta para o pai que teve um sonho esquisito e Seu Bento conta que o filho teve sorte, não é qualquer um que cai daquela ponte e continua vivo para contar a história. Depois de todos irem embora, no final, Deus fala que o Chico não ficou vivo para contar a história, mas para contar muitas outras histórias.

História muito boa e envolvente em que o Chico morre ao cair de uma ponte e o seu espírito não sabe que havia morrido. Ele pensava que todos estavam fingindo que não viam, nem ao atravessar a porta se tocou que havia morrido, pensou apenas que tinha ficado invisível de alguma forma, e só se tocou quando o outro fantasma contou que eles estavam mortos. Para sua sorte, no final Deus lhe deu outra chance de vida para que ele continuasse contando varias outras histórias nos gibis. Se fosse o fim do Chico, ia desapontar os leitores, não teríamos mais histórias dele.

Foi mostrado de uma forma bem singela a morte do personagem e a vida após a morte, de almas que não aceitam que morreram. Foi bem legal isso do Chico custar a perceber que morreu. No momento que ele tropeçou e bateu cabeça na pedra já tinha voltado a ficar vivo porque senão ele podia muito bem atravessar a pedra ao se chocar com ela, na verdade, nem tropeçaria na primeira pedra pequena. Interessante deixarem um quadrinho inteiro com ele caindo para ver a altura do abismo. 

A MSP gostava muito de histórias envolvendo Espiritismo e não era só nas histórias do Penadinho, sempre eram boas quando tinham. De vez em quando também tinham histórias com mortes de personagens, o Chico mesmo  essa não foi a primeira vez que morreu, já tinha morrido na história "Vivinho da silva", de 'Chico Bento Nº 92' (Ed. Globo, 1990), fora outras que ficou prestes a morrer, como, por exemplo em "Com a vida por um fio", de 'Chico Bento Nº 55' (Ed. Abril, 1984), mas sempre voltou. Ou então histórias em que pessoal pensava que estava morto, mas não estava na verdade. Todos os grandes personagens já morreram de fato nos gibis, menos a Magali, no máximo histórias do tipo de pensarem por um momento que ela morreu.

Essa história teve referência ao filme "Ghost, do outro lado da vida", um clássico do cinema. Na época estavam bem frequentes histórias baseadas em filmes do cinema famosos, uma perto da outra, começada a sequência em 1991 e essa grande frequência até 1993, mas tiveram outras também ao longo dos anos 1990. Ainda sobre "Ghost", essa do Chico foi a primeira sobre esse filme, e depois ainda fizeram "Ghost de Cebolinha" ('Cebolinha Nº 83', de 1993) e "Goust" com a Turma do Penadinho ('Mônica Nº 123', de 1997).

Os traços ficaram bem caprichados, dessa vez a Rosinha sem brilho branco no cabelo, as vezes acontecia de desenharem assim. Completamente impublicável hoje por ter morte de personagem e traumatizar as crianças, envolver religião e Deus como personagem, fora ter referência que Chico caçava animais no mato, palavra "Droga!", palavrões da Rosinha, definitivamente sem chance. Nunca foi republicadas até hoje, deveria ter sido entre 2004 a 2005, mas com politicamente correto já instalado preferiram não republicar. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

domingo, 24 de abril de 2022

Magali: HQ "Esconderijo não muito ideal"

Mostro uma história em que a Magali escondeu maçãs no seu peito para seus amigos não comerem, mas que causou muita confusão. Com 5 páginas, foi história de miolo de 'Magali Nº 129' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Magali Nº 129' (Ed. Globo, 1994)

Magali está com duas maçãs para comer tudo sozinha, quando avista a Mônica e esconde as maçãs no peito, sabendo que ela gosta e não comer só que as maçãs escondidas no peito ficam parecendo seios. Mônica pergunta o que é aquilo no peito dela e Magali desconversa, saindo rápido. Mônica fica triste que a amiga já está ficando mocinha e ela nada ainda.

Depois, em outro ponto da rua, aparecem Cebolinha e Cascão e se impressionam com o peito da Magali. Eles comentam que viram, mas não estão acreditando enquanto Magali sai de fininho, sem eles verem. Magali comenta se eles viram ou não e quer devorar logo as maçãs, mas esbarra com Titi paquerando e dando flores para uma menina. Titi vendo o peito da Magali larga a garota para dar as flores pra ela, que diz que não é boba, que sabe que só quer namorá-la por causa das maçãs e vai embora, deixando o Titi envergonhado.

Em outro ponto, quando Magali estava prestes a comer as maçãs sossegada, aparecem Cebolinha e Cascão levando Xaveco e Jeremias juntos para ver o peito dela. Magali foge deles para não comerem as maçãs enquanto eles correm atrás dela interessados pelo peito. Dona Cebola e Dona Lurdinha veem a cena e acham que o tempo passa rápido demais. Magali chega em casa, a mãe se assusta da filha ter ficado mocinha, mas ela logo mostra que eram maçãs escondidas. No final, enquanto Magali come, chegam encomendas de presente para Magali e eram sutiãs dados pela Mônica, Titi e Dona Cebola e a Dona Lili diz que não foi uma boa ideia o esconderijo das maçãs.

História engraçada demais, mostra a verdadeira Magali egoísta, que não queria dividir comida com os amigos, era capaz de tudo para comer tudo sozinha, até esconder maçãs onde não deve. Com maçãs no peito, todos pensaram que ela virou mocinha e tem reações diferentes. Enquanto Mônica fica com inveja que ela não tem seios e as mães admiradas que Magali virou mocinha cedo demais, os meninos ficam tarados, achando a Magali linda com seios e querendo namorar com ela por causa disso. Não descobriram a verdade e Magali acaba ganhando presentes de sutiãs deles.

Interessante em que a Magali foi inocente o tempo todo, sem ver a malícia deles, pensava o tempo todo que o que queriam eram as maçãs dela, mas na verdade, não. Só descobriu a intenção dos meninos com os presentes dos sutiãs. Se bem que para ela, tanto faz, tanto fez, o que interessa é comer e conseguiu o que queria de comer as maçãs sozinha sem ajuda de ninguém.

Engraçada a parte do Titi largando a menina só ao ver a Magali com seios. O Titi bem safado, traindo a Aninha 2 vezes, primeiro com a menina e depois com a Magali, pelo menos acabou ficando sem as duas, já que Magali não deu mole e não caiu nas investidas dele, ainda assim ele deu sutiãs para ela. Teve um certo absurdo da Magali andar e correr e as maçãs não caírem quando ela não segurava com as mãos e não tinha nada para as maçãs ficarem firmes dentro da roupa, eram bons esses absurdos.

Nos anos 1990 podia tudo nas histórias, hoje completamente impublicável por teor sexual, meninos tarados pra ficar com Magali, mostrar crianças assim antes da hora, Titi mulherengo traindo a sua própria namorada Aninha, machismo, definitivamente, sem chance atualmente. Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1990, com direito a língua dos personagens ocupando parte maior da boca lembrando os anos 1970 nesse aspecto.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

HQ "Mônica a modelo"

Compartilho uma história em que a Mônica foi convidada pra ser  modelo, mas tinha um porém de ser baixinha. Com 5 páginas, foi história de encerramento publicada em 'Mônica Nº 96' (Ed. Abril, 1978).

Capa de 'Mônica Nº 96' (Ed. Abril, 1978)

Começa com a Dona Maricota, costureira da butique, pedindo para Mônica experimentar um vestido para ela.  Mônica fica em pé em um banco enquanto Dona Maricota pega alfinetes e nessa hora um dono de loja vê a Mônica com o vestido do lado de fora da butique e pensa que ela era uma modelo alta, com belo corpo com cara de criança.

O dono da loja se encanta e convida a Mônica para ser modelo para desfilar com as roupas da loja dele. Mônica fica sem jeito, gaguejando, e o dono entrega um cartão da loja para ela ir desfilar, dizendo que vai ser um sucesso, o que estraga são os dentes, mas não faz mal. Mônica fica superanimada com o sonho de modelo ser realizado, sai da butique sem experimentar o vestido para Dona Maricota e diz que finalmente reconheceram a sua linda carinha, seu corpo perfeito e altura. Só que ela vê uma mulher alta passando pela rua e cai a ficha que é baixinha e fica deprimida.

Magali vê Mônica chorando e pergunta se acabaram as melancias do bairro e Mônica fala que perdeu a chance de ser modelo e desfilar porque é baixinha. Mônica chora que quer ser uma manequim alta e Magali tem uma ideia e elas vão ao laboratório do Franjinha. Lá, ele dá seu novo invento, uma perna-de-pau com controle remoto, que são controlados pela caixinha e que faz a perna andar, pular e dançar. Ao sair do laboratório, Mônica arrebenta o batente da porta por estar mais alta que a porta e pela sua grande força. 

No desfile, Mônica coloca vestidos compridos cobrindo a perna-de-pau, Magali controla o controle remoto e Mônica diz que quer abafar. Sai tudo perfeito, Mônica é aplaudida por toda a plateia em cada apresentação que fazia, um verdadeiro sucesso. Na última roupa, Mônica fala para Magali caprichar que ela quer arrasar. Magali vê uma barata e tenta matar batendo  controle remoto nela até conseguir matá-la. No final, Magali pergunta se a Mônica arrasou e ela diz que sim, mostrando o local todo revirado e com plateia caída no chão.

História engraçada com a Mônica querendo ser modelo, mas não dava porque era baixinha. Com a invenção do Franjinha de perna-de-pau com controle remoto a Mônica conseguiu realizar o seu sonho, mas Magali estragou tudo ao matar a barata com o controle remoto, que como seguia o comando, cada batida que a Magali dava, a Mônica saltava em tudo descontroladamente, derrubando tudo que encontrava pela frente.

Mônica, assim como as meninas da época tinha grande sonho de modelo. De fato, arrasou destruindo toda a loja. Magali sacana sem querer estragou o sonho da amiga, bem que podia matar barata com os pés mesmo, pelo menos a Mônica ia ficar parada na apresentação, mas não derrubaria tudo.

Foi curioso ver a Mônica ficar tão impressionada com o convite que nem ligou do dono da loja falar mal dos dentes dela, se batesse nele, ia perder a chance de ser modelo, afinal, nos anos 1970, ela batia em qualquer pessoa, até em adultos se implicassem com ela, as vezes até sem motivo aparente, era bem mais esquentada. Legal também ver a Mônica alta com vestido parecendo de fato uma modelo com cara de criança, o dono deslumbrado vê-la assim, chamando de dentuça, Magali preocupada em faltar melancias no bairro, o invento inovador do Franjinha, absurdo de Mônica quebrar batente da porta e destruído tudo por causa da Magali. Na época controle remoto era uma coisa supermoderna, uma novidade, nem televisões tinham, apenas alguns aparelhos específicos. 

Nos anos 1970 era bem frequente a presença da Mônica interagindo com a Magali, ou seja, tinha mais histórias com as 2 juntas sozinhas, era bom, assim como tinha grande frequência do Cebolinha contracenando com o Cascão nos gibis do Cebolinha. Incorreta hoje por mostrar criança trabalhando como modelo adulta e todos os absurdos que evita de colocar atualmente.

Os traços ficaram bons, típico de histórias de miolo da segunda metade dos anos 1970, uma mistura com bochechas pontiagudas com o superfofinho, costumavam também deixarem a língua ocupando boa parte da boca dos personagens, estilo de letras também ficava diferente com esse tipo de traços. A Dona Maricota e o dono da loja apareceram só nessa história mesmo.

domingo, 17 de abril de 2022

Chico Bento: HQ "Chicoelho em plena Páscoa"

No Dia da Páscoa, mostro uma história em que o Coelhinho da Páscoa transformou o Chico Bento em um coelho, causando muito transtorno para ele. Com 15 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 265' (Ed. Globo, 1997).

Capa de 'Chico Bento Nº 265' (Ed. Globo, 1997)

Chico Bento vê o pai com uma caixa e Seu Bento fala que vai começar uma criação de coelhos e encarrega o filho de alimentá-los todo dia. Chico ri, lembrando que é época de Páscoa e acha que um daqueles coelhos vai lhe dar um Ovo de Páscoa. Seu Bento acha curioso que o filho ainda acredita em coelhinho da Páscoa e Chico dá desculpa que foi só brincadeira, é tudo lorota.

No dia seguinte, Chico vai alimentar coelhos com cenoura e vê que em vez de 4, tinham 11 coelhos e corre para avisar o pai, que diz que é assim mesmo, os coelhos se reproduzem muito rápido e por isso que é um bom investimento e ele vai para o roçado e Chico vai para escola.

Na escola, no final da aula, Dona Marocas avisa os alunos de que no próximo domingo é Páscoa e teriam uma atividade surpresa no dia seguinte que vão gostar e manda não faltarem. No caminho de casa, Chico encontra a Rosinha, que lhe dá um Ovo de Páscoa que ela própria fez. Chico diz que deve estar delicioso, ela vai embora e Chico fala que a namorada é um amor, o Ovo está cheirando bem e vai comer agora mesmo.

Em outro ponto da roça, surge o Coelhinho da Páscoa Edgar, reclamando que a Páscoa mudou muito, não acha ruim de comercializarem os Ovos porque ele não estava dando conta do recado, mas o pessoal está comendo antes da hora, acabando com o sentido da Páscoa, um desrespeito, e vai dar castigo ao ver uma pessoa comendo Ovo de Páscoa antes da hora. Ele vê o Chico comendo, joga um raio e Chico passa a se sentir estranho, achando que comeu chocolate demais. Começa a transformação aos poucos e Chico acaba virando um coelho.

Chico se assusta, fala que não quer ser um coelho e aparece uma raposa, querendo comê-lo. Tem uma perseguição, a raposa pula alto e encurrala o Chico em frente a uma árvore. Com o movimento, cai uma jaca na cabeça da raposa, que desmaia e Chico foge. Em seguida, Rosinha vê o Chico como coelho, ela o pega, canta a musiquinha do Coelho de Páscoa e o chama de lindo. Chico pensa que ela o reconheceu, mas ela quer é levá-lo como bichinho de estimação. O pai dela não aceita porque coelhos se reproduzem muito rápido, só comem e fazem xixi e esse é selvagem e manda a filha devolvê-lo para o mato.

No caminho de casa, Seu Bento pega o Chico pela orelha, pensando que era um de seus coelhos que fugiu, e o prende na gaiola. Chico tenta avisar o pai de que é ele, mas não escuta. Ele percebe que agora são 14 coelhos e comenta que eles não param de se reproduzir. Um coelho diz que eles não tem o que fazer, é a forma que tem para passar o tempo. 

Chico se espanta que eles o entenderam, uma coelha diz que sabe que é um coelho selvagem que foi parar lá por engano e vai se acostumar lá, jogando charme e interesse por ele. A coelha quer passar o tempo com ele, Chico fala que tem namorada e ela manda esquecer o que passou e curtir o momento, vão se casar e ter um milhão de filhotinhos. 

Enquanto Chico fica fugindo da coelha, aparece o Coelhinho da Páscoa Edgar com sua namorada Mabel, falando para ver a confusão que ele arrumou e o manda desfazer o encanto, foi errado transformar o Chico em coelho só porque comeu Ovo de Páscoa antes do dia. A mágica é desfeita e no momento que a Coelha pegou o Chico, ele volta ao normal, assustando todos os coelhos.

Seu Bento vê o Chico dentro da gaiola, o tira de lá, falando que mandou o filho cuidar dos coelhos e não morar com eles, não sabe como foi parar lá e manda tomar banho. Chico comenta que o pai escapou por pouco de ser avô antes da hora e ele não entende nada.

No dia seguinte, Chico avisa os pais de que não quer  dar comida para os coelho por um tempo porque não aguenta mais ver coelhos pela frente. Ele vai para escola, professora Marocas fala que é o dia da atividade, eles pegam cartolina, tesoura, tinta. Chico lamenta ser justo aquela atividade e a surpresa revelada foi dos alunos saírem fantasiados de coelhinhos da Páscoa, com Chico ficando muito brabo no final.

História legal com o Chico Bento virando um coelho depois do Coelhinho da Páscoa ficar revoltado vê-lo comendo Ovo de Páscoa fora do dia, Chico passou sufoco com a raposa e com a coelha que queria ter filhotes com ele, mas o Coelhinho foi obrigado a desfazer a transformação e assim Chico volta ao normal, porém se torna coelho de novo, mesmo que de mentirinha, após a atividade escolar feita pela professora Marocas. Depois de tudo que passou, já estava com trauma de coelhos, foi forçado a virar coelho pela professora, traumatizando mais ainda.

Era bem comum histórias com os personagens se transformando em alguma coisa. Poderia ser por causa de uma bruxa, fada, cientista, dessa vez foi o coelhinho da Páscoa com a magia de transformar o  Chico em coelho. Foi bem assanhada a coelha, nem disfarçou a presença de um coelho novo na gaiola e já começou a fazer charme para o Chico e ter filhotes com ele contra a sua vontade. Engraçado Chico dizer que Seu Bento poderia ser avô antes da hora.

Dessa vez a história mostrou vários universos do Chico na mesma história, como família, escola, namoro com a Rosinha, geralmente é um universo em cada história. A princípio dava até pra achar que a passagem na escola no início foi enrolação, mas no final vimos que foi fundamental para a piada final. Sem querer, pode-se dizer uma vingança da professora de tanto que o Chico aprontou com ela na escola. Ainda teve lembrança de crianças pequenas saírem de coelhinho de Páscoa na escola nessa época.

Interessante que a transformação do Chico para coelho foi feita aos poucos em vez de aparecer transformado de uma vez, ficou diferente e legal ver a surpresa dele enquanto estava sendo transformado. Era normal na época ver o Seu Bento empreendedor, de fornecedor de levar para a cidade o que plantava para a roça, dessa vez o empreendedorismo foi de vendas de coelhos para a cidade. 

Curioso colocarem um nome para o Coelhinho da Páscoa, Edgar, e ainda ter uma namorada Mabel. A referência ao Pernalonga no bordão "O que que há, velhinho!" dito pelo coelho. Legal a homenagem. Tiveram alguns pontos incorretos como mostrar o Coelhinho da Páscoa como um coelho mal-educado e vilão que transformou o Chico em coelho, referência a sexo com a coelha assanhada, relação de que coelhinho de Páscoa não existe pelo Seu Bento, tirando a inocência de criança. 

Os traços ficaram muito bem caprichados, teve um erro de colorização do Coelhinho aparecer com mãos rosadas ao jogar magia no Chico, ficou com mão de humano. Pena as cores na história mais escuras e não ter mais o degradê em todos os quadrinhos, que foram bem marcantes nos gibis de 1995 e agora já estavam quase inexistentes em 1997, apenas em um outro quadrinho isolado. 

FELIZ PÁSCOA!!!

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Mingau: HQ "Dá um teco?"

Em abril de 1992, há exatos 30 anos, foi publicada a história "Dá um teco?" em que o Mingau vai a um restaurante pedir comida para os outros após ser expulso de casa pelo Seu Carlito, Com 11 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 75' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali Nº 75' (Ed. Globo, 1992)

A família da Magali está almoçando e Mingau está tomando o seu leitinho. Acaba e ele vai pedir pedaço do que eles estão comendo. Não ouvem o miado fraco e Mingau mia alto e faz um olhar pidão. Seu Carlito se incomoda e reclama que não consegue comer com o gato pedindo comida o tempo todo e Mingau se espanta que o seu "olhar 43" falhou.

Seu Carlito pergunta à Magali se ela não dá comida para o Mingau. Magali diz que já tomou o leitinho dele, mas que está ficando gulosinho que nem ela. Seu Carlito não aceita, uma Magali em casa já basta e isso não pode ficar assim e, então, Seu Carlito, enxota o Mingau com uma vassoura para fora de casa para eles ficarem comendo sossegados.

Mingau reclama que os desalmados continuam comendo e em vez de ganhar um teco, ganhou um peteleco. Com isso, ele se vira na rua para arranjar comida e entra em um restaurante. Ele sabe que as pessoas vão lá para comer e acha que os gatos também. Lá, ele se admira com tanta gente comendo e procura alguém com cara de trouxa pra pedir um teco.

Encontra um casal comendo, Mingau mia alto enquanto o Lúcio está cortando carne e ele pensa que a carne estava viva e pergunta o que deram para ele comer, pensando que era carne de gato. A acompanhante diz que é um gato ao lado da mesa e que ele quer um teco da comida. Lúcio acha um cúmulo e chama o garçom.  Mingau manda para pedir um peixe assado e faz carinho no Lúcio, que manda o garçom tirar o gato de lá e Mingau cai de cabeça.

O garçom pensa que o Lúcio que levou o Mingau para o restaurante e ele diz que já estava lá. Todos os clientes estranham um gato no restaurante e pensam que o Mingau era mascote lá. O garçom nega e aí o casal pensa que é matéria-prima e servem carne de gato lá e se recusam a comer. Mingau avança na mesa para comer já que eles não querem. A mulher desmaia, Lúcio acha um nojo. O garçom tenta pegar o Mingau, que corre da mesa e para na outra, derrubando suco no vestido da cliente. Todos acham um ultraje, bagunça e baixaria e o garçom,  uma desgraça. 

Todos os clientes vão embora, prometendo não voltarem para aquela espelunca enquanto Mingau come uma lagosta e parabeniza o cozinheiro. O Garçom fica com raiva, tenta expulsar o Mingau com um chute, quando aparecem jornalistas, que viram movimento na porta do restaurante e foram conferir e já imaginam a manchete "Garçom maltrata animais em plena era da Ecologia". O garçom disfarça e diz que o Mingau é a mascote do restaurante e os jornalistas acham boa reportagem de "Restaurante ecológico ajuda na preservação dos gatos".

A notícia vai aos jornais, convidando todos a comerem no restaurante "Dez gatos", o restaurante que ama os animais. Restaurante fica cheio e agora todos os clientes levam os seus bichos de estimação para comerem juntos. O garçom dá mais comida para o Mingau, que fica enjoado de comer vitela, lagosta e caviar e vai embora.

Mingau volta para casa, Magali adora e ela manda o pai não implicar mais com o Mingau. Seu Carlito diz que se ele parar de pedir comida. Mingau diz que não vai fazer mais, é se rebaixar demais, aprendeu muita coisa no restaurante e no final ele senta na mesa com garfo e faca e babador junto com a família e Seu Carlito fala que o gato está cada vez mais abusado.

Muito boa essa história com o Mingau indo a um restaurante para tentar comer após ser expulso pelo pai da Magali. Arrumou muita confusão, afinal não pode ter gato em restaurante, quase foi à falência, mas sem querer o Mingau acabou virando o herói, restaurante um sucesso por ser ecológico e ele poder comer o que quiser quando o restaurante o adotou como mascote para não se passar como o que maltrata os animais. Mingau voltou para casa no final, mas adotou os costumes de comer na mesa como os humanos.

Já não bastava uma comilona e ter mais um gato comilão não ia dar no orçamento do Seu Carlito, aí tinha que reclamar. Foi engraçado ver as tiradas do Mingau como fazer um "olhar 43" para a família da Magali ficar com pena e dar comida para ele, sendo enxotado a vassouradas pelo Seu Carlito, dizer que ia procurar alguém com cara de trouxa no restaurante, Lúcio pensar que a carne estava viva, pensarem que serviam carne de gato, jornalistas abordarem o garçom, bichos no restaurante e Mingau sentado na mesa com a família. O "olhar 43" foi clara referência à clássica música homônima da banda RPM de 1985. A Ecologia realmente estava em alta em 1992 por causa da "Eco-92". 

Na época as vezes tinham histórias do Mingau na abertura das revistas da Magali, com pouca presença dela. Pode ver que nessa a Magali ficou secundária, aparecendo só no início e no final. Hoje em dia, quando tem histórias do Mingau na abertura, tem presença constante da Magali com eles contracenando juntos em casa mostrando costumes dos gatos. Já teve uma fase com muitas histórias da Magali e Mingau assim em excesso, começando em 1998 e prolongando por toda a década de 2000, inclusive várias até no mesmo gibi e não só na abertura, hoje diminuíram  isso, mas ainda tem.

Assim como a Magali, o Mingau era gato comilão também, adorava comer de tudo também. Eu gostava quando ele ia para rua, viver suas próprias aventuras e até as vezes com uma turma de gatos, diferenciava bem, e essa característica de ser gato abusado, debochado era demais. Hoje eles colocam o Mingau apenas como gato doméstico, mostrando costumes dos gatos, aí fica muito repetitivo e cansativo assim. 

Impublicável atualmente pelo tema de não poder mais dar comida aos animais domésticos na vida real, eles só podem comer ração por recomendação de veterinários, fora ter gato e depois outros animais em um restaurante, o Mingau ser enxotado a vassourada pelo Seu Carlito e depois quase sedo chutado pelo garçom. Palavras como droga, desgraça, baixaria também são proibidas nos gibis novos. Antigamente o Seu Carlito não gostava do Mingau e era bem perverso com ele, fazendo de tudo para o Mingau sair de casa para acabar com a sua alergia de pelo de gatos e essa característica também não tem mais.

Os traços excelentes, adorava o Mingau desenhado assim, bem fofinho e parecendo gato de verdade. Teve um erro de ortografia, colocando "garçon" no lugar de garçom na página 5 da história (página 7 do gibi), no caso, uma falta de revisão aí. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.