Em abril de 1991, há exatos 30 anos, foi lançada a história "O que é ser rico?" em que o Chico Bento recebe a visita do primo Lupércio, que pensava que seu primo e seus tios eram ricos. Com 8 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 110' (Ed. Globo, 1991).
Capa de 'Chico Bento Nº 110' (Ed. Globo, 1991) |
Nela, Chico Bento recebe a visita do seu primo Lupércio. Eles avistam a roça, Chico comenta que o sitiozinho do pai vai até aquelas árvores lá longe e Lupércio diz que não é sitiozinho e, sim, terra que não acaba mais. Lupércio diz que não sabia que o tio era rico e não vê hora da turma da cidade saber que o tio dele é fazendeiro e Chico estranha o primo achar que eles são ricos e quer saber qual tio era rico.
Chico mostra a casa humilde e Lupércio acha que é onde os peões dormem. Ao saber que era a casa dos Bento, acha que era um disfarce para não chamar atenção. Seu Bento diz que vai trabalhar e Lupércio quer ir junto. Dona Cotinha sugere para Lupércio não ir junto porque deve estar cansado da viagem e Seu Bento comenta que é para ele comer e descansar. Dona Cotinha vai buscar leite da vaca e Lupércio pergunta ao Chico sobre os empregados. Como Chico diz que não tem nenhum, Lupércio comenta que não admira serem ricos já que não gastam nem com conforto.
Depois, os primos saem com Lupércio contando que nunca tomou leite tão gostoso e pergunta ao Chico quantas cabeças de gado ele tem. Chico responde que só tem uma vaca, mas é inteira e não só a cabeça. Em seguida, Chico convida Lupércio para nadar. O primo pensa que era em uma piscina, mas era no ribeirão. Lupércio pensa que é artificial e quando Chico diz que é natural, Lupércio diz que deve sair caro fazer um ribeirão natural Chico diz que foi Deus quem fez.
Eles vão até onde o Seu Bento está trabalhando e o veem carpinando terreno para plantar legume. Lupércio estranha ser sozinho e Chico diz que o ajuda de vez em quando. Lupércio pergunta se eles têm 2 máquinas agrícolas e Chico responde só tem enxada. Lupércio se decepciona, não acredita que eles são pobres, não tem nem televisão, geladeira, fogão a gás e automóvel e resolve ir embora porque não dava para ficar lá.
Lupércio volta para a casa na cidade, abre a porta e mãe se assusta com ele entrando e não ter trancado a porta. Ela fecha, com várias fechaduras e comenta que Lupércio ia chegar só segunda-feira, mas ele diz que lá estava muito chato. Lupércio tosse e a mãe fecha a janela porque o ar estava muito poluído. Ele toma um leite muito aguado e em seguida o pai chega, conta que o médico disse que está com estresse e na volta o elevador quebrou e teve que subir 10 andares a pé e bateu o carro outra vez. No final, Lupércio liga a televisão e comenta com os leitores que ele tinha razão, o Tio Bento é rico só que ele não sabe.
História muito legal e com bonita mensagem de mostrar discussão o que é ser rico e ser pobre e mostrar a diferença de vida da roça e da cidade. O primo Lupércio pensou que o seu Tio Bento era rico por causa da terra grande e se decepciona que não era nada daquilo que imaginava, mas passa a reconhecer o valor da verdadeira riqueza quando vê que a vida na cidade não era nada agradável. Comparou a simplicidade na roça com leite fresco da vaca, lugar sem poluição, brincar à vontade fora de casa e ribeirão limpo com a cidade poluída, assalto, leite aguado, estresse e sem ter o que fazer a não ser ver televisão e descobriu que riqueza não é ter bens materiais, não adianta ter dinheiro e conforto e não ser feliz e viver com problemas.
Interessante ver o preconceito do Lupércio em relação aos pobres. No momento que achou o seu Tio Bento pobre, tratou logo de ir embora por não aceitar e querer um tio rico. O final quis deixar um ar para o leitor ficar pensativo e refletir no que foi tratado e perceber que a riqueza não são bens materiais, mas se quisessem prolongar, poderia até depois o Lupércio voltar à roça e pedir desculpas a família Bento. Como era revista quinzenal com 36 páginas, aí tinham que ser mais objetivos nas histórias. Ou seja, não tinham enrolação e tinham mais conteúdo.
As hitorinhas do chico semlre tibham essa pegada filosofica e de critica social ..eu gostava doa desenhos da era globo...acho que os anos 90 oa personagens ficaram perfeitinhoe apesar de maia simples...essaa revistinhaa finas eram cheias de classicos..alfp se perdeu quando emgordaram sei la...
ResponderExcluirPois é, tanto que essa teve só 8 páginas e deu conta do recado sem encheção de linguiça. Eu gostava das revistas quinzenais, histórias eram bem objetivas, se perderam sim quando viraram mensais. Se bem que as últimas quinzenais entre 2000 a 2003 encheram de histórias mudas, que eram um saco.
ExcluirNa colecao hitorica tem uma historinha que una menina perde a memoria e e ajudada por cascao e cebolinha que acham que e pobre por estar sujinha mesmo quando o emoregado diz que e rica nao acreditam...muito legal
ResponderExcluirMiguel, acho que essa garota é Maria Cascuda nos primórdios, quiçá estou equivocado, Marcos sabe dizer melhor.
ExcluirEssas quinzenais eram show, pode ver que com 8 páginas já deram conta do recado sem encheção de linguiça. Se perderam quando viraram mensais, se bem que vás últimas quinzenais entre 2000 a 2003 estavam cheias de histórias mudas que eram um saco. Essa menina da história do Cascão é a Maria Cascuda.
ExcluirPortanto, há controvérsia, paira dúvida se de fato é ela, vi no Tudo Sobre a Turma da Mônica que pode ser a segunda aparição dela como também pode não ser, é tratada por Gabriela e o clássico nome não é mencionado na HQ.
ExcluirEle está certo, sempre ficou essa dúvida da Cascuda, aí vai da interpretação de cada um.
ExcluirEla pode ter tingido os cabelos, aparece ruiva ou castanha, tem também a questão de ser de origem abastada, posteriormente à essa HQ nunca lhe foi atribuída característica de opulência, bom, não conheço todas as aparições dela, mas acredito que não tenha aparecido depois em fausta condição, agora, a ideia que não vingou é sensacional, a patricinha refinada e o pé-rapado maltrapilho, o luxo e o lixo.
ExcluirOu então não tinha traços definidos, por isso a diferença.
ExcluirSim, podemos considerar que ainda não possuía traços definidos, também considerar outro fato que é de estar fantasiada para disputar em festa à fantasia.
ExcluirO que sei é que, das namoradinhas, certamente Maria Cascuda é a menos geniosa, logo em sua primeira aparição, lá para os idos de 1974, seu até então futuro namorado que nunca levou muito jeito com basquete, a encestou em uma lixeira, quiçá tenha sido influência da música de Sandra de Sá, rimou.
Namoro deles não era fiel, tanto que ele paquerava outras garotas ou tinha outras pretendentes. A Cascuda nem era considerada namorada oficial, só aconteceu em meados dia anos 1990.
ExcluirVerdade, tanto que em "Lambida, não!", quem sofre tamanha desilusão é o encestador de garotinha não tão indefesa - vide o embate com a parruda Carolina em Cascão nº18 de 1983.
ExcluirApós nove anos sente na pele o que fez com a pobrezinha (há quem sustente que é riquinha) - vide capa de Cascão nº24 do mesmo ano da edição do arranca-rabo.
Isso, ele se dava mal por causa disso
ExcluirÉ do (I)inferno que se enxerga o (P)paraíso. Lupércio focado em posses, ostentação, status não se deu conta do primor bucólico que é Vila Abobrinha enquanto lá estava, até volta antes do previsto, um garoto concretado, asfaltado, poluído, confinado que termina se redimindo e reconhecendo a sofisticada riqueza da simplicidade.
ResponderExcluirEsta estou conhecendo aqui, formidável!
Legal que conheceu aqui, pensava até que você a conhecia. De fato, o Lupércio se redimiu vendo a situação da vida dele na cidade. Roteiro simples e excelente.
ExcluirRealmente não conhecia, tanto que no primeiro quadro com Chico o tratando apenas por primo e estando de costas trajado com camisa vermelha e calça azul, pensei que pudesse ser Zeca com cabelos diferentes, seria indesejada surpresa, tipo esse papo de estilo de desenhista que com alguns personagens de um profissional para outro chegam a ter consideráveis diferenças, considero desinteressante essa falta de padrão ocorrida no passado, Zé Luís é um exemplo. Enfim, tive uma ótima surpresa, conheci uma rica HQ.
ExcluirAssim como Rosinha, Zeca também é outro sem traje fixo, em várias aparições está com camisas vermelhas.
Entendi. Gosto quando conhecem as histórias aqui, sinal que é rara. Depois que padronizam um personagem e aparecer diferente depois, dica estranho mesmo. Depois de padronizar, melhor manter. O Zeca aparecia com outras cores de camisa, mas prevalecia o vermelho.
ExcluirFato um tanto contraditório é Lupércio que deve ter no máximo oito anos de idade viajar sozinho sendo que a família vive insegura.
ExcluirPois é, como deixaram viajar sozinho, não só por ser criança porque viviam com insegurança, medo de assaltos, etc. Coisas dos quadrinhos que eram bons assim mesmo com esses absurdos.
ExcluirAs crianças dos quadrinhos antigos de Mauricio são um tanto independentes, um dos vários motivos de serem tão bons. Atualmente as crianças da Turma da Mônica vivem quase igual à vida real, o Bairro do Limoeiro e até mesmo Vila Abobrinha são como condomínios fechados, inclusive maior parte dos cenários das HQs publicadas nas décadas de 2000 e 2010 não passam sensação de profundidade, soam artificiais, rasos, tanto externos quanto internos, pelo que tenho visto na atual terceira série parece que estão voltando a dar atenção para tal questão.
ExcluirVerdade, até isso adaptaram deixando as crianças como na vida real. Podiam ter mantido a tradição pra deixar como era a vida antigamente.
ExcluirTanto os personagens crianças quanto os adultos se tornaram tão tensos, tão comedidos que há muito os gibis deixaram de descontrair os leitores. As crianças viajando sozinhas, esporadicamente fazendo bicos para levantarem uns trocados, os absurdos, a pegada nonsense, a recorrente metalinguagem, etc e etc fazem muita, muitíssima falta mesmo. A Turma da Mônica entrou o século deixando para trás o que desempenhava com maestria: a higiene mental.
ExcluirTudo isso era divertido e o que dava graça nas revistas. Depois que tiraram, nunca foi a mesma coisa
ExcluirMuito legal mesmo, as histórias daquela época eram boas, não perdia para as da Abril. Acho que republicaram mesmo com esses motivos porque a mensagem compensa, talvez alterariam alguns diálogos do Lupércio para não ficar tão preconceituoso. Ainda assim não a vi republicada na Panini, só na própria Globo e sem alterações. As cores ainda seguiram o estilo do início da Globo, mas já iam mudar dando mais cara de anos 90. Bons tempos, sem dúvida.
ResponderExcluirO primo do Chico Bento era diferente nessa época,no filminho O Estranho Soro do Dr. X tinha um episódio assim.
ResponderExcluirCícero, este não é Zeca, é Lupércio, outro primo.
ExcluirEntendi achei que era o mesmo.
ExcluirCreio que Lupércio só tenha tido esta aparição.
ExcluirNão é o Zeca, apesar da camisa vermelha. Foi a única aparição do Lupércio, do estilo de galeria de parentes dos personagens que aparecem em uma só história.
ExcluirFalando em fogão a lenha,não sei como é em outros estados,mas em Minas,as casas tanto na roça quanto em cidades médias possuem um fogão a gás e um a lenha.
ResponderExcluirTalvez,nas periferias de BH e cidades metropolitanas também haja fogões a lenha como opção.Vai que no Alphaville Lagoa dos Ingleses também tem?
Já ouvi falar disso em Minas, pelo menos mantêm tradição. Pode ser que no Alphaville Lagoa dos Ingleses tenha.
ExcluirComo bom mineiro, posso dizer que o fogão de lenha ainda é muito utilizado no interior, mesmo que na mesma casa tenha também um fogão a gás. Já aqui na capital, raramente se vê algum fogão de lenha, é bem incomum.
ExcluirMais comum no interior mesmo, cidade mais difícil ter, alguns podem ter se quiser manter as raízes.
ExcluirAh,uma boa descoberta!Então em BH e região não há fogões a lenha convivendo com os de gás.
ExcluirMinha família paterna vem de uma pequena cidade rural em que há os dois juntos em cada casa.Fazem questão de possui-los,até porque sempre há lenha disponível.Além do mais,comida feita na lenha é diferente,por isso que algumas pizzerias usam o forno tradicional,clássico.
Falando em Chico Bento, a sua revista Jovem vulgo Chico Bento Moço foi cancelada devido as baixas vendas, eu já esperava isso já que a revista tinha se tornado bimestral há alguns anos atrás.
ResponderExcluirNão sabia disso, até porque em fevereiro teve ainda. Quando não vende o esperado, a tendência é cancelarem.
ExcluirChico Bento Moço gostei de algumas edições.
ExcluirConfirmado que Chico Moço foi cancelado e Turma da Mônica Jovem vai reiniciar numeração após a N° 52. Parece que na nova série da Turma da Mônica Jovem vai dividir com metade do mangá com TMJ e outra metade CBM custando cerca de R$ 20,90 cada edição.
ExcluirGibi muito bom, mostra os contrastes entre a vida no campo e na cidade grande. Mais ou menos nessa época, na vida real, a roça já estava evoluindo, com energia elétrica, eletrodomésticos e água encanada. Hoje já tem Internet e tudo mais. O engraçado é que o sítio do Chico Bento nunca evolui, parece que manter essa ideia de sossego e afastamento da modernidade é uma forma de manter a tradição desses roteiros que envolvem a vida na roça.
ResponderExcluirSim, no interior já tinha modernidade. Só com Chico Bento que mantém o interior raiz estilo anos 1940, 1950, sem ter nem energia elétrica, as vezes que retratação algumas casas como no do Nhô Lau e Rosinha, ainda assim bem raro. Não sei como não implicaram com isso até hoje visto que Papa-Capim não é mais uma autêntica tribo indígena.
ExcluirMensagem bacana! Realmente o Chico Bento não faz ideia de o quanto é rico... espero um dia ter a riqueza dele.
ResponderExcluirNão faz ideia mesmo, se soubesse ia gostar mais ainda da roça.
ExcluirQue história boba. Romantização da pobreza. Não tem nada de rico em ser um pobre coitado que dá duro pra viver. Sem contar que quem é minoria sabe o quanto é punk viver na roça! Mensagem antiquada e ultrapassada, até mesmo pra época.
ResponderExcluirTem razão x5 ja morei na roça e pelo amor de deus o mauricio de sousa romantizou demais a vida na roça e pobreza
ResponderExcluir