quarta-feira, 31 de maio de 2023

Titi: HQ "O mistério"

Mostro uma história em que o Jeremias tenta descobrir o mistério do que o Titi estava lendo escondido e que estava gostando muito. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 165' (Ed. Abril, 1984).

Capa de 'Mônica Nº 165' (Ed. Abril, 1984)

Jeremias encontra Titi rindo atrás da moita e flagra que ele estava lendo alguma coisa. Titi reclama que é feio espiar os outros e vai embora, escondendo o que estava lendo. Jeremias acha estranho e quer saber que revista era aquela na mão do Titi. Em seguida, vê um homem comprando a revista Playboy da Xuxa no jornaleiro, adorando o que via, e Jeremias pensa que Titi estava vendo revista da Xuxa pelada.

Jeremias procura o Titi para lhe dar uns conselhos, ouve risadas atrás do muro, grita que ele não tem vergonha e apanha do homem que estava namorando atrás do muro, reclamando que não pode nem namorar escondido. Depois Jeremias ouve risadas em cima da árvore, manda sair de lá e eram dois meninos roubando goiabas.

Em seguida, Jeremias cai em um bueiro e sem querer encontra o Titi. Jeremias fala que já sabe o que ele estava lendo, pode não parecer, mas ele é inteligente, e está envergonhado. Titi, arrependido, diz que Jeremias não está mais envergonhado que ele, a culpa não é dele se a Mônica perdeu o diário e ele achou. Jeremias fica aliviado que não era revista Playboy da Xuxa, pede desculpas ao Titi de ter feito mal juízo dele e quando pega o diário da Mônica para ler, Titi dá bronca no amigo de estar xeretando os segredos dos outros.


História legal em que o Jeremias flagra o Titi lendo alguma coisa escondido e pensa que era revista de mulher pelada. Descobre no final que só estava lendo o diário da Mônica, por isso as risadas ao ler as bobagens da Mônica, e ao querer ler também, Titi reclama que é feio ler os segredos dos outros. 

Vimos Jeremias com mente poluída e fazendo mal juízo do Titi, só porque viu homem comprando Playboy da Xuxa. Jeremias, pensava que como Titi não tinha idade para comprar revista assim, só podia depois de 18 anos, aí ele teria que ver escondido. Jeremias não revelou ao Titi o que pensava que ele estava lendo, então o Titi continuou com a inocência, ainda sem intenção de ter revista de mulher pelada, a maldade ficou só na cabeça do Jeremias.

Os dois estavam errados, Titi por ler as confidências da Mônica, o ideal seria devolver o diário para ela assim que encontrou, e Jeremias também errado por querer se passar por bom samaritano a história toda, querer dar conselhos que Titi era novo para ver revista de mulher pelada, mas no final também queria fofocar os segredos da Mônica e, com isso, Titi se passar por bom samaritano que não deve ler segredos dos outros, mas que ele estava fazendo isso antes. Tudo contraditório. 

Antigamente era comum meninas terem diário, escreviam em segredo o que passava na vida delas, hoje em dia é datado, não fazem mais isso e, pelo contrário,  preferem expor tudo que acontece na vida nas redes sociais para todo mundo ver e ganhar curtidas. Curioso também o ambiente de Vila Abobrinha no Bairro do limoeiro na parte dos meninos roubando goiaba e engraçada a frase do Jeremias dizendo que pode não parecer,  mas ele é inteligente, sinal que até  o próprio acha que tem cara de burro.

Titi passou a ter histórias solo a partir de 1982, pensadas nos leitores de 11, 12 anos que estavam terminando a infância e começando a adolescência, com temas para essa faixa de idade, o que fez aumentar variedade de roteiros e o publico dos gibis, sendo que o Titi tinha personalidade bem incorreta, nem que fizesse coisas erradas e se se arrependesse depois (ou não), considerado, assim, um dos personagens mais incorretos da MSP de todos os tempos. Hoje em dia, ele é apenas um personagem comum, assim como todos os outros por causa do politicamente correto.

Curioso que a Xuxa posou na Playboy em 1982 e ainda tinha repercussão em 1984, mesmo ela já sendo apresentadora infantil do programa "Clube da Criança" da TV Manchete. Dessa vez não teve nome parodiado nem dela nem da revista Playboy, nos anos 1980 nem sempre parodiavam nomes dos artistas famosos ou revistas, só a partir dos anos 1990 que obrigatoriamente foram. Xuxa foi a que mais não parodiavam nome dela nos anos 1980, faziam questão de deixar nome dela normal em quase todas as vezes que ela aapareciaou citada e passou a ser parodiada mais nos anos 1990, como "Chucha", "Xoxa", Catuxa", entre outros. Ela também foi a artista que mais apareceu ou citada pela MSP até por conta também dos programas infantis dela na TV.

História completamente impublicável hoje em dia principalmente por causa do tema de suspeita de Titi ver revista de mulher pelada em gibi infantil, assim como incorreto também, Jeremias aparecer surrado, apanhar de homem que nem o conhece, cair em bueiro, com nenhum personagem pode acontecer essas coisas, em especial com negro como Jeremias, já que negros não podem mais se dar mal nas histórias. Também implicariam com crianças dentro de esgoto e os meninos lerem diário da Mônica, que seria algo confidencial. E as palavras "droga!" e "roubar" também são proibidas nos gibis atuais.

Traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1980. Jeremias apareceu com lábios, mas em alguns quadrinhos com o antigo círculo rosa em volta da boca porque ele com lábios ainda era recente até então e deviam estar ainda mais acostumados a desenhar do jeito antigo. Ainda assim, hoje em dia achariam lábios assim grandes e carnudos demais e deixariam menores para não dizer que estão fazendo caricaturas e ofendendo negros. Teve um erro do Jeremias falar de boca fechada no penúltimo quadrinho da 2ª página e a colorização toda azul dos personagens enquanto eles estavam no esgoto foi de propósito para dar ideia que estavam na escuridão. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cascão Nº 11' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 11' (Ed. Globo, 1990)

domingo, 28 de maio de 2023

Tirinha Nº 94: Cebolinha

Nessa tirinha, Cebolinha empina a pipa e o cerol faz cortar o Sol ao meio e sai correndo antes que alguém descubra a incrível façanha que ele fez. Por mais que o cerol seja cortante, seria impossível ele atingir e repartir o Sol, só nos quadrinhos para permitirem absurdos tão legais e criativos assim. Muito boa.

Tirinha incorreta hoje em dia. Além de não gostarem mais de mostrar absurdos como esse atualmente, nao tem mais personagens empinando pipa com cerol, é incorreto, perigoso de se machucar, se cortar profundamente tanto que é proibido vender e comercializar cerol, e por isso não aparece mais as crianças brincando de pipa nas histórias. Brincadeiras que transmitem perigo no geral, como pipa e carrinho de rolimã, por exemplo, são proibidas nos gibis hoje em dia e as que tem ainda como futebol, patins e bicicleta colocam personagens com acessóriosespecíficos para não se machucarem.

Tirinha publicada em 'Cebolinha Nº 40' (Ed. Globo, 1990).


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Mônica: HQ "Comando para brigar"

Mostro uma história em que o Cebolinha chamou o Arnold Schwarzenegger para enfrentar a Mônica e derrotá-la. Com 9 páginas, foi história de encerramento de 'Mônica Nº 25' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Mônica Nº 25' (Ed. Globo, 1989)

Cebolinha e Cascão assistem a um filme do Chuazeca (Arnold Schwarzenegger) com altas performances dele enfrentando inimigos. Cascão acha Chuazeca o máximo, pena que se molhou no final. Cebolinha faz cara que teve ideia de um plano infalível contra a Mônica, Cascão não quer participar e Cebolinha diz que esse plano vai dar certo e os outros dariam se Cascão não estragasse tudo no final. Cascão aceita, falando que não vai estragar dessa vez, mas se acha um burro participar.

Depois, Chuazeca recebe uma carta informando que recebeu um contrato milionário para filmar no Brasil, aceita na hora porque sempre quis conhecer o país e aí vai de avião para o Brasil e solta de paraquedas. Aterrissa bem em frente onde estavam Cebolinha e Cascão, disfarçados de diretor e assistente do filme, respectivamente. Cebolinha diz que Chuazeca estava atrasado, Cascão pergunta por que não chamou o Stallonge (Sylvester Stallone) e Chuazeca diz que fez o possível para chegar no horário.

Cebolinha aceita Chuazeca fazer o papel do filme, tem que fazer o que ele mandar e se apresenta como diretor Bernardo Bartorutti (Bernardo Bertolucci). Chuazeca achava que ele era mais alto e Cebolinha diz que achava Chuazeca mais forte. Cebolinha conta que o filme é Chuazeca como o mocinho que tem que enfrentar a terrível fera dos dentões, a Mônica. Chuazeca diz que ela é só uma menina e Cebolinha conta que é efeito especial e que ausência de câmera é que primeiro vai fazer um teste.

Chuazeca dá um salto com uma bomba na mão para enfrentar a Mônica, que lhe dá um abraço, falando que é fã número 1 dele. Chuazeca pergunta para Mônica se ela esqueceu do texto, diz que eles vão fazer filme juntos e ordena que ela pegue as armas e o enfrente. Mônica pega o Sansão e dá uma coelhada nele, que joga uma bomba nela, que rebate com o Sansão, explodindo a bomba nele. Chuazeca volta com raiva, Mônica dá um soco nele para o alto, parando longe. Ela pergunta como se saiu, Chuazeca chora, vai perder o papel e o diretor vai dar a conta. 

Mônica fala para ele não ficar assim, vai falar com o diretor e ele diz que é aquele baixinho de bigode. Mônica acha que eles são parecidos com Cebolinha e Cascão e pergunta quem é o diretor, os meninos apontam um para o outro e Cascão fala que Cebolinha era o diretor e ele, o assistente dele. 

Mônica bate neles, Cebolinha demite Chuazeca para chamar o Stallonge e Chuazeca acha o fim, não sabe o que vai fazer agora. Cebolinha diz para o Cascão que eles podiam formar uma dupla no cinema, o fracote e o linguarudo, e no final Cascão vai a casa dele olhar a língua no espelho para ver se é linguarudo mesmo.

História engraçada em que o Cebolinha chama o Chuazeca para participar de um plano infalível contra a Mônica inventando que estava gravando filme no cinema para Chuazeca derrotar a Mônica. Só que não adianta vir o homem mais forte do mundo, chamar um Super-Herói qualquer, Mônica será sempre a mais forte e iria derrotar todos. Mônica pensava que no filme, ela que tinha que vencer o Chuazeca e conseguiu com louvor. E ele arrasado não só porque foi derrotado por uma menina como também de deixar de ganhar um contrato milionário, que mal sabia que nem existia.

Típica história de plano infalível que Cebolinha tem ideia do plano, Cascão se recusa a princípio, mas depois aceita, executam o plano, Cascão estraga e eles apanham no final. A diferença foi chamar um ator internacional forte e conhecido pelos seus filmes de ação violentos para conseguir derrotar a Mônica. Chuazeca ingênuo, Cascão lerdo, Mônica boba que também até chegou a acreditar que os meninos eram diretores mesmo, até o Cascão estragar, único inteligente nessa história foi o Cebolinha.

Filmes de ação e aventura estavam na moda na época, por isso fizeram essa homenagem. Muito legal ver as cenas iniciais de luta do Chuazeca, as tiradas do Cebolinha dando ordens o enganando, a luta entre Chuazeca e Mônica, Cascão pensar que linguarudo era ter língua grande em vez de dedo-duro do plano, falar demais, o que não deve. 

Tiveram vários absurdos como Chuazeca falar em português se ele é americano, carta chegar muito rápido assim como ele chegar rápido no Brasil, já filmaram sem assinatura de contrato, a superforça da Mônica enfrentando o Chuazeca sozinha, ele não morrer após explosãoda bomba. Já a roupa dele mudar de um quadrinho para o outro não considero tão absurdo porque pode ter trocado de camisa mais apropriada para filmar que estava na mala e só omitiram para agilizar. Filmes desse tipo já tem muitas mentiras e quiseram passar também para os quadrinhos, os absurdos apenas aconteciam e pronto, sem preocupar com explicações,  como tem que ser.

As paródias foram sensacionais. Arnold Schwarzenegger como "Chuazeca", Sylvester Stallone como "Stallonge" e tratado como concorrente do Arnold em filmes assim, e até o diretor de filmes Bernardo Bertolucci como "Bernardo Bartorutti" foi lembrado. Quanta criatividade eles tinham. O título da história foi uma paródia de filme "Comando para matar", um clássico do cinema protagonizado por Arnold Schwarzenegger em 1985. Apesar de não seguir roteiro da história do filme, tiveram alguns elementos do filme na historia em quadrinhos como as cenas iniciais  do Chuazeca lutando com soldados e inimigos enquanto Cebolinha e Cascão assistiam ao filme, como se tivessem vendo o filme real mesmo, além de Chuazeca sair de avião em movimento. 

Muito bom ver Arnold Schwarzenegger estrelando a história, ficou até sendo retratado como ingênuo e bobo, acreditando que os meninos eram diretor e assistente e em tudo que falavam e, inclusive, ainda acreditou até no final, mesmo depois da surra. Arnold Schuazeneger depois voltou a aparecer em gibis da Turma na história "O exterminador sem futuro", de Mônica Nº 66', de 1992, com paródia do filme "O Exterminador do Futuro", muito boa também.

Traços ficaram excelentes, como era bom ver desenhos assim tão caprichados. Impublicável hoje por ter violência,  crianças assistir e envolvidas com filme de ação violento e com muitas mortes, Chuazeca sem camisa, com arma, faca, bomba e querer jogar na Mônica, a superforça da Mônica que não gostam mais de mostrar, assim como os meninos e Chuazeca surrados e com olho roxo. A TV de tubo também mudariam hoje, colocando uma TV LED para não ter coisas datadas nos almanaques.

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Chico Bento: HQ "Apertem os cintos... o Chico subiu!"

Em maio de 1993, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Apertem os cintos... o Chico subiu" em que o Chico Bento viaja de avião com o primo Zeca para o Rio de Janeiro e durante a viagem quase mata do coração um senhor que tinha pânico de avião. Com 14 paginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 166' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Chico Bento Nº 166' (Ed. Globo, 1993)

Conhecemos Seu Joaquim Borges, um senhor que estava andando de avião pela primeira vez. O filho manda subir e Seu Borges está cheio de medo, reclamando que nunca precisou andar em um treco daquele atrapalhando a passagem das outras pessoas na fila. A aeromoça dá boas vindas e Seu Borges pergunta, aflito, se o trambolho é seguro, se não tem perigo.


Enquanto isso, Chico Bento, seu primo Zeca e seu tio Rodrigo vão correndo, atrasados para o voo. Chico não entende a pressa, Zeca diz que se não correr, Chico não vai conhecer a ponte área e ele imagina que seria uma ponte com asas que voa. Quando chega, Chico avisa ao primo que aquilo era um avião e nada de ponte aérea e também que nunca andou de avião. A aeromoça lhe dá boas vindas e ele agradece e se aparecer na casa dele para tomar café também será bem vinda.


No avião, Chico e o primo ficam sentados atrás do Seu Borges. Chico comenta com Zeca que o avião é grande e duvida que se levante do chão, que passarinhos, borboletas, morcegos são leves e podem voar, mas o treco de avião cheio de gente não levanta do chão e se levantar, cai. Seu Borges ouve a conversa aflito e sai da cadeira, achando que Chico tem razão e quer sair de lá. O filho reclama com o pai que está dando vexame.


O comandante avisa no alto-falante que estão quase partindo de São Paulo para o Rio de Janeiro e Chico diz que a aeromoça tem voz grossa. O comandante dá instruções de onde ficam as coisas no avião e os comissários vão apontando para direita ou esquerda e Chico pensa que era aula de ginástica e sobe na cadeira para fazer, dando vergonha para o Zeca.


O comandante avisa que caso ocorra despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente do teto. Chico abre um guarda-chuva achando que vai chover máscaras. Zeca diz que só se tiver despressurização e Chico responde que nem sabe o que é isso. Comandante diz que os bancos são salva-vidas caso seja necessário, Chico fala com Zeca que estão os preparando quando eles caírem na água. 

Seu Borges, que já estava aflito a conversa toda, sai desesperado da cadeira falando que não sabe nadar. A aeromoça o coloca no lugar, pergunta se quer calmante ele grita que quer estar lúcido quando caírem na água. Os passageiros ficam espantados se vão cair na água e a aeromoça os tranquiliza, dizendo que é só um caso de nervosismo natural e mandam ficar em seus lugares.

O comandante manda apertarem os cintos que vão decolar, Chico acha que o avião não descola nem que a vaca tussa. O avião começa a andar, Chico diz que faz força, mas não voa, até que voa de verdade, Chico se convence que voou, mas acha que logo cai e Seu Borges cheio de medo ouvindo.

Zeca manda Chico parar de história, perdeu a aposta e Chico resolve pagar com o tem de mais valor, o seu sapo Onório. Zeca grita que o primo levou sapo para o avião, Onório foge assustado e os passageiros se assustam com o sapo rodando o avião. O comissário consegue pegar o Onório e avisa ao Chico que vai levar o sapo ao compartimento de carga junto com outros animais. Chico fala que Onório vai ficar traumatizado sozinho quando o avião cair. Zeca manda o primo parar com isso porque está assustando o senhor. 

Chico se apresenta ao Seu Borges e pede desculpas e não precisa ele se preocupar porque se o avião cair, do chão não passa e dá um lençol velho para servir de para-quedas quando o avião cair, só que estava furado e aí deseja que nada de mal vai acontecer. Chico pergunta ao Seu Borges se ele tem se confessado os pecados dele na igreja, não é por nada, mas é bom estar sempre em dia, caso morrer de repente, ele confessou ontem e sempre reza para São Pedro, seu chapa. Seu Borges treme de pânico.


Em seguida, a aeromoça oferece suco para o Chico, que pede os 3 sabores disponíveis porque podem ser os últimos que ele toma. Seu Borges se engasga e ao mesmo tempo o avião faz uma manobra para baixo. Chico fala com Seu Borges que agora foi quase e o senhor fica embaixo da cadeira e implora para aeromoça que vai aceitar aquele calmante e coloca óculos escuros e fone de ouvido para seguir a viagem.

O comandante avisa que estão chegando ao destino do Rio de Janeiro e mandam todos apertarem os cintos. Chico duvida que o avião pousa e Zeca aposta com ele que pousa e se ganhar, devolve o sapo para o Chico. O avião abaixa e Chico fala que não está pousando, está despencando, caindo. Avião aciona rodas e posa e Chico se convence que o avião funciona mesmo.

Na saída, a aeromoça agradece aos passageiros e que viajem sempre na companhia deles e quando vê Chico Bento com o primo e o tio, ela fala que tem outras companhias melhores. Seu Borges sai carregado por enfermeiros de maca desmaiado. Chico pergunta para o primo  o que vão fazer no Rio de janeiro, Zeca fala que vão conhecer o Pão de Açúcar e o Corcovado e Chico pensa que era um pão doce gigante e um camelo com corcovas.

No final, passam uns dias e Seu Borges e sua família estão em avião de volta para São Paulo e Seu Borges pergunta para aeromoça se o avião é seguro, se já checaram tudo e a lista de passageiros. A aeromoça pergunta se isso é medo de avião e o filho responde que é medo de Chico Bento.

História engraçada demais em que o Chico Bento foi viajar de avião e cismou o tempo todo que não iria decolar, que iria cair, que não iria pousar, perturbando e assustando o Seu Borges, que já tinha pavor de avião e ficava mais desesperado quando Chico falava. O avião não caiu e pousou normalmente, mas Seu Borges acabou precisando sair de maca, desmaiado, e depois até perdeu medo de avião, só que agora traumatizado em reencontrar o Chico Bento em um novo voo, ninguém merece encontrar um Chico Bento em viagem de avião.

Chico estava impossível, foi um verdadeiro pestinha, o Seu Borges sofreu com ele, já tinha pânico e com as bobeiras do Chico, o senhor quase enfartou e prova que Chico não tinha medo de morrer, mas preocupado em ganhar aposta com o primo que avião ia cair. Fica até dúvida se o que Chico falava com seu Borges era na inocência ou de caso pensado, já sabendo que o senhor estava com medo e ficou na imaginação do leitor se nesse voo de volta, o Chico decolou também, muito bom.

Foi hilária do início ao fim, foi de rachar de rir com Chico fazer ginástica quando mostravam posições das coisas no avião e abrir guarda-chuva achando de fato que ia chover máscaras na despressurização, os outros passageiros com medo de que eles iam cair na água e com o sapo no avião, chamarem avião de treco e trambolho, Chico falar com Seu Borges que se avião cair, do chão não passa, dar um lençol velho e furado para servir de para-quedas, perguntar se confessou na igreja, já prevendo morte deles, Chico tomar todos os sucos que seriam os últimos que ele tomava e a manobra do avião pra baixo, desesperando Seu Borges e aeromoça mandar Chico visitar outra companhia de avião. Nunca ri tanto lendo uma história em quadrinhos, Chico Bento em 1993 estava sensacional, encontraram a personalidade e o humor certos para ele.

As histórias do Chico com o primo Zeca na cidade eram as melhores, era hilário ver o Chico retardado com as coisas na cidade, não sabendo o que era e dando seu jeito. Nessa, incrível ser tão tapado de nunca ter ouvido falar de ponte área, Pão de Açúcar e Corcovado, pontos turísticos da cidade, achar que ponte área é ponte com asas que voa e Pão de Açúcar, um pão doce e Corcovado com camelo,  nem na escola foi falado, pelo visto. Teve palavra (des)pressurização, realmente é difícil criança saber o que é de cara, Chico estava certo em não saber o que era, coisa boa que acaba os leitores aprendendo significados de novas palavras e grafias com leituras de gibis. 

Só lendo o título já acha engraçada. O título teve referência ao filme "Apertem os cintos, o piloto sumiu!", um clássico do cinema. Apesar de na época estar bem frequente histórias parodiando roteiros de filmes de sucesso do cinema, a paródia dessa vez foi só no nome do filme no título e não na história do filme. As semelhanças ficam em queda de avião e na comparação de que seja piloto sumir ou Chico subir em um avião, é loucura e confusão na certa.

Legal que a viagem foi para o Rio de Janeiro, onde Chico nunca tinha ido. O pai do Zeca, Seu Rodrigo, foi com eles, mas nem falou nada, só figuração, foi mesmo para mostrar que as crianças não estavam viajando sozinhas, nesse caso. Apesar de normalmente as crianças terem autonomia nos gibis naquela época, mas para viagem de avião sozinhas seria demais. Não foi primeira história do Chico em um avião, ele já tinha andado na história "Oba! Vô andá de avião!", de 'Chico Bento Nº 83' (Ed. Abril, 1985), muito engraçada também e uma das primeiras com o Chico adotando essa personalidade de um matuto burro na cidade. Como nunca teve uma cronologia na MSP, aí nessa de 1993 também adotaram que foi a primeira vez que o Chico viajou de avião, porém ele viajar para o Rio de Janeiro, de fato, foi primeira vez.

Os traços ficaram muito bons, era ótimo ver desenhos assim. Infelizmente não fazem mais histórias assim hoje em dia, gostam de colocar só o Zeca na roça, sem ter esse brilho de quando era Chico na cidade. É incorreta hoje por conta de Chico causar pânico ao senhor, sofrimento dele, podendo até morrer de tão desesperado que ficou, Chico ser retratado como lerdo e não conhecer coisas óbvias da cidade, mesmo para quem não morava lá, Chico sair da cadeira com avião em movimento, ter sapo em avião. Teve um erro do Chico falar de boca fechada no segundo quadrinho da 11ª página da história (página 13 do gibi), erro bem comum na época. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos. 

domingo, 21 de maio de 2023

Nova personagem Sueli em 'Turma da Mônica Nº 31' - Panini (2023)

Nas bancas o gibi 'Turma da Mônica Nº 31', referente a primeira quinzena de maio de 2023, com a história de apresentação da nova personagem Sueli. Nessa postagem falo sobre essa personagem e esse gibi como um todo.


A Sueli é a primeira personagem surda da Turma da Mônica. Foi criada com o intuito de mais representatividade de personagens deficientes nos gibis, inclusão e acessibilidade e para ensinar Libras aos leitores. Já tinha o Humberto como mudo e que sabe a linguagem de sinais, mas ele é só mudo e ouve muito bem, já a Sueli não escuta nem fala e precisa de intérprete de Libras para entender o que os outros falam. Assim, Sueli se junta a outros personagens deficientes criados como Luca (paraplégico), Dorinha (cega), Tati (Síndrome de Down) e André (autista), além do próprio Humberto (mudo), aumentando representatividade deles nos gibis.

Sueli é mostrada como uma menina surda de 9 anos, afro-asiática, que gosta de esportes, em especial o basquete, e comunica com os outros através de linguagens de sinais. A família se muda para o bairro do Limoeiro e conhecem a Turma da Mônica. O pai Jairo Woo é descente de sul-coreano e é o novo professor de Educação Física da escola onde a turminha estuda, a mãe Natália Woo é negra e trabalha como Engenheira de Software e tem os irmãos Felipe, de 12 anos e intérprete de libras para a irmã entender o que falam, e Iago, o caçula de 5 anos. Eles sendo afro-asiáticos, também aproveita para ter mais representatividade e diversidade de negros e coreanos nos gibis.

Cartaz de apresentação da Sueli na 24ª Surdolimpíadas de Verão de 2022

Sueli apareceu primeiro na 24ª Surdolimpíadas de Verão de 2022, quando foi apresentada ao público no evento. Depois, apareceu nas ilustrações do livro infantil "Turma da Mônica Conto Clássico em Libras - O Lobo e os Sete Cabritinhos" da Editora On Line em 2022, que mostrou o clássico da Literatura contado em Libras pela Sueli. E agora resolveram colocá-la também nos gibis para contracenar com a turma e educar sobre Libras. Inclusive, a divulgação da personagem foi alta, teve até matéria no programa "Fantástico" da Rede Globo de Televisão.

Sueli no livro infantil "Turma da Mônica Conto Clássico em Libras - O Lobo e os Sete Cabritinhos" (Editora On Line)

Falando sobre esse gibi "Turma da Mônica Nº 31", chegou aqui dia 5 de maio de 2023, é quinzenal, tem 52 páginas, formato canoa, custando R$ 6,90 e com 1 página se seção de correspondências e 8 páginas de passatempos. Tem 5 histórias no total, incluindo a tirinha final e seguem com "Mauricio Apresenta" no título de cada uma. Capa com  logotipo em HD com alusão à história de abertura e continua com contracapa sendo extensão da capa no lugar de uma propaganda  e colocando preços, códigos de barras, QR Code, selos, etc, tudo na contracapa.

Capa com desenho se estendendo na contracapa

A história de abertura desse gibi, com título "Nessa turma todos têm voz", escrita por Edson Itaborahy e com 18 páginas, mostra essa apresentação da Sueli e sua família, o pai Jairo como novo professor de Educação Física da escola, dá aula de basquete para eles e depois Seu Jairo leva Mônica e Cebolinha para casa dele conhecerem o resto da sua família e durante a história eles têm que recuperar um cartão de memória que um passarinho pegou por engano. 

Achei diálogos fracos, didáticos e sem naturalidade, um conflito de irem atrás de passarinho para recuperar cartão de memória bobo, dava para caprichar mais, e um final vazio e sem piada. Tinha que acontecer coisas com a Sueli igual como as outras crianças, não só tudo um mar de rosas, ter mais piadas, fica sem graça assim. 

Trecho da HQ "Nessa turma todos têm voz"

Hoje em dia acontece nada com os deficientes e os negros nos gibis. Nas histórias antigas, acontecia de tudo com Humberto e Jeremias,  eram trolados, se davam mal, participavam dos planos infalíveis contra a Mônica, apanhavam, dessa forma eles tinham muito mais representatividade, sendo tratados iguais aos outros, mesmo eles sendo mudo e negro, respectivamente. Hoje, nem com eles acontece nada, se nem Cebolinha apanha mais, imagine Humberto e Jeremias, politicamente correto não permite. 

Chama atenção também outro detalhe que o politicamente correto impõe como diálogos do Seu Jairo avisando que pediu permissão aos pais da Mônica e do Cebolinha irem a casa dele. Nas histórias antigas, os personagens tinham autonomia de irem sozinhos aonde fossem, iam a supermercados, restaurantes, cinemas, etc, e ainda pagavam as contas sem presença dos pais, só com as mesadas que recebiam dos pais, e também iam nas casas dos amiguinhos sozinhos sem mostrá-los que tinham que pedir aos pais para irem na casas dos outros, dando mais agilidade. Agora, eles têm que fazer questão de mostrar diálogos assim para não darem mal exemplo, fica forçado e chato isso nas histórias. 

Agora eles têm preocupação das mães trabalharem em empregos diversos e não serem só donas-de-casa, para não dizer que só os pais trabalham fora como era antigamente. Aí, todas as mães têm emprego, nem que seja por home-office e nem aparecem de avental em casa. Por isso esse destaque no texto que a Natália é engenheira de Software e aproveitam também na inclusão tecnológica e digital nos gibis. Outro detalhe, na contracapa apareceu a Milena, mas ela não aparece na história, tinham que ter colocado a Magali no lugar e colocaram Milena para dar mais representatividade aos negros.

Trecho da HQ "Nessa turma todos têm voz"

Em seguida vem história "Nuvens", de 3 páginas, em que Marina quer desenhar nuvens e acha que elas estão sem formas e não estão bem desenhadas no céu. Bem bobinha essa, Marina sem graça como sempre, e detalhe que exemplifica bem os traços digitais no estilo copiar, colar, percebe-se a Marina com mesmo desenho em todos os quadrinhos, cabelo igual na mesma posição, nos três primeiros quadrinhos, inclusive, cópia total do desenho e da expressão da Marina só cortando o corpo dela e inserindo posições do braço e diminuindo proporção do desenho a partir do segundo quadrinho, e o quadro que ela pinta sempre igual também. Deprimente e tudo muito artificial assim.

Trecho da HQ "Nuvens"

Depois vem seção de cartas e passatempos, tem uma história de 1 página do Piteco em que ele tenta caçar dinossauro sem sucesso e tem uma surpresa no final. Essa achei a melhorzinha da edição, pelo menos tem tentativa de caçar, o que teoricamente seria proibido pelo politicamente correto. Provável que ainda aceitem Piteco caçar dinossauros porque os animais não existem mais e também são tentativas frustradas sem sacrificá-los. E agora até as histórias de 1 página obrigatoriamente têm que ter um título, normalmente nas antigas, essas de 1 página colocavam apenas nome do personagem como título.

Em "Sonhos", com 5 páginas, Dorinha ensina para Mônica e Magali como os cegos sonham. Mais uma história didática envolvendo deficientes e ensinando como são seus costumes, mas sem conflitos entre os personagens, só lado didático mesmo e um final vazio. Aliás, foi um gibi que privilegiaram os deficientes e o lado educativo, pois além de Sueli e Dorinha, tiveram ainda 2 propagandas em quadrinhos institucionais, a com o autista André e a da SEBRAE de como a Dona Lili, mãe da Magali, pretende abrir um negócio.

Trecho da HQ "Sonhos"

História de encerramento foi "Uma mistura de outro mundo", com 7 páginas, em que o Dudu está no supermercado com a sua mãe, Dona Cecília, e Dudu se imagina como astronauta que está em um planeta de carnes quando está na seção de açougue. Dudu não é mais aquele garoto pestinha, que perturbava os pais para não comer ou azucrinava os seus amigos com assuntos diversos, sendo um verdadeiro mala sem alça; agora são histórias com ele soltando imaginação em suas brincadeiras e de preferência longas e só junto com o Binho, irmão da Milena, que tem a mesma idade dele. 

Aí, essa história exemplifica bem a personalidade do Dudu atual, bem descaracterizado, porém o povo do politicamente correto gosta assim. E detalhe de informação em asterisco do que se trata "mistura" que a Dona Cecília fala, reforçando que o Bairro do Limoeiro fica em São Paulo, perto de fronteira com Minas Gerais. 

Trecho da HQ "Uma mistura de outro mundo"

O gibi termina com uma tirinha da Tina e nos créditos finais mostrando a numeração real da revista, N° 366, somando com a numeração da 'Revista Parque da Mônica' desde janeiro de 1993 pela Editora Globo, já que esse título herdou 'Parque da Mônica' em 2010, quando o Parque antigo fechou. E curioso que ainda não mudaram no expediente que os gibis agora são quinzenais, informam ainda que são mensais.

Expediente final mostrando também a numeração real da revista

Então, eu achei um gibi fraco, todo voltado ao politicamente correto que a nova geração de pais e educadores apoiam, uma cartilha educativa mostrando bastante representatividade de deficientes, ensinando coisas,  diálogos sem naturalidade, sem conflitos, sem ações, sem  humor, finais vazios e sem piadas, fora traços digitais horrorosos e sem vida no estilo "copiar, colar".  Não devia ser tão educativo assim. A ideia de personagens deficientes nos gibis não é ruim, mas tinham que ser tratados como as outras crianças,  acontecerem coisas com eles como apanhar, cair, terem conflitos, e não só para ensinar suas limitações.  Se acontecessem coisas com eles, se dessem mal como eram nas histórias antigas do Humberto,  aí que seria verdadeira representatividade.  Dos gibis "N° 31" comprei só esse por causa de ser especial da estreia da Sueli e sua família   os outros não comprei e então não tem resenha. Fica a dica.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Raposão: HQ "Notícias Amenas"

Compartilho uma história em que Jotalhão e Raposão tentaram criar jornal da mata mostrando só boas notícias, mas não aconteceu como esperavam. Com 6 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 47' (Ed. Abril, 1974).

Capa de 'Mônica Nº 47' (Ed. Abril, 1974)

Escrita por Mauricio de Sousa, começa com Jotalhão reclamando que jornais só mostram crimes, assaltos e desastres e comenta com o Raposão que as manchetes o magoam, dá impressão que o mundo é só violência. Acha que jornais também deveriam escrever sobre amenidades, é bom se manter informado, mas não esse sensacionalismo e "espremida até o fim" nos noticiários sobre crimes e desastres.

Raposão pergunta se Jotalhão não faria o mesmo se fosse dono de jornal e como ele diz que nunca faria, Raposão dá ideia de fazer um jornal como gostaria que fosse, faz falta um jornal de notícias da mata e sugere nome de chamar "O Rosadinho" ou "Notícias Amenas". Jotalhão acha formidável e se anima fazer logo o jornal "O Rosadinho" sair nas ruas. Raposão é encarregado de ser repórter e Jotalhão cuida do papel, tintas e impressoras.

Assim, Raposão vai à procura das boas notícias pela mata e começa com o Rei Leonino, que ao saber que um repórter quer entrevistá-lo se anima porque faz tempo que não é entrevistado por repórter e se espanta que era ele. Raposão conta que é repórter de notícias amenas e pergunta qual notícia agradável tem para dar aos leitores. Rei Leonino fala que nenhuma, um rei não pode falar muito de amenidades, têm que exigir muito no aumento de impostos, obediência, disciplina, vida de rei é dura, não pode ficar olhando para o lado róseo das coisas e sugere entrevistar o seu Ministro das Diversões.

Ao entrevistar o Ministro das Diversões, o Guarda diz que ele tinha ido a um velório e diversão é a pasta mais trabalhosa. Quando chega, o Ministro diz apenas que é difícil dizer notícias amenas. Depois, Raposão resolve procurar amenidades junto à simplicidade do povo, só que eles não colaboram. Dona Coelha manda Raposão dizer ao compadre Jotalhão e o marido Coelho Caolho que as crianças estão amolando e o dinheiro não está dando; Tarugo reclama que está louco de cansaço fazendo limpeza da casa e ele vir com essa; Ministro Luis Caxeiro Praxedes reclama que tantas coisas que o Rei mandou ele fazer e ele pedindo dizer coisas agradáveis.

Raposão desanima e depois Jotalhão pergunta se ele conseguiu as reportagens de coisas agradáveis. Raposão conta que trouxe nenhuma e acha que pararam de acontecer coisas boas no mundo e que por isso há tantos jornais sensacionalistas por aí. Jotalhão acha uma pena porque seria um jornalzinho gostoso de ler e Raposão pergunta se será que haveria leitores para jornais só com notícias agradáveis.

História muito boa em que Jotalhão queria criar um jornal só com boas noticias por estar cansado de ler só notícias desagradáveis, mas como Raposão descobriu que ninguém queria dar notícias amenas, eles desistem. Mauricio de Sousa, com maestria, quis fazer crítica e discutir o sensacionalismo nos jornais ao mostrar as notícias ruins e o impacto de vendas que elas tinham em relação às boas notícias. Não adiantava mostrar só coisa boa se o povo gostava mais de ler violência, criminalidades, desastres e outras coisas ruins, isso que dava ibope e vende mais jornais.

A gente  percebe que mesmo sendo história de quase 50 anos atrás, já tinham notícias desagradáveis em foco, sempre existiu e não é só de hoje e, assim, continua bem atual, daria para ser criada hoje tranquilamente sem nem precisar fazer adaptações. Hoje ainda inclui canais de televisão que gostam de privilegiar programas de violências, principalmente a TV Record, com sensacionalismo ao mostrar barbaridades para conseguirem audiência e até conseguem um ibope mais satisfatório em relação a programas normais sem apelo da mesma emissora. 

Mauricio gostava de fazer histórias assim filosóficas e de reflexão, mostrar seu auto ego e pensamentos através dos personagens, não era só com Horácio, com qualquer personagem ele podia criar histórias assim, dando mais preferência com Horácio, Turma da Mata, Astronauta e Piteco. Chama atenção essa fase dos anos 1970 a linguagem bem formal como "dão-me a impressão", "formidável", etc, até as crianças da Turma da Mônica diziam tudo na norma culta na época, depois eles padronizaram uma linguagem informal, ficando melhor. O Raposão era o protagonista desse núcleo da mata, muitas vezes até tinha nome dele no título sem nem aparecer na história, depois deixaram Jotalhão como protagonista e, por fim, preferiram denominar "Turma da Mata" nesse núcleo, sem um personagem protagonista. 

Foi legal ver que o Rei Leonino não queria falar coisas agradáveis e priorizar só seus interesses, o povo brabo atarefado ou reclamando da vida, absurdos de bichos da mata lerem jornais de seres humanos e Tarugo fazer limpeza de casa, que é o próprio casco, ter presença de vários personagens da Turma da Mata em uma mesma história, normalmente na época eram só 2 personagens juntos em cada história, mostrar outro ministro do Rei Leonino além do Luis Caxeiro, além do Guarda sendo representado como cachorro, depois eles mudaram Guardas como macacos. O final mostrar sombras do Jotalhão e do Raposão e fundo de horizonte da mata representa reflexão com a fala do Raposão. 

Incorreta atualmente porque não é considerado temas para crianças, ser mais filosófica e ter um teor mais adulto, hoje preferem colocar coisas próprias do universo de crianças até 8 anos, o que é uma pena porque não permite crianças pensarem sobre assuntos diversos. A palavra "louco" também é proibida atualmente, provavelmente para não confundir com o personagem Louco, e colocam sinônimos como "doido" ou "maluco" no lugar. Foi uma das primeiras vezes que disseram "Bolas!" no lugar de "Droga!" ou "Diacho!" e essas 3 palavras foram sendo colocadas tranquilamente ao longo da trajetória da MSP até os anos 1990. Hoje não podem mais ser faladas nos gibis, inclusive "Bolas!" andam implicando, colocando "Afe!" no lugar.

Os traços bem caprichados, foi também toda desenhada pelo Mauricio. Até que os personagens da Turma da Mata não mudaram muito nos traços desde os anos 1970, só eram um pouco mais franzinos. Teve um erro de Jotalhão com olho fechado azul na primeira página, deveria ser verde. Curioso Jotalhão com dedos ao segurar jornal e com patas quando segurava nada. Hoje em dia padronizaram Jotalhão sempre com dedos em qualquer situação. 

Nunca foi republicada em almanaques convencionais. Histórias de secundários dos anos 1970, no geral, poucas foram republicadas porque na Editora Abril procuravam colocar só histórias do titular neles, tipo, Almanaques do Cebolinha,  Cascão e Chico Bento tinham só histórias deles e só nos almanaques da Mônica com nome de "Almanaque Turma da Mônica" que tinham histórias de secundários e nos da Globo, essas histórias da primeira metade dos anos 1970 já eram consideradas velhas para republicarem. Só republicaram na Editora Panini em 2015 na 'Coleção Histórica Nº 47' na reedição do gibi do 'Mônica Nº 47' da Abril.