quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Chico Bento: HQ "Os monstros tentam se divertir"

Dia 31 de outubro. Dia de Haloween. Em homenagem à data, mostro uma história de quando monstros se mudaram para as proximidades da Vila Abobrinha. Tem 17 páginas e foi publicada em Chico Bento nº 172 (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Chico Bento nº 172' (Ed. Globo, 1993)

Em uma noite de Lua Cheia, um veículo misterioso chega ao Morro das Abóboras e de repente o sítio abandonado do falecido Nhô Filarmino passa ter novos moradores. Após alguns dias da chegada desses novos e misteriosos moradores, Vila Abobrinha passa a ter vários acontecimentos esquisitos que não aconteciam antes. 


Os moradores se reúnem para comentar os casos, como uma mulher que ouviu um barulho no curral no meio da noite, foi lá na hora e não viu nada, mas no dia seguinte um cavalo amarelo com duas marquinhas no pescoço. Eles passaram, desde então, a ouvirem gemidos na madrugada e uma criança viu um homem verde vagando na beira do rio.


Eles desconfiam do sítio do Nhô Filarmino estar assombrado, já que de repente passou a ficar com luz acesa, e pensam que é o "coisa-ruim" que está lá. Chico Bento ouve a conversa deles e acha graça porque o "coisa-ruim" não mora em casa. Eles falam para o Chico não se meter na conversa dos mais velhos e recomendam que todos se tranquem dentro de casa porque está anoitecendo e a vila está muito assustadora.


Chico comenta, então, com o Zé da Roça sobre a vila estar deserta por causa dos tais boatos, mas o Zé da Roça vai embora também com medo dessas histórias. Chico, preocupado com as pessoas se trancarem em casa a noite e, com isso, acabar com as quermesses e as prosas no meio da noite, resolve ir à noite até o Morro das Abóboras para desvendar o mistério e a vila poder voltar ao normal.


À noite, antes do Chico ir lá, são mostrados que os moradores do Morro são monstros que vieram para atacar os caipiras da região. Era um vampiro (chamado de Vampulfo), um Franksteim (Fróink), um lobisomem (Volfi) e uma múmia (Zé Múmia/Muminho). Eles avistam o Chico da janela indo pra lá e resolvem acabar com ele.

Nisso, Chico sobe o morro com uma chuva prestes a cair e fica cansado. Ao tocar a campainha, o Franksteim atende. Parece que o Chico se assusta com ele, mas na verdade se assustou foi com o trovão e a chuva que começara a cair. Ao entrar na casa dos monstros, chico se assusta um pouco com ele por ser verde, e, sem saber que é um monstro, fala que foi lá para dar boas vindas e pergunta ao Fróink se tem mais gente morando com ele, que aponta para os monstros.


Chico, inocente, cumprimenta cada um e fala que é uma família simpática. Pensa que a múmia é uma senhora que se acidentou e já trata de avisar que vai ensinar uns chás milagrosos da vó Dita. E o lobisomem ele pensa que é o cachorro da família e joga um osso e o Volfi se empolga e vai atrás do osso.

Chico pergunta se tem cafezinho para ele, e o vampiro e a múmia vão fazer um com bastante veneno. Enquanto espera, Chico conta que a vizinhança está espalhando uma fofoca sobre eles, falando que são um bando de monstros, e acham engraçado. o cafezinho envenenado chega e sempre quando o Chico está para tomar, ele interrompe. Primeiro para falar que eles tem que ir tomar café e bolo de fubá no sítio e depois perguntando se eles não vão acompanhá-lo. Nessa última, eles falam que são alérgicos a café e manda tomar logo. Quando ia tomar de novo, o lobisomem uiva, Chico se assusta e derruba o café na mesa, que forma buraco nela.


Os monstros iam preparar outro, mas Chico fala que vai embora. Com isso, quando ele estava colocando o casaco, o Vampulfo ia aproveitar para mordê-lo, só que de repente o seu crucifuxo cai do bolso; ele pega e mostra ao vampiro, que acaba virando pó. O Fróink fica irritado e tenta atacá-lo, mas o Chico se abaixa para ver o pó do Vampulfo, pensando que é formigueiro, e o Fróink acaba se entalando na janela e Chico pensa que ele foi ver se parou de chover.


Aparece o Zé Múmia e Chico pensa que ela estava gritando de dor, e ele fala para passar na vó Dita, deixando a múmia fragilizada. E com o Volfi, ele joga outro osso, o seu ponto fraco, e vai atrás.A chuva passa, e Chico vai embora, mas antes o Froink, ainda entalado na janela, pergunta se os outros moradores da Vila são iguais a ele. Chico fala que eles não são educados como ele, e, sim, tudo desajeitados e que vai pedir para eles visitarem. Foi a gota d'água para os monstros pegarem todas as suas coisas e fugirem às pressas para a Transilvânia.


No outro dia, Chico Bento fala para a vizinhança que subiu o morro e não viu monstro nenhum lá. Os moradores eram uma família alegre e simpática e que se ofenderam com a fofocada porque havia passado lá de manhã e tinha ido embora. Fala que história de monstro, vampiro, múmia é tudo lenda, mas quando avista uma sombra sai em disparada, gritando que saci existe, mas quando o cara se aproxima, não era saci nenhum, terminando a história.


Uma história muito boa, mostrando um Chico inocente e lerdo. Adoro essas histórias com ele ingênuo e se passando por retardado, são muito engraçadas. Como ele não acreditava em monstros e assombrações, pensava apenas que eles era uma família simpática. Fica até a dúvida se ele fingia não saber que eles eram monstros ou se realmente era tão bobo a ponto de não saber. Eu fico com a segunda opção, até pelo final. 


As tiradas são ótimas, desde o início com a Lua falando: "É isso aí! Tô cheia! Me poupe, tá!". Os monstros são uma caricatura mais adulta e assustadora do que a Turma do Penadinho, eles só erraram no nome da múmia, primeiro aparece como "Zé Múmia" e depois chamada de "Muminho". Embora com aparência assustadora, eles eram atrapalhados. Engraçado vê-los com medo do Chico no final. Legal também ver o Chico subindo morro, coisa que não teria nos gibis atuais. 


Na postagem, não coloquei a história completa. Curiosamente, a capa faz alusão à história, algo raro nos gibis da época e o título da história faz referência ao filme "Os Fantasmas se divertem", um clássico do cinema. E outra curiosidade é que essa edição nº 172, foi a primeira do Chico Bento a ter código de barras na capa, já que a partir de setembro/93 todas as revistas passaram a ter, coincidindo com a mudança da moeda brasileira de "Cruzeiro" para "Cruzeiro Real". O preço das revistas vinham no código de barras. E parece que essa história nunca foi republicada até hoje, pelo menos nunca vi republicada.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

As Melhores Histórias do Pelezinho nº 7


Nas bancas "As Melhores Histórias do Pelezinho" nº 7. Como sempre, um título recomendado e nessa postagem comento as principais histórias dessa edição.

Essa edição tem 14 histórias, incluindo a tirinha final, todas são do início dos anos 80. E nenhuma muda, o que é melhor ainda. Dessas histórias, 3 eu já tinha lido e conhecia. A história de abertura é "O elevador infernal", e é uma das que eu já conhecia. Nela, Pelezinho encontra um elevador no meio do campinho de futebol, resolve entrar nele e acaba parando no inferno. Lá, Pelezinho descobre que o elevador serve para os diabos levarem novas almas para o inferno mais rapidamente. História sensacional. Era comum diabo aparecerem nas histórias e se eles não republicassem essas histórias, iria faltar muito material.

Trecho da HQ "O Elevador Infernal"

Outra história de destaque é "Cadê minhas roupas?", em que Pelezinho encontra Frangão pelado em uma moita após ter sua roupa roubada ao tomar banho em um rio e Pelezinho vai procurar saber quem foi que roubou as roupas. Muito engraçada. Interessante o Frangão chamando o Pelezinho de "burro", coisa que não acontece mais atualmente. Aliás, a história em si não seria aprovada pelo Maurício pelo personagem pelado atrás de uma moita.

Trecho da HQ "Cadê minhas roupas?"

Já em "Os gordinhos", Cana Braba vê que está bem gordo ao se pesar em um balança, e como a Bonga está se aproximando, ele faz de tudo para que ela não veja seu verdadeiro peso e fique sacaneando. Não seria publicada atualmente porque bullying não pode. 

Em "Pega o sabonete!", a Bonga escreve o nome do seu amante em um sabonete, que acaba escorregando e vai parar na sala. Com isso, ela vai ter que impedir que o Pelezinho pegue o sabonete e descubra seu amante secreto. Essa história tem algo raro nos gibis de todos os tempos: há informação de créditos na história. 

Informam nome de roteirista, desenho, arte-final, letra, cor e supervisão. Se bem que no caso de cor, só quem tem a original para saber como era. Bem que podia as histórias ser assim sempre com informações de créditos principais, e perceba que nem fica poluindo o visual da história, colocaram bem pequeno no canto, sem prejudicar nada. Para mim, só informações de roteirista, desenho, arte-final já bastavam. Interessante que na época colocaram só o nome, e não incluíram o  sobrenome deles. Então, o roteirista Reinaldo em questão, se trata do Reinaldo Waisman. Só para constar, eu já conhecia essa história.

Trecho da HQ "Pega o sabonete!"

A história que fecha o gibi é "Coroa, eu?". Nela, o pai do Pelezinho, seu Dondinho, é chamado de coroa pelos meninos para jogar futebol com eles e, com isso, seu Dondinho quer provar a eles que ainda é bom de bola.

Trecho da HQ "Coroa, eu?"

Então, como sempre "As Melhores Histórias do Pelezinho" nº 7 está divertido e sem sombra do politicamente correto que predomina as revistas atuais. Vale a pena colecionar.

domingo, 27 de outubro de 2013

Novo Painel

Pessoal, mudei o painel do Blog... quero agradecer ao Diego Sousa, de João Pessoa (PB), que se prontificou de fazer um painel novo para o Blog. Gostei das páginas de histórias no fundo. Ficou muito bom. Valeu mesmo.


E quero agradecer mais uma vez ao Xandro, por ter feito o primeiro que eu também gostei muito.Para quem não viu ou não se lembra, esse era o painel antigo.



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Cebolinha: HQ "Aniversário Infalível"

O dia 24 de outubro é oficialmente o aniversário do Cebolinha. Em homenagem à data, mostro uma história muito legal de aniversário dele, envolvendo plano infalível e cheia de reviravoltas. Tem 18 páginas e foi publicada em 'Cebolinha Nº 94' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 94' (Ed. Globo, 1994)

Nela, na véspera de seu aniversário, Cebolinha resolve convidar todo mundo para sua festa e todos recusam porque ele andava aprontando muito com os amigos com seus planos infalíveis. Com isso, Mônica não aceita ir à festa porque ele criou um plano infalível para ela no dia anterior; Cascão não vai porque o Cebolinha quis dar banho nele a semana inteira; Magali não vai porque ele bolou planos para ela perder o apetite; Franjinha, Titi, Xaveco e Jeremias não irão porque foram obrigados a participar do tal plano da Mônica e ainda estão com olhos roxos.


A princípio Cebolinha fica triste, mas quando chega em casa resolve fazer um plano infalível para obrigar a todos irem à festa e ainda aproveitar pra chantagear cada um, como forma de castigo por terem recusado de irem à festa.


Então, Cebolinha começa a pôr em prática seu audacioso plano. Primeiro, ele envia uma carta para Mônica se passando pelo Ronaldinho, o menino que ela ama em segredo, dizendo que está gamado nela e queria marcar um encontro pra dançar juntos na festa de aniversário do Cebolinha. Ela fica na dúvida então, se vai ou não.


Depois disso, Cebolinha vai a casa do Cascão e se passa por locutor do rádio, avisando que vai ter uma enchente no bairro inteiro e a única casa que vai salvar é a de número 25, justamente a casa do Cebolinha. E o bobão do Cascão acredita.


Com a Magali, Cebolinha coloca uma máscara do "Maurício É de Mattar" e avisa que estará animando a festa do Cebolinha e distribuindo melancias. Ela fica desesperada e em dúvida se vai ou não. Com os meninos do futebol, Cebolinha se fantasia de Mônica, avisando que eles estão sendo obrigados a ir na festa, se não todos apanham.


Após isso, Cebolinha vai para casa e espera a turma lá. Não demora muito, Mônica aparece sem jeito pedindo desculpas e implorando ir a festa. Cebolinha, então põe a condição de ela ir só se nunca mais bater nele, mesmo que seja provocada.


Depois, Cascão e Magali aparecem juntos lá, e o Cebolinha impõe a condição da Magali ficar uma semana sem filar comida de ninguém e do Cascão entregar a coleção de tampinha para ele. Com os outros meninos, Cebolinha exige ser atacante do time deles. Após irem embora, Cebolinha comemora sendo o plano mais infalível que ele já fez na vida.


Porém, a partir daí começa a desandar o seu plano e a turma, um a um, começa a descobrir as tramoias. A Mônica telefona para o Ronaldinho e sua mãe avisa que ele está viajando há uma semana; Cascão ao se preparar para o dia do dilúvio, resolve ligar o rádio para saber mais notícias e percebe que estava desligado o tempo todo e deduz que era o Cebolinha o locutor avisando o dilúvio.


Magali vê na televisão que o "Maurício é de Mattar" está em turnê no "Longistão" e só volta no mês que vem. Então, todos chegam a conclusão que o Cebolinha aprontou com eles e vão a casa dele. Nisso, os meninos também estavam indo pra lá na hora, veem a Mônica e também percebem que foram tapeados. 

Com todos reunidos na porta da casa do Cebolinha, descobrem que ninguém iria na festa e ficam com pena dele, apesar de tudo. Resolvem ir, mas sem deixar de dar uma lição no Cebolinha. Então, no dia seguinte todos chegam juntos com um presentão. Informam que descobriram o plano infalível, mas aceitaram ir na festa, levando um bolo que foi tacado nele e cantam Parabéns, com o Cebolinha reconhecendo que merecia o bolo na cara, terminando assim a história.


Com certeza, uma história excelente e de alto nível, mostrando um Cebolinha peralta, maquiavélico, vingativo, cheio de ideias mirabolantes. Nessa época, ele não fazia planos infalíveis só contra a Mônica, gostava de perturbar todo mundo. Eu adorava quando ele fazia planos para o Cascão tomar banho e para tirar a gula da Magali. Logicamente, contra eles, não apanhava no final,  mas de qualquer forma, nunca davam certo, assim como os contra a Mônica. 


Nessa história "O aniversário infalível", ele acaba fazendo planos para se dar bem e prejudicar todo mundo ao mesmo tempo. Muito bom. Claro que, como não podia deixar de ser, recebe uma punição no final. As tiradas são muito boas e engraçadas e interessante os personagens agindo como bobos, como o Cascão que não percebeu que a voz no rádio não estava saindo do rádio e ainda ouvindo "locutor" trocando "R" pelo "L" e como a Magali não viu que o "Maurício É de Mattar" não era uma máscara de madeira, por exemplo. São absurdos que fazem a diferença e se torna tão engraçado.


Interessante também de ainda obrigar seus amigos irem para a festa, Cebolinha ainda põe condições a eles irem, aproveitando o desespero deles para se dar bem à custa deles. Impublicável hoje ver cebolinha agindo assim. Traços bons, típicos dos anos 90, com direito à línguas dos personagens maiores um pouco. E para melhorar, ainda teve erro de colorização na roupa do Franjinha. Gostava muito quando tinham erros de cores, era mais comum nos gibis da Editora Abril, mas na Globo ainda tinha de vez em quando. Perfeito.


Curiosamente, nessa história é revelado o endereço da casa do Cebolinha, mas como nunca segue um padrão, com certeza sua casa já teve números diferentes no bairro, antes e depois disso. Outra curiosidade é que a capa foi a primeira em "3D Virtual", a grande novidade da época, e faz alusão à história de abertura, o que era comum quando tinha história de aniversário, só que sem querer acabou mostrando o final. Na postagem a história está completa.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Penadinho: HQ "O Fantasma Vivo"

Penadinho e sua turma sempre renderam ótimas histórias mostrando o cotidiano dos fantasmas no cemitério. Essa que eu mostro não foge disso e é muito legal. Foi publicada em Cascão nº 91 (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Cascão nº 91' (Ed. Globo, 1990)

Com 5 páginas, a história começa com o Penadinho e o Muminho encontrando um fantasma deitado no cemitério que tinha acabado de falecer. Então, eles resolvem sacaneá-lo e pintam  um cabelo, uma calça e uma gravata para quando ele acordar pensar que está vivo. 


Ao acordar, o fantasma pensa realmente que está vivo e não sabe como foi parar no cemitério. Então, ele vai à rua e as pessoas começam a se assustar com a alma vagando. Ele encontra o seu cachorro Rex, que desmaia ao ver o dono como fantasma e depois foge com medo ao acordar.


O fantasma vai até a sua antiga casa e ao se aproximar já vê um movimento por lá, pensando que estavam dando uma festa. Na verdade, era o seu próprio velório e todos da sua família ficam assustados e desmaiam ao verem a assombração. Ele, então, vê o seu corpo dentro do caixão e só aí descobre que havia morrido, principalmente quando ele atravessa o corpo da sua mulher.


Ele volta ao cemitério inconformado, já que ele ainda se sentia vivo, e de repente cai uma chuva, que faz com que a tinta saia. Com isso, descobre que aprontaram com ele e vai procurar quem foi. Aí vê o Penadinho e o Muminho rindo ainda, descobre que foram eles que pintaram e como castigo faz a mesma coisa com eles, pintando eles de mulher, terminando assim a história.


É bem simples e boa assim mesmo. Com traços ótimos, mostra as zoeiras dos fantasmas no cemitério. Diversão pura deles. E ainda receberam castigo no final.


Interessante mostrar o corpo do cara dentro do caixão, algo inadmissível e impublicável nos gibis atuais. Com certeza, o ponto forte da história. Para mim isso é nada de mais, porém o fato pode traumatizar muita gente e eles não colocam mais cenas assim. Na postagem, coloquei a história completa.

sábado, 19 de outubro de 2013

Claudia Leitte vira personagem em Mônica nº 82


Nas bancas, Mônica nº 82, mais uma edição especial, dessa vez com estreia de personagem. Se já não bastassem, Pelé, Ronaldinho Gaúcho e Neymar, agora Claudia Leitte é a nova celebridade a virar personagem dos quadrinhos da MSP.

Já haviam informado que ela viraria personagem no início do ano e agora se concretizou. Quando a gente pensa que já viu de tudo, aparece coisa pior. Transformar uma cantora de axé em personagem para incentivar ainda mais as crianças a ouvirem música de péssima qualidade, é demais. 

Tudo bem que a turma sempre foi antenada com as músicas e artistas da atualidade. E como atualmente a música nacional está um lixo, não podia se esperar grande coisa ao escolher uma cantora para virar personagem. Claudia Leitte é muito sem graça, por sinal, e suas músicas piores ainda. Se a intenção do estúdio seria criar uma personagem-cantora, não precisaria ser baseada em uma celebridade real. Podia muito bem, criar uma personagem nova criada pela MSP normalmente, sem vínculo a uma cantora famosa.

Segundo o site da Turma da Mônica, Claudinha, a nova personagem, vai incentivar as crianças a realizarem seus sonhos e terá um núcleo de personagens. Com isso, toda a família da Claudia Leitte virou personagens. Claudinha contracenará com sua mãe, Dona Il, seu pai, seu Cal, seu irmão Juninho, sua cachorra Xista, sua avó Nicuza, sua babá Leinidia. Até o marido da Claudia Leitte na vida real virou personagem e será Marcinho, um amiguinho por quem ela é apaixonada. Mais detalhes sobre os personagens do núcleo da Claudinha, clique aqui

Então, essa história de estreia, mostra que Claudinha e sua família moram em Salvador e resolvem se mudar para o bairro das Laranjinhas, um bairro vizinho do Limoeiro, onde a turminha mora. Chegando lá, Claudinha (que já conhecia a Mônica porque conversavam no facebook), se encontra com a turma, achando o máximo morar perto deles. Só que quando Claudinha chama o Cebolinha de fofo e lindo, Mônica fica enciumada e as duas começam a se rivalizar e, por causa dele, resolvem fazer uma disputa de trio elétrico e quem cantasse melhor das duas seria a dona da rua. 

Tudo tratado de forma muito boba, sem nexo, com muita cantoria de axé (músicas da Claudia Leitte e de outras bandas e cantores de axé). Claudinha vive cantando a história toda, desde o início. Constrangedor. Só na primeira pagina da história a gente já vê como é ridículo. Nem o Anjinho está gostando disso. Pela cara dele, até ele achou um horror. 

Trecho da HQ "Estrelas do Limoeiro"

Sem contar os dialetos baianos, é o tempo todo falando "oxe!", "arerê", "arremaria", etc. E os traços tudo digitalizados, só piora a situação. Além disso, se não bastasse ver a Mônica apaixonada pelo Cebolinha na "Turma da Mônica Jovem", ainda vemos agora ela apaixonada explicitamente pelo Cebolinha também na turma clássica. E esse fato ser o alvo da briga entre ela e a Claudinha é péssimo. Uma coisa que, inclusive, já foi tratado como "Cena Impossível", agora se tornou realidade na turma clássica. Lamentável. 

Nos próximos meses quando tiverem histórias da Claudinha nos gibis, provavelmente serão histórias de miolo, e explorando as caracterísiticas da sua turma. Acredito que não contracenará muito coma Turma da Mônica porque moram em bairros diferentes, embora são bairros vizinhos. Não sei nem se seria melhor se fizessem gibi próprio dela em vez de incluir histórias nos gibis convencionais. Acho que se fosse um gibi próprio pelo menos compraria quem gostasse e os leitores que não gostam não precisariam esbarrar com histórias dela nos gibis.

Eu até podia ter deixado de comprar esse gibi, mesmo sabendo que seria ruim (embora não esperava que seria tanto asim), mas como é estreia de personagem fixo, não podia deixar de ter na coleção, até pela raridade. Bem ou mal, é uma edição especial. Tratei de comprar os gibis em que o Luca e a Dorinha estrearam na época (Mônica # 221 e # 222 - Ed. Globo, 2004 - respectivamente) e até mais recentemente o gibi de estreia de Tikara e Keika (Mônica # 18 - Ed. Panini, 2008). 

Falando em Luca, curiosamente, também foi inspirado em um cantor da vida real. Não são todos que sabem, mas foi inspirado no Hebert Vianna, dos Paralamas do Sucesso. Era para chamar, inclusive, de "Paralaminha", mas aí resolveram chamá-lo de "Da Roda", como era nas suas primeiras histórias. Como ficava meio pejorativo assim, aí um pouco depois mudaram para "Luca". E Dorinha, por sua vez, foi inspirada na filantropa cega Dorina Nowill. Então, dá para notar que o Maurício sempre quis que celebridades virassem personagens.

Trecho da HQ "Estrelas do Limoeiro"

Agora falando do resto do gibi da Mônica # 82, ele tem 12 histórias, incluindo a tirinha final e volta a ter as tradicionais 84 páginas (na edição # 81 tiveram 108 páginas para compensar a história de abertura que teve 48 páginas). Além dessa história constrangedora da Claudinha, as demais histórias também são todas com traços e letras de PC, nada feito a mão, simplesmente tudo parecendo carimbo. Para não dizer que o gibi é completamente assim, tem uma história de 1 página do Penadinho que não tem letras assim digitalizadas. Já o resto lamentavelmente é assim. 

Falando em Penadinho, tem outra história dele, só que muda e extremamente longa (com 8 páginas), toda com muita enrolação, como de costume atualmente. E também incluída com traços digitalizados, mesmo sendo muda. uma prova disso é que fica tão sem graça assim, que não tem a arte dos quadrinhos "assustados", feitos a mão, tão característicos nas histórias dele, colocando os quadros de forma retangular normal. 

Trecho da HQ "Tá empoeirado, hein?"

O gibi ainda tem outras histórias simples com a turma, além do Rolo e o Chico Bento. Já a história de encerramento é "As herdeiras do Barão de Cacareco", com uma dupla de "tiazinhas politicamente corretas", a Matilde e a Mafalda, que se mudam para o bairro e ficam controlando com binóculos e anotando tudo que as crianças fazem de errado, como as coelhadas, menina que come muito, menino que não toma banho, dentre outras, para enviar uma carta para o Maurício informando sobre tais atitudes erradas. Serve como um recado do estúdio às mães que sempre reclamam das histórias incorretas.

Trecho da HQ "As herdeiras do Barão de Cacareco"

Então, como já era de esperar, 'Mônica # 82' é um gibi fraco, só serve pelo valor histórico da estreia da Claudinha e para ter raridade na coleção, mesmo sendo um personagem ruim como essa. Quem deve gostar mesmo as crianças que gostam da Claudia Leitte. É triste a MSP cada vez mais descaracterizar a turma assim, criando personagens inspirados em celebridades superficiais que não acrescentam em nada.

Em relação aos outros gibis do mês não comprei nenhum, como sempre tudo normal para os padrões atuais da MSP, inclusive a do Cebolinha, que mais uma vez, como em todos os meses de outubro, é uma história de aniversário do Cebolinha na abertura. Ou seja, a mesmice de sempre. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Personagens Esquecidos 3: Tio Glunc


Tio Glunc foi um personagem do núcleo da turma do Piteco bem presente nos anos 60 e 70 e atualmente esquecido pela MSP.

Criado nos anos 60 na época dos tabloides de jornais, Glunc era o tio da Thuga. Um cara ganancioso, mesquinho, interesseiro, só quer saber de se tornar rico e ganhar dinheiro fácil à custa dos outros. É preconceituoso, odeia pobres e quer distância deles. Não suporta o Piteco e tenta a todo custo casar sua sobrinha Thuga com um marido rico e bom partido para que possa ser sustentado pelo casal. Abaixo, um tabloide de jornal de 1963 com uma de suas primeiras aparições, tirada de Coleção Histórica nº 30 (Mônica nº 30): 

Tabloide de jornal, com a presença do tio Glunc (1963)

 Sua estreia nos gibis foi na história da Thuga, de Mônica nº 21 (Ed. Abril, 1972), como mostro abaixo:

HQ de estreia do tio Glunc nos gibis (1972)

Sua presença era bem frequente nos gibis dos anos 70, como na história "O tigre dos dentes-de-sabre", que foi republicada no 'Almanaque da Mônica nº 8' (Ed. Globo, 1988). Na trama, tio Glunc vê um anúncio de caça ao tigre de dente-de-sabre com recebimento de um grande prêmio e, de olho na grana, ele resolve desafiar com o Piteco quem vai conseguir caçá-lo. 

Trecho da HQ "O tigre dos dente de sabre"

 Glunc se fantasia de tigre, o Piteco o avista e o caça sem saber que era era. No final, Piteco ganha o troféu, quando aí descobre que ele caçou foi o tio Glunc que estava disfarçado de tigre, que taca o troféu na cabeça do Piteco.

Trecho da HQ "O tigre dos dente de sabre"

Outra história que marcou e que mostra perfeitamente as suas características é "O pé-rapado", original de 'Mônica nº 104' (Ed. Abril, 1978) e que foi republicada no 'Almanacão de Férias nº 4' (Ed. Globo, 1988), que foi a edição que eu a li pela primeira vez e foram tiradas as imagens, e novamente republicada em 'Almanaque do Chico Bento nº 15' (Ed. Panini, 2009).

Na trama, tio Glunc recebe um telegrama informando que seu irmão que nunca mais tinha visto iria passar uns dias com ele. Na hora, ele fica todo animado porque pensa que o irmão poderia ser rico e ele podia tirar proveito disso. 

Trecho da HQ "O pé-rapado" (1978)

Nisso, ele avista um sujeito pobre e pensa que é um mendigo. Então, esse mendigo vai até a casa dele com a Thuga. Ela o recebe e o tio Glunc ao ver a sobrinha conversando com o mendigo vira uma fera e trata logo de expulsar, derrubando a escada para ele cair. Então, é revelado que é o tal irmão que veio morar com eles. Glunc fica arrasado ao descobrir que seu irmão era mendigo e passa a tratá-lo mal.

Trecho da HQ "O pé-rapado" (1978)

Há várias situações cômicas entre eles, com o irmão fazendo com que Glunc durma do lado de fora da caverna, até que Glunc se irrita e fala se ele não for arrumar emprego, vai ser mandado embora da casa. Então, o irmão fala que é rico, dono de uma fábrica de machadinhas, e que veio pensando tornar o Glunc sócio da firma dele, mas com tanta mesquinharia, nada feito. Então, só porque descobre que o irmão é rico, o Glunc passa a tratá-lo bem, mas já era tarde. O irmão vai embora e pensa em dar um dote pra Thuga, que recusa porque o Piteco não gostaria de uma esposa rica, enfurecendo o seu tio Glunc.

Trecho da HQ "O pé-rapado" (1978)

Depois de muitos anos sem aparecer, Glunc volta em 1998, na história "O casamento da Thuga", de 'Cebolinha nº 137'. Como o estúdio já estava adotando traços diferentes para as histórias do Piteco naquela época, a história toda tem um traços bem diferentes (inclusive com a arte do quadrinho assustado, coisa que não tinha até a metade dos anos 90) e, com isso, o tio Glunc aparece com traços diferentes de como era nos anos 70.

Trecho da HQ "O casamento da Thuga" (1998)

Na história, Glunc arruma um marido rico para a Thuga e obriga a casá-los para o seu interesse próprio e para chatear o Piteco que ele não suportava por ser pobretão. Piteco dá o braço a torcer, mas na verdade fica cheio de ciúmes por causa do casamento da Thuga. Na hora do casório, como o noivo não queria a presença da família, descobre-se através de um telegrama que o marido não era nada de rico porque a tal família não tinha filho homem e, com isso, o casamento não ocorre. 

Trecho da HQ "O casamento da Thuga" (1998)

Piteco chega após a confusão querendo acabar com o casamento, então Thuga revela que não houve casamento, e se mesmo q o noivo fosse rico, não casaria porque aceitou a proposta apenas pra dar ciúmes par ao Piteco. Como já estavam no cartório, ela sugere a ele para se casar naquele momento e Piteco foge, terminando a história.

Trecho da HQ "O casamento da Thuga" (1998)

Não tem uma justifica concreta para que não Glunc sumisse das histórias nos anos 80, talvez por causa das criações de novos personagens e acabou sendo esquecido, e, tanto que foi lembrado e ressuscitado no final dos anos 90, logo sumindo de novo.

Porém, após essa história de 'Cebolinha nº 137', ele reapareceu depois de muitos anos, em 'Cebolinha nº 229' (Ed, Globo, 2005), na história "A Herança", e depois mais recentemente em 'Mônica nº 76' (Ed. Panini, 2013), na história "Um conselho do Tio Glunc". Só que como de se esperar nos gibis novos, a personalidade foi mudada e, nesta última, ele não está sendo mesquinho dessa vez, apenas querendo que a sobrinha Thuga se case, tudo abordado de uma forma bem branda, estragando o personagem.

Esse que é o meu medo quando esses personagens incorretos voltam porque as características mudam todas. Afinal, um personagem tão falso, ganancioso, mesquinho e interesseiro como ele, dando mau exemplo é inadmissível atualmente e tem que ser mudado para atender o politicamente correto .

Termino com algumas capas que tem as histórias citadas na postagem:

Capas: Mônica nº 21 (CHTM), Mônica nº 104 (1978), Almanaque da Mônica nº 8 (1988), Almanacão de Férias nº 4 (1988), Cebolinha nº 137 (1998)