domingo, 29 de maio de 2022

Astronauta: HQ "The End"

 

Em maio de 1992, há exatos 30 anos, foi lançada a história "The End" em que o Astronauta acha que estava no local do fim do universo. Com 8 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 65' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Cebolinha Nº 65' (Ed. Globo, 1992)

Astronauta está viajando pelo universo, comenta que percorre o espaço sem parar, já visitou milhares de planetas fora os tantos catalogados e ainda bem que o universo é infinito senão já teria chegado ao fim. Só que de repente, ele se depara com o "fim" bem grande.

Astronauta acha que é brincadeira e vai conferir quem escreveu "Fim" no universo. O extraterrestre diz que foi ele. Astronauta fala que todos sabem que o universo não tem fim. O ET pergunta quem e Astronauta responde que os astrônomos, cientistas, filósofos. O ET pergunta se eles foram lá ver, que ali é o limite final do universo e depois só tem o nada, o terrível vazio engolidor.

Astronauta tenta provar que não tem fim, pula até o local e volta. Ao atingir um raio com sua pistola, o raio também volta. O ET confirma que universo acaba ali e manda Astronauta procurar a outra ponta dele, o começo. Astronauta volta à nave, inconformado que isso é terrível, que seu trabalho é limitado e existe um número exato de planetas e estrelas.

De tão frustrado, resolve subir com a nave até o teto do universo, quando se depara com remendos de durex pelo espaço. Ele vai conferir subindo mais e vê o espaço com tipo um pano gigante pendurado. Astronauta joga raios nas pontas do pano, que cai e encontra no outro lado os malfeitores mais procurados pelo espaço. Colocaram uma borracha super-resistente para encobrir o esconderijo e fingindo que era o fim do universo, estariam seguros para sempre.

Astronauta leva todos para a penitenciária espacial, volta para nave e diz que por um momento acreditou que ali era o fim do universo e fica aliviado, nada melhor saber que o universo é infinito, ir para cima e para baixo e para os lados sem nunca encontrar limites nem tédio e não tem um fim que jamais possa detê-lo, até encontrar com o "Fim" da história e se vê vencido por ele.

História legal cheia de absurdos com Astronauta tendo que lidar com o local do fim do universo e ficar inconformado acontecer, mas acaba descobrindo que foi só uma forma de bandidos extraterrestres de não descobrirem o esconderijo deles. Apesar de aliviado do universo ser infinito, não pôde conter o fim da história.

Mostra a curiosidade das pessoas se realmente o universo é infinito ou não, se não tem um ponto que acaba. Era um tema até frequente nas histórias do Astronauta, volta e meia estava envolvido nisso de alguma forma diferente, eu gostava para estimular imaginação dos leitores. E ainda teve uma metalinguagem legal no final, tendo destaque ao final da história, com Astronauta sabendo que ele estava em uma história em quadrinhos e teria um fim e isso ele não poderia impedir.

Astronauta podia ter tocado no local do "Fim" que veria que era uma borracha e teria algo errado ali, fora que escrever "Fim" no Céu já seria absurdo. Vimos que os bandidos foram bem criativos para cobrir o universo e ter  o local do fim, só não contavam com a insistência do Astronauta de saber a verdade. Dessa vez não foi mostrado que bandidos foram presos em um planeta-prisão, tinha uma penitenciária para mantê-los lá, nunca teve uma cronologia nas histórias. Legal o Astronauta chamar o alienígena de bicho feio, o "Fim" escrito no universo, Astronauta pular e voltar e a reação ao descobrir toda a verdade.

Teve um título na história, o que era bem raro com Astronauta, foi bem discreto na direita, atrapalhando um pouco o nome dele pra dar uma ideia de fim. Incorreta atualmente por ter bandidos e Astronauta mexer com arma. Traços foram bons, teve o Astronauta com espaço maior na língua em alguns quadrinhos, estavam começando a testar novos estilos de desenhos na época, ficou tipo um ensaio de novos traços que começaria a ser adotados a partir de 1993.

Curiosidade que em maio de 1992 começou a promoção da Editora Globo, durando até agosto, que vinha selo vermelho nas capas das revistas da Globo de todos os segmentos, não só gibis, para recortar e colar na cartela e enviar pra editora para ganhar assinaturas de revistas e outros prêmios. Com isso, esses selos davam redução nos preços das revistas para estimular vendas. Não gostava dessas promoções que tinham que recortar revista, algumas dessa promoção até vinham adesivos do selo, mas nem todos  tinham. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Mônica: HQ "E agora, muito silêncio! Resolvi descansar de novo!"

Compartilho uma história clássica de exatos 40 anos agora em maio em que o Diabo aproveita que Deus cochilou para dominar a Terra precisando Anjinho e a Turma da Mônica impedir seus planos. Com 17 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 145' (Ed. Abril, 1982).

Capa de 'Mônica Nº 145' (Ed. Abril, 1982)

Nela, Deus resolve descansar primeira vez depois de bilhões de anos, desde o sétimo dia da criação do universo. Anjos Gabriel e João ficam encarregados de ficar tudo em ordem enquanto Ele descansa e fica sendo um segredo entre eles. 

Só que um Diabo espião no Céu ouviu tudo e sai voando, bem feliz que o chefe dele vai saber disso. Anjinho ouve risadas e vulto saindo do Céu e vai ao Céu conferir entrando pelo esconderijo do Diabo e logo vê que o Criador está dormindo. Anjo Gabriel vê o Anjinho lá e dá palmada na bunda dele, falando que é proibido entrar lá, vai acontecer coisa terrível se acordá-lo e manda brincar em outro lugar e se voltar lá, vai ficar sem as asinhas por uma semana, sem deixar Anjinho se explicar.

Então, Anjinho resolve pedir ajuda, se a notícia de que o Criador está dormindo chegar no Inferno, nem sabe o que vai acontecer. Só que é tarde demais, o Diabão sai do Inferno estendo a mão gigante abrindo a terra, derrubando árvores e o Anjinho, que vai parar na casa da Mônica, quebrando a vidraça da janela.

Cebolinha e Cascão estavam brincando lá e manda Anjinho parar de tremer o chão da casa porque está atrapalhando o jogo de bafo deles e Cascão achou que foi combinação do Cebolinha com o Anjinho porque estava perdendo. Mônica aparece reclamando que Anjinho fez murchar o bolo no forno que estava fazendo.

O tempo escurece, Cebolinha vai ver na janela e não vê nada, só escuro e barulho de asas e Anjinho o manda sair de lá. Cebolinha pensa que eram passarinhos e não tinha medo e acaba sendo capturado pelos diabos voadores. Diabão comemora que os espiões fizeram ótimo trabalho, esperou bilhões de anos para o Criador dar cochilada para ele subir das profundezas e reinar na Terra.

O diabo voador solta o Cebolinha, que vai parar nas mãos do Diabão e o transforma em um diabinho com um raio saindo dos olhos. Diabão conta o seu plano de que fará o mesmo com todos os mortais e quando o Criador acordar, ele vai ter um exército tão grande que não poderá mandá-lo de novo para baixo e manda todos os diabinhos arrastarem os mortais até a ele.

Os diabinhos invadem a casa da Mônica, conseguem pegar o Cascão e o Cebolinha tenta capturar Mônica e Anjinho, que fogem voando pelos fundos. Na perseguição, fazem com que o Cebolinha fique preso enroscado nos fios elétricos de um poste e se escondem em um túnel do amor. Enquanto isso, os diabinhos capturam humanos de vários países.

No túnel do amor, Mônica tem ideia de serrar um outdoor que tem uma propaganda de Tota Toia (Coca-Cola) e um homem apontando, fazendo de conta que seria a mão de Deus em uma nuvem para falar com o Diabão. Feito isso, dão ordem para ele parar com isso e voltar para o Inferno antes que fique zangado e se não obedecer, a vingança será terrível. Diabão acha impossível o Criador acordar tão rápido, assopra a nuvem e vê Mônica e Anjinho com alto falante.

Diabão fala que não podiam enganá-lo por ser o mestre das artimanhas e transforma o Anjinho em um rato. Anjinho grita e faz acordar o Criador, que se queixa como o Diabão ousou sair do Inferno. Ele diz que não vai voltar para lá, juntou exército suficiente para resistir e não vai ser fácil.

O Criador joga um raio, Diabão acha que errou a pontaria, mas foi de propósito para invocar a esposa e a sogra. Ele deixou o Inferno de fininho e elas cobram que não vale nada, bate nele com tridente e fazem voltá-lo para o Inferno. Antes de voltar, Diabão da recado que vai esperar voltar a cochilar para voltar a atacar.

Assim, todos voltam ao normal, Cascão e Cebolinha comentam que era esquisito ficar com asas de morcego e chifres e Mônica pergunta ao Anjinho se o Criador resolver dar outra cochilada. O Padre aparece apavorado reclamando que roubaram o relógio da igreja. Anjinho imagina onde foi parar e vemos no final que foi Deus quem roubou para não perder a hora de quando cochilar.

Uma aventura sensacional com o Diabão aproveitando que Deus resolveu descansar para tomar reinado na Terra transformando humanos em diabinhos, daria certo se não encontrasse a Turma da Mônica, fazendo o Anjinho acordar Deus e resolver a situação chamando atenção da mulher e sogra do Diabão para levá-lo de volta para o Inferno. E ainda Deus no final roubar o relógio da igreja para não perder hora quando resolver cochilar.

Inspirada na ideia de que Deus nunca dorme e resolver abrir uma exceção deu uma excelente história. Vimos que quem manda no Diabão são a mulher e a sogra e por isso teve que ceder seus planos, prometendo voltar quando Deus voltasse a cochilar. A história nunca teve uma continuação, não seria uma má ideia na fase clássica da MSP, mas ainda assim dia os voltaram em outras histórias em diversas situações, eram bem frequentes e muito boas também. Legal também a paródia da Coca-Cola no outdoor.

Caprichavam demais na fase da Editora Abril, dava gosto de ver histórias assim. Mistura de aventura com um toque de humor em algumas partes, baseavam em desenhos animados na época. Agradava bem crianças maiores, adolescentes e pais que liam gibis dos filhos.

Considero até mais como uma história do Anjinho já que Mônica fez mais participação e tiveram mais destaques mesmo o Anjinho e o Diabão. Interessante que não foi falado nome de Deus, apenas chamado como "Criador" e normalmente quando Deus era personagem em quadrinhos aparecia só voz dele e algumas vezes a mão. Foram raras exceções que Deus apareceu presencialmente, mas já aconteceu algumas vezes.

Hoje em dia completamente sem chance uma história assim por não poder mais envolver Deus e Diabo, além de piadas com Deus cochilar e como ladrão ao roubar relógio da Igreja para dormir sem preocupação, Diabo maquiavélico com traços desse jeito, Cebolinha e Cascão se tornarem diabinhos e se tornarem vilões para pegar Anjinho e Mônica. Fora o Anjinho levar palmada na bunda do Anjo Gabriel já que a educação de hoje não aceita de jeito nenhum filhos levaram surra e palmadas dos pais, insinuação amorosa da Mônica no túnel do amor e os palavrões ditos pelos "mortais" sendo carregados pelos diabinhos também proibidos.

Os traços espetaculares, um show a parte, principalmente o Diabão de um jeito como nunca visto. A sogra dele até lembra um pouco a Pipa e o padre lembrou o Padre Lino da Turma do Chico Bento, sendo que na época o Padre Lino não tinha traços definitivos, era desenhado diferente a cada história e só na Editora Globo que ficou definitivo seus traços nesse estilo aí. 

O título por muito tempo pensava que era inexistente, aparecendo só Mônica, mas ele é a fala de Deus no primeiro quadrinho. Era comum ter títulos representados pela fala dos personagens que tinha um destaque maior, normalmente colorida a fala deles.

Foi republicada 2 vezes, a primeira em 'Almanaque da Mônica Nº 2' (Ed. Globo, 1987) e depois em 'Coleção Um tema Só Nº 16 - Mônica Passeios' (Ed. Globo, 1997), sendo que curiosamente na segunda reedição, o código de identificação teve referência ao almanaque de 1987 em vez de dizer que era uma da Abril. As imagens eu tirei do Almanaque de 1987 e mostro a seguir as capas das 2 republicações.  Muito bom relembrar esse clássico marcante há exatos 40 anos.

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 2' (1987)

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 16' (1997)

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Capa da Semana: Magali Nº 221

Da série de capas com personagens esportistas, uma bem legal com a Magali como judoca em vez de repartir tijolo com as mãos, ela reparte um bolo com entusiasmo, bem a cara dela. Depois, só bolo ir para o estômago dela.

A capa dessa semana é de 'Magali Nº 221' (Ed. Globo, Dezembro/ 1997).

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Papa-Capim: HQ "Um espírito está atacando o Sol"

Mostro uma história em que a tribo do Papa-Capim tiveram que lidar com um espírito que estava prestes a atacar o Sol. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Chico Bento Nº 31' (Ed. Abril, 1983)

Papa-Capim e Cafuné estão caçando peixes em uma canoa quando o Cafuné vê uma sombra no céu e acha que um espírito está atacando o Sol. Papa-Capim acha que o espírito é muito forte porque o Sol nem pode reagir e vão à tribo para pedir ajuda ao Pajé. Chegando lá, eles veem que os índios já sabiam, estavam chorando e apavorados que o espírito vai devorar o Sol e ficar tudo escuro.

Pajé tenta falar com Tupã para não deixar roubarem o Sol deles. Enquanto ele faz a reza, homens brancos que estavam explorando a selva veem de longe, achando engraçado os índios apavorados por nunca terem visto um eclipse e vão lá para acalmá-los. Pajé fala aos "caraíbas" que não podem ficar calmos, o mau espírito está vencendo o Sol. Tomás conta que é só eclipse e os índios acham que o nome do espírito é Eclipse.  

Caraíbas se afastam e ficam vendo os índios pedindo para o espírito se afastar do Sol. Fica tudo escuro com eclipse total e os índios se espantam que a noite chegou durante o dia e Tupã não escutou e acham que é um castigo dos céus. Eles vão às suas ocas para pegarem arcos e flechas e atacarem o mau espírito jogando flechas em direção ao Sol. Coincide com o final do eclipse, a penumbra vai saindo aos poucos e começando a clarear o céu.

Os índios ficam aliviados e comemoram que o ataque deu certo, querendo fazer festa na tribo. Os caraíbas vão embora, achando que os índios eram birutas e se sentindo heróis e ficam animados de contarem a  história para o pessoal da cidade. No final, foi revelado que realmente não era um eclipse, e, de fato, era um mal espírito, reclamando a palavrões que estava ganhando o Sol se não fosse o ataque, os índios é que tinham razão e o Sol rindo da cara dele.

História legal com Papa-Capim e sua tribo querendo afastar um mal espírito que estava atacando o Sol. A princípio seria um eclipse solar, que os índios não tinham entendimento do que seria e nem deram atenção aos homens brancos, achando até que o nome do espírito era Eclipse, mas no final vimos que os índios é que estavam certo e de fato era um espírito, saindo do Sol após os índios lançarem flechas até ele.

Eles gostavam de manter fantasia de uma cultura e por isso No final era um mau espírito mesmo, pra não tirar a fantasia dos índios, além de ter uma piada final, ficou bom. Gostava dessas personificações de astros celestes, como o Sol rindo, até mesmo em capas. O eclipse não foi mostrado didaticamente, apenas citado, o que foi legal para ter algo cômico e as crianças ainda podem pesquisar depois sobre o assunto se tiverem interesse. Papa-Capim acabou sendo figuração, os índios da tribo como um todo que tiveram destaque que ele. Não informaram nome do homem alto de bigode, apenas do baixinho Tomás, e só apareceram nessa história.

Mostra a cultura indígena primitiva, de não entenderem fenômenos astronômicos e apenas acreditarem nas suas crenças. Vimos a fé deles em Tupã, o Deus deles, assim como enfrentarem perigo com arco e flecha e até pescarem peixes com barco e lanças, termo "caraíbas" pra se referir a homens brancos. Eram boas as histórias do Papa-Capim mostrando o cotidiano e a cultura indígena, dava para ver como eram a vida deles e deixar leitores mais próximo deles, sem deixar didático. Inclusive apareceu índia de seios de fora, retratando os índios sem roupa. Normalmente apareciam com penugens como sutiãs, mas as vezes mostravam de topless como nessa. Atualmente tiraram essa ideia da tribo primitiva e todos aparecem com roupa, inclusive Papa-Capim com camisa, bermuda e chinelo. Virou uma tribo moderna.

Além de não poder mais ter tribo indígena primitiva, essa é incorreta atualmente também por ter religião indígena representado por Tupã, não pode mais ter Deus nos gibis, o desmerecimento da cultura deles pelos homens, achando que eram loucos, ter caça de peixes, índios com lanças, arco e flechas por armas serem proibidas, a índia de seios de fora e não pode também palavrões nem palavra "Droga!". 


Traços foram encantadores, ricos em detalhes da selva, arte-final de Alvin Lacerda, que sempre eram envolventes.  Papa-Capim e Cafuné apareceram com brilho de cabelo branco em vez de azul e o Pajé apareceu com cabelos pretos, já que ainda não tinha na época uma definição de traços e nem personalidade da Turma do Papa-Capim, que só passaram a ter histórias desenvolvidas depois do lançamento do gibi do Chico Bento em 1982 e ainda faziam experiências com esse núcleo. Antes, eles só tinham histórias de uma página nos gibis e bem raramente.

Foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 12' (Ed. Globo, 1990). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 12' (Ed. Globo, 1990)

terça-feira, 17 de maio de 2022

Cascão: HQ "A ovelha suja da família"

Em maio de 1992, há exatos 30 anos, foi publicada a história "A ovelha suja da família" em que o Cascão vai passar uns dias na casa dos tios com mania de limpeza. Com 13 páginas, foi história de abertura de 'Cascão Nº 139' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Cascão Nº 139' (Ed. Globo, 1992)

Nela, conhecemos os tios do Cascão, Zuleika e Gualberto. Zuleica está limpando a casa, chegando a limpar almofada dez vezes, bem ansiosa com a chegada do seu sobrinho Cascão que não o via desde recém-nascido e vai passar uns dias com os tios enquanto os pais viajam. Zuleica reclama com Gualberto não ler jornal empoeirado no sofá, nem colocar os pés no chão e ele pergunta se pode respirar. Em seguida, toca a campainha. Era o Cascão, mas ela pensa que é um mendigo e fala que o caminhão de lixo não passou lá e bate a porta na cara dele.

Cascão toca de novo a campainha e fala para tia Zuleica que é o sobrinho. Os tios se espantam, Zuleica pergunta o que aconteceu com ele para estar naquele estado e Gualberto pergunta se ele sofreu algum acidente e Cascão responde que não que ele lembre. Zuleica acha que Cascão está com amnésia e um banho resolve e ele diz que não vai, nunca tomou banho na vida e o tio comenta que percebe pelo fedor saindo.

Cascão pergunta se pode sentar um pouco porque está cansado. Zuleica não deixa sentar no sofá, nem na cadeira e nem no puff e o coloca para sentar em uma caixa de sabão vazia. Enquanto Cascão toma suco e tio Gualberto faz cara de nojo, telefone toca e era a Dona Lurdinha querendo saber se o filho chegou e se tem problema de ele ficar lá durante a viagem e Zuleica fala para irmã que é trabalho nenhum, será um prazer, fazendo cara de nojo e ao desligar o telefone, reconhece que é falsa.

Zuleica pergunta onde está o Cascão e veem que ele está brincando na lama no quintal. Zuleica reclama que a irmã não teve pulso firme com o Cascão, ela nunca deixaria filho chegar a esse ponto, e com 1 semana lá, vão conseguir modificá-lo, ensinando hábitos de higiene a ele. Cascão volta do quintal sujando a casa com lama, vai ao banheiro e suja privada, toalha e pia, precisando os tios limparem tudo por onde ele passou e depois Cascão vai ao quarto deitar na cama deixando os tios desesperados e Zuleica avisa ao marido para lembrá-la de queimar os lençóis amanhã.

Depois, Zuleica chama Cascão para almoçar, demorou porque tiveram que fazer faxina na casa. Ela fala que precisam ter conversa séria e Cascão prefere contar piada do pinguim resfriado. Zuleica quer falar de coisas importantes como banho, limpeza e higiene. Cascão faz cara de nojo e fala para não dizer isso na hora do almoço porque estraga o apetite e eles estão com fome: ele e o sapo Paulinho. Ao mostrar o sapo, os tios saem da mesa enjoados a ponto de vomitarem e Cascão avisa ao Paulinho que não deve falar coisas nojentas na hora do  almoço.

Depois, enquanto Cascão passava de um lado para o outro, Zuleica limpava logo atrás. Gualberto pergunta até quando eles vão ficar assim e Zuleica diz que é até a semana acabar. Gualberto resolve falar com o sobrinho e o encontra em cima da lata de lixo no quintal tomando banho de sol e sua muito no calor, ficando fedido.

Gualberto põe um pregador no nariz e conta para o Cascão uma história de um menino que não tomava banho, todos fugiam dele até que um dia ficou com muita coceira, resolveu tomar banho e gostou. Cascão sai, dizendo que detesta histórias com finais tristes. Já dentro de casa, Gualberto se cansa  e intimida o Cascão que se ele quiser ficar na casa deles, vai ter que tomar banho.

Cascão pega a sua trouxa para ir embora, aí Gualberto diz que eles querem só o bem dele e se tornar um menino limpo. Cascão diz que igual a eles e discursa sobre a apologia a sujeira, que os tios ficam sempre limpando tudo preocupados com a sujeira e depois vão ter que limpar tudo de novo porque a poeira nunca vai parar de se acumular como teia de aranha e sujeira debaixo do tapete, cada vez que chover vai formar lama porque estão no planeta Terra.

Gualberto conta que se não limpar, vira bagunça, sujeira acumulada provoca doenças, tem que preservar a natureza, fora que a Terra tem três quartos de água. Cascão diz que o que pode fazer se não consegue mudar e Zuleica diz que tem uma solução e em um ponto ele está certo.

Depois de uma semana, os pais do Cascão voltam da viagem e vão buscá-lo na casa dos tios. Dona Lurdinha comenta com Seu Antenor que foi boa ideia de deixar o filho com a Zuleica, em matéria de higiene foi grande influência para o Cascão.  Quando chegam, tem a grande surpresa de ver Zuleica e Gualberto sujos e a casa imunda e Zuleica conta à irmã que enquanto Cascão estivesse morando lá não valia a pena limpar a casa.

História muito engraçada com o Cascão visitando seus tios com mania de limpeza e que não o viam desde que era recém-nascido e não sabiam que ele era sujinho e nunca ter tomado banho, causando muita confusão e constrangimentos para os tios.  No final, descobrimos que foi plano da Dona Lurdinha de fazer viagem e deixar o filho na casa da irmã para ver se ela influenciava a tomar banho, mas não contava que foi o Cascão influenciou os tios que não é problema conviver com a sujeira.

Dona Lurdinha poderia ter avisado a irmã que o Cascão não tomava banho e ajudasse a convencê-lo a ter higiene e também ter levado o filho até a casa da irmã, aí não teria a sua surpresa de descobrir só na hora que chegou. Muito legal ver o espanto dos tios ao saber que Cascão era sujinho, tendo nojo dele e comparando a mendigo, não deixar sentar no sofá, cadeira e puff, a falsidade da Zuleica no telefone, sapo no almoço, Zuleica limpando tudo onde Cascão passava e até mandar queimar lençóis de cama onde ele deitou, o discurso do Cascão de que não adianta limpar as coisas se vai sujar de novo e os tios sujos no final aderindo a filosofia do Cascão. 

Tem até julgamento da educação da Lurdinha com a fala da Zuleica de como ela permitiu Cascão não tomar banho até hoje, não ter sido firme com ele e que nunca criaria filho assim. Irresponsabilidade dos pais permitirem isso, tinham que impor o filho até por causa de doenças que podiam causar sem banho. Só que como são histórias em quadrinhos, nada importa a realidade, vale que Cascão não toma banho e pronto para ficar divertido. 

Histórias com os personagens com seus parentes, principalmente tios distantes sempre eram divertidas, todos os personagens já tiveram histórias assim. Nessa, Cascão teve tios Zuleica e Gualberto, sendo a Zuleica, tia por parte de mãe, irmã da Lurdinha, e o Gualberto tio de consideração por ser casado com a Lurdinha. Eles só apareceram nessa história como de costume de parentes distantes da turminha. Cascão mesmo teve outros parentes de uma história só. Tem até uma semelhança com Cremilda e Clotilde, mas preferiram colocar parentes com essa característica de mania de limpeza para diferenciar.

História serve também como crítica a pessoas com mania de limpar casa toda hora, para maneira, tudo em excesso faz mal. Mostrou também o verdadeiro Cascão dos velhos tempos que era capaz de sair da casa dos tios para não tomar banho. Impublicável por mostrar Cascão com apologia à sujeira, fazendo até seus tios aderirem, com direito a brincar na lama, ficar em lata de lixo, tudo mal exemplo e inaceitável para o politicamente correto. Fora tios com nojo dele por causa disso, achando que era mendigo, Cascão sendo abusado e respondendo os tios, mexendo com sapo sujo. Se fosse hoje, eles iam conseguir pelo menos fazer Cascão lavar as mãos. Curiosamente, até a expressão "Meu Deus" é proibida hoje em dia, não se pode mais falar nome de Deus nas histórias por causa dos ateus, não pode mais envolver religiões e crenças de qualquer espécie. Sempre alteram em almanaques atuais quando tinham "Meu Deus!" nas histórias originais.

O título foi baseado na música "Ovelha negra" da Rita Lee, com letra de "ovelha negra da família", até nos títulos eles eram criativos, encaixou bem a comparação com ovelha suja. Os traços muito bem caprichados, gostava quando personagens apareciam com dentes expostos quando ficavam assustados. Só não gostei da Dona Lurdinha aparecer sem lábios e batom, desenhavam mães assim quando queriam dar mais humor a elas e esse estilo de mães sem lábios foi mais frequente em outros estilos de traços adotados a  partir de 1993. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.