quinta-feira, 6 de novembro de 2025

Tina: HQ "O Astro"

Mostro uma história em que a Tina foi assediada por um ator famoso e ela queria não cedia as investidas dele. Com 6 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 50' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Mônica Nº 50' (Ed. Globo, 1991)

O ator Tôni Bamos termina um dia de gravação da novela "Rainha do ferro velho" e vai embora para casa disfarçado para não ser reconhecido porque não queria ser atacado pelas fãs histéricas. No caminho, encontra a Tina em um ponto de ônibus, acha uma gata e resolve paquerá-la, se apresentando que é o Tôni Bamos.

Tina diz que ela é a "Cristina Buarte" e Tôni acha que ela tem senso de humor. Tina sai fora, achando que ele era louco e Tôni insiste que ele é o ator da novela e ela diz que também já se apresentou e o manda cair fora. Tôni acha Tina garota difícil, tira o disfarce e ela acha que se parece o Maico Jacson e se despede cantarolando "Bad".

Tôni acha que Tina sabe muito bem quem é ele e está se fazendo de difícil. Assim, a pega e tasca um beijão na boca dela e pergunta se gostou. Tina dá um tapa na cara dele e diz um sonoro "Não" e vai embora. Tôni desiste de conquistá-la, quando uma mulher vê que ele era o Tôni Bamos, chama as outras mulheres e todas avançam nele. Tina vê e comenta que não sabe o que elas veem em um cara bobo que diz ser o Tôni Bamos. Chega em casa e vai assistir a novela Rainha do Ferro Velho e fica admirando o Tôni Bamos, seu grande ídolo.

História legal em que o ator famoso "Tôni Bamos" se encanta com a Tina e resolve paquerá-la. Estava disfarçado porque não queria ser agarrado pelas fãs na rua e Tina não o reconhece. Ele insiste bastante e chega até tirar disfarce para provar que é ele e Tina não acredita que é ele, que desiste e depois ainda é agarrado pelas fãs como não queria. No final, é mostrado que a Tina é grande fã do Tôni Bamos e ainda assiste a novela. 

Tina não reconheceu  e nem se tocou que estava falando com o verdadeiro Tôni Bamos, se acreditasse nele, poderia ser bem diferente e ainda se tornar namorada de um ator famoso e de seu grande ídolo. Tina precisando mudar de óculos urgente, talvez não o reconheceu porque achou que ele estava mais magro do que como via na TV e também a voz que a gente ouve na TV é diferente quando vê o artista pessoalmente.

Quem diria até Tony Ramos não resistir à beleza da Tina, para ver como ela era bela. Mostrou um Tôni galanteador e convencido que não agiu bem, na primeira negativa da Tina, podia ter pulado fora, mas continuou insistindo, virando assédio, até beijo na boca deu nela. Na vida real Tony Ramos nunca agiria assim por ele ser fiel a sua esposa com quem é casado até hoje. Foi engraçado o assédio e insistência dele, achando que ela é garota difícil, dar beijo na boca e levar tapa da Tina, bem merecido, por sinal, não deve fazer isso com uma dama.

Teve menção à novela "Rainha da Sucata" da TV Globo, de 1990, por ter sido a última que o Tony Ramos tinha feito até então, novela que já tinha saído do ar em 1991. Foram várias paródias que foram ótimas de novela "Rainha da Sucata" como "Rainha do Ferro Velho", Tony Ramos como "Tôni Bamos", seu personagem na novela Edu como "Dudu", Regina Duarte como "Cristina Buarte", sua personagem na novela Maria do Carmo como "Maria Carmem" e Michael Jackson como "Maico Jacson". Sempre eram criativos nas paródias. 

Curiosidade que ficou um duplo sentido da Tina se apresentar como "Cristina Buarte". Tudo indica que intenção foi para ser só paródia da atriz Regina Duarte, o par romântico do Tony ramos na novela, mas também pode ser o nome dela de Tina de "Cristina" misturado com a paródia da atriz, lembrando que paródia da Regina Duarte costumava ser "Regina Buarte". Foi também legal a Tina cantarolar música "Bad", servindo como homenagem a Michael Jackson.

Essa história foi a estreia da reformulação da Tina nos anos 1990 com cabelos longos, mais sensual, tendo histórias próprias com homens a seus pés encantados com a beleza e conflitos com namorados variados, bem diferente da certinha e conciliadora que só aparecia para ajudar nas encrencas dos amigos nos anos 1980. Sem dúvida, Tina estreou nessa nova fase em grande estilo.

É incorreta atualmente por assédio do "Tôni Bamos" com a Tina, inclusive beijo na boca à força,  ele levar tapa explícito na cara e sem deixar só onomatopeia no quadro e ficar de olho roxo, menção à novela, apesar de não ser vista por personagens crianças na história, mas os gibis são lidos por crianças, além da palavra "louco" ser proibida hoje em dia nos gibis e podem implicar com a TV de tubo por ser datada colocando uma TV LED no lugar. 

Traços espetaculares com Tina sensualíssima, ângulos e disposições de formatos de quadros diferentes, tudo indica ser desenhos do Aluir Amâncio. Mantiveram nessa nova fase quadros com faixas de 3 linhas e 3 colunas por página característicos nas histórias da Tina, porém na última página os quadros ficaram dispostos de 4 faixas tradicionais para não precisar criar mais uma página para a história. As cores ficavam boas assim sempre quando gibis tinham papel oleoso. Teve propaganda inserida na lateral direita da terceira página, dessa vez do Grupo "Ama", escola de música, bastante presente nos gibis na época.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Tirinha Nº 120: Magali

Nessa tirinha, Magali encontra uma rosquinha no chão e come, mas depois descobre que ela comeu a auréola do Anjinho que tinha perdido. Coitado dele que ficou sem sua auréolaMuito engraçada.

Da série de Magali traçar tudo que vê pela frente sem se dar conta só depois que comeu e acaba se dando mal por causa disso. Como era bom ver Magali comilona e desligada assim. Dessa vez ela não engoliu de uma vez e fica absurdo de como conseguiu morder e mastigar uma auréola dura e não perceber que não era uma rosquinha pelo gosto. E mesmo que fosse rosquinha de verdade, a gula da Magali permite até comer coisa encontrada no chão contaminado, o que se torna mais incorreta ainda atualmente.

Tirinha publicada originalmente em 'Magali Nº 86' (Ed. Globo, 1992).

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Cebolinha: HQ "Um coelhinho para a bruxa"

Dia 31 de outubro é "Dia de Halloween", então mostro uma história em que uma bruxa faz trocar de corpo com o Cebolinha para ela pegar o coelhinho da Mônica. Com 7 páginas, foi história de encerramento de 'Cebolinha Nº 91' (Ed. Abril, 1980).

Capa de 'Cebolinha Nº 91' (Ed. Abril, 1980)

Cebolinha encontra a Mônica parada e são observados por alguém. Cebolinha não entende a Mônica parada, olha para a montanha e escala para ver se resolve o mistério, do jeito de quem observava queria. Cebolinha chega e vê uma bruxinha parada, aí grita querendo saber o que ele quer ali e ele se assusta. 

Bruxa Glaucia diz que não é para conversar com ela, está com muita raiva da menina que a provocou. Cebolinha vê que foi a Mônica, Gláucia fala que ela é antipática, chata e está com ódio. Cebolinha acha que está exagerando, Gláucia pergunta o que faria no lugar dela e Cebolinha responde só se trocasse de lugar com ela para saber o que aconteceu.

Assim, Gláucia troca de corpo com o Cebolinha, faz ele surgir com o corpo da bruxa na frente da Mônica, que deixa de ficar paralisada e continua a discussão como se o tempo não tivesse passado e não sabia que esteve parada. Cebolinha fala que é ele e Mônica acha que uma imitação da Gláucia e quer saber porque queria pegar coelhinho dela para colocá-lo em um caldeirão fervente. 

Gláucia aparece no corpo do Cebolinha, fazendo de conta que era ele, e pergunta o que aconteceu. Mônica explica e Gláucia dá ideia da passar o coelhinho para ela enquanto dá uma lição nele. Cebolinha diz para não fazer isso, aponta o jeito de falar da Glaucia sem trocar "R" pelo "L" e que foi tudo truque de usar corpo dele para pegar o coelhinho. Glaucia o chama de "atrevida" e se continuar, dá grito. Cebolinha a chama de mentirosa e que chegou a ficar com pena dela antes de saber que era truque. 

Continuam brigando e Mônica grita que pegou o moleque para saber quem era quem. Cebolinha se abaixa tremendo de medo e descobre que a Gláucia estava no corpo dele e dá uma coelhada nela, fazendo desfazer o feitiço e cada um volta ao normal. Mônica ameaça bater de novo na Gláucia, que foge de volta para a montanha, achando melhor procurar um outro ingrediente, quem sabe um ursinho de pelúcia. 

Mônica pergunta se Cebolinha está bem, ele responde que só um pouco de dor de cabeça. Mônica resolve pagar sorvete para ele como agradecimento de impedir do coelhinho virar ensopado para poção de bruxa. Mônica vai ao banheiro e Cebolinha entra junto comentando que truque sujo de transformá-lo em menina. e, então, ele sai com vergonha, indo para o banheiro masculino.

História legal em que a Bruxa Gláucia queria o coelhinho da Mônica, discutiram e ela paralisou a Mônica para executar seu plano de trocar de corpo com o Cebolinha para ver se a Mônica entregasse o coelhinho para ela usá-lo como ingrediente da sua poção. Como não gostou de ser enganado, Cebolinha conta o plano para a Mônica e ela consegue bater na Gláucia, fazendo voltarem ao normal e Gláucia desiste de pegar o coelhinho. 

Cebolinha foi até o alto da montanha de curiosidade de saber por que a Mônica estava paralisada e se deu mal, acabou sendo transformado em bruxa pela Gláucia, se soubesse, nunca teria subido lá. Ele foi bem prestativo com a Mônica dessa vez, poderia deixar a Gláucia pegar o coelhinho e se livraria das  surras, mas como não gostou de ser enganado, ai resolveu ajudar a Mônica, que a princípio não acreditava que era ele no corpo da bruxa, precisou ameaçar que descobriu quem era o verdadeiro Cebolinha para descobrir realmente de fato. A Mônica poderia descobrir logo quem era quem já que a Glaúcia não falou errado para distrair a Mônica e nem deve ter feito uma voz parecida com o Cebolinha. 

Não precisava nem de plano, como Gláucia paralisou a Mônica, era só ter pego o coelhinho enquanto estava imóvel, seria bem mais simples, só que aí não teria história. Piadinha final foi o Cebolinha ter se confundido o banheiro que ia entrar, indo para o feminino, por engano. Por ter sido transformado em menina, Cebolinha ainda se imaginava ser menina e entra no banheiro feminino, mas se dá conta que é menino e tem que ir para o banheiro masculino.

Legal o mistério inicial de quem observava de longe Mônica e Cebolinha no início da história  e foi engraçado que Cebolinha vendo que virou menina olhando por baixo da roupa de bruxa que estava de calcinha, preocupado com o que a turma ia dizer e falar que quer os seus 5 fios de cabelo de volta, pelo menos por um tempo ele ficou cabeludo, o desespero de tentar contar tudo para a Mônica para não apanhar e entrando no banheiro feminino no final. 

A Bruxa Gláucia já havia aparecido na história "Dá uma mãozinha aqui", de 'Mônica Nº 119', também de 1980, e depois voltou nessa. Talvez tinham planos de deixá-la como bruxa criança fixa que mora no alto da montanha, mas mudaram de ideia. Até que ela tinha potencial de se tornar uma bruxa fixa. Na época, o Sansão não tinha nome por isso ser chamado só de "coelhinho". Ele só passou a ter nome a partir da história de abertura de 'Mônica Nº 161' , de 1983.

Traços ficaram bons, típicos de 1979 e 1980 e personagens começando a ter bochechas mais redondas. Teve erro da Mônica com fundo de olhos fechados brancos em vez da cor da pele no 2º quadro da penúltima página. Incorreta atualmente por Cebolinha ser transformado em menina e depois entrar em banheiro feminino, Gláucia no corpo do Cebolinha levar coelhada explícita na cabeça sem mostrar só onomatopeia, além de ele falar palavrão e palavras proibidas como "louca".  Foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (Ed. Globo, 1989)

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

A turminha: HQ "O sugador de inspiração"

Hoje, 27 de outubro, é aniversário do Mauricio de Sousa completando 90 anos de idade. Em homenagem, mostro a história em que o Mauricio e todos os funcionários da MSP misteriosamente ficam sem inspiração para criar e a turma tenta ajudá-los a recuperar inspiração. Com 17 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 85' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Mônica Nº 85' (Ed. Globo, 1994)

É apresentado o Estúdios Mauricio de Sousa, começando pela sala de roteiristas, depois o salão com os gênios desenhando, arte-finalizando, pintando, letreirando, atendendo telefone, além da sala do Mauricio de Sousa, o criador de tudo. Em toda a visita tinha uma faxineira passando aspirador de pó pelo estúdio todo.

Em seguida, os roteiristas voltam ao trabalho depois do jogo de xadrez e se queixam que estão sem inspiração de criar histórias. A coordenadora Fátima cobra deles se está pronta a história de abertura da Mônica, eles falam que estão sem inspiração e Fátima reclama que é desculpa esfarrapada, se a revista atrasar, a culpa é deles. 

Depois, Fátima pergunta ao Sidão se o desenho está pronto e ele responde que está sem inspiração para desenhar enquanto outros da equipe falam que estão sem inspiração para fazer arte-final e letras. Fátima acha que é frescura, mas se dá conta que também está sem inspiração para atender o telefone. Ela pede solução para a chefe Alice que a revista da Mônica vai atrasar e Alice diz que está sem inspiração para chefiar.

Aparece o Mauricio, Alice acha que é a salvação, quer que ele crie urgente uma história de abertura da Mônica, roteiro, desenho, arte-final porque todo mundo está sem inspiração. Mauricio diz que subiu até lá para ver se ele se inspira porque o tabloide do Horácio não sai de jeito nenhum. Alice reclama que, eles como artistas, dependem de ideias para poder trabalhar , eles falam que só consegue pensar no dia do pagamento e o que trouxe na marmita e Mauricio reclama que como ele pôde inventar tantos personagens.

Na página da revista, a turminha está com tédio, Mônica reclama que a historinha devia ter começado há horas e não aguenta mais ficar à toa e Cascão diz que vai ver que se cansaram de escrever sobre uma menina baixinha, gorducha, dentuça e sem graça. Mônica bate nele e Cascão a chama de repetitiva. 

Cebolinha diz que Cascão tem razão, aposta que nunca aconteceria com ele, um personagem interessante e charmoso como ele sempre desperta curiosidade. Cascão fala que só se for para piadas de troca-letras e cinco fios de cabelo e Cebolinha fala que revista do Cascão só tem sujeira e sujeira e Cascão acha melhor que de certos limpões. 

Mônica manda acabar a discussão e todos pulam para fora dos quadrinhos para falar com Mauricio, que vendo isso, diz que daria baita ideia para uma história, mas hoje, não. A turma pergunta o que aconteceu, eles sempre foram criativos. Mauricio diz que todos amanheceram assim de cabeça oca, parece que sugaram as deias de todo mundo.

A faxineira aparece para fazer limpeza com aspirador de pó e Sidão comenta que já viu essa cena antes  e pergunta se ela já passou aspirador hoje e a faxineira responde que só faz na hora do almoço. Rosana também diz que já viu a mulher da limpeza hoje e Mauricio também, achando que isso deve dizer alguma coisa. Mônica acha que a faxineira tem a ver com isso, Mauricio vai na sala da limpeza e encontra nenhuma pista.

Surge o Capitão Feio, que quebra a vidraça da entrada dizendo que vai dominar o mundo. O monstrinho de sujeira avisa que ele esqueceu uma coisa e Capitão Feio tira os cocos do peito que formavam seios do disfarce. Ele conta que era ele a faxineira que aspirou o estúdio inteiro com o superaspirador mental que sugou as inspirações deles porque ele sempre bola planos para conquistar o mundo, a turminha sempre atrapalha e é tudo culpa da criatividade dos roteiristas que torcem pela turminha.

Capitão Feio transfere toda a inspiração dos funcionários para ele com o superaspirador e nenhum roteirista consegue impedir por não terem ideias para isso. Capitão Feio passa a ter ideia de um plano infalível de dominar o mundo, quando vai pôr em prática, de repente tem ideia de criar uma historinha para o Bidu. Depois, tudo ao mesmo tempo, surge inspiração para desenhar igual ao Sidão, para compor uma música no violão, pintar, atender telefone, criar personagem novo e escrever história sobre menina chamada Débora.

Capitão Feio desmaia por excesso de inspiração e não se decidir por uma de tantas ideias que teve e o pessoal do estúdio aproveita para pegar as inspirações deles de volta. Depois, todos recuperam suas inspirações, Rubão já tem ideias novas, Robson cria história sobre jogo de xadrez e Rosana, história do Mingau. 

Capitão Feio acorda e Mauricio tem ideia de todos tirarem férias depois de tudo que passaram. Alice e Fátima comentam que ainda tem aquela história da Mônica, quem vai roteirizar, desenhar, arte finalizar, letreirar. Mauricio deixa o Capitão Feio fazendo tudo com a turminha tomando conta dele enquanto todos do estúdio vão tirar férias.

História muito legal em que o Capitão Feio disfarçado de faxineira resolve tirar toda a inspiração do pessoal da MSP com um superaspirador mental e transferir para ele para dominar o mundo. Como seus planos nunca davam certo, a culpa era dos roteiristas responsáveis por criarem as histórias e torcerem pela turminha e sem eles terem ideias para criarem, não iria estragar os seus planos. Só que passa a ter inspiração a todo instante, de vários setores da MSP, não consegue decidir com tantas ideias e desmaia, fazendo o pessoal do estúdio aproveitar pra transferir a inspiração deles de volta.

Não era só Franjinha que tinha invenções boas, o Capitão Feio também inventava muita coisa para o mal e era sempre bem bolado e divertido. Quem estragou o plano, foi o próprio Capitão Feio, o erro dele foi ter tirado inspiração de todos os setores da MSP, desde roteiristas, desenhistas, letristas e até setor de composição de músicas, se tivesse tirado só dos roteiristas poderia dar certo porque teria ideias só de histórias criadas pelos 5 roteiristas. 

No final, deixaram um pouco da inspiração de cada um do estúdio no Capitão Feio, o suficiente para poder criar uma história para finalizar a revista da Mônica e não sair atrasada nas bancas enquanto eles tiravam férias. Deu tudo certo pra todos, menos para o Capitão Feio, que precisou fazer sozinho o trabalho de toda a equipe, se soubesse que ia passar por isso, nem teria pensado nesse plano contra a MSP.

Foi engraçado ver roteiristas jogando xadrez em horário de trabalho e mostrar placa que os gênios estão criando, narrador-observador dialogando com leitor, que quebrou galho porque na sala do Mauricio só pode entrar depois de anunciado, balões de pensamentos dos roteiristas com engrenagens, luz apagada e equações matemáticas, Fátima dá bronca nos roteiristas, funcionários falarem que só conseguem pensar no dia do pagamento e o que trouxe na marmita, Cascão dizer que se cansaram de escrever sobre uma menina baixinha, gorducha, dentuça e sem graça, Cebolinha e Cascão discutindo quem tem melhor revista, Mauricio dizer que o Capitão Feio não precisava de trabalho de limpeza porque já tinham faxineira, Capitão Feio de seios, colorir história com os pés no final.

Além do roteiro excelente, vimos também uma visão do estúdio dos anos 1990, mais precisamente  de 1993, visto que a história saiu nas bancas em janeiro de 1994 e eles tinham antecedência de produção, mostrando exatamente como eles trabalhavam, a rotina e nota-se que tudo era manual, sem tecnologia, tinha até aquário e máquina de escrever no estúdio, mas não tinha computador nem na sala da coordenadora Fátima. Mostrou, inclusive, que Mauricio só fazia tabloides do Horácio na época, já estava mais voltado para o lado empresarial. E o estúdio que mostraram foi o clássico que era localizado na Rua do Curtume, em São Paulo, onde ficaram entre 1988 a 2017.

Apareceram vários funcionários que trabalhavam na época, alguns mais fáceis de identificar, outros, não. Os roteiristas foram: Rubão (Rubens Seigiro Kiyomura), Robson Lacerda, Rosana Munhoz, Flávio Teixeira de Jesus e o de óculos de camisa branca tudo indica que deve ser o Dejair da Mata. Também tiveram destaques desenhistas Sidão (Sidnei Salustre) e Olga Ogasawara, artes-finalistas Kazuo Yamassake e Sergio Tiburcio Graciano, coordenadora Fátima Aparecida e a chefe do estúdio e esposa do Mauricio, Alice Takeda, entre outros. E ainda mostrou situações de cotidiano e bastidores como jogarem xadrez na MSP em horário de trabalho, Rubão escrever história da filha Débora, Rosana gostar de criar histórias do Mingau, Robson, de xadrez, etc.

Bom que foi publicada sem ser pensada em história de comemoração, apenas como uma história normal de metalinguagem que era frequente na época e ajudou os leitores a conhecer como era o estúdio. Mônica, Cebolinha e Cascão foram coadjuvantes enquanto o Mauricio e os funcionários que foram os protagonistas. Dessa vez a Turma da Mônica pulou dos quadrinhos para entrar na MSP e curioso que a turma apareceu pequena ao pular dos quadrinhos e ficando na prancha do Mauricio, mas depois já no chão seguiram estatura normal de crianças comuns da vida real retornando estaturas pequenas no último quadro. Pena que não apareceu a Magali nessa, mas mesmo assim não tirou o brilho.

Não considero a sinopse incorreta atualmente. Apesar de evitarem histórias de metalinguagens sem ser em datas comemorativas, mas poderiam fazer em ocasião especial, só que tem elementos incorretos como Cascão xingar a Mônica e aparecer de olhos roxos após surra dela, homem fumando cachimbo dentro do estúdio, além de  palavras proibidas como "gozado" e "Credo!". Como a faxineira e o Capitão feio disfarçado  estavam fazendo atividade, talvez manteriam o avental em republicação.

Traços espetaculares, principalmente nas primeiras páginas com a visão do estúdio e dos funcionários. Sempre procuraram desenhá-los no visual que estavam atualmente e segue assim até hoje. Tiveram erros de olhos sem fundo branco do Capitão Feio e Cebolinha nas páginas 14 e 15 do gibi, respectivamente. E. assim. fica a homenagem aos 90 anos do Mauricio e retrato da MSP da fase de ouro que marcou época. 

PARABÉNS, MAURICIO!!!! FELICIDADES!!!

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Cebolinha: HQ "Por causa de uma letrinha..."

Mostro uma história em que o Cebolinha encontrou um Gênio da Garrafa com direito a realizar 5 pedidos, mas teve problemas com o seu jeito de falar. Com 7 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cebolinha Nº 52' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cebolinha Nº 52' (Ed. Globo, 1991)

Cebolinha encontra uma garrafa enterrada, tira a tampa e aparece o "Gênio da Garrafa", que diz que ele tem direito a 5 pedidos. Cebolinha comemora que é a melhor coisa que podia acontecer, o Gênio diz para pedir logo para ele voltar a dormir por mil anos e Cebolinha pede para ser o dono da rua e, assim, vão parar na Lua e Cebolinha entende nada.

O Gênio diz que ele está na propriedade, pediu para ser dono da Lua, Cebolinha diz que não daquela Lua e o Gênio quer saber se é Lua de Marte, Júpiter ou Saturno. Nisso, chega o São Jorge querendo falar com o novo dono da Lua, reclamando que falta água e oxigênio, o cavalo reclama do chão esburacado e o Dragão manda tomar providência. Cebolinha manda o  Gênio voltar para a Terra e vai parar dentro de uma tela de cinema. Cebolinha se irrita, fala que é ir para casa, e  assim, o Gênio atende certo, avisando que já é o terceiro pedido dele. 

Cebolinha acha que foi muito egoísta e pede que o seu pai ganhe um carro novo. Cebolinha vê o Seu Cebola vindo e acha que está dando pulos de alegria, mas está dando pulos com o outro calo no pé, que já não bastava ter calo em um pé e agora no outro. E o Gênio comenta que, francamente, como pôde fazer uma coisa dessa com o pai dele.

Cebolinha reclama que não vê que ele fala "elado" e o Gênio entende "pelado". Cebolinha diz que troca o "R" de rato por L de lata e o Gênio pergunta se é esposa do "lato". Cebolinha fala que o que importa é que não fala direito e o Gênio responde que vai prestar atenção no último pedido. Cebolinha pede para acertar na Loto e o gênio dá uma moto que atropela o Cebolinha, acertando em cheio porque o Gênio pensou que trocava qualquer letra.

Cebolinha chora que era Loto mesmo e o Gênio dá mais um pedido de lambuja para ele. Cebolinha pede para fala certo, e o Gênio vai embora alegando que ele queria falar a palavra "celto" e falou. Cebolinha fica furioso, aparece Cascão perguntando o que houve, Cebolinha fala que nem imagina o que aconteceu, é para qualquer um ficar louco. Cascão fala que ele não está rouco, a voz está normalzinha e no final Cebolinha corre atrás dele, jogando a garrafa do Gênio no Cascão, que grita que o Cebolinha está louco.

História legal em que o Cebolinha tem direito a realizar 5 pedidos por um Gênio da Garrafa, só que o Gênio não o conhecia e muito menos não sabia do problema de dislalia dele e realiza os pedidos de acordo como o Cebolinha falava com ele se dando muito mal por conta da sua dislalia e sem pedidos realizados e no final ainda teve que aturar Cascão que não o compreendeu, confundindo "louco" com "rouco". 

Gênio foi burro em não compreender explicação do Cebolinha, mil anos dentro da garrafa pelo visto ajudou a emburrecê-lo em interpretar melhor as coisas como achar que "lata" era esposa do "lato". Cebolinha também podia ser mais claro em seus pedidos, na empolgação falava como se o Gênio conhecesse, como ao dizer que queria ser dono da rua, poderia ter dito que queria derrotar a Mônica, voltar para Terra, poderia ter dito "Planeta Terra" e por aí vai. Cebolinha também podia ter falado sobre a sua dislalia no segundo pedido para ver se adiantava alguma coisa, já que o Gênio não entendia muito bem. Já Cascão foi desligado, já que conhecia o Cebolinha e podia se tocar que de fato falou "louco" e não "rouco", dando mais raiva ainda para ele.

Todos os pedidos foram engraçados, era  muito bom o Cebolinha sofrendo por causa da dislalia. No trocadilho, Lua e rua, São Jorge, cavalo e dragão trataram como se o Cebolinha fosse um governante político, uma espécie de prefeito para consertar os problemas da Lua. No trocadilho Terra e tela, era só o Cebolinha dizer que queria Planeta Terra, voltar pra casa, o único pedido de fato realizado, carro e calo é o trocadilho da dislalia clássico e sempre engraçado, Seu Cebola que sofreu por causa disso, seria mais coerente ir para o escritório de chinelo e colocasse o sapato quando chegasse lá.

Gênio ainda confundiu "Loto" com "moto", trocando "L" por "M", pela falta de comunicação e interpretação, Cebolinha disse que trocava "R" pelo "L", mas também ele poderia ter dito "loteria", com menos chance do Gênio se enganar e falar "celto", burrice do Gênio por cebolinha ter avisado que trocava as letras, e Cascão com "louco e "rouco" caiu na burrice também.

Teve erro do Cebolinha falar "realizou" e "pra" na última página e sem querer deu impressão do Gênio ter realizado o pedido do Cebolinha em partes. Foi uma adaptação de Gênio da lâmpada que atende 3 pedidos, mudando para Gênio da Garrafa com 5 pedidos. Cebolinha não tinha muitas histórias de adaptações e ambientadas em contos de fadas, e essa pode ser considerada como história de fábula. 

Traços ficaram muito bons da fase consagrada dos personagens, com direito a Cebolinha com curva nos olhos para representar que estava com muita raiva. Incorreta por Cebolinha sofrer bullyng com a dislalia, não compreenderem seu jeito de falar e sofrer por causa disso, ser atropelado por moto, jogar garrafa no Cascão, Seu Cebola sofrer com calo, além da palavra "louco" ser proibida, e que interessante que foi a piada final e hoje não poderia nem criar um final assim.