quarta-feira, 28 de julho de 2021

Capa da Semana: Cascão Nº 40


Em clima das Olimpíadas, uma capa com o Cascão atleta habilidoso em vários esportes, todo animado e fazendo tudo de forma bem sorridente, mas chegando a vez da natação se recusa a fazer, de jeito nenhum faria aquele esporte. Muito boa e criativa.

Essa dava tranquilamente uma história de miolo de 1 a 2 páginas dentro do gibi, mas resolveram colocar a piada como uma capa. Não se enquadra à galeria de capas de 2 quadros formando uma tirinha como já mostrei AQUI no Blog, se encaixa mais a uma historinha completa por ter vários Cascões, cada um representando um quadrinho. E sempre era bom ver os personagens como esportistas, sempre rendiam boas histórias e piadas de capas e tiras.

A capa dessa semana é de 'Cascão Nº 40' (Ed, Globo, Julho/ 1988).

domingo, 25 de julho de 2021

Mônica "HQ "Algo verde, mole e pegajoso"


Em julho de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a divertida história "Algo verde, mole e pegajoso" em que a Mônica passa sufoco em descobrir em quê ela sentou que estava em uma pedra que era tão mole e pegajoso e sendo tão nojento para ela. Com 8 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 55' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Mônica Nº 55' (Ed. Globo, 1991)

Escrita por Rosana Munhoz, Magali encontra a Mônica sentada em uma pedra, a chama para brincar e Mônica recusa, falando que não pode, sem dizer o motivo. Magali vê que a cara da Mônica está péssima e convida para tomar sorvete e contar o que aconteceu. Mônica não aceita e não sai da pedra.

Magali pergunta se ela não pode tomar sorvete e Mônica responde que não pode é sair de lá. Ela explica que estava vindo cansada, senta na pedra para descansar e de repente ouve um "Blosh!", de alguma coisa mole e pegajosa, sentou em cima sem ver antes, e está sem coragem de levantar e ver o que é. Conta ainda que está há 2 horas lá com medo de se levantar e se ver coisa nojenta, vai desmaiar.

Mônica pede para Magali ir atrás para ver se consegue descobrir o que é e Magali vê uma coisa verde aparecendo. Mônica se desespera, se perguntando o que pode ser verde, mole e pegajoso e pensa que esmagou uma lagartona ou besouro. Magali diz que pode ser um sorvete de abacate, mas Mônica diz que não estava gelado na hora, e, então, Magali acha que pode ser um pudim ou maria-mole.

Nisso, surgem Cebolinha e Cascão, com Cebolinha perguntando como o Cascão conseguiu perder um sapo. Cascão diz que deixou naquele local em cima de uma pedra e pergunta para ela se não viu algum sapo quando sentou lá. Mônica desmaia, Cascão se espanta de ela ter desmaiado sentada e Magali diz que é fraqueza. Cebolinha tenta levar a Mônica para casa dela e Magali impede, falando que ficar lá é melhor, palavra de melhor amiga.

Cebolinha e Cascão vão embora para procurar o sapo, Mônica acorda e lamenta que foi esmagar logo um sapo e Magali diz que morte horrível ele teve. Mônica diz que agora não sai mais de lá mesmo. Os meninos voltam e Cebolinha pergunta ao Cascão como o sapo era. Ele diz que era bem gordinho, verde, com bolinhas amarelas e olhos vermelhos. O verde igual como a Mônica estava com nojo enquanto ele falava do sapo.

Cebolinha fala que nunca vão achar naquela grama e Magali fala que a Mônica tem que contar para o Cascão. Mônica recusa porque o Cebolinha ia gozá-la o resto da vida e Magali diz que o Cascão ia sofrer menos. Cebolinha escuta as meninas falando nomes deles e Mônica disfarça que elas estavam falando como eles estavam elegantes. Cebolinha acha estranho Mônica sentada naquela pedra com aquele solzão e acha que está escondendo alguma coisa.

As meninas falam que não e Cebolinha pergunta se está ali por que quer e logo em seguida pega o Sansão que estava no bolso do vestido dela. Ele pega, dá nós nas orelhas e diz se a Mônica quiser de volta que ela se levante e vá tirar dele. Cebolinha acha que a calcinha dela rasgou, chama o Cascão e eles provocam a chamando de bobona, baixinha e dentuça enquanto dão nós no Sansão. Mônica não aguenta, sai da pedra com raiva e Cebolinha pergunta o que é aquilo verde, mole e pegajoso.

Cascão manda a Mônica confessar que sentou no sapinho dele. Mônica diz que não tinha visto, Cascão começa a chorar, Mônica tenta consolar e ele diz que teve tanto trabalho de fazer o sapo com a massa de modelar. Mônica fica furiosa de ter passado o sufoco a toa e também pelos xingamentos, aí bate nos meninos e joga massa de modelar neles. No final, os meninos vão parar no hospital para enfermeira fazer curativos neles, mas ela a enfermeira está com nojo falando com o doutor que eles estão com algo verde, mole e pegajoso na cara.

É engraçada demais essa história com a Mônica de novo às voltas com bichos nojentos e o seu pavor com eles. A Mônica senta em uma pedra sem saber que tinha alguma coisa lá e fica com medo em saber o que era e se recusava a levantar da pedra. Quando descobriu que foi em um sapo, aí se desespera por ter nojo de bichos assim e tem a reviravolta quando descobre que era apenas um sapo feito de massa de modelar.

Primeiro a gente fica envolvido com o mistério de tentar descobrir em quê ela sentou que era verde, mole e pegajoso, depois de descobrir que era um sapo foi hilário ver a Mônica desmaiar, e mais ainda a cara dela quando descobriu tudo e dar surra nos meninos a ponto de irem para o hospital e enfermeira com nojo da cara deles verdes, moles e pegajosas. Interessante eles não sabiam que era o sapo do Cascão e aproveitaram a situação para aprontar com a Mônica sabendo que ela não podia sair de lá, não deixa de ser um plano saído sem querer, acontecia de planos infalíveis surgirem do nada, com aproveito de uma situação no momento. Mônica além de bater neles, também gostava de ampliar o castigo com algo a mais para ficar mais engraçado, dessa vez foi jogar a massa de modelar na cara deles.

Realmente seria bem estranho se a Mônica esmagasse um sapo de verdade. Pelo menos foi um de mentira, mas que deixou Cascão bem chateado da mesma forma. Essa ideia de ter sentado em um sapo de verdade e Mônica sofrer por isso e os meninos aproveitarem fraqueza da Mônica para aprontar com ela,  seria incorreta nos dias atuais, fora Mônica surrar os meninos no final, que evitam ao máximo hoje em dia. Curiosamente, foi a segunda história quase que em seguida com Mônica  com nojo de bichos, ela também ficou apavorada com uma lagartixa de brinquedo na história "Péssimo negócio", de 'Mônica Nº 53', de maio de 1991. Estavam investindo mais, então, nessa característica da Mônica na época.

Essa história "Algo verde, mole e pegajoso" depois virou desenho animado no VHS "Quadro a Quadro", de 1996, mostrando da mesma forma só que com animação. Essa fita VHS em especial foi só com desenhos com adaptações de histórias originais de gibis escritas pela Rosana, que havia falecido no início daquele ano e foi como uma homenagem da MSP a ela. E esse VHS "Quadro a Quadro" inspirou depois a coleção de VHS de "Video Gibi Turma da Mônica", em 4 volumes entre 1997 a 1999.

Os traços muito bonitos e encantadores, com direito a curva nos olhos mostrando intensidade de sentimentos de raiva, de tristeza, etc, sem serem pintados com fundos brancos que estavam em alta na época e deixavam os personagens mais fofinhos ainda. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

Papa-Capim: HQ "O inimigo"


Mostro uma história em que o Papa-Capim teve que conviver com um índio da tribo inimiga. Com 6 páginas foi publicada em 'Chico Bento Nº 21' (Ed. Globo, 1987).

Capa de 'Chico Bento Nº 21' (Ed. Globo, 1987)

Começa com o Pajé da aldeia do Papa-Capim contando para ele que tem que tomar cuidado com os índios Cotoxós, seus inimigos, porque são cruéis e malvados, nunca deve confiar neles, são mentirosos e traiçoeiros e precisam expulsar os Cotoxós da região. Ao mesmo tempo, o menino da tribo Cotoxó ouve o Pajé e seu avó contar que os índios da aldeia do Papa-Capim aprende a odiá-los antes de falar, são cheios de artimanhas, de truques, nunca venceriam a limpo e eles tem que travar muitas batalhas e só haverá paz quando não existirem mais.

Os indiozinhos saem e acabam se cruzando no meio de uma ponte. Como foram orientados para não virar as costas para o inimigo, eles brigam. A ponte se quebra e eles caem no buraco. O tronco da árvore que caiu ajuda o menino Cotoxó a apoiar para subir, mas ainda era alto e Papa-Capim pula em cima do Cotoxó e consegue sair.

O Cotoxó fica uma fera, pensando que o Papa-Capim era sujo e tinha que ter ouvido o avô que não podia confiar na tribo rival. Só que se surpreende que o Papa-Capim não o abandonou, levando um cipó para tirá-lo do buraco. Logo depois, Papa-Capim sente sede o Cotoxó sente fome e cada um vai buscar água e frutas para o outro.

Anoitece, eles fazem fogueira com a pedra que cada um tinha e enquanto um dorme um tempo, o outro fica vigiando contra os predadores da mata. De manhã, os índios de cada tribo aparecem lá, veem os indiozinhos dormindo e pensam que um raptou o outro. Os índios brigam violentamente, os indiozinhos acordam, veem os índios se guerreando e enquanto eles brigam, Papa-Capim e Cotoxó vão pescar, com esperança que quando eles cansarem de brigar, eles vão lá pescar juntos com eles.

História legal com o Papa-Capim convivendo com o indiozinho da tribo inimiga para sobreviverem. Eles tinham visão equivocada dos índios por conta das histórias dos líderes das tribos deles, mas ao cruzarem o caminho, viram que não era nada disso e podiam conviver muito bem. Falavam mal uma da tribo da outra, mas sem saber a verdade, sem nunca terem se visto, só por causa de boatos e lendas.

Foi bom ver os indiozinhos se encontrando, brigando a princípio, mas na hora do sufoco foram solidários um ao outro, cada um protegendo o outro como levar comida e água e um ficar acordado enquanto outro dormia. 

Mostrou uma bonita mensagem de paz, amizade e contra brigas e guerras e que brigas e ódio não levam a nada. Apesar das tribos serem inimigas historicamente, com direito a quererem que a outra fosse expulsa e até exterminada, na visão das crianças eles podiam ser amigos e foram pescar enquanto os outros brigavam entre si.

Era comum histórias do Papa-Capim enfrentando tribos rivais e que apareciam só em uma história, algumas tinham reconciliação no final, outras, não. Nunca foi revelado um nome para a tribo do Papa-Capim, nem nessa história teve nome, que só ficou sendo chamada de tribo inimiga enquanto as outras tribos tinham nomes bem criativos até. Também acontecia bastante na época de ter um prólogo de 1 ou 2 páginas, antes de aparecer o título inicial da história em vez de aparecer antes do primeiro quadrinho da primeira página, isso em qualquer núcleo de personagens. Falando nisso, foi legal o prólogo mostrando a comparação dos Pajés de cada tribo falando mal da outra tribo ao mesmo tempo, pode ler na vertical ou na horizontal tradicional conforme o leitor achar melhor.

Impublicável por mostrar brigas e violências entre os índios, mesmo com a mensagem boa têm implicância do povo do politicamente correto. Os traços ficaram muito bonitos, era muito bom ver desenhos assim, só não era boas as cores que eram bem desbotadas nas revistas do segundo semestre de 1987 e que ficaram assim até início de 1988.

sábado, 17 de julho de 2021

Mônica e Cebolinha: HQ "Até tu, Sansão?"


Compartilho uma história em que o Cebolinha armou um plano infalível de fazer o Sansão bater na Mônica. Com 8 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cebolinha Nº 30' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Cebolinha Nº 30' (Ed. Globo, 1989)

Começa com Cebolinha visitando o Cascão, que estava de cama com febre e ele diz que odeia ficar doente. Cebolinha fica chateado por ser logo no dia que criou um plano infalível contra a Mônica e queria que ele ajudasse. Cascão faz festa que adora ficar doente e rindo a toa em saber que vai ficar de fora do plano.


Cebolinha o chama de bobão e comenta que dessa vez vai dar certo porque o Cascão não vai estragar tudo, o plano é genial e os leitores vão bater palmas para ele. Cebolinha deixou tudo separado, espera a Mônica cochilar vendo com binóculo e, de mansinho, pega o Sansão para colocar algo dentro, a princípio não divulgado. 


Mônica acorda e pensa que ele queria dar nó no coelhinho e Cebolinha põe o plano em prática. Cebolinha confirma chamando o Sansão de encardido e Mônica de dentuça e boba. Mônica corre atrás dele e ao arremessar o Sansão, ele volta e atinge à Mônica. Cebolinha dá gargalhada e Mônica fica sem entender como errou. Mônica arremessa o Sansão de novo e acaba a atingindo de novo. Mônica comenta que nem está ventando e pergunta o que aconteceu com o coelhinho.

Cebolinha fala que o Sansão cansou ser coelhinho de uma nervosinha e da injustiça contra os meninos e ele quer um novo dono ou dona. Mônica tenta de novo várias vezes e Sansão sempre acaba voltando para ela, ficando surrada. Cebolinha fala que Sansão não gosta mais dela e é para deixar ficar com ele. Mônica não aceita, aí Cebolinha dá o golpe de misericórdia, fazendo o Sansão falar. Ele manda a Mônica soltá-lo, que quer ir com o Cebolinha, pois ele é legal, não bate em ninguém e é inteligente. Mônica fala que os meninos provocam e Sansão diz que não gosta mais dela e pede para ir com o Cebolinha.

Mônica, chorando, deixa e Sansão diz que sabia que ia entender, xingando de baixinha e dentuça. Mônica diz que até, nunca esperava disso dele depois de cuidá-lo com tanto carinho. Cebolinha interfere falando que ele agora é o novo dono da rua, pois não vai querer mais sabendo que até o coelhinho está contra ela. Mônica diz que nada mais interessa e é para ele fazer o que quiser.

Cebolinha comemora que finalmente conseguiu derrotar a Mônica e queria que o Cascão visse aquilo. Enquanto Mônica estava indo embora, o pai do Cebolinha aparece perguntando onde está o bumerangue e o minigravador dele, a mãe disse que ele pegou e ordena que diga onde está. Cebolinha diz que estão dentro do coelhinho da Mônica. Seu Cebola fala que pode brincar com eles mais um tempo com cuidado e na próxima, peça antes.

Mônica ouve tudo, passa a entender o motivo do Sansão voltar sempre que arremessava e começar a falar com voz esquisita e ela bate no Cebolinha. No final, Cebolinha está no quarto do Cascão, ainda doente, conta como a Mônica descobriu o plano e Cascão comenta que apesar de tudo tem que admirar que o Cebolinha não se abateu pela derrota e continua sorrindo, mostrando que a Mônica, além da surra, entalou o bumerangue na boca do Cebolinha

História muito engraçada de plano infalível com Cebolinha fazendo o Sansão voltar sempre que era arremessado e, assim, batendo na Mônica, e depois fazendo o coelhinho falar. Conseguiu derrotá-la até seu próprio pai aparecer para estragar tudo. Como Cascão não pôde participar por estar doente, alguém tinha que entregar o plano e o serviço foi do Seu Cebola e até sem querer. Se Cebolinha tivesse pedido emprestado, não precisaria o pai aparecer e estragar o plano. 

Do início ao fim é toda engraçada, muito legal a gente sentir pena do Cascão e em seguida achar graça de ele adorar ficar doente só para não participar do plano, ver a Mônica apanhado do Sansão sem entender nada e depois surpreendendo com o Sansão falando e que queria ficar com o Cebolinha porque não bate em ninguém. O final hilário também com o Cebolinha com bumerangue entalado na boca e Cascão achando que estava sorridente, apesar da derrota. Gostava também quando os personagens falavam sozinhos que nem malucos ou falando com os leitores, ficava engraçado. 

Dá para notar que Cebolinha era bem perverso nos seus planos infalíveis e como era bom ver a Mônica passada por boba pelos meninos nos planos até descobrir tudo e bater neles. Hoje é raro ver a Mônica bater neles e aparecerem surrados e muito menos ter um castigo de enfiar um bumerangue na boca do Cebolinha. Tem os absurdos de como a Mônica não reparou o Sansão mais pesado com um bumerangue e gravador dentro dele quando o arremessou, como coube um bumerangue tão grande dentro de um coelhinho de pelúcia pequeno e como Cebolinha conseguiu falar com o Cascão com o bumerangue entalado na boca. Esses absurdos eram muito bons, não precisava explicar, era assim e pronto. Evitam também absurdos assim hoje em dia.

Traços excelentes assim, muito bem caprichados, com direito com curva nos olhos sem fundos brancos quando eles estavam bem brabos ou com expressão de sentir pena ou tristes, deixando personagens mais fofinhos, eu adorava assim. O Cebolinha pensou trocando as letras a história toda por ser padrão na época, mas atualmente eles mudaram isso e agora ele pensa certo, sem trocar "R" pelo "L" para ficar mais fiel com quem tem dislalia na vida real. No título apareceu crédito da Mônica primeiro do Cebolinha, quem sabe estava previsto inicialmente sair em uma revista da Mônica e mudaram de última hora.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Chico Bento Nº 5 - Panini (Chico Bento 60 Anos)


Chico Bento completa 60 anos agora em 2021 e para comemorar a sua edição "Nº 5" da 3ª série tem história especial com a data histórica. Comprei essa edição e mostro como foi.

Chico Bento foi criado em 1961, inicialmente como coadjuvante nas tiras de jornais de Hiroshi e Zezinho (que mais tarde seriam chamados de Hiro e Zé da Roça, respectivamente) e como o pessoal gostou tanto do Chico que não demorou muito para ser o protagonista do núcleo rural. Apesar de ter sido criado em 1961 em esboço, a sua primeira aparição nessas tirinhas de jornais foi apenas em 13 de fevereiro de 1963 no jornal "Diário da Noite".

Primeira tirinha com o Chico Bento (1963)

Chico Bento foi inspirado na vida da roça do Mauricio na infância, tudo que ele presenciou, retratava nas tiras e histórias. O nome veio do seu tio-avô. Ele era extremamente matuto do interior até os anos 1970 e característica maior era ser lerdo e se irritar fácil com as coisas. Nessa fase tinha histórias solo nas revistas da Mônica e Cebolinha.

Com o tempo o Chico foi criando uma personalidade própria, ficando mais firme quando foi criado o seu gibi pela Editora Abril.  Ele passou a ter mais facetas como ser preguiçoso, ser teimoso, não gostar de estudar, aprontar com o Nhô Lau, ser ciumento com a Rosinha, lerdo ao visitar o seu primo Zeca na cidade, preservar o meio ambiente, ser amigos dos animais, ter coração puro para perdoar as coisas e transmitir boa mensagem no seu estilo simples, etc.

Primeira história do Chico Bento (1964)

Sem dúvida o que marcou mesmo o personagem e deixou tão querido foi sua simplicidade. É considerado o personagem mais humanizado do Mauricio, em todos os subnúcleos ele apresenta um jeito diferente. Hoje em dia por causa do politicamente correto, atenuaram muitas coisas, descaracterizando o personagem, mas não deixa de ser grande personagem assim mesmo. Chico ganhou revista própria em 1982 pela Editora Abril (114 edições), passando pelas Editoras Globo (467 edições) e Panini (100 + 70 + 5 edições), onde está hoje, totalizando 756 edições até agora, somando as 3 editoras. 

Para comemorar os 60 anos do Chico, foi criada, então, essa história especial de 'Chico Bento Nº 5', de julho de 2021. A data não podia passar em branco, porém até agora está mais modesta de quando o Cebolinha completou 60 Anos em outubro de 2020. Só naquele mês, ele teve história especial na sua revista, livro especial em capa dura, 'Almanaque Temático' só com histórias de aniversário do Cebolinha, um livro especial de Dia das Bruxas e até um 'Almanacão Turma da Mônica' só com histórias do Cebolinha teve. Já as comemorações do Chico até agora foi só essa história do seu gibi mensal, nem 'Almanaque Temático' de aniversário dele teve e nem o livro "Chico Bento 60 Anos" foi lançado junto. Devem lançar pelo menos esse livro ainda esse ano, mas, sem dúvida, percebe-se que sempre dão mais destaque a dupla Mônica e Cebolinha do que os outros.

Evolução de traços do Chico Bento

Sobre a mensal desse mês, custa R$ 7,90 e segue com formato canoa, 84 páginas e tamanho convencional, com 9 histórias, incluindo a tirinha final, mais 9 páginas de passatempos, seções de mensagens de leitores, fichas dos personagens "Turma do Mauricio" e tirinhas clássicas . A distribuição até que chegou cedo aqui nesse mês, dia 3 de julho. Estão mais rápido agora nas bancas que estão vendendo gibis, já que infelizmente muitas bancas aqui deixaram de vender gibis em definitivo.

A capa foi em referência a história de abertura, sendo mais modesta do que foi com o Cebolinha 60 Anos, mesmo assim ficou boa. E o desenho se estende na contracapa, como acontece com todas as mensais desde que reiniciaram numeração nessa 3ª série da Panini.

Capa com desenho se estendendo com a contracapa

A história de abertura "60 que lá vem história" foi escrita por Flavio Teixeira de Jesus, dividida em 3 partes e com 30 páginas no total. Ambientada em 1961, o Mauricio quer inspiração para criar um novo personagem e resolve caminhar pelo sítio que morava para buscar inspiração. No caminho, encontra com vários estilos de Chico Bento e com as conversas vai vendo referências que saíram nas revistas do Chico Bento e conseguir a sua inspiração para o novo personagem.

Cada Chico que o Mauricio encontrava tinha uma personalidade e mostrava alguma referência a histórias antigas de acordo com a personalidade mostrada. Tipo, ao encontrar o "Chico Lendário", mostrava também figuras folclóricas que apareceram nas revistas. Com o "Chico Monstrengo", foi mostrado monstros e seres que contracenaram com ele em sua trajetória, o "Chico Transformento" que se transformava em coisas, e por aí vai. Tem também facetas de personalidades do Chico como o "Chico Imbomentro", que falava mentiras e enrolava os outros, o "Chico Lento", que era a sua personalidade lerda, o "Chicodorigo Preguiçarves Bento" como o Chico preguiçoso, entre outros. Cada Chico retratado não apareceram em histórias antigas, eram só tipos de personalidades do Chico Bento que o personagem teve ao longo dos seus 60 anos. Porém, achei que ficou muito corrida a história depois de um tempo, principalmente do meio a mais para o final.

Trecho da HQ "60 que lá vem história"

Em relação a referências, tiveram bastante, como a cachoeira falante de  "Era uma vez (Sete quedas)" (CHB # 11, de 1983), Chico Minhoca (CHB # 14, de 1983), o Curupira na história "Um curupira moderno" (CHB # 56, de 1984), o Monstro da Lagoa (CHB # 74, de 1985), o Maicon Jackson, da história "Maico Jeca" (CHB # 28, de 1988), Chico abelha de "O abelhudo" (CHB # 56, de 1989), a irmã Mariana que morreu (CHB # 87, de 1990), presença do Paul McCartney, de "Pôu in Roça" (CHB # 95, de 1990), o Chico virando flor, da história "Uma flor de menino" (CHB # 114, de 1991), seres azuis do poço da história "O fundo do poço" (CHB # 133, de 1992), presença da Xuxa em "Chico na Xucha" ( CHB # 148, de 1992), personagens fantasiados iguais em "Carnaval no arraial" (CHB # 210, de 1995), Zé Lelé vestido de pimentão da festa do pimentão (CHB # 214, de 1995), Chico coelho em "Chicoelho em plena Páscoa" (CHB # 265, de 1997), crossover com a Denise em "Causando na roça" (CHB # 32, de 2009), Chico Bento menina, de "Chico ou Chica?" (CHB # 50, de 2011), presença da Rita  Lee (CHB # 57, de 2011), entre outras. A cena inicial, inclusive, foi referência á história "Chuva na roça" (CHB # 10, de 1982) e teve até a gruta que o Chico entrou em "Chico 7 anos" (CHB # 2, de 1982).  

Na gruta, inclusive, tem presença do Piteco, Capitão Feio, Astronauta, Papa-Capim, Seu Juca, Franjinha e Bidu como personagens de outros núcleos que chegaram a contracenar com o Chico Bento. No caso, Piteco foi referência à história "O que passou, passou" (CHB # 34, de 1988), Capitão Feio foi em "A batalha do século" (CHB # 69, de 1989), Astronauta foi algumas vezes, como em "O mundo acabou em mim" (CHB # 79, de 1990) e "Astronauta preocupado" (CHB #150, de 1992), Papa-Capim em "Como apresentar um trabalho" (CHB # 239, de 1996) e em "Papa-Capim encontra Chico Bento"  (MN # 140, de 1998) e Seu Juca foi em "Seu Juca vai ao campo" (CHB # 280, de 1997) e em "Os moleques da porteira" (CHB # 35, de 2009). Já Franjinha em "A hora do planeta" (CHB # 1, de 2021) e Bidu em "Uma pontinha pro Bidu" (CC # 32, de 1988).

Trecho da HQ "60 que lá vem história"

Claro que muitas coisas antigas ficaram de fora, pelo menos teve algo em todas as épocas das revistas dele. Senti falta de extraterrestres marcantes, que teve época que apareciam bastante. Até podia ter também algumas referências dos anos 1970 de quando ele não tinha revista, mas ele contracenando com figuras do folclore e bichos representam todas as épocas, pois sempre teve. E Logicamente não teve diabos e bandidos marcantes para atender o politicamente correto.

Podiam ter encaixado também Zé da Roça e Hiro durante a história, nem que fossem em aparições rápidas, mas eles não apareceram nem no final. Assim também ausência dos pais do Chico, Seu Bento e Dona Cotinha, também foi sentida, mereciam estar também. No início, o Mauricio conversa com a Vó Dita, como sendo a sua própria avó, já que a personagem foi inspirada na sua avó na vida real e, assim nada mais natural, colocar assim. Os traços não ficaram ruins, tiveram bons desenhos no geral. 

Foi boa história, apesar de as com referências antigas são repetitivas, mas Chico merecia uma assim porque nunca teve história desse tipo. Até em 'Chico Bento Nº 700' isso passou em branco e agora finalmente uma história desse tipo com ele e sem ser só com a dupla Mônica e Cebolinha. Podiam ter colocado um extra com os números das edições das referências mostradas na história ou colocar no rodapé quando apareciam porque nem todas o público vai lembrar e saber de onde tiraram tais referências.

Trecho da HQ "60 que lá vem história"

Já o resto do gibi segue o estilo normal que vem sendo, com histórias curtas misturadas com um pouco mais desenvolvidas e mais voltadas a lição de moral. Vó Dita foi o grande nome da edição, aparecendo em 3 histórias. Histórias com secundários foram com Turma da Mata e Piteco. Em "O rei que não sabia assobiar", com 6 páginas, Luís Caxeiro tenta arrumar um jeito de fazer com que o Rei Leonino aprendesse a assobiar. Já em "Missão Cumprida", Chico tenta impedir que o pessoal passe em cima da trilha das formigas até o formigueiro.

Trecho da HQ "Missão cumprida"

Em "O presente do Tio Glunc", Piteco vai em busca de um presente de aniversário para dar para o Tio Glunc, ele vai com o seu bastão  eno caminho precisa fazer salvamentos de pessoas e enfrentar alguns perigos. Foi bom ter a volta do Tio Glunc, pra quem não sabe, é o tio da Thuga que implicava com o Piteco e os planos da sobrinha se casar com ele, além de ter uma fama gananciosa, de querer dinheiro a todo custo e sonha em casar a Thuga com um pretendente rico. Essa personalidade não foi abordada nessa história, foi tudo simples para atender o politicamente correto, o Tio Glunc apareceu só no último quadrinho, mas valeu a lembrança por estar sumido há tempos.

Trecho da HQ "O presente do tio Glunc"

A revista também histórias curtas de 1 a 2 páginas com Chico Bento e com Piteco, com destaque em "Uma rosa para a Rosinha", que tem créditos da Rosinha, mas ela nem aparece, só mostra que o Chico quer pegar uma rosa da plantação da Vó Dita para dar pra Rosinha. E encerra com "A semente e o vento", em que é ambientado na época de nascimento do Chico com o seu pai, Seu Bento, tentando plantar uma semente de árvore, como era tradição na família Bento sempre que uma criança nascesse na família e quando ele ia plantar, a semente voa e o Seu Bento corre atrás para recuperá-la passando vários sufocos. A história mostra então, a origem da goiabeira do Nhô Lau, de como surgiu e por que o Chico gosta tanto da goiabeira dele.

Trecho da HQ "A semente e o vento"

Na seção "Turma do Mauricio", sempre com 2 páginas, mostra as fichas dos personagens Zé da Roça, Raposão, Seu Leocádio, Guatira e Ermitão Espacial. Já nas tiras clássicas, sempre com 4 páginas, dividindo 2 páginas com núcleos de personagens variados, tiveram 4 tiras do Chico Bento dos anos 1970 e 4 do Piteco dos anos 2000. Nas tiras do Chico deixam bem claro que a grafia usada nas tiras são originais da época, pois podem ter grafias diferentes antes do novo acordo ortográfico de 2009, fora que até os anos 1970, o Chico falava português normal, sem o caipirês que conhecemos, com raras exceções de algumas tiras dos anos 1970, que colocavam caipirês as vezes como forma de experiência. Essas tiras foram excelentes nessa nova série de gibis da Panini, bem que podiam depois de um tempo, criarem livro especial reunindo essas tirinhas que saíram nas revistas dessa terceira série da Panini.

Uma das páginas de Tiras Clássicas do Chico Bento na edição

No geral achei uma boa edição. Depois do fiasco de 'Chico Bento Nº 700' ter passado em branco foi uma boa os 60 anos do personagem ter sido lembrado. Boa ideia de retratar o Mauricio buscando inspiração para criar o Chico Bento para ser gancho para mostrarem as referências que passaram nas revistas do Chico (ou inspiração de futuras ideias para histórias nas revistas pelo contexto da história).  Achei melhor que a história do Cebolinha 60 Anos. Vale a pena ter a revista pelo valor histórico dessa de abertura, já que as outras seguem o estilo atual. Já as outras revistas do mês não comprei, aí não tem resenha. Fica a dica.

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Tirinha Nº 82: Bidu


 Mostro uma tirinha com o Bidu conversando com um arquivo de escritório, que tem superpoderes e ao gritar "Shazam!" se transforma em um disquete. 

No tempo que a tecnologia e internet estava engatinhando e começando a se popularizar no uso doméstico, teve essa brincadeira em que todos os documentos em papel contido no arquivo iam caber em apenas um disquete. Hoje, disquete é um dispositivo extinto por ter várias outras mídias com capacidade infinitamente superior de armazenamento. Fora que na vida real não daria todos aqueles documentos digitalizados em um disquete, não teria capacidade para isso, precisariam de vários disquetes. Se a tirinha fosse feita hoje, colocariam, no mínimo, o arquivo se transformando em um pen drive ou em um cartão de memória. Para ver como a tecnologia avançou de 1998 para cá.

Eu não curto muito a característica do Bidu conversando com objetos, nas histórias de gibis ficam chatas, a grande maioria, eram melhores ele conversando com objetos nas tirinhas, que costumavam ter umas piadas rápidas com boas críticas e bem inteligentes. Era comum também personagens do nada com poderes de Shazam, super-herói da DC, e se transformando em alguma coisa de acordo com a sua característica, se dando mal ou não. Normalmente aconteciam em tirinhas ou em histórias de 1 página. Nos créditos tem 'Revista Parque da Mônica' em vez do Bidu porque, por padrão, colocavam o nome da revista no alto independente de qual personagem protagonizasse a tirinha.

Tirinha tirada de 'Parque da Mônica Nº 67' (Ed. Globo, 1998).


segunda-feira, 5 de julho de 2021

Magali: HQ "Melancias em falta"


Em julho de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Melancias em falta" em que a Magali  acha que vai faltar melancias, causando grande confusão. Com 6 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 55' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Magali Nº 55' (Ed. Globo, 1991)

Magali estranha fila grande em frente ao supermercado e uma mulher diz que teve notícia que vai faltar feijão e eles estão comprando antes que acabe. Magali pergunta se será para sempre e a mulher responde que vai ser alguns dias ou semanas até o abastecimento normalizar.

Mônica comenta que isso já aconteceu antes, já teve época que faltou arroz, outra faltou açúcar, farinha e batata. Magali nunca notou porque sempre pode comer outras coisas, mas ela não suportaria se faltasse melancia. Mônica diz que tem que ter certeza que nunca vai faltar porque melancia não é necessidade básica.

Magali fala que para ela é, começa a ficar desesperada e tem pressentimento que vai faltar melancia, joga fora a que ela estava comendo e corre para casa. Ela quebra o seu cofrinho com bastante dinheiro e corre para mercearia e compra todas as melancias que o Seu Mané tinha, falando que vai faltar melancias. Depois ela vai pra casa, pega um carrinho de mão e vai ao supermercado, comprando todas as melancias de lá. Uma mulher fala que é exagero e Magali diz que comprou porque vai faltar melancias.

Na feira, Magali manda o vendedor despejar todas as melancias que tem no carrinho. Ele estranha e Magal fala que elas estão em falta. Alguns clientes ouvem e ficam assustados com a falta. O povo da feira já fica desesperado e todos querem comprar, mas os vendedores de lá avisam que acabou, afinal Magali já tinha levado tudo.

Magali chega em casa, já sem dinheiro, mas aliviada que agora pode faltar melancias a vontade porque já tem o suficiente com o quarto repleto de melancias, até em cima da cama e do guarda-roupa. Quando vai para a rua, Mônica dá notícia que ela tinha razão, melancias estão em falta, o povo aflito tudo fazendo filas em mercados para ver se consegui alguma e na televisão informando que estavam com uma crise da melancia que nem o governo sabia o motivo da súbita falta dela no mercado. Mônica pergunta como Magali adivinhou e Magali responde quando se trata de melancia, ela tem muita intuição.

História bem legal com a Magali fazendo estoque de melancia com medo de que faltasse, comprou tudo onde encontrava e acabou mesmo faltando para os outros e ainda acha no final que era intuição, mas na verdade, faltou por causa dela de ter levado tudo. A história critica a falta de alimentos que era comum na época, normalmente por problema de distribuição ou safra ruim por motivos de clima, mas também atenta ao fato de uma pessoa estocar tudo só para ela, faltando para os demais.

Foi engraçado ver o desespero da Magali na hipótese de faltar melancia, podia faltar tudo menos a melancia. Prova a paixão dela pela fruta, Magali traça tudo, sem exceção, mas não esconde de tudo que ela come, melancia é a sua comida preferida e sua marca registrada. Foi divertido também vê-la correndo por todos os estabelecimentos, colocando tudo no carrinho de mão e ainda causando pânico nas pessoas dizendo que vai faltar ou até já faltou melancia e chegar em proporção de enfrentarem crise da melancia que nem governo sabia o motivo.

Interessante o dinheiro que ela tinha guardado na economia do cofrinho da sua mesada  para comprar tanta melancia, bom saber que sabia poupar em emergências assim para ela. Gostava também da autonomia das crianças para fazerem as coisas como fazer compras no mercado ou feira sozinhas, sem presença de adultos, coisa que não tem mais nas revistas. E também a força da Magali em carregar todas aquelas melancias, quando se trata de comida, ela é mais forte que a Mônica. esses absurdos eram muito bons. Impublicável pelo assunto de falta de comida não ser apropriado para crianças e esse mal exemplo da Magali de ficar com todas as melancias só pra si, um completo egoísmo. Fora a gula exagerada da Magali não ser mais explorada nas revistas.

Era comum historias de abertura curtinhas assim na época, ainda mais em revistas quinzenais de 36 páginas como da Magali, sendo que também tinham em outros com mais páginas como da Mônica e Cebolinha. Eles costumavam mesclar histórias de aberturas curtas com longas, mas depois, por padrão, foram mais longas e desenvolvidas. Traços ficaram excelentes, como era legal ver desenhos assim, pena cores começarem a ficar mais escuras, o que ia piorar em 1992. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.