sábado, 29 de novembro de 2014

Magali: HQ "Substituindo Lili Maga, atriz de cinema"

Mostro uma história de quando a Magali precisou substituir uma famosa atriz de cinema, sósia sua, em uma filmagem para um filme. Ela tem 11 páginas e foi história de encerramento de 'Magali Nº 60' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Magali Nº 60' (Ed. Globo, 1991)

Começa a atriz Lili Maga, idêntica à Magali, gravando uma cena de um filme, quando um mosquito pica o cavalo em que ela estava montada, que faz com que ela leve um baita tombo no chão. O diretor interrompe a gravação e como a Lili Maga não viu que foi uma mosca que picou, fica braba e reclama que como podem ter arranjado um "potro xucro" daquele.


O assistente diz que foi o cavalo mais manso que arranjaram. Porém, Lili Maga não aceita a desculpa e abandona as filmagens. O diretor fica desesperado, falando que eles vão perder milhões, e ela não quer saber, manda procurar outra atriz e vai embora.

O diretor fica nervoso, afinal, já tinham rodado quase todo o filme. O assistente sugere contratar alguém parecida com a Lili Maga. Ele arruma várias atrizes, só que nenhuma se encaixa no perfil, ou porque era muito alta, ou muito baixa, ou dentuça, ou nariguda e sardenta.


O assistente, então, resolve rodar o mundo todo em busca de alguém igual a Lili Maga. Não consegue achar ninguém e, de volta ao Brasil, quando estava quase desistindo, resolve pedir um cachorro-quente. Só que pra sua surpresa, aparece a Magali pedindo 20 cachorros-quentes. O assistente pensou que era a famosa atriz Lili Maga pedindo cachorro-quente na rua, mas o vendedor fala que aquela era a Magali, atriz de histórias em quadrinhos. Ele fica eufórico, gritando que encontrou a substituta para Lili Maga e a leva correndo para o estúdio.


Chegando lá, o diretor pensa que a Lili Maga aceitou a rodar o filme e o assistente fala que era a substituta. O diretor conta toda a história para a Magali, que aceita a filmar, mas tem que falar com os pais dela. Seu Carlito assina o contrato e a Magali começa o seu dia na filmagem. Só que tinha o problema que a Magali era mais magra que a atriz e tinha que engordar um pouco.


Com isso, a Magali come 100 cachorros-quentes, mas só engordou meio grama. Em seguida, eles pedem várias pizzas, yakissobas, feijoada e a Magali come tudo, mas só consegue engordar 2 gramas. O diretor fica impressionado que come muito e não engorda. O assistente, então, traz uma roupa com enchimento feita pela costureira. Magali lamenta um pouco porque preferia continuar comendo.


Finalmente começam a filmagem. Só que com a diferença que a cada cena, a Magali aparece comendo ou com alguma comida na mão, A filmagem termina e foi um sucesso. O diretor agradece, falando que a Magali tem futuro e quando resolver trocar as histórias em quadrinhos pelo cinema, para chamá-lo.

No final, quando sai do estúdio, Magali escorrega em uma casca de banana e leva um tombo, precisando ser levada para o pronto-socorro de maca. Como, não pode continuar com a historinha, Mauricio procura a atriz Lili Maga, que estava de férias, para substituir a Magali no final da história.


Acho essa história muito legal envolvendo metalinguagem e a grande característica da Magali de comer como um batalhão e não engordar. Para não dizer que engordou, ela ganhou 2,5 gramas depois de tudo que comeu antes da filmagem.


É engraçada as partes envolvendo metalinguagem, quando  o vendedor fala que a Magali é atriz de história de quadrinhos e o diretor falando que para chamá-lo quando ela resolver trocar as histórias em quadrinhos pelo cinema. E uma boa sacada no final com a tentativa do Mauricio convencer a atriz substituir a Magali, fazendo o caminho inverso. 

O diretor foi chamado apenas de "Seu Diretor" pelo assistente, que também não ganhou nome. Apenas a costureira que colocaram, sendo chamada de "Dona Vilma". E, logicamente, eles só apareceram nessa história. Na postagem, a coloquei completa.


Outra coisa curiosa é que com 11 páginas, colocaram como encerramento em vez de abertura. É que na época eles tinham vários estilos de traços, e os que foram usados nessa história eram típicos de histórias de miolo, por isso, resolveram colocá-la no encerramento. Aliás, traços muito bons, por sinal. tem até detalhe de quando eles estavam filmando, os quadrinhos ficaram com cantos arredondados, ficando melhor ainda.


Vale lembrar ainda que na época, os roteiristas gostavam de fazer histórias com sósias dos personagens, muitas vezes um se encontrando com o outro e aí resolviamm trocar de lugar, um viver a vida do outro, para tirar proveito. Esses sósias apareciam do nada e sem explicação de como se parecem tanto com o personagem, sem ser irmãos, como tem que ser. Nessa, por exemplo, a Lili Maga se parece com a Magali e pronto, sem explicação nenhuma se são parentes distantes ou não. Afinal, é história em quadrinhos e, pela lógica, não tem que ter preocupação de ficar explicando tudo, apenas se divertir com o roteiro. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Capas Semelhantes (Parte 3)

Continuando a série de capas semelhantes, nessa postagem mostro 5 capas da Editora Globo, sendo 1 para cada personagem, com a da Mônica sendo almanaque.

Almanaque da Mônica Nº 8 X Almanaque da Mônica Nº 63

Os personagens dando a mão um para o outro em volta do planeta Terra, simbolizando amizade e paz. Essa capa ficou muito bonita publicada no 'Almanaque da Mônica Nº 8', de 1988, e depois fizeram uma nova versão no 'Almanaque da Mônica Nº 63', de 1997, já com moldura, mudando os personagens e com uma piadinha com o Do Contra de costas.



Cascão Nº 67 X Cascão Nº 230

Chovinista sonhando com o Cascão pulando cerca em vez de carneirinhos. Na 1ª versão de 'Cascão Nº 67', de 1989, colocaram o Cascão em tons azuis pra representar que era um sonho e na 2ª versão de 'Cascão Nº 230', de 1995, o Cascão ficou colorido, e teve um detalhe de colocarem uma ração ao lado do Chovinista.



Magali Nº 18 X Magali nº 322

Magali encarna a Chapeuzinho Vermelho, e, ao ser abordada pelo Lobo Mau, descobre que ela já tinha comido todos os doces que ia levar para a vovozinha. Já tiveram várias capas assim com a Magali encarnando a Chapeuzinho Vermelho em diversas situações, às vezes até com a presença da própria Chapeuzinho Vermelho e da Vovozinha. Porém, essas 2 que mostro foram as que ficaram mais parecidas.

A versão original foi de 'Magali Nº 18', de 1990 e a diferença maior na 2ª versão, de 'Magali Nº 322', de 2001, foi que fizeram uma floresta mais detalhada, além do Lobo Mau ficar com cara de quem não entendeu nada. Como não tenho, a imagem da 'Magali Nº 322' eu peguei pesquisando na internet.



Chico Bento Nº 254 X Chico Bento Nº 347

Chico Bento encontra bichos dormindo na sua rede bem na hora que ele vai deitar nela. Saiu primeiro em 'Chico Bento Nº 254', de 1996, e fizeram outra com a mesma piada em 'Chico Bento Nº 347', de 2000, sendo que incluíram um burro na 2ª versão, além de tirar o travesseiro do Chico.

Aliás, essa foi uma piada também usada em almanaques do Chico, sendo que aí mudaram os bichos, colocando seus amigos no lugar. Porém, em gibis convencionais e com bichos foram só essas 2 que mostro. A imagem da 'Chico Bento Nº 347' eu peguei na internet.



Cebolinha Nº 158 X Cebolinha Nº 215

Cebolinha joga tênis com o Louco, que joga um tênis de verdade em cima dele. Ficou uma coisa bem curiosa e interessante, comparando as 2 versões, é que na versão original, de 'Cebolinha Nº 158', de 1999, mostra o Louco tacando o tênis em direção ao Cebolinha, enquanto que a 2ª versão, de 'Cebolinha Nº 215', de 2004, ficou uma espécie de continuação, mostrando o que aconteceu depois, com o Cebolinha caído, após ter levado o tênis na cara. As duas versões foram tiradas na internet, já que eu não tenho essas 2 revistas na coleção.


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Cascão e Nimbus: HQ "Amizade... ou Interesse?"

Mostro uma história muito divertida de quando o Nimbus pensou que o Cascão era o seu amigo só para saber da previsão do tempo. Ela tem 10 páginas no total e foi publicada em 'Cascão Nº 206' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cascão Nº 206" (Ed. Globo, 1994)

Cascão aparece cheio de intimidade quando o Nimbus está conversando com o Xaveco e o Jeremias,  pedindo para eles darem uma volta e contar as novidades. Nimbus diz que não tem nenhuma e o Cascão pergunta se o pai meteorologista dele está bem e se vai chover naquele dia.


Nimbus responde que não, que o tempo vai ficar bom, com nebulosidade, e temperatura entre 20 e 25 graus. Cascão anota a informação na sua caderneta e vai embora. Então, o Nimbus fica com cara de desconfiado e a Mônica aparece perguntando se está com algum problema. Nimbus diz a ela que acha que o Cascão só se aproxima para saber da previsão do tempo. Mônica diz que o Cascão não é falso e Nimbus fala que mesmo assim vai fazer um teste no dia seguinte.


No outro dia, Cascão aparece de novo querendo saber da previsão do tempo com sua caderneta na mão. Nimbus responde que não sabe do tempo porque o seu pai foi despedido e não é mais meteorologista. Diz ainda que arrumou emprego de motorista de táxi. Cascão fica com cara de tacho e triste porque agora previsões do tempo, nunca mais.

Antes do Cascão ir embora, Nimbus pergunta a ele se ainda não quer papear com ele, "o seu grande amigo", e o Cascão responde que não vai dar, que fica para outra hora. Nimbus fica uma fera, confirmando que o Cascão só era amigo por interesse. Por causa disso, resolve fazer um plano para dau uma lição no Cascão.


Nimbus vai para casa, e telefona para o seu pai, perguntando como vai ficar o tempo. Seu Nimbão fala que vai chover muito forte e ele acha ótimo. Quando desliga, o Seu Nimbão estranha o filho achar ótimo que vai chover e até pensa que não era o filho do outro lado da linha.

Em seguida, o Nimbus telefona para o Cascão, que diz a mãe que liga depois porque está ocupado. Nimbus ouve e pensa que o Cascão está o evitando. Nimbus diz a Dona Lurdinha que é sobre a previsão do tempo e o Cascão corre para atender. 


Cascão pergunta se o pai dele não tinha sido despedido, e o Nimbus responde que deu tempo ainda de fazer a última previsão. Ele fala que vai fazer um Sol de rachar e que seria bom ele sair de casa para não morrer de calor. Nimbus desliga o telefone rindo, falando que o Cascão vai sair de casa pensando que vai fazer Sol e vai tomar a maior chuva. Tudo como vingança pelo Cascão ter sido falso com ele.


Mais tarde, o Nimbus está lendo no quarto dele e o Cascão aparece. Nimbus reclama com a sua mãe por ter deixado entrar e foge pela janela para o Cascão não descobrir o seu planoinfalível. Na sala, Cascão vê o Nimbus do lado de fora da casa e corre atrás dele, e consegue pegá-lo pelos pés. 

Cascão avisa ao Nimbus que ficou preocupado com o pai dele foi despedido e foi comprar o jornal, por isso que não queria atender o telefone. Quando o Nimbus falou que ia fazer Sol, ficou aliviado, mas depois foi cinferir, viu que ia chover muito em todo o estado. Achou que por isso que o pai dele foi despedido e a partir de agora, ele compraria jornal todo dia para informar ao Nimbus da previsão do tempo.


Nimbus chora comovido com a atitude do cascão e entrega o plano, falando que mentiu que o pai foi demitido e foi um tudo um plano. E lamenta que agora o Cascão não vai querer nem olhar para a cara
dele. Cascão diz que ele é um bobão, mas perdoa e os dois se abraçam, continuando amigos. Até que nessa hora, troveja e começa uma tempestade para o desespero dos dois e se escondem rapidamente em uma caverna. No final, lá na caverna, Cascão pergunta ao Nimbus se ele é amigo dele mesmo ou só por que ele sempre consegue arrumar bons lugares para esconder da chuva, deixando o Nimbus sem graça.


Acho essa história muito engraçada. até dá impressão mesmo que o Cascão se aproximava do Nimbus só para saber da previsão do tempo, até tudo ser esclarecido no final. E dá para notar que não era só o Cebolinha que fazia planos infalíveis, qualquer personagem fazia, de acordo com seus interesses. 

Só ficou um mistério de por que o Cascão anotava as previsões na caderneta. Pode ser para não esquecer do que o Nimbus falou, ou então para cobrar dele, se a previsão saísse errada, ou fazer um levantamento ao final do mês, então isso fica pela interpretação do leitor.


Essa história foram uma das primeiras do Nimbus, que na época eram mais voltadas à meteorologia e o seu medo de raios de trovões. A MSP não devia ter tirado essas características do Nimbus, sempre rendiam histórias ótimas como essa.


Os traços são excelentes, muito bem caprichados. Muito engraçada a cara do Cascão quando descobre que o Seu Nimbão estava desempregado e não teria mais previsão do tempo todo dia, a cara de revolta do Nimbus com raiva do Cascão quando foi embora e também com sorriso maquiavélico depois elaborando o plano infalível. Na história a coloquei completa. Legal também ver o Nimbus falando sozinho e a gente descobrir que ele não gostava de ser chamado de "Nimbão".


Ela é incorreta pelo fato de mostrar desemprego do seu Nimbão, mesmo que foi de mentira. Assuntos sérios da sociedade como desemprego são evitados nas histórias atuais. E mentir sobre uma coisa séria também não é bem vindo.

Para saber mais detalhes sobre o Nimbus e também do Do Contra, entre AQUI.

domingo, 23 de novembro de 2014

Capa da Semana: Parque da Mônica Nº 8

As capas da 'Revista Parque da Mônica' sempre faziam referência à história de abertura. Nessa, faz alusão à história "Delícias no Parque", que apresentou a "Praça de Alimentação da Magali" do Parque da Mônica. 

Mesmo com referência à história de abertura, mostra uma piada muito legal com a Magali com mais de 20 hambúrgueres e um refrigerante na mão, ainda queria a bandeja da Mônica. Capas com alusão à história de abertura eu acho boas assim, associando uma piada em cima da história de abertura. Fica bem mais criativa.

A capa dessa semana é de 'Parque da Mônica Nº 8' (Ed. Globo, Agosto/ 1993).


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Personagens Esquecidos 10: Seu Juca


Nessa postagem, eu falo sobre o Seu Juca, um personagem que ficou no limbo do esquecimento por muito tempo e que voltou anos depois.

Seu Juca é um personagem esquizofrênico que desenvolveu um trauma com as crianças da Turma da Mônica, que aprontam tanto com ele, mesmo que sem intenção algumas vezes, e por isso acaba ficando louco por causa deles, sendo internado no hospício.

Ele aparece sempre com uma profissão que aparentemente não tem a menor chance de encontrar com os pestinhas da Turma da Mônica. Mas, para a sua surpresa e o seu desespero, eles apareciam de repente. Enquanto fazia de tudo para se livrar da turminha, eles aprontavam e o Seu Juca começava a ficar com raiva. Como não tem paciência com as crianças e não bate bem da cabeça, Seu Juca acabava enlouquecendo, rindo sozinho e precisava ser levado para o hospício. Ele se recuperava e voltava a exercer um emprego novo, mas voltava a encontrar com os pestinhas, começando tudo de novo. E a turminha não se mancava que ele ficava louco por causa deles.

Sua estreia foi em 1975 na história "A máquina automática", de 'Mônica Nº 65' e tinha traços completamente diferentes. Era loiro e com barba, mas já mostrava o seu desespero em só ver a Mônica. Abaixo, um trecho da história "O vendedor", de 'Mônica Nº 72', de 1976, mostrando como era o Seu Juca quando foi criado. A imagem peguei na internet, já que não tenho esse gibi e não li essa história:

Trecho da HQ "O Vendedor": Seu  Juca com traços diferentes

Em 1977, na história "Um passarinho ensinado", de 'Mônica Nº 88', Seu Juca já estava com traços que estamos acostumados, com bigode e cabelos pretos, embora encaracolados. Provavelmente, uma das primeiras com traços assim. Abaixo, um trecho dessa história, com imagem tirada da internet:

Trecho da HQ "Um passarinho ensinado"

Ao longo da fase da Editora Abril, Seu Juca teve várias profissões. Já foi bombeiro, taxista, jardineiro, pintor, vendedor, ermitão, mágico, acrobata de circo, técnico de manutenção de telefone, leitor de texto de teatro, limpador de esgoto,  barbeiro, veterinário, astronauta, motorista de ônibus, mecânico, entre outras. Engraçado que aceitava profissão de qualquer nível de escolaridade, o importante era não se encontrar com a turminha. Só que tudo em vão, porque sempre se encontra com eles.

As crianças gostavam do Seu Juca, ficavam felizes quando o via, mas ele não podia vê-los nem pintados, tamanha a sua fobia pela turminha. Era só ver pelo menos um deles que já ficava desesperado, às vezes com tique-nervoso, como se tivesse visto uma assombração, como pode ser visto na história "Jukandrake", original de 'Cebolinha Nº 92' (Ed. Abril, 1980), republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 29' (Ed. Abril, 1986) e em 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (Ed. Globo, 1989). Nela, o Seu Juca virou mágico e vê a Mônica e Cebolinha na plateia. Eles percebem que era o Seu Juca e vão falar com ele, estragando os números de mágica, além de tudo que o Seu Juca fazia passava a dar errado.

Trecho da HQ "Jukandrake"

Seu Juca sempre se dava mal nas histórias, mas em algumas das suas primeiras histórias dos anos  70, ele conseguiu se livrar dos pestinhas, como aconteceu em "Novamente Seu Juca", de 'Mônica Nº 92' (Ed. Abril, 1977) e republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 18' (Ed. Globo, 1990). Nela, Seu Juca se torna pintor de quadros e encontra a Mônica por acaso. Ela exige que seja modelo da sua pintura, apronta com ele, como se aproximar da tela para ver ele pintando e se finge de morta pensando que ele queria pintar natureza morta.

Até que chegam Cebolinha e Cascão e tacam pedra na tela quando brincavam de jogar pedra mais longe. Seu Juca resolve pintar os 3 e pede pra se afastarem um passo pra trás e cada vez mais se distanciam e aí finalmente consegue se livrar deles, que chegam à África. Como era ainda as primeiras histórias, o roteirista deixou o Seu Juca se dar bem nessa, para variar um pouco, mas o normal era mesmo ele ficar louco no final.

Trecho da HQ "Novamente Seu Juca"

Outra clássica em que ele de seu muito mal foi quando Seu Juca foi limpador de esgotos em "O Seu Juca tá num buraco", (republicada em 'Almanaque do Cebolinha Nº 11' - Ed. Globo, 1990). Ele estava feliz por limpar o esgoto e se livrar dos diabinhos, quando é sugado pelo cano. Seu Juca estava embaixo do ralo do banheiro do Cebolinha, que estava desentupindo. Ele se desespera por ver o Cebolinha, que ainda sobe no seu Seu Juca para tomar banho antes de se encontrar com a Mônica o sabonete cai na boca do Seu Juca. Forma espuma no banheiro e o seu Juca volta ao esgoto se tornando louco de novo.

Trecho da HQ "O Seu Juca tá num buraco"

Uma coisa interessante é que não costumava aparecer todo mês nos gibis. Para ter uma coerência, levava alguns meses para voltar a aparecer, para justificar o tempo que estava no hospício, até voltar curado com uma profissão nova. O que era bom para não se tornar cansativo. E em algumas bem raras ele não exercia profissão, só contracenando com os personagens.  

Outra curiosidade comum nas histórias antigas, é que ele lembrava a sua última aparição, mostrando que ele ficou louco e foi parar no hospício por causa dos pestinhas, ou até mesmo o que realmente aconteceu na última história que havia aparecido. Por exemplo, na história "Quase se esqueceram do Seu Juca", republicada em 'Almanaque do Cebolinha Nº 8' (Ed. Globo, 1990), quando Seu Juca foi técnico de manutenção de linha telefônica e ficou preso na fiação da rede elétrica com as linhas das pipas do Cebolinha e do Cascão, ele lembrou que na sua aparição ficou entalado no ralo do banheiro Cebolinha, na história "O Seu Juca tá num buraco".

Trecho da HQ "Quase esqueceram do Seu Juca"

Quem aparecia para perturbá-lo era a Mônica, o Cebolinha e o Cascão. Apareciam os 3 juntos, ou só a Mônica, ou só o Cebolinha, ou Mônica com Cebolinha, ou  ainda Cebolinha com Cascão. Na fase Abril, o Cascão nunca o perturbou sozinho e a Magali apareceu apenas 1 vez, junto com os 3, na história "Toc-Toc do Seu Juca", de 'Cebolinha Nº 86' (Ed. Abril, 1980) e republicada no 'Almanaque do Cascão Nº 12' (Ed. Abril, 1986), em que ele foi um maestro. Como a Magali ainda não era uma grande personagem e fazia mais participação nas histórias na época, aí não costumavam colocá-la contracenando com o Seu Juca.

Suas histórias antigas da Editora Abril costumavam sair no miolo, apenas a história "Os exploradores", de 'Cebolinha Nº 58', de 1977, foi na abertura. E em algumas vezes, foram divididas em capítulos, como aconteceu em "O Barbeiro do Seu Juca" (republicada em 'Almanaque do Cebolinha Nº 16' - Ed. Globo, 1992), "O Trauma do Seu Juca" e "Quase se esqueceram do Seu Juca", sendo esta interligada com a do Bidu. 

"O trauma do Seu Juca", original de 'Cebolinha Nº 142' (Ed. Abril, 1984) e republicada no 'Almanaque do Cebolinha Nº 32' (Ed. Globo, 1996), foi dividida em 2 partes. Na primeira, o carro dos pais do Cebolinha dá defeito no meio da estrada e ele aparece como mecânico. Ao ver o Seu Cebola, ele acha que já viu aquele cabelo em algum lugar, mas se tranquiliza, até ver que o Cebolinha e a Mônica estão no banco de trás do carro. Ele fica com tique-nervoso, mas antes deles começarem a perturbá-lo, Seu Juca consegue contornar e toma iniciativa que vai se tratar com um psiquiatra e quando voltarem a vê-lo, ele vai estar curado do trauma.

Na 2ª parte, intitulada de "Seu Juca se curou do trauma", ele está com psiquiatra, que mostra uma foto das crianças para o Seu Juca, até ele perder o medo. E consegue. Do lado de fora da clínica, Mônica e Cebolinha estão em frente ao consultório esperando uma consulta ao dentista e o psiquiatra os vê e fala ao Seu Juca para ir lá para provar que está curado. Quando chega lá, eles tinham saido de lá. Com um jogo de ida e volta, com o psiquiatra falando que eles estão lá e o Seu Juca falando que não estão, no final , o Seu Juca e o psiquiatra acabam enlouquecendo juntos.

Trecho da HQ "O Trauma do Seu Juca" ("O Seu Juca se curou do trauma")

Seu Juca continuou a aparecer nos gibis até em 1985. A partir de 1986, o Seu Juca infelizmente foi para o limbo do esquecimento por mais de 10 anos. O motivo nunca foi muito bem certo, talvez foi apenas por esquecimento mesmo, com novas ideias surgindo e acabou ficando de lado. Com isso, nos primeiros anos da Globo não tiveram histórias novas com ele e apenas foi visto nas republicações dos almanaques. 

Para não dizer que foi totalmente esquecido, ele apareceu supostamente em 2 capas do Cebolinha, uma como médico em 'Cebolinha Nº 23', de 1988, e depois como oculista em 'Cebolinha Nº 30', de 1989. Aliás, são aparições que ficam dúvida se eram ele mesmo, ficando a imaginação do leitor. Abaixo, essas capas com suas supostas aparições:

Capas; 'Cebolinha Nº 23' (1988) e 'Cebolinha Nº 30' (1989)

Seu Juca ficou no limbo até em 1996, quando finalmente voltou a ter histórias inéditas. "Uma biblioteca do barulho", de 'Mônica Nº 117', marca a sua volta aos gibis. Nela, ele é um bibliotecário e estava feliz por ter saído do hospício, quando chegam a Mônica e o Cebolinha. Seu Juca chega a se esconder embaixo da mesa, mas eles o veem e ficam muito felizes com a sua volta e estavam com saudades. Eles estão lá para ler um livro infantil. Seu Juca os deixa sozinhos, que acabam aprontando, subindo nas estantes e conseguindo derrubar metade dos livros no chão.

Seu Juca manda organizarem tudo de novo, mas os 2 discutem e a Mônica fica correndo atrás do Cebolinha na biblioteca. Seu Juca tenta acabar com a correria deles, mas acaba derrubando várias estantes de livros. O dono chega, falando que ele tem que arrumar tudo, e acaba enlouquecendo no final.

Trecho da HQ "Uma biblioteca do barulho"

A partir daí, Seu Juca voltou a ter aparições inéditas regulares, sendo menos frequente do que na Editora Abril. Ele aparecia e depois voltava 1 ano depois, às vezes levava 3 anos para voltar a aparecer. Com o seu retorno, deixou de aparecer nos almanaques, já que pelo visto todas as suas histórias antigas já tinham sido republicadas.

Nessa nova fase na Globo, Seu Juca continuou com a mesma personalidade, exercendo profissões diversas e sendo enlouquecido no final pelos personagens. A diferença é que a Magali passou a a perturbá-lo também nas histórias com frequência, junto com a Mônica, Cebolinha e Cascão. Afinal, ela já era uma grande personagem.

A Magali chegou até a perturbá-lo sozinho, como foi o que aconteceu na história "Um restaurante muito louco", de 'Magali Nº 372', de 2004. Nela, Seu Juca é gerente de restaurante em bairro vizinho, aí a Magali aparece, come tudo sem dinheiro para pagar. Então, ela resolve ajudar no restaurante para compensar o prejuízo lavando louça e depois se tornando garçonete, causando muitas confusões, que piora com a chegada depois da Mônica, Cebolinha e Cascão. No final, seu Juca é internado no hospício e eles vão a outro restaurante, com o Louco como garçom.

Essa foi uma história de abertura bem grande, com 23 páginas, escrita pelo Emerson Abreu, já com caretas exageradas Teve uma curiosidade que a Magali não lembrava do Seu Juca, tendo uma referência a Editora Abril que praticamente não se encontravam. Mas, ela já havia aparecido em outras histórias do Seu Juca antes dessa, tanto que ele lembrava da Magali.

Trecho da HQ "Um restaurante muito louco"

Já o Cascão continuou a não contracenar sozinho com o seu Juca, apenas juntos com seus amigos, incluindo a presença da Magali. Também tiveram algumas histórias de abertura com seu Juca no Parque da Mônica, exercendo alguma função lá e, sendo irritado pelos pestinhas.

Outra novidade na Globo e que seguiu na fase Panini, foi que também a passou a ter crossover com outros personagens fora o quarteto. Já tiveram, então, histórias com o Chico Bento, Turma da Mata, Turma do Penadinho e Dudu perturbando o seu Juca, cada um do seu estilo. Desses crossovers, destaco um trecho da história "Seu Juca no cemitério", de 'Mônica Nº 56' (Ed. Panini, 2011), quando o seu Juca foi coveiro e foi perturbado pelo Penadinho e sua turma.

Trecho da HQ "Seu Juca no cemitério"

Nos últimos anos, a sua presença está mais constante, inclusive mais do que na Editora Abril, aparecendo até de um mês para o outro. Os enredos são um pouco diferente, adaptados ao politicamente correto, as crianças não aprontam nem a metade como fizeram antigamente, girando mais nos personagens querendo "ajudar" de uma maneira torta, ou seja, atrapalhando mais do que ajudando, de forma bem simples. Outra grande diferença na Panini é que o Seu Juca não vai mais para um hospício, e, sim para "casa de repouso". E andam investindo em crossover com a Turma do Penadinho, sempre como segurança, tirando a criatividade nas histórias.

Sem dúvida, o Seu Juca é um personagem muito legal, pena que ficou no limbo por 11 anos, mas felizmente voltou. Ultimamente não tem mais aquele brilho como era na Editora Abril e nas suas primeiras aparições na Globo, foi tudo amenizado por causa do politicamente correto, mesmo assim ainda é bom ver suas histórias nos gibis.

Termino com algumas capas que tem as histórias citadas na postagem:

Capas: 'Almanaque do Cebolinha Nº 7' (1989), 'Almanaque do Cebolinha Nº 8' (1990), 'Almanaque da Mônica Nº 18' (1990), 'Almanaque do Cebolinha Nº 11' (1990), 'Almanaque do Cebolinha Nº 32' (1996), 'Mônica Nº 117' (1996), 'Magali Nº 372' (2004), 'Mônica Nº 56' (2011)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Tirinha Nº 20: Cascão

Nessa tirinha, o Cascão é cuspido  pelo buraco depois de cair nele, como se o Cascão fosse estragado e não ter sido muito bem digerido. De tão sujo que é o Cascão, nem o buraco aguenta. Muito bom, 

Provavelmente, não seria aprovada atualmente, porque o Cascão está sendo comparado a uma coisa estragada e isso não seria bem visto hoje, fora que estão evitando absurdos como esse.

A tirinha foi publicada originalmente em 'Cascão Nº 60' (Ed. Globo, 1989).


domingo, 16 de novembro de 2014

Capa da Semana: Mônica Nº 102

Capas com os meninos fazendo caricaturas da Mônica em lugares inusitados eram comuns. Tudo para eles não perderem a oportunidade de aprontar com a Mônica. Nessa que eu mostro, Cebolinha e Cascão fizeram caricatura dela só feita de dominós enquanto jogavam. Muito legal.

A capa dessa semana é de 'Mônica Nº 102' (Ed. Globo, Junho/ 1995).


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Rolo: HQ "No flagra"

Mostro uma história divertida em que o Rolo se meteu em encrenca quando resolveu pegar uma mulher enquanto a sua namorada estava viajando. Com 7 páginas, foi publicada originalmente em 'Mônica Nº 180' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Mônica Nº 180' (Ed. Abril, 1985)

Rolo convida Sandrinha, uma amiga dele, para visitá-lo em sua casa, com a intenção de ficar com ela, aproveitando que a sua namorada estava viajando. Sandrinha aparece e, sem saber da sua verdadeira intenção, diz a ele que só foi porque ele disse que não está namorando, porque a outra garota ia ficar com ciúme com ela visitando a casa do namorado, mesmo que seja uma visita de  amizade.


Sandrinha ainda pede para confirmar se o Rolo não está namorando, e ele responde que está livre como um passarinho. Nessa hora, ele pensa, reconhecendo que é um cara-de-pau, que está saindo com a Martinha e se a Sandrinha soubesse, não ira visitá-lo e como sabe que está viajando, acha legal a cena que seria se a Martinha tocasse a campainha naquela hora.

 Rolo ri alto enquanto pensa e a Sandrinha pergunta o motivo da risada. Ele se enrola e fala no nome da Martinha e se engasga. Sandrinha pergunta do que ele a chamou, quando na hora a campainha toca. Primeiro, sente aliviado por tocar, pensando que tem que tomar cuidado. Quando atende a porta, dá de cara com a Martinha, que não foi viajar e resolveu visitá-lo.


Rolo fica com medo de ser flagrado com outra mulher e bate a porta na cara dela. Ele volta para sala e a Sandrinha pergunta quem era. Desorientado, diz que não era ninguém. A campainha volta a tocar insistentemente e a Sandrinha avisa que "ninguém" voltou a tocar. Rolo responde que não está ouvindo nada, colocando o dedo no ouvido dela. Ela afirma que está tocando e não está dando pra conversar. Enquanto Rolo fala que eles não precisam conversar, Sandrinha se levanta para atender. Quando ela atende, Rolo se ajoelha confessando que é um canalha. Mas, na hora, a Martinha não estava mais lá.


Rolo fica aliviado, e a Sandrinha fica sem entender nada. Nessa hora, Martinha aparece, falando que entrou pela porta dos fundos. Rolo, então, bate a porta, deixando a Sandrinha do lado de fora. Rolo diz que não atendeu porque a porta estava encrencada e a Sandrinha toca a campainha. Martinha grita, dizendo que a porta está encrencada. E o Rolo imediatamente a empurra, mandando ela ir lá fora tentar a porta para ele.


Sandrinha abre a porta furiosa e toma satisfações com o Rolo querendo saber por que a deixou do lado de fora e não abriu depois e que voz de mulher era aquela. Ele dá desculpa que está crescendo e a voz está mudando. Sandrinha responde que ele já é um marmanjo, quando a campainha volta a tocar. Ele avança na porta e diz que ninguém vai abrir a porta porque é ele quem manda na casa dele. Sandrinha lança um olhar de gelo para ele, que deixa ela abrir. Antes, implora para não abrir porque pode ser um bandido, um cão raivoso ou um monstro.


Quando a Sandrinha abre, tem a surpresa que ela e a Martinha se conheciam. Elas eram amigas de infância que não se viam há algum tempo e se abraçam. Rolo tenta se explicar, dando desculpas e as duas mandam calar a boca. No final, as duas ficam conversando e fofocando sobre o pessoal das antigas e deixa o Rolo brabo de lado no braço do sofá, sem nada o que fazer.


É uma história muito engraçada, mostrando o verdadeiro Rolo "pegador" que conhecemos, envolvido em confusão com a mulherada. Dessa vez, em vez uma só mulher, resolveu pegar duas ao mesmo tempo e se deu mal. Na postagem, a coloquei completa. Muito legal ver o Rolo se orgulhando em ser canalha em querer ficar com as duas e as desculpas que dava para elas, para uma não saber da outra. E o final das mulheres já se conhecerem foi surpreendente. Até dava para imaginar que ele ficaria sem as duas no final, mas não que elas se conheciam. Muito bom.


As histórias mais divertidas do Rolo são essas assim com ele mulherengo e as confusões que se metia por causa disso. Em cada história ele aparecia com uma mulher diferente, ou pegando várias mulheres na mesma história, tentar ficar com alguém comprometida, ou ainda enrolar a namorada por não ter dinheiro na noite do encontro. Hoje isso tudo é evitado, já que não é politicamente correto. Interessante também que o Rolo só pegava mulheres gatas, e quando aparecia alguma feia, ele corria. 

Os traços são excelentes, do estilo consagrado do Rolo, que nunca devia ter mudado. Aliás, ela foi toda muito bem desenhada, por sinal. Enfim, uma história que vale a pena relembrar.

Essa história foi republicada no 'Almanaque do Cascão Nº 27' (Ed. Globo, 1994), que foi onde eu a li pela primeira vez e de onde eu tirei as imagens da postagem.

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 27' (Ed. Globo, 1994)