segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Livro "As Grandes Piadas da Magali"

Em agosto de 1987 era lançado nas bancas pela Editora Globo o livro "As Grandes Piadas da Magali Nº 5". Nessa postagem faço ma resenha de como foi esse livro.

Com formato pocket com lombada 10,5 X 17,5 cm, 84 páginas e miolo em papel jornal, foi o primeiro e único livro de tirinhas da Magali. Na série "As Melhores Piadas" da Editora Abril a Magali não teve um título só dela e acabou tendo esse na série "As Grandes Piadas". Foi também o primeiro título próprio da Magali em bancas antes de ela ganhar revista própria em 1989. 

A capa foi ilustrada por uma tirinha bem bacana, com Magali recebendo visita do Ibope para saber qual seu programa preferido e ela responde mostrando que é assistir à geladeira. Na capa um logotipo diferente do que estamos acostumado, bem bonito também, que seria mudado quando ela ganhou revista própria, deixando com letras curvilíneas, estilo como era o logotipo da revista da Luluzinha. No frontispício, apenas um texto do Mauricio de Sousa falando sobre a edição, sem mostrar uma ilustração da Magali como nos livros da Editora Abril. Esses pockets da Globo não costumavam nem ter frontispício, começavam já com uma tirinha de 1 página.


Em seguida, vêm as tirinhas, foram 80 no total, incluindo a da capa, em preto e branco, uma por página em formato vertical, entre 2 a 4 quadros por tira. Foram republicações de tiras de vários jornais do Brasil entre 1977 a 1984, fora de ordem de quando produzidas.

Foram reunidas tiras clássicas da Magali, a maioria envolvendo a sua fome exagerada, os absurdos do que ela comia e os problemas que tinham com a sua gula. Vemos muitas vezes Magali egoísta, regulando comida para os amigos ou fazendo tudo para conseguir o que eles estavam comendo. Outras vezes os amigos que regulavam comida, escondiam quando ela se aproximava ou ela se dava mal por sua gula.

Como de costume nesses livros da Turma da Mônica, tinham bastante tiras que acabaram sendo republicadas nos gibis convencionais da época. Tiras entre 3 a 4 quadrinhos, eles colocavam depois no final do expediente dos gibis, só colorindo. 

Quem tinha esses livros de tirinha acabavam vendo as mesmas nos gibis e os pockets da Turma da Mônica ficam sendo menos atraentes do que secundários como Bidu, Penadinho e até mesmo Chico Bento, que mesmo tendo gibi, não costumava ter tiras desses livros nos gibis dele porque pegavam mais as dos anos 1970 nesses livros. Ainda assim, nesse livro da Magali tiveram bastante tiras raras que não saíram nos gibis, nas últimas edições que focaram bastante em tiras mais novas até então e que saíram em gibis depois.

Algumas tiras depois viraram piadas de tabloides, capas ou de histórias normais em gibis. E tiveram outras tiras que mais tarde foram redesenhadas para saírem nos gibis ou até mesmo redesenhadas em outras tiras de jornais. Essa, por exemplo, foi redesenhada depois em 3 quadros pra ser colocado como tira final de 'Magali Nº 42', de 1991.

Muitas tiras apareciam a Magali contracenando com Cebolinha, já que as tiras que saíam em muitos jornais tinham créditos ao Cebolinha. Apesar de ter o foco da sua personalidade principal, algumas não foram sobre comida, foram outros assuntos diversos como roupa, brincadeiras, etc. 

Em algumas ela fez participação, mas não era o foco central da piada como testemunhar Cebolinha aprontando com a Mônica, mostrar que Mônica é fofoqueira, etc. E teve uma tirinha em que ela não apareceu, mas foi citada pela Mônica, avisando para mãe que Magali ia jantar na casa e teria que cozinhar por um batalhão e, assim, era foco de comida.

Tiveram também tiras que não eram da Magali e, com isso, ela não apareceu, eram tiras de outros personagens. Anjinho, Humberto, Cebolinha e Cascão tiveram suas tiras solo nesse livro. Anjinho teve 3 tiras; Cebolinha, 2; Humberto e Cascão, 1. Já Mônica até teve piadas com ela, mas teve participação da Magali contracenando com ela.

Isso acontecia também em outros livros desses títulos com Mônica, Cebolinha e Cascão. Apesar de ter o nome estampado deles na capa, também tinham de outros personagens inclusos, só com foco maior e ter mais quantidade de tiras do personagem do título. 

Isso pode ter motivado depois de eles terem mudado o título para "As Grandes Piadas da Turma da Mônica" para colocarem tiras variadas de todos os personagens e não ter o erro da gente pensar que os livros teriam só tiras do personagem de capa como seria a proposta. 

Anjinho, aliás, teve bastante tiras nesses pockets da Turma da Mônica, tiras bem interessantes por sinal, podiam até ter feito um livro só dele, talvez não fizeram por não terem tiras suficientes pra fechar um livro, mas nada descartava de incluir algumas da Turma da Mônica pra fechar o livro. Perderam a chance de fazer um.

É um livro legal, sem dúvida, reunindo as tiras da Magali, sempre bom ver a Magali clássica com todos os absurdos de sua gula e cenas bem incorretas. De desvantagem é que quem tinha os pockets não deviam gostar de ver as mesmas tiras nas revistas em tão pouco tempo e pena não ser totalmente com tiras dela, mas a grande maioria foi e é garantia de diversão com todos os personagens. Vale a pena ter na coleção.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Tina: HQ "Telefonema Inoportuno"


Mostro uma história em que a Tina foi perturbada por um telefonema enquanto dormia durante a madrugada. Foi história de encerramento de 'Gibizinho da Tina Nº 21' (Ed. Globo, 1992). 

Escrita por Flavio Teixeira de Jesus, começa com o telefone tocando às duas e meia da madrugada enquanto Tina estava dormindo. Ela não acredita, pensa que é um sonho, mas o telefone toca de novo e ela acha um pesadelo. 

O telefone continua tocando e Tina resiste a atender, fala que pode tocar que não atende e com a insistência, resolve atender senão não dorme. O homem da outro lado da linha a chama de amorzinho. Tina quer saber que história é essa de "amorzinho" e pergunta quem está falando. Ele fala para Tina adivinhar e ela diz que deve ser um palhaço que não tem o que fazer.


O homem a chama de amor e Tina se irrita, manda parar de chamá-la de amor e quer saber quem está falando. Ele fala que é a sua paixão e Tina manda o engraçadinho dar cantada em outra e pergunta se ele sabe que horas são. Ele fala que são duas e meia. Tina fala que era madrugada e ele diz que era de tarde lá na Austrália.

Tina estranha ele falar da Austrália e saber o nome dela e o homem pergunta se deu amnésia nela e se esqueceu da voz dele. Fala ainda que vão se casar mês que vem e que vão morar na casa que o tio rico dele de Chicago deu de presente. Ele é milionário, não precisava, mas o tio insistiu. Tina começa a ficar interessada nele ao revelar essas coisas e o homem pergunta quando ela vai para lá, só que a chama de Betina. Ela diz que o nome "Tina " dela é de Cristina. O homem diz que foi engano e desliga.

No final, Tina fica uma fera, acha ridícula a piadinha, um absurdo acordá-la no meio da noite por nada e acha que foi um trote do Rolo. Tina resolve, então, telefonar para o Rolo para dar o troco, só que telefona para número errado e vai parar na casa de um casal e uma mulher atende e estranha a Tina chamar o marido de amorzinho e perguntar para adivinhar quem está falando e o marido dela fala que não conhece ninguém.

História legal com a Tina sendo perturbada com um telefonema de madrugada. Mostra telefonemas inconvenientes ou trotes que recebemos enquanto estamos dormindo ou  a qualquer hora do dia e como lidamos com isso. Ela pensou que era trote, mas era real, o homem apenas telefonou errado e por coincidência as duas mulheres tinham apelido de Tina. 

Foi engraçado a Tina ter que se levantar da cama para atender o telefone, ficar irritada com o homem da outra linha e ao pensar que era trote do Rolo, querer dar troco nele, mas acabou ligando errado, para casa de um casal. Engraçado também ela se interessar ao saber que ele era milionário, morava na Austrália, tinha tio rico que ia bancar casa para eles. O que justifica uma ligação da Austrália para o Brasil porque é caríssimo. 

Mostrou uma Tina interesseira, mudando de ideia de ter recebido ligação no meio da madrugada só porque o homem era rico. Quem se deu bem foi a noiva dele, Betina ficou milionária. Confirmamos que o nome da Tina é de Cristina e o Flávio quis colocar uma Betina como a mulher do milionário como forma de rima do apelido Tina. 

Se fosse hoje, ela poderia ter recebido ligação de celular e ter atendido na cama, não dando trabalho de se levantar até à sala já que não tinha telefone no quarto. Era caro ter telefone na época, tanto obter uma linha e comprar aparelho, ter uma linha já era difícil e seria muito luxo se tivesse extensão no quarto, mas o casal para quem ela ligou tinha no quarto. Interessante também homem milionário falar de orelhão, mas na época era comum e os celulares, que só os ricos tinham, era impopular ainda. Legal ter rádio relógio e um telefone de teclas em discos pra rodar, coisas não usadas mais hoje.

Os traços muito bons com Tina sensualíssima, como era a ordem na MSP nos anos 1990 de deixar a Tina bem gostosona com cabelos compridos e roupas curtinhas com pernas e barriga de fora, dessa vez ficou com camisola justinha com decote à mostra. Ela já havia parecido de camisola sexy na história "Quero dormir", de 'Mônica Nº 52', de 1991. Ela só não apareceu de óculos porque estava dormindo e queria atender logo o telefone. Impublicável justamente por mostrar essa sensualidade excessiva em gibi infantil e envolver trote telefônico, coisa que podia incentivar as criança a fazerem igual, fora ela falar palavrão antes de atender o telefone. Um clássicos da Tina em seus 50 anos de criação agora em 2020.

Foram 11 páginas no formato Gibizinho, mas se tivesse saído em gibi convencional ia ser menos páginas. Nos gibizinhos eu gostava dos quadrinhos tendo outras formas além do quadrado e retângulos convencionais, como círculos, lados diagonais formando trapézios, triângulos, por exemplo. Como o espaço era pequeno, eles podiam ousar e, de quebra, ainda melhoravam ainda mais os traços das histórias. 

Para saber mais detalhes da série "Gibizinho", entre AQUI e AQUI.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Tirinha Nº 78: Aniversário do Cascão


Hoje, dia 25 de novembro, é aniversário do Cascão. Em comemoração, mostro uma tirinha em que ele descobre que apagar uma velinha do bolo na hora do Parabéns ele teria direito a fazer um pedido. Então, ele tem a brilhante ideia de colocar no bolo todo várias velinhas além da idade dele, para poder fazer vários pedidos, fazendo os amigos até ficarem em dúvida de qual a idade ele estava completando.

Respondendo a pergunta do Cebolinha, na época dessa tirinha Cascão e os outros da turminha sempre faziam 6 anos de idade, mas no últimos anos mudaram para 7 anos para eles poderem irem à escola nas revistas.

Feliz aniversário, Cascão!

Tirinha publicada em 'Cascão Nº 335' (Ed. Globo, 1999).

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Capa da Semana: Chico Bento Nº 128


Uma capa legal com o Chico Bento afastando morcegos na roça e se assusta que um deles era, nada mais nada menos que o Zé Vampir! 

Um encontro bem inusitado e tipo das capas que os leitores podem imaginar o que aconteceria depois  da cena de ele ter descoberto um vampiro, dá para imaginar muitas coisas. É bom quando tem crossovers entre os núcleos de personagens e Chico com a Turma do Penadinho fica bem diferente.

A capa dessa semana é de 'Chico Bento Nº 128' (Ed. Globo, Dezembro/ 1991).

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Pelezinho: HQ "Tonico Fura-Bola volta a atacar"


Compartilho uma história em que o Pelezinho teve que impedir que o seu inimigo Tonico Fura-Bola furasse a sua bola. Com 11 páginas, foi história de abertura de 'Pelezinho Nº 24' (Ed. Abril, 1979).

Começa com  o Tonico tentando dar vassourada e reclamando que Pelezinho quebrou mais uma vez a sua vidraça da janela e que conseguiu escapar sem que ele furasse a bola, mas um dia conseguiria e colocá-la na sua coleção de bolas furadas. A empregada Gilda reclama também que odeia aquelas bolas, pois quebram as janelas e ela é obrigada a limpar os cacos e Tonico diz que um dia ele acaba com todas as bolas. 

Logo, ele vê uma teia de aranha em uma de suas bolas furadas e ordena Gilda limpar. Enquanto ela passa o espanador, o local se enche de poeira e Tonico se transforma no vilão Tonico-Fura Bola e Gilda, a assistente do mal. Tonico Fura-Bola deseja furar bola do Pelezinho, diz para a Gilda que ainda sente dorzinha na bunda onde levou chute dele na última vez que tentou furar sua bola e agora tem um plano para conseguir e eles voam pelo céu para executar o plano. Enquanto dão risadas no céu, Pelezinho ouve e acha que já ouviu aquelas risadas em algum lugar.

Cana Braba aparece e pergunta ao Pelezinho se eles vão jogar futebol e cadê a bola e Pelezinho diz que o Frangão foi comprar bolas novas diretamente da fábrica para sair mais barato. Frangão demora muito, mas ele chega e com um saco cheio de bolas novas. Frangão comenta que o dono deu aquelas bolas todas em troca da bola velha do Pelezinho. Ele fica muito triste já que ele tinha aquela bola desde que nasceu, só se separava dela para ir ao banheiro.

Cana Braba o consola e diz que quem precisa de bola velha se eles têm um monte de bola nova. Pelezinho se conforma e quando eles vão jogar com as tais bolas, elas se estouram sozinha toda vez que são chutadas. Cana-Braba até pensa que foi porque Pelezinho chutou forte, mas toda as outras se furam, seja cabaceando, simples toque ou um passarinho encostando de leve.

Pelezinho reclama que Frangão era um péssimo negociante e Cana Braba comenta que o couro das bolas era mais fino que a camisa dele, por isso estouravam fácil. Pelezinho lembra imediatamente da sua bola de estimação e vai à fábrica de bolas recuperá-la. Chegando lá, os donos estavam presos em cabides na parece e Tonico-Fura-Bola estava lá e barra a porta com seu tesourão fura-bolão. Ele tenta recuperar a bola, Gilda estoura uma bola com um gás que faz Pelezinho desmaiar.

Quando acorda, Tonico Fura-Bola estava prestes a estourar a bola e Pelezinho estava com pés presos em uma geringonça com Gilda no ar em cima de Cana-Braba e Frangão amarrados e se Pelezinho se movesse para pegar a bola, a Gilda ia cair em cima dos amigos com seus trezentos quilos e esmagá-los. Pelezinho lembra dos seus momentos com a bola e quando Tonico Fura-Bola vai furar com a tesoura, Pelezinho dá um chute na bunda do Tonico Fura-Bola, com a bola atingindo a Gilda, que vai parar nas outras bolas, volta em direção ao Tonico-Fura Bola, atravessam a janela e vão parar na casa dele, no depósito de sua coleção de bolas furadas. 

Com o ambiente empoeirado, ele volta ser o velho Tonico normal e a Gilda, uma simples empregada. Eles não se lembram de nada do que aconteceu e como Gilda estava ao seu lado, Tonico pensa que ela estava com intimidade com ele, manda não repetir e vão descansar, fala para depois ela limpar a coleção e estranha por que está tao cansado. 

Os meninos vão embora da fábrica com o Pelezinho com a sua bola velha que tem desde que nasceu e, de surpresa, aparecem Samira, Neusinha e Bonga na moita e dão uma bola nova ao Pelezinho, como presente da torcida dos meninos. Cana Braba gosta de chutar a bola nova e todos vão jogar futebol e Pelezinho deixa a bola jogada no chão. Enquanto jogam, Pelezinho gosta da bola nova e ao mesmo tempo a bola antiga chora por ter sido desprezada por ele.

História sensacional com Pelezinho passando sufoco pra não ter a sua bola estourada pelo Tonico Fura-Bola e sua assistente Gilda. Foi toda divertida, se não fosse a astúcia do Pelezinho, o Tonico Fura-Bola teria conseguido furar ou até esmagar os seus amigos com a Gilda caindo em cima deles se Pelezinho se movimentasse errado. Ainda trouxe mensagem de amor de crianças com os brinquedos de estimação, no caso o Pelezinho que não desgrudava da bola que tinha desde que nasceu, mas acabou virando brinquedo descartável no final quando ele gostou da bola nova e deixou de  lado a antiga. Foi curioso personificarem a bola, mostrando que estava chorando por ter sido desprezada.

Esse vilão Tonico Fura-Bola foi uma boa sacada do núcleo do Pelezinho. O velho Tonico não gostava que as bolas dos meninos caíssem no quintal da casa dele e quebrarem as vidraças e furava todas as bolas que caíam lá, mas nunca conseguia furar a bola do Pelezinho. Toda vez que ele era exposto com a poeira da sua coleção de bolas furadas, eles se transformavam em vilão com superpoderes pra conseguir furar a bola do Pelezinho. Essa foi a segunda aparição deles, a primeira foi na história "O terrível Tonico Fura-Bola", de 'Pelezinho N º 13', de 1978, mas nessa história de 1979 fizeram o roteiro de um jeito que mesmo quem não havia lido a edição "Nº 13" ou não  ele lembrar mais, dava para entender a história perfeitamente. A novidade desta vez foi a presença da empregada Gilda, que não havia aparecido na história anterior. Então, quem ficava exposto naquela poeira se transformava em vilão. 

Interessante que quando o velho Tonico era o vilão com poderes, ficava mais jovem e sem bigode. Apareceu em outras histórias do Pelezinho de vez em quando. Tudo indica que ele teria sido criado apenas como personagem de uma história única da edição "Nº 13", mas viram que tinha potencial e se tornaram vilões fixos. Pelo visto, foi inspirado no Capitão Feio, que quando foi criado era tio do Cascão e uma pessoa normal e só se transformava no vilão Capitão Feio em contato com poeira grande da sua coleção de gibis velhos. Além do Tonico Fura-Bola, o Pelezinho também tinha o Jão Balão e seu amigo Zé, que estragava os planos do Jão, como vilões fixos, esses aparecendo mais nas revistas. Jão Balão tinha inveja do Pelezinho jogar futebol muito bem e queria destruí-lo. Eles gostavam de criar vilões fixos que tiravam o sossego dos personagens e com Pelezinho não podia ser diferente.

Os traços excelentes, típicos do final dos anos 1970, os personagens já estavam com bochechas menos pontiagudas. Pode notar também que em 1979 já tinha um texto bem informal, diferente no início dos anos 1970 que tinha texto formal demais. Tanto que nessa do Pelezinho, tiveram palavras "boto" (coloco) e "ir no banheiro", que deveria ser "ao banheiro". História impublicável hoje em dia por envolver destruição de brinquedos de estimação de uma criança e final triste da bola, fora Tonico querer dar vassourada no Pelezinho e falar palavrão no início e bullying com os gordos, o peso da Gilda, dizer que os meninos presos iam virar pasteis se ela caísse neles. 

As revistas do Pelezinho eram muito boas, mesmo sendo baseado em jogador de futebol famoso, o Pelé, mas tinha bastante coisas incorretas que deixava bem divertidas. Depois a MSP ainda teve outras revistas baseados em jogadores de futebol, Ronaldinho Gaúcho e Neymar Jr., mas não chegam nem de perto aos pés do nível das histórias do Pelezinho. Apesar de terem a mesma proposta de futebol, as dos outros já tinham predominância do politicamente correto, sem contar os desenhos ruins nas histórias. 

Aproveito com essa postagem para homenagear o Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, pelos seus 80 anos de idade em 23 de outubro de 2020, que tenha muito mais anos de vida, e serviu de homenagem também ao "Dia da Consciência Negra", comemorado hoje, 20 de novembro, visto que Pelezinho e sua turma foi o núcleo com mais personagens negros da MSP, tanto ele, seus pais quanto maioria dos seus amigos, como Cana Braba, Bonga, Teófilo e vilões Zé e Gilda, eram negros. Bom do núcleo dele que tinha também uma boa mistura de raças, como a namorada Neusa e família dela que eram japoneses e a Samira, que tinha descendência do Oriente Médio por preparar quibes duros. Isso também diferenciava bem e se tornava mais carismática a turma do Pelezinho.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Magali: HQ "Come, Duduzinho, come!"


Em novembro de 1990, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Come, Duduzinho, come", em que a Magali, junto com a Dona Cecília, mãe do Dudu, fazem uma receita especial escolhida pelo Dudu para ver se ele come. Com 8 páginas, foi história de encerramento de 'Magali Nº 37' (Ed. Globo, 1990).

Escrita por Rosana Munhoz, Magali vê o Dudu enterrando alguma coisa. Magali pensa que estava brincando de enterrar tesouro e ele diz que estava enterrando o almoço. Magali não se conforma Dudu ter feito isso e ele diz que foi por uma boa causa, a mãe dele quer que ele coma, ele não quer e enterrando ela pensa que limpou o prato e todo mundo fica feliz.

Magali fala que ele precisa comer para crescer, ficar forte, bonito e ele diz que já está feliz como está. Magali comenta que não pode ficar sem comida e ele diz que não detesta qualquer tipo de comida, só as que a mãe faz como arroz, feijão, carne, verduras, etc, deixando Magali com água na boca. Dudu só acha gostoso pirulito e eles brigam com Magali falando que não entende como ele vivem sem comer e Dudu sem entender como ela vive comendo.

Eles se viram de costas um para o outro e aí a mãe do Dudu aparece, toda feliz que o filho limpou o prato. Magali conta para Dona Cecília que ele enterrou tudo no quintal e que não gosta da comida dela. Dona Cecília fala que capricha tanto na comida para ele dizer aquilo e Magali tem ideia de fazer o Dudu escolher um prato que gosta, aí não tem desculpa para não comer. Então, Dona Cecília entrega um livro de receitas para ele escolher uma junto com a Magali.

Dudu acha aquilo um livro de terror e Magali dá sugestões de receitas como peixe frito, ravioli, frango à caçarola, arroz de carreteiro, musse de maracujá. Nessas alturas, ela já fazia cara de fome e só faltava devorar o livro. Dudu toma o livro e diz que já escolheu o que quer comer. Magali conta para Dona Cecília que ele quer alcachofras ao molho de queijo roquefort, bacalhau real ao forno e bolo nevado de nozes de sobremesa. Cecília diz que são receitas muito complicadas e ingredientes fora de época e, então, Dudu diz que é uma pena, era o que queria e se não tem, não come. Cecília, então, vai às compras com a Magali só para o Dudu comer.

Depois, elas voltam. Cecília comenta que conseguiram tudo que precisavam após rodarem todos os supermercados da cidade. Magali fala que o mais difícil foi encontrar as nozes naquela época do ano e Cecília diz que não seria se ela não devorasse as primeiras que encontraram, mas não liga, a Magali tem ajudado muito e não sabe como agradecer. Magali fala que é só convidar para jantar lá e Cecília aceita e pede para Magali ajudá-la na janta.

Enquanto preparam a comida, Cecília fala que estão tendo muito trabalho, mas se o Dudu comer vai valer a pena e enquanto isso, Dudu ouvindo o barulho da cozinha, imagina a mãe e Magali como bruxas e fala que pelo cheirinho, a hora dele está chegando. Quando fica pronta, Magali chama o Dudu e o flagra fugindo pela janela. Magali o leva para cozinha e a mãe mostra a mesa com tudo que ele pediu.

Dona Cecília serve o prato e Dudu fala que queria comer aquilo e vai comer. Ele come uma garfada e sai da mesa, alegando que disse que ia comer, mas não disse quanto. Dona Cecília e Magali desmaiam, depois de tanto trabalho que tiveram para ele não comer. Enquanto desmaiadas, ele come rápido, falando que tem que manter a fama de mau.

Muito legal essa história, Magali tem ideia do Dudu escolher o que comer, mas não contava que ele teria plano de escolher receitas difíceis de fazer e de encontrar os ingredientes só para ele não comer. Acabou a mãe dele e Magali encontrando tudo, mas ele só provou a comida, alegando que não disse o quanto ia comer. No final, ele só comeu pra não fazer desfeita, com pena do trabalho que tiveram, mas queria perturbá-las.

Foi divertido ver o Dudu enterrando comida, a briga dele com Magali por ele ter feito aquilo, ela quase devorando livro e ter comido as nozes no mercado e elas terem que rodar todos os supermercados para encontrar outras e o Dudu achar elas como bruxas ao fazerem comida. Quando Dudu fala que tem que fama de mau, foi referência à música de Erasmo Carlos.

Engraçado também a Dona Cecília chamar o Dudu de anjinho, ele era um pestinha. Dava pena ver todo o esforço que ela fazia para ele comer e ele, nada. Impublicável, principalmente no início com Dudu enterrando comida, é pecado e não aceitariam isso, assim  como Dudu sacanear mãe, Magali com fome exagerada. Além disso, hoje em dia, é raro ter histórias com ele recusando a comer, preferem que ele seja pestinha e pirracento com os seus amigos. 

Na briga entre Magali e Dudu, de certa forma eles tem razão de como Dudu vive sem comer e Magali vive comendo o dia todo. Na vida real, Dudu não ia conseguir viver sem nada no estômago ou ficar só com pirulitos e ninguém só pensa em comida o tempo todo como a Magali, mas como são histórias em quadrinhos, tudo é válido, o que importa é a fantasia, mostrar as características dos personagens e o contexto das histórias. 

O nome da Dona Cecília já foi definido nessa história, mas ainda não era a tia da Magali nem o Dudu o seu primo, o que aconteceu só em 2005. Porém, na republicação em 'Turma da Mônica Extra Nº 11 - Dudu' (Ed. Panini, 2013), alteraram a Magali a chamando de "Tia Cecília" para ficar igual às história atuais. Pelo menos na 'Coleção Histórica Nº 37' dessa edição mantiveram "Dona Cecília".

Os traços ficaram bons, típico de histórias de miolo da época, sendo que já estavam começando a mudar o Dudu, colocando os olhos com fundo branco iguais aos outros personagens em vez de do tom de pele dele. Ainda assim, alguns quadrinhos não apareceu com olhos brancos. Estava em fase de transição, portanto, ficando com olhos brancos em definitivo a partir de 1991. Preferia Dudu sem olhos brancos pra aparentar criança com menos idade que os principais. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

sábado, 14 de novembro de 2020

Cascão: HQ "Cremilda para vereadora"


Eleições chegando e mostro uma história em que a Cremilda, irmã da Clotilde, se candidatou a vereadora e tinha como promessa de campanha dar banho no Cascão. Com 6 páginas, foi história de encerramento de 'Cascão Nº 221' (Ed. Globo, 1995).

Nela, Cremilda estava fazendo comício eleitoral para sua campanha de vereadora ao lado da sua irmã Clotilde e avisa que se for eleita promete fazer aquele bairro o mais limpo da cidade e divulga seu slogan "Não tenha uma cidade poluída, vote na Cremilda". O povo a aclama que já ganhou e ela diz que como amostra do que vai fazer depois de eleita, vai dar banho no Cascão. Todos se surpreendem e Clotilde cochicha que se ela conseguir isso, vai ser eleita prefeita.

Enquanto isso, Cascão vê vários cartazes de "Cremilda vereadora" na rua em muros, postes e até em um cachorro e gosta, pois agora a Cremilda envolvida em política, vai deixar a vida dele em paz. Vai sonhando, Cascão! As irmãs já estavam a seu lado com planos de dar banho nele. Cascão se assusta ao vê-las e Cremilda fala que foram para pedir o voto dele e elas tentam jogar água da mangueira e balde.

Cascão consegue fugir e Cremilda fala que precisa dar banho nele e cumprir a promessa de campanha dela. Cascão se esconde, mas é surpreendido e Cremilda o prende dentro de um saco. Cascão pensa que é o homem-do-saco e as irmãs o levam para lhe dar banho no palanque eleitoral e já com intenção de disparar nas pesquisas de opinião. 

No palanque, Cremilda fala que é um dia histórico, diz o slogan "Cremilda promete, Cremilda faz" e Clotilde leva a tina d'água até lá. Cremilda joga o conteúdo do saco lá e, assim, Cascão tomaria banho. Só que na hora ele cai na beira do palanque. Ele fica se equilibrando um tempão e elas resolvem empurrá-lo. Aí, Cascão faz um salto ornamental, as irmãs caem na tina e ele consegue fugir correndo.

Quando elas caem na tina, a água molha o povo do comício e eles reclamam que não terá voto deles e vão embora. Cremilda e Clotilde ainda imploram para voltarem e votarem e no final Cremilda comenta com a irmã que o pior não é deixar o Cascão escapar de novo, e, sim, o trabalhão que vão ter para limpar a cidade dos cartazes de campanha, já que as eleições já era para ela.

É legal essa história da Cremilda resolver dar banho no Cascão para ver se consegue mais votos na sua candidatura de vereadora. Deu para entrar no clima de uma verdadeira campanha eleitoral com políticos fazendo suas promessas em comício, até slogans de campanha a Cremilda tinha. Nem envolvidas em política, as irmãs não esquecem de dar banho no Cascão. Antes, ela prometesse só deixar o Bairro do Limoeiro limpo, isso ela conseguiria junto com a Clotilde, mas limpar Cascão é tarefa impossível, não pode prometer o impossível. Foi mais crucial ainda, elas terem molhado o povo e aí que desistiram de votar nela. 

No final, elas tiraram os cartazes das propagandas políticas poluindo o bairro. Já que elas têm mania de limpeza, não podiam deixar o lixo visual no bairro, bem diferente o que acontece na vida real com cidades todas sujas com as propagandas de cartazes e santinhos dos políticos após campanha eleitoral, aí não deixa de ser uma crítica do roteirista em relação a isso. 

Foi engraçado o Cascão achando que finalmente teria paz na vida com Cremilda sendo vereadora e depois vê-lo fugindo do banho, ele fazia vários absurdos para escapar e sempre conseguia. Dessa vez, conseguiu sumir do nada ao ser encurralado com mangueira e balde d'água na frente dele e dar um salto incrível a ponto de dar inveja a qualquer atleta de salto ornamental olímpico. Esse é o verdadeiro Cascão que conhecemos. 

A partir de meados dos anos 1990, o Cascão já sabia muito bem que as irmãs Cremilda e Clotilde tinham desejo de dar banho nele e já as tratava como vilãs. Diferenciou dos anos 1980 que ele era inocente e não sabia das intenções delas e tratava como amigas e elas fingiam que eram amigas dando show de falsidade para dar banho nele no momento certo. Eu preferia quando o Cascão era inocente sendo amigo delas e conseguia escapar do banho por sorte, ficava mais engraçado. Ele até costumava abracá-las no final com a sua inocência, deixando todas sujas e bem irritadas. Impublicável por envolver tema de eleição que acham que não é apropriado para crianças e por não mostrarem mais Cascão fugindo do banho de formas absurdas. Na verdade, é raro ter histórias de banho nos gibis dele hoje em dia.

Os traços não ficaram ruins, eram típicos de histórias de miolo do Cascão dos anos 1990.  O que diferenciou mais foram os narizes da Cremilda e Cotilde, já que quando foram criadas  tinham narizes bem grandes e depois foram diminuindo. Nessa história, até que ainda estavam com tamanho de nariz médio, dava para aceitar em relação aos traços delas originais, mas ultimamente na Panini, o nariz são bem pequenos, bem minúsculos, descaracterizando muito. Fazem isso porque não querem mais personagens com narizes grandes para não dizer que estão com bullying com quem é narigudo na vida real. Personagens como Chico Bento, Nhô Lau, Zecão, Cafuné, entre outros, tiveram narizes bem reduzidos nos últimos anos por causa disso.