domingo, 28 de junho de 2020

Livro "As Melhores Piadas do Roque Sambeiro"

Há algum tempo postei sobre como foram de um modo geral os livros "As Melhores Piadas" e "As Grandes Piadas" publicados pela Editora Abril e Globo, respectivamente. Agora vou fazer série de postagens falando de cada livro individualmente, agrupando por personagens e mostrando muitas tirinhas contidas em cada livro. Então, nesse post faço resenha de como foi "As Melhores Piadas de Roque Sambeiro".


A coleção "As melhores Piadas" era para ter 6 edições e resolveram prolongar tornando-se um título fixo mensal e para dar continuidade à coleção foi lançada essa sobre "Roque Sambeiro".Esse livro foi lançado nas bancas em janeiro de 1986, foi a edição "Nº 7" da coleção aproveitando o sucesso da novela "Roque Santeiro" da Rede Globo de Televisão que estreou há 35 anos, em 24 de junho de 1985 e que ainda estava no ar na TV no início de 1986. Foi primeira vez que a MSP parodiou novelas, antes era só paródias de filmes e séries de TV em histórias ou no máximo personagens assistindo novelas na TV. As vezes até tinham histórias de teatrinhos, mas não interpretando personagens de novelas atuais até então. 

Teve formato lombada 10,5 X 17,5 cm, 84 páginas e miolo em papel jornal. A capa que foi apenas cartonada sem ser plastificada como as 6 edições anteriores. Da "Nº 7" até a "Nº 10" foram apenas capas cartonadas e depois voltaram a ser plastificadas. A capa também foi diferente,  sem mostrar uma tirinha como nas outras edições desse título, apenas uma ilustração com Mônica, Cascão e Cebolinha caracterizados como os personagens da novela. Abre com frontispício com Mônica e Cebolinha apresentando a edição.

Frontispício da edição

Em seguida vem as tirinhas, foram 79 tirinhas no total, uma por página em formato vertical e em preto e branco. O que se tornou diferente que foram tiras inéditas produzidas especialmente para essa edição, as outras dessa coleção foram republicações de tirinhas de jornais dos anos anteriores. As tiras dessas edição não foram republicadas depois em gibis, diferente dos outros números dos personagens da Turma da Mônica e do Chico Bento da coleção que eram republicadas nas tirinhas finais de gibis.


Para ter uma ideia do universo, a novela"Roque Santeiro" foi um fenômeno na época. Estrelada por José Wilker (Roque Santeiro), Lima Duarte (Sinhozinho Malta) e Regina Duarte (Viúva Porcina), contava a  história de Roque Santeiro que voltava à cidade de Asa Branca 17 anos depois de ter dado como morte pelo bandido Navalhada para se vingar das autoridades locais e tinha que preservar sua identidade sem revelar ao povo que era o Roque. E ainda teve triângulo amoroso de Viúva Porcina com  Roque Santeiro e Sinhozinho Malta quando ela conhece o Roque.


A MSP aproveitando a onda, fez esse título com tirinhas com piadas parodiando a novela. Com isso, as tirinhas têm como base os personagens brincando de novela, interpretando os personagens principais da novela. Além de fazerem piadas com as características dos personagens e cenas importantes que aconteceram na novela, a turma também comenta sobre cenas dos capítulos da novela e fazem também crítica aos formatos de novelas com muita violência, tristezas, sexualidade. E tem algumas tirinhas também com piadas sobre televisão no geral.


Nas tirinhas tiveram toda uma trajetória como eles tendo a ideia de brincarem de novela "Roque Sambeiro", ver quem vai fazer qual personagem da novela,  fazer teste de elenco para incluírem outros personagens da novela, mostrando eles brincando interpretando as cenas das novelas até eles se cansarem e desistirem da brincadeira. Cada momento com piadas curtas em cada página e tudo com  muito bom humor.


Os personagens da turminha ficaram vestidos com suas roupas normais, sem eles ficarem caracterizados como os personagens da novela, com exceção da capa e frontispício, afinal eles estavam apenas brincando de quadrinovela. Os nomes dos personagens da novela foram parodiados. Como personagens principais, Mônica se tornou a "Viúva Mônica Porfina" (Viúva Porcina), Cebolinha como "Sinhozinho Balta Cebolinha" (Sinhozinho Malta), Cascão como "Roque Sambeiro" (Roque Santeiro), e Magali como "Matilda, dona de hotel e boate" (Matilde).


Procuraram colocar as principais cenas e momentos da novelas, inclusive bordões como "Tô certo ou tô errado" do Sinhozinho Malta e descobrir quem era o lobisomem que atacava as mulheres em noite de Lua Cheia. Algumas piadas para serem entendidas hoje tem que ter visto a novela ou pelo menos saber a sinopse da novela. Tipo, para entender a piada do Anjinho ficar convencido que tem asa branca, tinha que saber que foi trocadilho com a cidade Asa Branca, ambientada na novela.


Mesmo interpretando personagens da novela, não perderam a essência das características da Turma da Mônica, fazem piada com cheiro do Cascão, Cebolinha provocando Mônica, fome da Magali, mas tudo bem encaixado com o enredo da novela, isso foi bem criativo. Nomes de atores de novelas também foram parodiados como "Regina Buarte" (Regina Duarte), "Claudia Arraia" (Claudia Raia) e" Derly Gonçalves" (Dercy Gonçalves).


Durante a edição foram inseridos outros personagens da novela e, assim, tiveram presença de Chico Bento como "Zeca das Medalhas" (Zé das Medalhas), Bidu como "Lulu" (Lulu), Maria Cebolinha como "Vânia" (Tânia) , Louco como "Balu" (Beato Salu) e Franjinha como diretor da novela. Teve participação também do Titi (com trocadilho do nome dele com o da novela "Ti Ti Ti" que estava no ar na época), Humberto (que não podia fazer o papel do "Padre Nipólito" (Padre Hipólito) porque o padre estava enxergando e  falando tudo na novela), além de Anjinho, Xaveco e Penadinho. Achei legal o crossover da turminha com o Chico Bento e, inclusive ver Chico Bento com Bidu juntos e Chico Bento e Humberto juntos conversando com linguagens de sinais em libras dos mudos em uma mesma tirinha.


Teve também 3 páginas com tirinhas feitas por sugestões de leitores imaginando o que poderia acontecer na novela e como seria o final dela. Nessas páginas os personagens da turminha ficam caracterizados como os personagens da novela e uma página foi toda desenhada pela leitora, Umas piadas bem interessantes que achei foram as envolvendo críticas da novela, a turminha achando um enredo muito complicado e depois ficou muita violenta, triângulos amorosos, muito sexo e que andava pesada para crianças assistirem.


Curiosamente, as primeiras tiras com um estilo de traços mais simples e estilo mais livre e depois com os traços acostumados de 1985. As tiras também não foram completamente mostradas na ordem produzidas, tiveram algumas fora de ordem. Isso achei uma desvantagem, podiam ter seguido tudo na sequência que produziram. Podiam também terem colocado alguém fazendo o papel do prefeito Frô (que parodiaram como"Clô"), já que foi bem citado no livro.


Hoje seria completamente impublicável um livro assim, os personagens não ficam vendo novelas nas histórias por não serem consideradas programa para crianças, ainda mais novela mostrando violência, assassinatos, sexualidade, etc, e ver os personagens interpretando e envolvido com essas coisas da novela é bem inusitado e sem chance mesmo. Atualmente fazem no máximo paródias de filmes no título "Clássicos do Cinema", de preferência envolvendo super-heróis, ficção científica e fantasias para não ser tão pesado para as crianças.


Como podem ver, foi um livro bem criativo e raro, sem dúvida o mais diferente da coleção "As Melhores Piadas". Conseguiram adaptar bem o universo principal da novela Roque Santeiro com o da Turma da Mônica com muito bom humor.  Como a gente não vê mais isso de personagens parodiando novela violenta e com sensualidade nos gibis, "As Melhores Piadas de Roque Sambeiro" se torna mais especial ainda, podiam até ter feito de outras novelas da época. Vale a pena ter essa edição na coleção.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Chico Bento: HQ "Solta ou não solta?"


No Dia de São João, mostro uma história em que o Chico Bento teve que fazer de tudo para que um menino não descubra que o balão que ia soltar na festa junina tinha estragado. Com 4 páginas, foi publicada em 'Almanaque da Mônica Nº 9 - Especial Festas Juninas' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 9 - Especial Festas Juninas' (Ed. Abril, 1981)

Nela, um menino pede para o Chico Bento segurar o seu balão enquanto vai buscar fogo pra acender e afirmando que vai ser o balão mais bonito da festa de São João. Um cachorro late alto e assusta o Chico, que xinga e afasta o cachorro. Com isso, Chico amassa o balão e, com medo do menino bater nele, pede para uma passadeira de roupas passar o balão no ferro. O balão não fica tão robusto quanto era. 


O menino grita chamando o Chico, pensando que tinha acontecido algo com o balão e se tivesse, ia ter briga. O menino tenta acender e Chico espirra para apagar o fósforo, já sabendo que o balão não acendia mais. Toda vez que ele acendia fósforo, Chico apagava com espirro. O menino reclama que não tem mais fósforo e Chico fala que pegou um resfriado incrível e melhor acender o balão outro dia.

O menino diz que tem que ser hoje, no Dia de São João. Chico sugere soltar de noite porque é mais bonito e ele reclama que de noite vai demorar muito porque ainda é de manhã e pergunta por que o Chico não quer que solte o balão. Chico fala que está louco para soltar logo, sobe em uma pedra e avisa que só rezar que o balão vai subir. O menino avisa que vai contar até dez e se não subir o "pau vai comer". O balão sobe e Chico fica orgulhoso, fala que ele não acreditava e o menino pede desculpa. No final, aparece um anjo perguntando a São João se a pescaria dele estava boa e São João responde que não, nem no seu dia consegue pescar coisa boa, mostrando que ele havia pescado o balão do menino, por isso que subiu sem fogo. 


Essa história é bem engraçada,  Chico estraga o balão do menino sem querer por causa de um cachorro e tem que fazer de tudo para o dono do balão não saber e não bater nele. Muito legal as estratégias do Chico  de passar balão no ferro para desamassar e as tentativas para o menino não descobrir como espirrar pra apagar o fósforo. O final foi surpreendente e bem absurdo do São João pescar o balão em uma nuvem no Céu, salvando sem querer o Chico de levar surra. Mostra que com fé consegue tudo, até o impossível.

Antigamente eles gostavam de colocar santos interagindo nas histórias, como São João, São Pedro, Santo Antonio, inclusive Deus, hoje em dias eles não fazem isso para não envolver religião e brincar com santos. Incorreto também personagens mexendo com balão, fósforo, Chico xingando cachorro com palavrão e promessa de surra no Chico caso tivesse acontecido alguma coisa com o balão, e, com isso, uma história completamente impublicável hoje.


Esse menino acabou não tendo nome na historinha e só aparece nessa história. Foi bom não aparecer nenhum personagem fixo da Turma do Chico Bento, fez diferenciar. Foi uma das primeiras histórias do Chico falando caipirês, embora ainda sem uma padronização de palavras, estavam fazendo experiências ainda já que ele começou a falar caipirês apenas em 1980. Antes disso, ele falava normal como qualquer personagem.

Os traços bons, típicos de histórias de miolo e representam a transição para o estilo consagrado do meio dos anos 1980.  A colorização ficou tudo fora do lugar, os gibis da Abril tinham muitos erros assim, pode notar o vermelho das bolinhas tudo fora do ligar, assim como a cor vermelha da língua fora também. Uns não ligam para esses erros, outros acham desleixo, vai de cada pessoa, eu particularmente não ligo. 


Nunca foi republicada até hoje, assim como as outras inéditas desse almanaque de Festas Juninas, se tornando,assim rara e só quem tem esse almanaque que conhecia. Esse almanaque, no geral, foi uma mistura de histórias inéditas com republicações, sendo as inéditas sendo de festas juninas e as republicações misturando Festas Juninas e histórias comuns de vários núcleos de personagens e ainda teve uma seção de 6 páginas sobre os costumes de festas juninas, incluindo brincadeiras juninas e receitas de comidas típicas. Muito boa essa edição.

domingo, 21 de junho de 2020

Mingau: HQ "Se o meu gatinho falasse..."


Em junho de 1990, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Se o meu gatinho falasse..." em que o Mingau passou a falar de repente com uma invenção do Franjinha. Com 10 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 26' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Magali Nº 26' (Ed. Globo, 1990)

Mingau está dormindo no sofá e Seu Carlito, distraído lendo jornal e reclamando do absurdo dos preços altos das coisas, acaba sentando em cima dele. Mingau mia e Seu Carlito pede desculpas, se confundiu com as almofadas e á aviso pra não se deitar no sofá. Depois Mingau vai à cozinha e Dona Lili lhe dá leite e Minga reclama que quer algo sólido como peixe, carne e bolinho , mas como emite só miados, Dona Lili pensa que está miando  de contentamento. 


Mingau vai para a rua, dizendo que os humanos não o entendem, quando se depara com o Bidu. Mingau tenta dialogar com ele, mas como só mia ele também não entende o que ele fala e começa a perseguir o Mingau. Ele encontra o laboratório do Franjinha e consegue escapar do Bidu, já que lá ele não entra.

Franjinha vê Mingau ofegante lá e enquanto Mingai tenta falar que tinha que dar jeito no Bidu, que vive o perseguindo e que não gosta de ser dedo-duro, Franjinha coloca uma pílula na boca do Mingau que estava aberta para testar nele. Mingau fica desesperado por ser usado de cobaia e sai correndo, sabendo agora por que o Bidu não entra no laboratório. 


No caminho, vê o Bidu, que volta a persegui-lo e para diante de um muro no beco. Mingau tenta dialogar com o Bidu, aí ele começa a falar como humano, assustando o Bidu. Mingau estranha se a voz saiu da boca dele e ao falar que se o Bidu ouviu e Bidu sai correndo e Mingau admira o seu vozeirão, parecendo a voz do Mauricio de Sousa e diz que as coisas vão mudar um pouco, dando de entender que vai se vingar da família da Magali.


Em casa, Mingau deita no sofá e quando Seu Carlito o vê reclama que está outra vez no sol e manda para cair fora. Mingau fala para eles conversarem, que faz parte da família e tem direito de usar o sofá. Seu Carlito se espanta, se pergunta quem está falando e Mingau fala que é o felino que eles chamam de Mingau. Seu Carlito pensa que era a Magali fazendo ventríloquo e procura pelo sofá e Mingau diz que a filha dele não teria voz de barítono e sai do sofá quando Dona Lili o chama para lanchar.


Dona Lili dá leite de novo e Mingau e se ele pergunta se tem cara de bezerro, é só leite, leite e queria um filé pra variar. Dona Lili desmaia e Mingau diz que tem que controlar a sua voz sensual. Magali aparece perguntando o que está acontecendo. Seu Carlito fala que o Mingau passou a falar e Magali acha que era implicância dele, mas se assusta quando vê que ele realmente estava falando. Seu Carlito comemora que estão ricos e o leva até ao rádio, tevês e jornais, imaginando o quanto vão pagar a ele pra ver um gato falante.


Magali tenta impedir correndo atrás do pai e falando que Mingau não quer, mas não consegue alcançar. Esbarra com Franjinha e Humberto. Franjinha pergunta pelo Mingau e Magali fala que está a caminho da fama e conta toda a história. Franjinha comemora que deu certo a sua pílula para curar a mudez do Humberto. Magali reclama que a culpa foi do Franjinha e chora porque agora o Mingau vai virar estrela e não vai mais brincar com ela.


Franjinha avisa que o efeito da pílula dura pouco e deve estar acabando agora. Nesse momento, Seu Carlito estava na emissora de TV, mandando o Mingau falar ao vivo na frente de todos, o efeito da pílula acaba e Mingau começa a miar normal. Eles são chutados pelos donos da TV. Enquanto isso, Franjinha testa a pílula no Humberto e ao invés de falar normal, acaba miando como gato e descobre que a pílula tem efeito inverso e tenta aliviar, falando ao Humberto que o efeito dura 2 horas. 


Já em casa, Se Carlito comenta que foi tudo um fiasco, Magali acha que foi melhor assim, prefere o seu gatinho normal e Seu Carlito reconhece que não ia se acostumar com vida de milionário. Ele vai ler jornal no sofá e acaba sentando em cima do Mingau, que mia, saindo todo amassado e pensando que eles têm sorte que não poder falar agora, e, assim, voltando tudo ao normal.


Muito engraçada essa história com Mingau falando depois de tomar a pílula do Franjinha, dando muitas confusões. Tem fórmula do Franjinha com os personagens se dando mal eram bem envolventes Se Mingau soubesse das invenções malucas do Franjinha, jamais entrava lá como fez o Bidu. Gostei de ter só personagens diferentes sem ser os 4 da turminha se tornando mais diferente ,mito bom ver Franjinha, Humberto e Bidu em um gibi da Magali.

História teve várias cenas hilárias como os outros se assustando com o Mingau falando, ele achar que tem voz do Mauricio de Sousa. Foi rachar de rir as partes do Mingau perguntar se tem cara de bezerro, assim como ele e Seu Carlito serem chutados ao verem que ele não falava e Humberto miando com a fórmula do Franjinha. 


Nas partes do Mingau falando colocaram balões com texto mais em negrito para dar sensação que era uma voz grossa.. Sempre aparecem balões de pensamentos como Mingau. A Magali não sabia o que ele estava falando, mas até que muitas vezes até dava impressão que estava sabendo nos diálogos entre eles. Já Bidu junto com Mingau as vezes eles dialogavam se entendendo normal, as vez não, dependendo do roteiro. Dessa vez o Seu Carlito não espirrou de alergia, só teve implicância com o Mingau. Já tiveram histórias antes com ele espirrando, mas como ainda eram as primeiras edições da Magali, ainda estavam testando as situações de relações entre Mingau e Seu Carlito.

De vez em quando eles colocavam histórias do Mingau como de abertura nas revistas da Magali para diferenciar Tinham participação pequena dela e da sua família, mas ele que era o astro. Porém, nos gibis do final dos anos 1990 e nos dos anos 2000, estava um exagero de histórias do Mingau, tanto de abertura quanto de miolo, só dava ele, aparecendo mais que a dona do gibi, aí ficava chato. Pelo menos ultimamente ele tem aparecido normal sem exageros. Gostava também do Mingau passeando na rua, hoje ele é só gato doméstico.


Os traços também excelentes, como era bom ver os desenhos assim, Mingau dormindo ficou bem fofinho e esses ângulos de Magali de perfil eram lindos também. Tudo indica ser história e desenhos da Rosana Munhoz, tem todo o jeito, mas nada confirmado qe seja dela. Teve um erro de cor colocando a manga do vestido da Dona Lili branca ao invés de rosa na 6ª página da história (página 8 do gibi), nada que estrague. Muito bom relembrar essa história clássica do Mingau, há exatos 30 anos.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Uma História do Horácio na Terra dos Peludos


Mostro ma história em que um curandeiro golpista usou Horácio como plano para vender seus xampus milagrosos para o povo continuar peludo. Com 9 páginas foi publicada em 'Mônica Nº 88' (Ed. Abril, 1977).

Capa de 'Mônica Nº 88' (Ed. Abril, 1977)

Escrita por Mauricio de Sousa, dois  seres misteriosos sequestram o Horácio enquanto estava dormindo e carregam para bem longe até à taba do Pajezão da Tribo dos Peludos. Quando é entregue, Pajezão avisa aos capangas que não é para dar em nenhuma palavra sobre a captura do Horácio. Pajezão comenta que o "asqueroso, repelente, verdadeiro pelado" é o que precisa para a sua grande cerimônia e deixa o Horácio preso até a hora que precisar.


Amanhece, o povo peludinho acorda e estão ocupados com os preparativos da grande cerimônia. Um pergunta se não vai ajudar a levantar o altar da cerimônia e o outro fala que não acredita nessa história do Pajezão, deixando o Peludinho com raiva cobrando como ousa duvidar das palavras do maior curandeiro que já existiu. Afirma que vai ser mostrado um asqueroso repelente pelado, apesar de acreditarem que só existam peludos no mundo e pelados são uma pavorosa lenda.


Na taba, Pajezão se arruma para a cerimônia e Horácio pergunta por que ele está preso lá. Pajezão fala que precisa dele para o seu show, que o povo não acredita que existem pelados no mundo e quando virem o Horácio vão acreditar e comprar o xampu milagroso dele. Pretende colocar o xampu no Horácio,  ele sai para descansar um pouco e volta peludo, só que no dia seguinte, Horácio vai aparecer pelado de novo e ele dirá que só tem efeito  24 horas e precisará comprar mais para continuar peludo. Horácio acha tudo isso desonesto e Pajezão afirma que ninguém precisa saber e vai encher o bolso e Horácio vai ajudar, queira ou não.


Chega a hora da cerimônia e Pajezão executa o seu plano falando para os peludinhos que há uma ameaça para a raça deles, um estranho vírus atingiu um peludo nas montanhas e acabou sendo pior que a morte, ficando todo pelado e mostra o Horácio pelado. O povo se impressiona, mas um não acredita e pergunta por que ele está amarrado e o Paezão responde que ele se torna uma criatura perigosa estando pelado.


Perguntam se isso não pega. Pajezão fala que sim por ser um vírus contagioso e estariam ameaçados se não fosse pelo seu superxampu. Ele passa o xampu no Horácio,  inventa que passou demais e tem que tirar o excesso lá dentro como desculpa para colocar o casaco de pele para dizer que o Horácio ficou peludo por causa do xampu. Todos ficam surpresos e acabam comprando o xampu do Pajezão.


Depois de um tempo, Pajezão está feliz, cheio da grana e comenta que foi Horácio que ajudou a ganhar e ele complementa que foi à força. Pajezão tenta tirar o casaco de pele para o povo pensar que o Horácio ficou pelado de novo e teriam que continuar usando o xampu para evitar a recaída. . Só que o casaco grudou nele por causa do xampu e Pajezão resolve tirar mergulhando Horácio no rio. Ele vai falando sobre o plano para tapear o povo enquanto mergulha o Horácio, mas acaba o povo peludinho ouvindo tudo e descobrindo a farsa.

Pajezão é preso e um peludinho pede desculpas ao Horácio de mandá-lo embora porque não estão acostumados á visão de um pelado. Horácio não se esquenta e vai embora e no caminho falando que qualquer dia vai pensar em experimentar uma peruca, terminando assim.


Essa história é legal, bem criativa com o Pajezão usando o Horácio para dar golpe no povo para usarem o seu xampu milagroso ao inventar que um vírus desconhecido muito contagioso podia deixá-los todos sem pelos. Ele se aproveitou da falta de conhecimento e ponto fraco do povo para se dar bem , já que eles pensavam que só existiam peludos no mundo e do pavor deles de ficarem pelados.


Mauricio quis fazer crítica a golpistas da vida real que querem se dar bem á custa da fraqueza dos outros e fazer reflexão em relação a pessoas que tem fobia do diferente. O povo peludo era preconceituoso e ver um ser sem pelos era uma aberração, algo apavorante, comparado a um racismo, por exemplo. Assim, é uma história impublicável hoje em dia por conta do sequestro do Horácio, envolver golpe e a fobia do povo peludo, ainda mais que eles não se redimiram com o Horácio no final, continuaram achando uma aberração. O lance de xampu para calvície foi bem inovador até então, já que na  época não tinha remédio  e tônico capiar para tratar calvície e hoje em dia loções pra tratar já são realidade.


Pode notar também uma linguagem bem formal, colocações corretas de próclises como "tornou-se", palavras difíceis como "azáfama" , balões com mais texto, demorando mais a leitura, tudo bem  característico nos gibis dos anos 1970, sobretudo nas histórias de aventura escritas pelo Mauricio.

Nos anos 1970 as histórias do Horácio eram longas, até por Mauricio ter mais tempo de fazer. Já nos anos 1980 e 1990, as histórias do Horácio tiveram foco em republicações de tabloides de jornais que não haviam saído em gibis, ficando assim até não ter mais tabloides e, depois disso raramente tem histórias novas do Horácio nos gibis e quando tem não são mais feitas pelo Mauricio.


Os traços ficaram bons,até que o Horácio não mudou muito seus desenhos desde os anos 1970, diferente dos personagens da Turma da Mônica que tiveram várias mudanças até chegar ao estilo consagrado dos anos 1980. Mais ma vez história do Horácio sem título como era de costume. Sejam longas ou curtas colocavam título só "Horácio", com raríssimas exceções.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Tirinha Nº 72: Mônica

A força da Mônica sempre rendeu piadas muito engraçadas. Nessa tirinha, Mônica vê o muro de uma represa vazando água e ao colocar o dedo para tapar o buraco, só a força do dedo no buraco conseguiu rachar o muro.

Tirinha publicada originalmente em 'Mônica Nº 21' (Ed. Globo, 1988)


sexta-feira, 12 de junho de 2020

Mônica: HQ "Amor pestinha"

No Dia dos Namorados, mostro uma história em que a Mônica ficou com ciúmes ao ver o Cebolinha namorando uma menina. Com 14 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 77' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Mônica Nº 77' (Ed. Globo, 1993)

Mônica está dormindo em uma pedra e de repente o Sansão é pescado pelo Cebolinha, que comemora e dá uns nós nas orelhas dele. Mônica percebe o Sansão pescado e aparece atrás da moita que o Cebolinha estava, dá surra nele e reclama que ele não desiste nunca.


Magali encontra a Mônica e pergunta o motivo da raiva e Mônica responde que é por causa do Cebolinha, que vive azucrinando e não a deixa em paz só um instante. Magali apresenta a Liliane, uma menina da rua de cima e que havia conhecido naquele dia mesmo. Liliane fala para a Mônica que a Magali já tinha falado dela e pergunta do quê vão brincar.


De repente, aparece uma placa de "Mônica bobona". Ela fica com raiva e diz que é coisa do peste do Cebolinha. Ele aparece e Mônica cobra que ele vive escrevendo desaforos dela e se prepara para bater nele e Cebolinha diz que não foi ele, que a Mônica não tem provas e não pode bater nele, ainda mais na frente de duas "senhoritas" ia pegar mal, fixando o olhar para a Liliane.


Quando Cebolinha vai embora, Liliane fala que achou uma gracinha, nem de longe parece um peste como Mônica falou e achou uma fofura. Os cinco fios de cabelo são lindos e falar "elado" é um charme e precisa conhecer melhor aquele garotão. Mônica fala que ele é insensível e Liliane diz que acha que ele se interessou nela porque a olhou com um jeitinho.


Mônica fala que sem querer desiludir, o Cebolinha só pensa nela o dia inteiro, só bolar planos infalíveis, persegui-la, uma ideia fixa. Magali confirma que ele é doido para derrotar a Mônica e ela diz que acha que tudo isso é uma desculpa pra esconder uma paixão encolhida. Cebolinha volta e diz que trouxe uma coisa. Mônica pensa que era para ela, avisando que se for truque vai ter surra, mas o presente era para Liliane, ele deu um bombom .


Liliane fala que Mônica se enganou e ela diz que foi pra despistar e pegá-la de surpresa. Em seguida, ele volta para escrever no muro. Mônica pensa que seria desaforos para ela para chamar a atenção, mas ele escreve  que Liliane é linda, chama pra tomar sorvetes e saem de mãos dadas. Mônica fica abismada, não acreditando e pensa que é um plano infalível contra ela. Magali diz que finalmente o Cebolinha está pensando em outra coisa e que ela devia estar aliviada por Cebolinha ter a deixado em paz.


Mônica acha que não e vai provar que o Cebolinha não mudou. Deixa cair o Sansão de propósito, finge dormir com Sansão desprotegido e ainda coloca uma placa confirmando e Cebolinha continua só olhando a Liliane e Mônica se surpreende por ele ter deixado passar a oportunidade.


Magali fala  para Mônica cair na real, ele superou a fase e está crescendo; Mônica lamenta que ele não vai mais bolar planos infalíveis, nem pegar o Sansão e só ficar paparicando a Liliane e Magali diz que o que importa é que agora ela pode pensar em outras coisas, mas Mônica fica triste.


Em casa, Mônica desabafa com o Sansão que eles perderam o charme e lembra os melhores momentos das provocações do Cebolinha. Irritava, mas era divertido ela tentar descobrir qual  a próxima ideia maluca dele. As vezes demorava, mas ela sempre descobria e tiveram muitas surras memoráveis. Até de médico ele se fantasiou, mas sempre apanhava no final e ele nunca desistia, até hoje. Reconhece que ele cresceu e ela continua uma menininha boba arrastando um coelhinho de pelúcia, que está na hora de ela crescer também e resolve tomar uma decisão, levando uma caixa até a casa do Cebolinha.


De longe, Mônica vê que ele está com a Liliane e quando se aproxima na janela, Mônica ouve a conversa deles. Cebolinha fala que a Liliane foi uma excelente atriz e ela diz que mereceria mais do que 5 sorvetes. Cebolinha fala que não é difícil fingir que está gamada por um bonitão como ele e Liliane diz que ele nunca se olhou no espelho e depois dessa palhaçada nunca vai mais pisar naquela rua.


O plano infalível era a Mônica pensar em que ele não está interessado mais em derrotá-la, se sentir uma boba e ser dona da rua não fazer mais sentido para ela, não duvida que embrulhe o Sansão e traga de presente para ele e aí finalmente ele vai ter conseguido derrotá-la e ele ser o dono da rua. Mônica surge, gritando que era outro plano, bate nele e avisa que não engoliu essa história nem um pouquinho. Nunca daria o Sansão para ele e estava levando uma caixa de bombons para ser educada e agora nada.


No final, Magali encontra a Monica na rua e pergunta sobre os bombons. Mônica dá os bombons pra ela e diz que era tudo plano do Cebolinha e reclama que não aguenta mais, que ele não larga do pé dela, porém suspira por confirmar que ele não mudou, dando de entender que é apaixonada por ele apesar disso tudo.


História legal. A Mônica ficou com ciúmes ao ver Cebolinha e Liliane namorarem, mas era só um plano infalível para ele ser dono da rua. Foi bom ver a Mônica  falando mal do Cebolinha para despistar o interesse da Liliane por ele, Mônica tentando fazer o Cebolinha ter recaída com provocações quando ele estava junto com a Liliane e o papo do Cebolinha revelando que era tudo um plano, surpreendendo a Mônica e confirmando que ele não havia crescido nem mudado de personalidade.


A história mostrou que a Mônica gosta do Cebolinha, mesmo com as provocações dele e ficou uma dúvida se o Cebolinha apronta com a Mônica para chamar atenção dela e ter uma paixão encolhida ou não, no caso se ele gosta dela, só não admite. Ou seja, oficialmente eles nunca foram namorados, só as provocações que podem indiciar uma paixão oculta. Pelo visto, a Liliane cumpriu a promessa de não pisar mais na Rua do Limoeiro, pois ela nunca mais apareceu nos gibis. Os personagens secundários só faziam participação de história única e ela foi mais uma da lista.


Impublicável por envolver namoro com crianças, Mônica chamar Cebolinha de peste e a parte do Cebolinha escrevendo no muro também seria excluída, mudariam ele colocando um cartaz no muro. Os traços bem caprichados da fase consagrada dos personagens, dava gosto de ver desenhos assim.