terça-feira, 31 de outubro de 2023

Cascão: HQ "A bruxíssima Isolda"

Hoje é Dia de Halloween, então mostro uma história em que uma bruxa resolveu dar banho no Cascão para poder ficar mais poderosa. Com 9 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cascão Nº 21' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Cascão Nº 21' (Ed. Abril, 1983)

Bruxíssima Isolda prepara uma poção para se tornar a bruxa mais poderosa. Quando toma, dar dor de barriga nela. O corvo vai olhar receita da poção no livro para ver se ela errou em alguma coisa enquanto ela procura um sal de frutas. 

O Corvo fala que para poção dar certo, ela teria que colocar um ingrediente raríssimo: a sujeira de um garoto que nunca tenha tomado banho antes, eles devem dar o primeiro banho no garoto e usar a água do banho na poção. Isolda tenta localizar o tal garoto na sua bola de cristal, vê o Cascão e ela se emociona que ele existe e vai atrás dele enquanto a bola mostra que ele estava brincando de pião com o Humberto.

Quando Isolda e o Corvo chegam lá, Humberto aponta desesperado para a bruxa. Eles tentam fugir e o Corvo impede, dizendo que a Isolda quer falar com eles. Isolda propõe de mil a dois mil e quinhentos sorvetes pra eles em troca da sujeira do Cascão para ficar poderosa. Cascão recusa, fala que nem por dez mil sorvetes, Isolda quase consegue convencê-lo lembrando de todos os sorvetes que ia tomar, mas quando ela coloca uma tina com água para lhe dar banho, ele fica desesperado.

Cascão tenta fugir e Isolda coloca monstros atrás dele para capturá-lo. Na correria, Humberto tropeça em uma pedra e ele e Cascão caem em uma lama. os monstros pega um deles que estava todo coberto de lama. Rapidamente, Isolda faz os monstros sumirem, dá o banho no menino, joga a concentração de sujeira em uma garrafa e volta para o castelo. Lá, ela prepara a poção e depois de tomar, além de ficar com dor de barriga, ainda passa a falar só "Hum! Hum!". O Corvo tenta ver no livro o que ela errou na poção e no final é mostrado na bola de cristal que Isolda deu banho no Humberto e Cascão lamenta que ele ficou limpinho e que era uma bruxa maldosa.

História muito engraçada que a Bruxa Isolda precisou usar a sujeira do Cascão em sua poção para ficar poderosa, um ingrediente raríssimo, que só podia ser ele por nunca ter tomado banho. Com a recusa, Isolda o pega na marra, só que como cai na lama com o Humberto, ela acaba dando banho no Humberto, estragando seu plano.


Se Isolda não tivesse com tanta pressa e não ter desaparecido com os monstros, pode ser que eles avisassem que não era o Cascão após ter dado banho no Humberto. Foi uma boa sacada colocar o Humberto contracenando com o Cascão já que eles são parecidos em altura e formato de cabelo e na lama ficariam irreconhecíveis, por isso não dava pra ser outro menino no lugar para atender o roteiro.


Engraçado ver os ingredientes que a bruxa colocava na poção, ficar com dor de barriga ao tomar suas poções erradas e ainda ficar muda que nem o Humberto já que a sujeira pegou as características dele, a bola de cristal mostrando as cenas do que estava acontecendo sem a bruxa ver, o desespero do Cascão fugindo do banho, fora o fiel ajudante Corvo falar tudo no superlativo, foi um diferencial que ainda deixou mais divertida. Bruxa Isolda e o Corvo apareceram só nessa história.

Era bom Humberto nas histórias antigas tratado de igual por igual sem reforçar que era deficiente e se dava mal igual ás outras crianças, isso sim que era representatividade. Incorreta hoje em dia por mostrar Humberto se dar mal por ser mudo, deficientes só podem se dar bem e mostrarem lições de moral, além de mostrar os personagens na lama, a bruxa tomar água suja da lama e propor aos meninos tomarem muito sorvetes que poderiam fazer mal a eles, Cascão fazer apologia à sujeira quando acha ruim o Humberto limpinho após tomar banho .

Os traços excelentes com arte-final de Alvin Lacerda que deixavam encantadores e ainda deu um ar sombrio característico de histórias com bruxas, principalmente quando ela estava no castelo. Humberto de bermuda preta ao invés de branca porque ainda não tinha uma definição, ele voltou aos gibis em 1981 depois de muitos anos sumido, basicamente um personagem novo. 

Curiosamente, a capa com alusão à história de abertura, o que não era muito comum na época. Não foi exatamente o que aconteceu na trama, só o tema central. Teve erro na capa com Xaveco no lugar do Humberto, provavelmente o desenhista pensou que era o Xaveco na ilustração do rascunho antes de desenhar. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cascão Nº 8' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 8' (Ed. Globo, 1989)

sábado, 28 de outubro de 2023

Chico Bento: HQ "O Casca-Grossa"

Em outubro de 1993, há exatos 30 anos, era publicada a história "O Casca-Grossa" em que o Chico Bento teve que lidar com o pai da Rosinha que não queria que namorasse com a filha por ser um mal-educado. Com 19 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 176' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Chico Bento Nº 176' (Ed. Globo, 1993)

Chico Bento vai à casa da Rosinha como convidado dos pais dela para jantar. Seu Rodrigues comenta que Chico estava atrasado, ele diz que no caminho parou para conversar com o Zé Lelé e o pai responde que  não é educado deixar os outros esperando e lembra que o convidaram para conhecê-lo melhor porque não quer qualquer um andando com a filha dele e que um dia a Rosinha herdará a fazenda de gado dele.

Na mesa, Rosinha fala para o Chico tomar cuidado que o pai vai reparar como ele se comporta na mesa. Dona Rosália pergunta se o Chico está gostando da comida, ele responde que a farofa está formidável, respingando na cara do pai e acha que elogiar com palavras difíceis impressiona. 

Depois se empolga que tem macarronada, diz que gosta muito porque quando visita o primo da cidade eles comem só isso. Enrola o macarrão todo no garfo, come, sobra um fiozinho e suga espalhando molho de tomate na cara toda, Dona Rosália passa o guardanapo para ele, que soa o nariz bem alto e diz que acha que está meio constipado. 

Chico conta que hoje de manhã foi catar minhoca na terra úmida e pegou cada minhocona gordona, deixando todos na mesa com nojo. Chico fala que não precisam fazer aquelas caras, ele lavou as mãos antes de ir pra lá, só não lembra qual. Depois, Dona Rosália busca a sobremesa. Chico fala que come doce de mamão todo dia em casa, ao comer, diz que está bom, mas que não chega nem aos pés do doce da mãe dele e põe os pés na mesa falando que encheu o bucho.

Seu Rodrigues avisa para irem para sala, e no sofá, manda Chico ficar à vontade. Ele fala que vão ter uma conversa, a sua filha Rosinha é muito especial e vê Chico dormindo sem paletó, gravata e botina. O pai fica uma fera e Chico comenta que primeiro ele pede para ficar a vontade e depois arma aquele berreiro. Seu Rodrigues fala que Chico não serve para a filha dele, é um casca-grossa. Chico acha que é calúnia, toma banho todos os dias. O pai diz que ele devia tomar banho de cultura e Chico conta que toma banho de água, que limpa melhor.

Seu Rodrigues fica brabo e expulsa Chico de casa e manda Rosinha se despedir do Chico em frente de casa porque não quer vê-lo no pé dela e bate a porta. Chico acha que é culpa dele por ser um grosseirão.  Rosinha diz que gosta dele do jeito que é. Chico diz que vai mudar, vai sair pelo mundo atrás de cultura e só volta quando for um cavalheiro para casar com ela e se despede. No caminho, Chico diz que está tarde  para sair pelo mundo e vai para casa dormir e amanhã pensa nisso.

No dia seguinte, Chico acorda e não lembra do que tinha que fazer. Dona Cotinha pergunta para o filho como foi na casa da Rosinha ontem e ele se lembra que tem que percorrer o mundo para ficar culto. A mãe pensa que é pra ficar baixinho e ele diz que tem que ser mais educado, passou maior vexame lá e o pai da Rosinha não gostou dele e não quer que veja mais a Rosinha.

Dona Cotinha acha que o pai dela foi desaforado e que não viu as qualidades dele, boas maneiras a gente aprende, mas tem coisas que a gente tem ou não tem e que tem que mostrar a ele as suas boas qualidades. Chico pergunta quais e a mãe fica enrolada em listar porque não era inteligente, não era bonito e conta que importante é ter um bom coração e o resto é lucro e Chico se prepara para mostrar ao pai da Rosinha quem ele é.

Na casa da Rosinha, Seu Rodrigues conta que o Genesinho, o filho do Coronel Berlarmino vai almoçar com eles. Rosinha acha Genesinho chato e Seu Rodrigues diz que ele é educado, estudou no exterior e em Ribeirão Preto e ela vai tratá-lo muito bem porque ele é digno de se casar com ela e um dia cuidar da sua fazenda de gado.

Depois, Genesinho chega, cumprimenta todo mundo, chega pontual e beija a mão da Rosinha e Seu Rodrigues o acha cavalheiro. Dona Rosália serve a comida, esperando que esteja tudo do gosto dele, Genesinho conta que é eclético, Rosinha  pensa que é biciclético e Genesinho explica que gosta de tudo, se adapta a vários ambientes, desde que sejam requintados, e está acostumado a jantares mais sofisticados com mais talheres e copos. 

Seu Rodrigues pergunta por que tanto e Rosinha fala que é porque Genesinho tem boca muito grande. Ele acha que ela é espirituosa, Seu Rodrigues acha que ela é espírito de porco, Genesinho responde em francês, impressionando os pais da Rosinha e ele diz que também fala inglês, espanhol e italiano. 

Quando termina de comer, Genesinho acha tudo uma experiência incrível, iguarias finas e Rosinha lembra que foi macarrrão, farofa e doce de mamão e Seu Rodrigues manda a filha parar de aporrinhá-lo, um dia vai ser marido dela e Rosinha diz que nem morta. Depois, o pai dela mostra as 500 cabeças de gado que ele tem, que um dia vai ser também do Genesinho, que faz cara de nojo e não se aproxima dos bois porque o cheiro nojento pode impregnar no seu terno de casimira inglesa.

Enquanto isso, Chico está indo lá para mostrar as suas qualidades ao pai da Rosinha. Ele enumera que é o maior contador de mentiras da região, sabe imitar passarinho e bate todos os recordes de cuspida de caroço de goiaba a distância. Seu Rodrigues conta que o seu pasto é muito rico, cada um deles come muito por dia, Genesinho manda poupá-lo dos detalhes, não interessam. Seu Rodrigues conta que um dia é ele quem vai cuidar do gado e Genesinho diz que vai contratar empregados pra fazer isso, não quer o menor contato com aqueles bichos imundos. O boi fica brabo com o que ele diz, derruba a cerca para atacá-los junto com outros bois e vacas.

Eles correm, Seu Rodrigues e Genesinho conseguem subir em uma árvore, mas Rosinha segue correndo da boiada. Seu Rodrigues pergunta se Genesinho não vai atrás salvá-la e ele diz que não ele, que já quase arruinou a roupa e o penteado. Rosinha segue correndo, Chico vê, faz um laço no cipó e prende no pescoço do líder dos bois e todos param. Rosinha fica feliz e Seu Rodrigues agradece ao Chico e sua coragem pelo que fez. Genesinho fala que rasgou seu terno de casimira inglesa ao descer da árvore e seu Rodrigues o chuta, expulsando o almofadinha de uma figa.

Em casa, Seu Rodrigues faz as pazes com o Chico, diz que é alguém como ele que precisa para cuidar do gado dele. Chico põe o pé na mesa e Seu Rodrigues também coloca, dizendo que no fundo ele também estava louco de vontade para fazer isso e Dona Rosália conta para Rosinha que os dois são uma fruta de casca grossa, mas um mel por dentro.

História engraçada, cheia de reviravoltas, em que o pai da Rosinha não quer que o Chico namore com a filha por ser um mal educado e sem noção de boas maneiras de nem saber como se comportar em uma mesa de jantar. Resolve colocar o Genesinho como namorado dela por ser rico, educado e um bom partido para cuidar  das suas terras, mas se decepciona ao ver que ele tinha nojo de bois e nem salvou a Rosinha do perigo. Como Chico a salvou, faz as pazes com ele e se torna tão casca-grossa quanto ao seu futuro genro.

Seu Rodrigues encontrou um matuto super espontâneo que não estava nem aí para ética e boas maneiras e ele achava que educação e cultura que era o important, só estava preocupado no sucessor das suas terras, sem se preocupar se a filha ia gostar ou não do pretende que arrumou para ela. História mostra de forma divertida que o que mais importante é a pessoa ser verdadeira, espontânea, do jeito que ela é do que a ética e a falsidade.

Graças ao boi, insatisfeito com o Genesinho, que tudo deu certo para Chico e Rosinha. Foi engraçado ver Chico se comportando mal na mesa, agindo lerdo como ele faz com o primo Zeca, como o trocadilho do "tudo perdido" achando que Rosinha perdeu um objeto, não saber o que é casca grossa, vagar pelo mundo para procurar cultura. Engraçado também a mãe do Chico não saber listar as qualidades que o filho tem e é ela quem tinha que ensinar ao menos o básico de boas maneiras para o filho, teve culpa também.

A Rosinha foi bem doce nessa com o Chico, o queria do jeito como era, mas nos anos 1990 ela mudou de personalidade, passou a ser reclamona, implicar com tudo que Chico fazia, principalmente quando ele era rústico, jeca tatu, como ele se vestia, inclusive em histórias sem Genesinho. Ela também foi diferente dessa em que ela não gostava do Genesinho, pois normalmente ela passava a se engraçar para o Genesinho desiludida com o Chico, se dava mal e o Chico a salvava.

Na época, estavam investindo em histórias dos pais implicando com o namoro dos filhos, também era comum histórias do pai do Quinzinho, Seu Quinzão, implicar com Magali, pais da Cascuda implicar com namoro dela com Cascão, e por aí vai. Eram divertidas histórias assim. Incorreta atualmente por envolver namoro, pai querendo arrumar pretendente para filha, crianças enfrentando bois, Seu Rodrigues fumando cachimbo e chutar Genesinho, fumando, Chico agindo como lerdo e respondendo aos mais velhos, andando sozinho na rua de noite, além das palavras "gozado" e "louco", que são proibidas hoje nos gibis.

Os traços ficaram bem caprichados no estilo padrão consagrado deles. Genesinho, que foi criado em 1991, ainda não tinha traços definitivos e aparecia diferente a cada história que aparecia, os pais da Rosinha também tinham traços diferentes a cada história. Teve erro de Genesinho falar de boca fechada na página 14 do gibi. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Cebolinha: HQ "O Aniverfiasco"

Dia 24 de outubro é aniversário do Cebolinha e, então, mostro uma história em que ele sabota as brincadeiras da sua festa de aniversário para não passar vergonha como foi no ano anterior. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 118' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Cebolinha Nº 118' (Ed. Globo, 1996)

Dona Cebola prepara os convites da festa de aniversário do Cebolinha para ele entregar para os amigos e ao vê-lo triste pergunta se o filho não está contente em fazer a festinha. Cebolinha responde que está sim e lembra da festa do ano passado que foi um fiasco, passou vários vexames nas brincadeiras como colocar rabo do burro na foto na bunda dele quando era bebê, ao morder maçã, beijou a Mônica na boca, caiu na dança das cadeiras, colocou cara na farinha, no arco e flecha atingiu o Titi e não conseguia assoprar a vela no Parabéns de tão sem fôlego que estava.


Depois de prontos, Cebolinha entrega os convites aos amigos e eles lembram de momentos constrangedores do Cebolinha da festa do ano passado e ele fica com raiva. Ao entregar convite para o Franjinha no laboratório dele, não o encontra lá, mas vê algo interessante que lhe interessa. 


No dia da festa, a turma vai lá  e Franjinha comenta que está preocupado porque sumiu algumas coisas no laboratório dele e Cascão acha bobagem, é melhor eles se divertirem, mesmo que seja a custo do Cebolinha. Eles chegam e Cebolinha atende imitando barulho de campainha, está afobado para eles entrarem logo e Magali pergunta pela comilança. Cebolinha conta que primeiro eles vão brincar.


Começam com a brincadeira de colocar rabo no burro. Cascão consegue rápido e na vez do Cebolinha, Cascão fala para ele não espetar rabo onde não deve. Cebolinha encaixa logo e aproveita para colocar também sela, rédea, ferradura e chapéu de florzinha no burro, deixando Cascão impressionado com a agilidade. 


Depois, brincam de morder a maçã sem usar as mãos e dessa vez foi com a Magali. Cebolinha come toda a maçã e Magali reclama que nem deu um pedacinho para ela. Em seguida, brincam de tirar a farinha com o nariz sem deixar a moeda cair. Mônica tira só um pouquinho e Cebolinha tira quase tudo, deixando só o suficiente da moeda no alto. E no tiro ao alvo, Cebolinha dá um triplo tiro certeiro.


Jeremias resolve colocar música dos Mamonas Assassinas e eles fazem a brincadeira da dança das cadeiras. Cascão cai da cadeira, Cebolinha tinha tirado do lugar e diz que é para quem chega primeiro. Cascão estranha que ele está levando tudo nas brincadeiras e depois Cebolinha senta em todas as cadeiras de uma vez, caindo todos seus amigos no chão.


Na hora do Parabéns, Cascão fala para o Cebolinha não fazer como ano passado. Ele assopra forte, destrói o bolo, caindo nos convidados e sai um vento vindo do seu chapéu e reclama que o invento do Franjinha emperrou. Ele pergunta o que está fazendo com o seu assoprador cibernético de cisco de olho. Caem todas as invenções da camisa do Cebolinha, que diz que ia devolver depois, só não queria repetir a fiasqueira do ano passado.


Cebolinha conta que usou os óculos de raio-x bisbilhotadores embaixo das vendas para enxergar o burro e colocar o rabo, fez desaparecer maçã com raio da invisibilidade, não deixou moeda cair com  o imã segurador de mesadas, com as cadeiras usou o pegador de bananas à distância e atirou as flechas no alvo com a pistola automática miradora de moscas. Mônica diz que dessa vez passa, mas que preferiam aniversário normal, com fiasco e tudo.


Dona Cebola pede outro bolo e as crianças voltam a brincar enquanto espera. Brincam de tudo outra vez e aí fazendo normal, sem trapaças, às vezes Cebolinha se dando bem, outras, se dando mal, sendo que a turma o ajuda em alguns momentos. Chega o bolo, Cebolinha assopra as velas, não tem força pra assoprar, aí tenta mais forte e derruba bolo na turma toda de novo e Mônica fala que uma vez Cebolinha, sempre Cebolinha.


História engraçada em que o Cebolinha sabota as brincadeiras da festa de aniversário já sabendo que ia se dar mal nelas e não queria passar vexame de novo. Encontrou sem querer invenções que eram necessárias no laboratório do Franjinha e usou cada invenção em cada brincadeira. Como todo plano infalível dar errado, a turma descobriu, mas deram outra chance por ser aniversário dele e brincaram de boa, só não escaparam de terem bolo na cara deles no final. 


Foi engraçado ver as lembranças da festa passada do Cebolinha passando vergonha e ele enganar os amigos na festa atual, com destaque o beijão na Mônica, que ela até gostou no dia da festa, mas no ano seguinte sentiu vergonha de lembrar. Invenções do Franjinha sempre são show a parte, inventava coisas muito criativas, a gente sabe que não existem, mas bem que podiam existir de verdade na vida real, muitas dessas iam facilitar a vida da gente. Os nomes que o Franjinha dava as invenções também eram bem engraçados.


Interessante como Cebolinha conseguia mexer nos inventos sem ninguém ver e como ficavam debaixo da camisa sem dar volume e nem cair enquanto andava. Absurdos de histórias em quadrinhos que sempre deixam divertidas. Não teve história de festa de aniversário do Cebolinha na edição "Nº 106" de 1995, então as lembranças da festa passada ficam até como uma justificativa de por que não teve aniversário dele em 1995 e como foi a festa. Era normal o Cebolinha pensar trocando "R" pelo "L", hoje em dia, eles o colocam pensando sem trocar letras de forma fixa para ficar igual a quem tem dislalia na vida real.


Vimos que ainda usavam discos em vinil (LP) nas histórias em 1996, apesar que não estava tão em evidência na época, o CD já estava se popularizando mais. Mostraram personagens curtindo os Mamonas Assassinas com a música "Vira-Vira", grande sucesso de 1995, e mesmo que todos os integrantes da banda haviam morrido em março de 1996, ainda estavam na lembrança da criançada e sempre faziam referência a eles naquela época. Fora também que pode ter a possibilidade da história ter sido roteirizada antes da morte dos Mamonas Assassinas já que os gibis têm antecedência de meses para ficar pronto antes de chegar às bancas. A letra da música não foi parodiada e mesmo sem citarem nome da banda, de cara dá para saber que era música deles.


A história mostrou de forma divertida que não deve trapacear nos jogos e brincadeiras, é natural que tenham vezes que vai ganhar e outras vai perder, faz parte do jogo, e que é mais divertido ser honesto e brincar naturalmente sem trapaças. Apesar da mensagem, é incorreta hoje em dia dessa ideia de Cebolinha querer ganhar brincadeiras na trapaça, mentir para os amigos, beijo na boca da  Mônica, algumas brincadeiras incorretas como passar nariz na farinha, morder maçã e rabo no burro, Cebolinha colocar rabo de burro na sua foto como bebê, se comparando a animal, inventos do Franjinha em forma de armas, pistolas, já que nem armas de brinquedo personagens não pode mais usar atualmente.


Traços muito bonitos, típicos dos anos 1990. Na época o degradê já não estava mais em todos os quadrinhos como foram no segundo semestre de 1995, só em alguns. Em relação a erros, tiveram alguns como no quarto quadrinho da página 5 do gibi em que a gargalhada foi dada pelo Cascão, mas o balão foi direcionado ao Cebolinha; nariz do Titi com formato "c" em vez de "^" e a bermuda dele ficou preta em vez de vermelha. Tiveram também Cebolinha falando de boca fechada no segundo quadrinho da página 4 do gibi e no primeiro quadrinho da página 7 do gibi, Jeremias com camisa branca na página 7 e ausência da moeda na página 10. A capa do gibi embora ser com tema de aniversário, foi só uma piadinha sobre o tema e não alusão à história de abertura, eles costumavam fazer piadas também nas capas de aniversário da Globo.


FELIZ ANIVERSÁRIO, CEBOLINHA!!!

sábado, 21 de outubro de 2023

Capa da Semana: Magali Nº 38

Nessa capa, Cebolinha faz sombra de maçã com as mãos em uma falta de luz e a Magali consegue a façanha de dar uma mordida na sombra de maçã. Só Magali mesmo pra conseguir comer uma sombra e sem morder a parede, quando se trata de comida, ela é capaz das coisas mais impossiveis. Eram os absurdos muito bons dos quadrinhos que podia acontecer de tudo. Visual da capa ficou ótimo,  o logotipo com contorno colorido parecendo que estava iluminado deu um contraste bom com a falta de luz abordada.

A capa dessa semana é de 'Magali Nº 38' (Ed. Globo, Novembro/ 1990).

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Coelho Caolho: HQ "O Diabinho de estimação"


Mostro uma história em que um Diabinho apareceu na toca do Coelho Caolho com curiosidade de saber como era lugar longe do Inferno e passou sufoco. Com 7 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 72' (Ed. Abril, 1979).

Capa de 'Cebolinha Nº 72' (Ed. Abril, 1979)

Coelho Caolho manda seu filho Zezinho ir para cama dormir, ele vai e sente o chão muito quente que nem consegue pisar e senta ali perto. Sua mãe, Dona Coelha, reclama que o pai tinha mandando ir para cama e Zezinho diz que estava sentindo frio e resolveu esquentar seus pezinhos ali. Dona Coelha manda se deitar e se esquentar com cobertor e ela comenta que ali é quente mesmo e depois vai verificar.


Era quente porque um diabinho estava subindo do Inferno, cavou um túnel até à toca da família do Coelho Caolho. O Diabinho queria saber como era a superfície que nunca tinha visto, acha fresquinho e não quente como lá embaixo e diz que não achavam que existia alguma coisa em cima, era tudo lenda e espera que seja lenda também de que pequenos demônios habitavam aquelas terras.

Nisso, surge Zezinho, que foi pegar água na cozinha. O Diabinho se assusta e desmaia e Zezinho fala que os sonhos dele estão cada vez mais reais, dá pra sentir o cheiro de enxofre vindo do Diabinho, que quando acorda, acha que era só uma ilusão, que seres demoníacos não existem. Na volta, Zezinho diz que sabe que diabinhos não existem e era só um pesadelo. Eles se encontram, Zezinho chama o Diabinho de pesadelo, que por sua vez o chama de ilusão. 

Diabinho pensa que a ilusão é educada e o Coelhinho pensa que pena que o pesadelo não usa chanel ao invés de enxofre. Zezinho chama o irmão para participar de um pesadelo com ele, tem um diabinho logo ali. Quando veem o diabinho, que fala que tem mais outra, essas ilusões estão cada vez mais abusadas e os mandam sumir. O irmão belisca o Zezinho, que grita, o Diabinho acha que o grito é bem real e o irmão do Zezinho diz que o diabinho é real e todos correm com medo um dos outros. 

Em seguida, Coelho Caolho, quer tampar o buraco aberto na toca, enquanto o Diabinho quer voltar para o buraco de onde veio e se espanta em ver outro "demônio". Coelho Caolho se admira com um diabinho lá e que está mais espantado que eles enquanto seus filhos querem adotá-lo para ser bichinho de estimação deles. Coelho Caolho não deixa, ia ser o maior pecado da paróquia ter um diabinho em casa e o manda sair da toca e entrega cobertores para ele se proteger do frio que estava sentindo.

Na mata, o Diabinho é abordado pelo Ministro Luís Caxeiro Praxedes se ele declarou imposto de renda para o Rei Leonino. O Diabinho pergunta quem é Rei Leonino e o que é imposto de renda e como não fez, ele é levado para a cadeia, ficando preso junto com o Gorila, que pergunta por que ele está fantasiado e faz com que ele o ajude a terminar de cavar túnel para saírem de lá. O Diabinho  pergunta por que ele não cava, o Gorila diz que está reservando energia. 

O Diabinho cava para baixo, Gorila diz que ali tem nada e Diabinho continua cavando para voltar para o Inferno. No final, o Gorila lamenta que vai ficar a vida toda preso, sente calor vindo e passa a cobrar sauna para os guardas e Ministro Luís Caxeiro Praxedes verifica que isso tem nada contra o regulamento da cadeia.

História legal em que o Diabinho cava túnel do Inferno para a toca do Coelho Caolho para saber o que tinha na superfície só que tem medo dos coelhinhos que encontra lá, pensando que eram seres demoníacos e nem acreditava que existiam, que eram só ilusão e os coelhos pensavam que ele era um pesadelo. Ao descobrirem que era real, Coelho Caolho expulsa o Diabinho de lá porque não podia tê-lo como bichinho de estimação dos filhos e ele é preso por não ter declarado imposto de renda. No final, volta para o Inferno cavando túnel na prisão e o Gorila passa a cobrar sauna para os guardas aproveitando o calor que estava vindo do Inferno.

Vimos um diabinho bonzinho e humanizado que só queria saber se existia mesmo a lenda da superfície, já que ele conhecia só o Inferno, e não teve uma boa experiência no Mundo Real, com tantos problemas, sentiu saudades do Inferno e se convenceu que era o melhor lugar para ficar e se soubesse nunca tinha saído de lá. Interessante ele achar que os coelhos que eram demônios e que nem ele nem os coelhinhos acreditavam quando viam um ao outro, pensando que era imaginação deles, fora Diabinho também sentir calor e frio. Ele ficou como se fosse um extraterrestre visitando a Terra e ninguém aceitaria, daria mesmo roteiro se tivesse colocado um extraterrestre.

Divertido também ele ser preso só porque não fez declaração de imposto de renda. O Gorila acabou se dando bem, nada impedia de ele ganhar dinheiro cobrando sauna dos guardas. O Diabinho e o Gorila apareceram só nessa história, jcomo de costume personagens secundários. 

Era engraçado ver quando comparavam  os bichos da Turma da Mata com humanos, terem lares com camas, pijamas, pegar água na cozinha em filtro de barro, terem cobertores e cadeia com regulamento e dessa vez vimos que até eles precisam declarar imposto de renda, literalmente prestar conta o leão, o Rei Leonino. 

Os Coelhinhos ficaram bem parecidos um com o outro, o que era normal, sendo que o Zezinho se pareceu muito com o pai Coelho Caolho, quem olhava as imagens sem ler até pensava que era o Coelho Caolho. Normalmente os coelhinhos não tinham nome, dessa vez colocando um chamando de Zezinho fez diferenciar. A esposa do Coelho Caolho, Dona Coelha, tinha presença grande nos anos 1970, depois raramente aparecia.

Impublicável atualmente por ter diabo e ainda mais sendo um diabo humanizado, fazer os leitores ficarem no lado dele e dizer que o Infernoémelhor que a Terra, assim como Dona Coelha aparecer de avental já que hoje não gostam das mães serem tratadas como dona-de-casa. Traços muito bons do estilo superfofinho do final dos anos 1970 que marcou época, personagens sempre ficavam bonitos com esses traços. Tiveram alguns erros de personagens falando de boca fechada como Zezinho na primeira página da história, assim como Dona Coelha na página 2, o Coelho Caolho na página 4 e Gorila e Luís Caxeiro na última página,  e na colorização com bochecha do Zezinho pegando tinta verde da parede na página 2 da história e pijama de cor roxa na página 3. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 12' (Ed. Globo, 1991), termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 12' (Ed. Globo, 1991)