terça-feira, 30 de agosto de 2022

Mingau: HQ "Gato com 3 cores"

Em agosto de 1992, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Gato com 3 cores" em que o Mingau teve pelos respingados com tinta e todos pensavam que ele era uma gata. Foi publicada em 'Gibizinho do Mingau Nº 21' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Gibizinho do Mingau Nº 21' (Ed. Globo, 1992)

Mingau caminha na rua quando um homem que estava pintando fachada no alto de uma escada e deixa cair 2 latas de tinta, fica aliviado que não acertou ninguém, mas, na verdade, respingos de tintas caem no Mingau, que reclama que parece uma fantasia de Carnaval e se conforma que um dia a tinta sai.

No caminho, Mingau encontra 3 gatos no beco e um deles, o Tião Mandíbula, começa a paquerá-lo, primeiro cumprimentando e depois chamando de fofura. Mingau pergunta se está o estranhando e Tião manda lhe dá um beijinho. Mingau o arranha e os outros gatos falam que tem que fazer isso mesmo, não dar moleza para o Tião e chamam Mingau de boneca. Falam, ainda, que Tião não sabem tratar uma dama, lhe oferecendo sardinha e rato fresco.

Mingau interrompe, falando que estão doidos, que ele é macho. Tião fala que sabem que ele é uma gata, pelo charme, pelo modo de andar e, principalmente, por ter três cores, branco, laranja e amarelo, indicando que é uma fêmea. Mingau dá gargalhada, fala que aquela não é a cor natural dele, pingaram tinta nele e revela que é o Mingau da rua de baixo. Os gatos ficam surpresos que estavam paquerando o Mingau, que até achou engraçado, mas os gatos ficam furiosos e atacam o Mingau, brigando feio e o deixa todo estropiado. 

Uma mulher vê o Mingau naquele estado, fica com pena, e resolve levá-lo para casa dela tomar leite e, pensando que era uma gata, queria também que cruzasse com o gato Igor dela. Mingau sai arisco do colo dela e em seguida vê gatinhos abandonados o chamando de 'mamãe" por causa das 3 cores dele e foge.

Mingau nota que se meteu em confusão só por causa da tinta e vai para casa, tomar atitude drástica. Mingau entra na banheira onde Magali estava tomando banho para tirar a tinta. Depois, Magali deu banho nele e usou o secador, falando que nunca pensou que um dia ia vê-lo tomar banho espontaneamente.


Mingau fica aliviado que agora é só um gato de uma cor e não vai mais ser confundido com gatinha. Vai a rua e vê uma linda gata passando e chega junto de outro comentando sobre ela. Só que ele apanha porque era uma gata e não gostou de ser confundido por macho e no final fala com os leitores que descobriu que todo gato de 3 cores é fêmea, mas nem toda fêmea tem 3 cores. 

História legal em que o Mingau passa sufoco com todos pensando que ele era uma gata por ter caído tinta nele. Gatos ficam paquerando, mulher quer levá-lo para cruzar com o gato dela e gatinhos pensam que era a mãe deles. Mingau não queria tomar banho para sair tinta, mas precisou ceder e se deu mal no final apanhando da gata por pensar que por ter uma cor era macho.

Se ele tivesse se molhado antes para tirar a tinta, nada disso teria acontecido, mas gatos não gostam de banho, aí sofreu. Foi divertido ver os gatos paquerando o Mingau, dando cantadas e ele sem saber e também a hora da revelação que era o Mingau, além de fugir da mulher para não cruzar com outro gato, entrando na banheira da Magali e apanhar da gata no final.

História gira em curiosidade de gato com 3 cores ser fêmea, uma coisa que nem sabia. Acabou sendo informativa e divertida ao mesmo tempo. Dá para informar, sem deixar piegas. Era bom também o Mingau na rua, com a sua turma de gatos e Magali só participando, sem ser foco principal, eram as melhores histórias dele. Tanto que nessa, ela apareceu só em 2 páginas ou 4 quadrinhos, mais precisamente. Atualmente, colocam Mingau como gato caseiro contracenando só com a Magali em casa mostrando costumes dos gatos, fica muito batido isso. Isso mais frequente a partir dos gibis de 1998 em diante. Os gatos que apareceram, foram só nessa história, ele nunca teve uma turma fixa, mesmo quando contracenava com outros gatos.

Os traços ficaram excelentes, deixando  Mingau bem fofinho, adorava traços dele assim. Teve um erro da mulher aparecer com lábios no primeiro quadrinho em que apareceu e nos outros não. Incorreta hoje em dia por haver namoro, paqueras, gatos brigarem com Mingau por eles terem paquerado um macho, machos, Mingau apanhar e aparecer com olhos roxos e surrado e final triste para o Mingau. E também a palavra "azar" dita pelo pintor seria censurada já que hoje essa palavra é proibida nos gibis.

História teve 18 páginas no formato "Gibizinho", se saísse em gibi normal, teria menos páginas, com estilo de história de miolo convencional. A capa girou no tema da história de abertura, porém fazendo piadinha em cima do tema da história já que o Mingau não usou um guarda-chuva para se livrar da tinta. Se fizesse isso, não ia se sujar, mas também não teria história. Mais detalhes do título "Gibizinho" pode ver AQUI e AQUI. Muito bom relembrar essa história marcante há exato 30 anos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Os 40 anos da revista do Chico Bento

A revista 'Chico Bento' está comemorando a marca histórica de 40 anos de gibis ininterruptos no Brasil. Nessa postagem mostro tudo sobre a revista do Chico Bento, toda a sua trajetória e curiosidades ao longo dos seus 40 anos de gibis e também como foi a revista "Nº 1" da Editora Abril.

A MSP lançou os títulos 'Cascão' e 'Chico Bento' com periodicidade quinzenal, seguindo formato das revistas da Editora Abril do Pato Donald e do Zé Carioca e dos recém  lançados  Pateta e Peninha que se revezavam nas bancas com menos páginas que outros títulos já existentes. Intenção da editora em formatos de gibis assim era acessibilidade de leitores com gibis mais baratos e com menos páginas  e para toda semana ter gibi novo nas bancas e por ter menos páginas. Se leitor não tinha condições de comprar gibis da Mônica e Cebolinha mais caros, comprariam os do Cascão e do Chico Bento para poder ler gibis. Já quem colecionava, aí pagava mais para ter dois gibis do Chico Bento no mês comparado a um gibi mensal do Cebolinha, por exemplo.

Primeira propaganda da revista do Chico Bento (1982)

Assim, no dia 26 de agosto de 1982 foi lançada a revista do Chico Bento, com 36 páginas, e que se revezaria nas bancas com o título novo do Cascão, chegando sempre nas bancas às quintas-feiras. Passaram a colocar datas de lançamento nos créditos finais dos gibis, provavelmente, com datas lançadas no estado de São Paulo, que sempre revistas chegam lá primeiro.

Propaganda da revista do Chico Bento (1988)

Nesses 40 anos, 'Chico Bento' passou por 3 editoras diferentes: Abril, Globo e Panini, totalizando 769 edições até nesse mês de agosto de 2022, somando as 3 editoras. A cada troca de editora, a numeração foi reiniciada. Na Editora Abril foi até em dezembro de 1986, até o "Nº 114". A partir de janeiro de 1987 a coleção foi para a Editora Globo, durando 467 edições. Desde janeiro de 2007 está na Editora Panini, sendo que depois que chegou a edição "Nº 100", em abril de 2015, e na "Nº 70" em fevereiro de 2021, resolveram iniciar numeração novamente na mesma editora nos meses seguintes porque a MSP acha que cada geração de leitores deve ter uma edição "Nº 1" na sua coleção, e, com isso, com 100 edições mais 70 edições da segunda série e mais 18 na terceira série, totalizam 188 gibis na Panini até esta data.

Propaganda da revista do Chico Bento (1991)

Estilo de histórias nos gibis do Chico Bento predominavam as coisas da roça, simplicidade, Chico representava como foi a infância do Mauricio de Sousa. O Chico, então, é o personagem mais humanizado e sem personalidade única, variava de acordo com quem ele contracenava. Podia ver o Chico preguiçoso para trabalhar na roça, o Chico que não gostava de estudar, tirando zero e perturbando professora, o Chico lerdo ao contracenar com o promo da cidade, o Chico ciumento com namorada Rosinha, o Chico ecológico atento aos problemas ambientais e proteção aos animais, e, por aí vai. Mas o Chico fazendo arte prevalecia mais nas histórias. 

Personagens do seu núcleo até existiam antes, mas com a revista dele os personagens passaram a ter características próprias ao longo dos anos. Quando ele tinham histórias nos gibis da Mônica e do Cebolinha nos anos 1970, eram um outro estilo, seguindo mais situações de desenhos animados e ninguém tinha uma característica definida. Histórias eram mais mudas por conta de que ele não falava caipirês e era uma forma de disfarçar.

Com o lançamento da revista dele, já tinha o caipirês, que tinha sido adotado 2 anos antes, em 1980. Sendo que esse caipirês nos primeiros números da revista quinzenal foram diferentes, sem padronização, faziam experiências, e só depois de 1985 que passou a ter uma padronização maior do caipirês nos gibis.

Algumas capas da Editora Abril

Em relação a formato da revista, sempre mediu 13,5 X 19 cm no formato canoa e nunca teve lombada. Quando eram quinzenais, eram lançadas 26 edições por ano. Não tinham 24 edições por causa do calendário de meses com 5 semanas, tendo 3 revistas saindo em alguns meses ao longo de cada ano.  

Com a mudança para a Editora Globo, as revistas continuaram quinzenais e o esquema de revezamento pontual com a revista do Cascão acabou, não chegavam precisamente de 15 em 15 dias, principalmente depois do lançamento da revista da Magali em 1989, e cada revista podia chegar nas bancas qualquer dia da semana, de uma forma de ter 2 revistas novas por mês de cada um dos 3 personagens ou 3 revistas em alguns meses.

A revista continuou quinzenal até em março de 2003, quando no "Nº 422" passou a ser mensal com 68 páginas e passou a ter 1 página de correspondências dos leitores e 1 página de passatempos, o que não tinha antes. Estavam precisando criar histórias de abertura com mais páginas que não se encaixariam com as revistas de 36 páginas, além de ajudar a criarem menos capas novas por mês. Com a mudança quem colecionava foi bom porque as últimas quinzenais estavam custando R$ 1,90 cada e com as mensais pagava uma por mês por R$ 2,90. Agora quem era leitor ocasional, já teve um certo aumento para comprar.

Algumas capas da Editora Globo

Nos primeiros números do Chico Bento da Editora Abril tinham histórias de secundários da Turma da Mônica como Anjinho, Titi, Humberto, Zé Luís, Jeremias, Bidu, além de Papa-Capim. Como Chico não tinha muitas histórias produzidas, aí colocavam histórias de outros núcleos para preencher gibi, além também de frisar que o Chico pertencia a gibis da MSP por ele não ser tão conhecido ainda como a turminha do bairro do Limoeiro. A medida que foram criando mais histórias do Chico e ele ser mas conhecido, teve só Papa-Capim como personagem secundário nos gibis dele a partir de 1983.

Inclusive, foi a partir dos gibis do Chico Bento que o núcleo do Papa-Capim passou a ser mais conhecido e passou a ter características próprias ao longo dos anos. Antes, tinhas histórias dele de 1 página só de vez em quando nos gibis da Mônica e do Cebolinha, bem raramente. Na Globo, entre 1993 e 1994 algumas vezes tiveram histórias da Turma da Mata como secundário e entre 1998 a 2002 algumas vezes tinham Piteco como secundário, mas sem deixar de lado Papa-Capim. Quando Chico Bento passou a ser mensal em 2003, aí passaram a ter histórias de qualquer secundário, não só Papa-Capim, tirando a identidade da revista. E atualmente é raro ter histórias do Papa-Capim nos gibis por conta do núcleo estar em reformulação desde que inventaram de colocar roupa nos índios e modernizar a tribo.

Capas "Nº 1": Abril (1982), Globo (1987), Panini (2007), Panini (2015), Panini (2021)

Na Editora Abril, entre 1983 a 1985, maioria das edições não tiveram tirinhas no final porque a Editora Abril resolveu colocar propagandas diversas no lugar em gibis de todos os segmentos. Lá também foi marcada por brindes, como cartões, agendas, marcadores de livro, papéis de cartas, entre outros, que incrementavam mais as revistas. Depois na Globo e Panini isso foram raros de acontecer.  

Na mudança para a Editora Globo, as revistas da MSP "Nº 1" chegaram atrasada nas bancas, chegando de um mês para outro, por conta de problemas na impressão das revistas e ainda seguiram atrasadas alguns meses depois. Com isso, em 1987, Chico Bento teve 25 revistas em vez de 26, o que fez influenciar em toda a numeração final da coleção da Globo, terminando no "Nº 467", em um número ímpar. Em 1993, Chico Bento terminou ano com numeração "Nº 181", passando a ter um número a menos que Cascão a cada final ano porque Cascão teve 27 edições naquele ano, terminando na "N° 182", ficando assim até em 2003, quando Chico teve uma quinzenal a mais, antes de virar mensal para igualar os números no lançamento das revistas mensais dos dois.

Capas "Nº 100": Abril (1986), Globo (1990), Panini (2015)

Na Panini, as 2 primeiras séries continuaram mensais com 68 páginas, já na 3ª série a partir de 2021, os gibis passaram a ter 84 páginas para padronizarem todos os títulos, sendo que essa padronização fez tirar totalmente acessibilidade de gibis para quem comprava título mais barato. Com essa mudança, passaram a colocar 9 páginas de passatempos e seções de "Turma do Mauricio" e "Tirinhas Clássicas" nas revistas dele para suprir as páginas a mais em relação aos de 68 páginas, em vez de criarem mais histórias como são nas revistas da Mônica e do Cebolinha.

As capas nas Editoras Abril e Globo sempre prevaleceram piadinhas com as características dos personagens, e de vez em quando algumas com referência à história de abertura quando elas eram importantes. Quando mudaram para a Editora Panini, as capas, a partir do "N° 8", de 2007, passaram fazer exclusivamente alusão à história de abertura, deixando de lado as piadinhas, e passaram a ter efeitos de sombra e luz para modernizar. 

Capas Editora Globo: Nº 100 (1990), Nº 200 (1994), Nº 300 (1998), Nº 400 (2002)

O logotipo basicamente não mudou messes 40 anos. Na Editora Abril, curiosamente, o chapéu na última letra "O" era sempre pintado com cor-de-palha. Na Editora Globo, a cor do chapéu podia ser qualquer cor, combinando com harmonia de cores que achavam melhor e na Panini voltou a ter chapéu sempre cor-de-palha. Uma mudança maior no logotipo nos gibis da Panini foi tirarem uma sombra traseira, deixando só um contorno simples.

A partir da edição "Nº 419", de fevereiro de 2003 da Globo, os logotipos sofreram adaptação, ajustando o rosto da personagem ao lado do logotipo como uma forma de melhor identificação dos personagens nas bancas. Na 1ª série da Panini a partir de 2007, mudaram os desenhos das miniaturas colocando também braços nas personagens, na 2ª série a partir de 2015 o logotipo voltou a atingir a largura inteira dos gibis e colocam uma imagem da personagem de corpo inteiro já existente de revistas anteriores e em miniatura e na 3ª série a partir de 2021, apenas atingindo largura do gibi sem miniaturas dos personagens, só que em estilo 3D. 

Durante a trajetória, vimos os traços mudarem de 1982 até agora, tudo de forma gradual ao longo das décadas até chegar os traços digitais, que deixam as histórias horríveis visualmente, com desenhos sem vida e parecendo carimbo. Também acompanhamos todas as evoluções de gírias, de estilos musicais e artistas em evidência, de comportamentos sociais, até evoluções das moedas e preços nas capas são interessantes observar, até chegar a inclusão digital nos dias de hoje. É que a MSP sempre teve preocupação em adaptar as histórias ao que acontecia na atualidade. 

Verdadeiras capas Nº 100 (1986), Nº 200 (1990), Nº 300 (1994), Nº 400 (1998), Nº 500 (2001), Nº 600 (2008), Nº 700 - 2 versões (2016)

Sobre a edição "Nº 1", foram 9 histórias no total, incluindo a tirinha final. A revista abre com uma história sem título, com 10 páginas, mostrando uma apresentação do personagem Chico Bento e sua turma. Mauricio de Sousa chama o Chico no estúdio, anunciando que criou uma revista dele, só falando de coisas da terra, da roça e de meninos como ele. Chico pergunta se ele pode levar seus amigos, bichos e coisas deles para a nova revista e Mauricio deixa, é com essas coisas humanas e brasileiras que ele vai fazer a revista para mostrar as origens do Chico e as do próprio Mauricio e conta que quer mostrar para o pessoal que está chegando quem é o Chico, como ele é, como vive, etc.

Trecho da HQ "Chico Bento"

Assim, Chico, já na roça, se apresenta aos leitores, mostrando a sua casa, onde vive com seus pais, bichinhos e brinquedos. Apresenta seu pai, roceiro que nem seu avô e bisavô, e a sua mãe dona de casa boazinha, mas as vezes perde a paciência quando ele não vai fazer as lições da escola. Depois apresentam seus amigos Zé da Roça, Hiroshi e Zé Lélé. Em seguida, mostra a vila, que era um pouco distante da casa, tinha bastante movimento, porque de vez em quando passava uma ou outra pessoa. Aí apresenta o Elias da venda, o Padre Lino, o delegado e o Quinzinho da farmácia. Aí vai para casa de noite com medo de encontrar assombração e lobisomem, Padre Lino dizia que não existe, mas confia na Vó Dita que já jurou ter visto. Em casa, a mãe obriga o filho a lavar mão antes de comer, mas ao ver Seu Bento sem lavar mãos também, os dois lavam juntos. No final, Chico faz oração antes de dormir em colchão de capim e coberta de retalhos feito pela mãe e se lembra que não apresentou a Rosinha, que um dia vai ser sua namorada, mas que isso fica para outra história. 

História especial de lançamento de revista. O Chico Bento, apesar de ter histórias nos gibis da Mônica e Cebolinha, mas precisava de uma apresentação para o público conhecer melhor o Chico e os personagens no seu núcleo. Alguns apareciam só de vez em quando, sem muitos detalhes de grau de conhecimento dele. Como se fosse o Mauricio contando a sua própria história de vida como criança. Legal saber que o pai do Zé da Roça é padrinho do Chico, compadre do pai dele. Não mencionou que o Zé Lelé é primo do Chico, pelo visto ainda não tinham esse parentesco, mudaram depois. Idade do Chico depois mudou para 8 anos. Os traços do Seu Bento bem diferente, uma cópia do filho adulto, depois iam mudar para o que conhecemos hoje.

Trecho da HQ "Chico Bento"

Em "O Elefante Jotalhão", de 3 páginas, Jotalhão encontra um elefante fantasma reclamando que seu marfim sumiu. Jotalhão comenta que muita gente está atrás dos marfins dos elefantes para interesses próprios e os dois vão procurar o marfim do Elefante fantasma no dia seguinte,  sem sucesso. Até que encontram o Coelho Caolho carregando marfins para devolver para seus donos e conta que quem roubava era o Jotalhão de noite por ser sonâmbulo.  No final, o Elefante fantasma deixa seu marfim amarrado, prendendo o Jotalhão  no chão, para ele não sair e roubar marfins dos elefantes.

Vimos que,  mesmo sem querer, o Jotalhão foi o ladrão e vilão da história,  incorreta por haver roubo e Jotalhão, personagem principal, ser vilão. A história foi dividida com 3 quadrinhos por linha e desenhos reduzidos, se fosse enquadramento normal, daria 2 páginas.  Além disso, cada página  começava  com "O Elefante Jotalhão", o quecdeduz que foi tirada de páginas semanais de jornais escrita pelo Mauricio de Sousa e colocaram para preencher gibi por não ter material  novo suficiente, porém que é inédita nos gibis e para o grande público,  pois só pessoal de São Paulo que poderia ter visto as páginas semanais em jornais.

Trecho da HQ "O Elefante Jotalhão"

Em "Um buraco exagerado", de 2 páginas, Bidu enterra um osso sendo que cava tão fundo que não consegue sair do buraco. Começa a latir bastante e no final um Diabo tira de lá por causa de ouvido ficar doendo de tanto latido alto. História com Bidu como um simples cachorro e por ter participação de diabo, impublicável hoje em dia.

HQ "Um buraco exagerado"

Em "Sem sapato não vou", de 3 páginas, Chico Bento comenta com Zé da Roça que foi convidado para festa de aniversário da amiga da Rosinha só que não tem sapato para ir e não dava para ir para festa com bota de borracha. Pedem ajuda ao Zé Lelé, que dá só um pé de sapato, falando que ele perdeu o outro pé e fora que tinham pedido só um sapato. Depois pedem um par de sapatos ao Hiro, que não empresta senão ele ia ficar andando descalço por aí. Em seguida, Chico encontra uma nota de mil cruzeiros no chão e consegue comprar sapato na loja. Na hora da festa, eles têm surpresa que era festa de japonês e tinham que deixar sapato no lado de fora e ficam só de meia na festa. Se soubesse, não precisava ter comprado.

Trecho da HQ "Sem sapato não vou"

Depois vem uma história de 1 página do Papa-Capim, em que ele vai assobiando para pássaros, tentando chamá-los, depois ouve alguém chamado seu nome e ele corre para atender e era um papagaio chamando. Ou seja, o papagaio fez o inverso que ele fez. Papa-Capim ainda não tinha histórias desenvolvidas em gibis, depois passou a ter histórias maiores graças a revista do Chico Bento.

HQ "Papa-Capim"

Em "O garotinho malvado", de 4 páginas, Anjinho tenta impedir um garoto fazer maldades, aí primeiro ele quebra vidraça e fala ao homem que foi o Anjinho quem quebrou. Depois, puxa cabelo de uma menina, Anjinho tenta impedir, o garoto reclama que não tem que segui-lo, a companhia dele o irrita. Anjinho fala que desse jeito não vai entrar n céu e ele diz que não quer porque lá só tem gente chata.

A menina fala ao Anjinho que o garoto vive a perturbando e não tem amigos porque basta alguém chegar perto dele para arranjar encrenca. Depois, Anjinho vê o garoto arrancando flores e tem uma ideia e pede ajuda à menina e as crianças da região. O plano era não guardarem rancor pelo garoto, a menina dá sorvete para ele apesar de tudo que ele fez e os meninos convidam jogar bola mesmo ele tendo chutado a bola na casa do Seu Tonico. Com o pedido deles de formarem uma turma, um diabinho si do corpo do garoto, reclamando que com tanta bondade não consegue mais dominar o garoto. As crianças ficam amigas e convidam Anjinho pra irem com eles, mas Anjinho tem outra coisa pra fazer, que era tentar regenerar o Diabinho. Impublicável hoje por dominação do diabo em corpo de criança. As crianças não tiveram nomes e apareceram só nessa história.

Trecho da HQ "O garotinho malvado"

Em seguida, uma história de 1 página em que a Rosinha vê tudo bichos todos pintados de azuis e no final vê que é o Chico Bento quem pintou, inclusive ele mesmo. Participação da Rosinha na revista, nos próximos números ela apareceria com mais frequência como namorada oficial do Chico.

HQ "Chico Bento"

História de encerramento foi "Sai pra lá, pedra!", de 4 paginas, em que o Chico encontra uma pedra no meio do seu caminho quando estava  em uma carroça para entregar mercadorias. Chico tenta tirar a pedra e vai causando muita confusão na roça. Um menino pergunta qual milagre é esse com pá na mão e Chico diz que tirou a pedra no caminho para que não quebrasse a carroça, mas com todo o movimento que fez na roça, a pedra acaba voltando de onde partiu, caindo em cima da carroça e quebrando tudo, até pior do que se ele não tivesse tirado.

Antes não tirasse a pedra, era só ele desviar que estava tudo certo. Menino estranha Chico com pá, pois conhece a fama de preguiçoso de nem querer trabalhar na roça do pai. Traços sensacionais, parecendo desenho animado. Cada percurso da pedra colocaram em um quadrão em 2 páginas mostrando um cenário único da roça em vez de cada ação dividaem quadrinhos diferentes.

Trecho da HQ "Sai pra lá, pedra!"

Tirinha final com Professora Marocas com medo de falar a nota que Chico tirou na prova. Ele diz que está preparado para qualquer nota, mas desmaia e vai parar no médico ao saber que tirou nota Dez. Chico tem fama de sempre tirar zero ou nota baixa por ser burro, aí quando tira dez, a emoção é grande. Acabou sendo uma apresentação da professora Marocas que ficou ausente na história de abertura.

Tirinha da edição

Pode ver que a revista N°1 foi marcada por histórias curtas e poucas do Chico Bento, foram só 5 dele curtas, e ainda com estilo de histórias que saiam nos gibis da Mônica e Cebolinha, com o tempo foram adaptando características fixas para cada personagem. Bem incorreta para os padrões atuais, o que por isso se torna muito divertida,  mesmo tendo 36 páginas. Essa revista depois teve relançamento em 2007 pela Editora Panini na "Coleção  Histórica Turma da Mônica". 

Chico Bento Nº 1 (Ed. Abril, 1982); Nº 1 (Coleção Histórica, Panini, 2007)

A revista 'Chico Bento' chega aos 40 anos em 2022 sem edição especial comemorativa para a data. A edição atual "Nº 18" da terceira série da Panini passou a data em branco, pelo menos podia ter uma capa comemorativa e um frontispício na página 3 fazendo homenagem ou um selo na capa, só que seguiu tudo normal, uma edição comum.

Sem dúvida uma marca histórica que a revista 'Chico Bento' atingiu, não é qualquer um que consegue ter 40 anos de gibis ininterruptos em circulação, ainda mais no Brasil. Foi o título fixo mais diferente da MSP, fugindo do núcleo do Bairro do Limoeiro e tendo o meio rural como protagonismo. Pena que a qualidade decaiu por causa do politicamente correto, deixando personagem completamente descaracterizado, mas os momentos bons prevalecem e tem todo um valor histórico. Vida longa à revista do Chico Bento.

Termino mostrando as capas de agosto a cada 10 anos, quando a revista estreou e quando completou 10, 20, 30 e 40 anos, nos anos de 1982 a 2022, respectivamente. Sendo que as do período que a revista foi quinzenal, coloquei a edição correspondente às segundas quinzenas de cada mês de agosto, pois a "Nº 1" foi lançada depois da primeira quinzena e só teve uma edição em agosto de 1982.

Capas de Agosto: Abril: Nº 1 (1982); Globo: Nº 146 (1992), Nº 407 (2002);  Panini: Nº 68 (2012); Nº 18 (2022)

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Tirinha Nº 87: Magali

Quando Magali tinha fome era capaz de coisas mais absurdas e nessa tirinha, ela come o abaixador de língua do médico quando ele pede para abrir a boca para ver o que ela tinha na consulta. Era muito legal quando a Magali comia tudo que via, seja lá o que for, hoje a gula exagerada dela não é mais explorada nos gibis. Por ser tirinha, eles tinham que ser objetivos e aí o motivo de precisar ir ao médico, o que ela estava sentindo antes de ir, fica na imaginação dos leitores.  

Tirinha publicada em 'Magali Nº 13' (Ed. Globo, 1989).

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Os 40 anos da Revista do Cascão

A revista 'Cascão' está comemorando a marca histórica de 40 anos de gibis ininterruptos no Brasil. Nessa postagem mostro tudo sobre a revista do Cascão, toda a sua trajetória e curiosidades ao longo dos seus 40 anos de gibis e também como foi a revista "Nº 1" da Editora Abril.

Depois do cancelamento da revista mensal do Pelezinho, a MSP resolveu lançar os títulos 'Cascão' e 'Chico Bento' com periodicidade quinzenal, seguindo formato das revistas da Editora Abril do Pato Donald e do Zé Carioca que se revezavam nas bancas com menos páginas que outros títulos já existentes, assim como os gibis do Pateta e do Peninha que também foram lançados juntos nesse sistema de revezamento nas bancas entre eles no mesmo mês de Cascão e Chico Bento. Intenção da editora em formatos de gibis assim era de toda semana ter gibi novo nas bancas e por ter menos páginas, ter um preço menor por edição e que todos tenham acesso à leitura. Quem não fazia coleção regular, comprando um ou outro gibi de vez em quando e não tinha condições de comprar gibis da Mônica e Cebolinha mais caros, comprariam os do Cascão e do Chico Bento para poder ler gibis. Quem colecionava, até pagava mais para ter dois gibis do Cascão no mês comparado a um gibi mensal do Cebolinha, por exemplo, mas quem era leitor ocasional, economizava bem.

Primeira propaganda da revista do Cascão (1982)

Assim, no dia 19 de agosto de 1982 foi lançada a revista do Cascão, com 36 páginas, e que se revezaria nas bancas com o título novo do Chico Bento, chegando sempre nas bancas às quintas-feiras. Com isso, em uma quinta-feira, lançavam Cascão e na outra quinta, saía o do Chico Bento, na outra quinta, outra do Cascão, e por aí vai. Passaram a colocar datas de lançamento nos créditos finais dos gibis, provavelmente, com datas lançadas no estado de São Paulo, que sempre revistas chegam lá primeiro.

Propaganda da revista do Cascão (1988)

Nesses 40 anos, 'Cascão' passou por 3 editoras diferentes: Abril, Globo e Panini, totalizando 769 edições até nesse mês de agosto de 2022, somando as 3 editoras. A cada troca de editora, a numeração foi reiniciada. Na Editora Abril foi até em dezembro de 1986, até o "Nº 114". A partir de janeiro de 1987 a coleção foi para a Editora Globo, durando 467 edições. Desde janeiro de 2007 está na Editora Panini, sendo que depois que chegou a edição "Nº 100", em abril de 2015, e na "Nº 70" em fevereiro de 2021, resolveram iniciar numeração novamente na mesma editora nos meses seguintes porque a MSP acha que cada geração de leitores deve ter uma edição "Nº 1" na sua coleção, e, com isso, com 100 edições mais 70 edições da segunda série e mais 18 na terceira série, totalizam 188 gibis na Panini até esta data.

Propaganda da revista do Cascão (1990)

Estilo de histórias nos gibis do Cascão predominavam a sua característica de não tomar banho, o seu medo de água, fugir dos vilões e até dos seus amigos que faziam planos infalíveis para lhe dar banho, apologia à sujeira, brincar no lixão, com lama. Ele passou a ter um porquinho de estimação, o Chovinista, as vilãs Cremilda e Clotilde e retorno do Doutor Olimpo e da Cascuda, embora no início não era sua namorada oficial. 

Para diferenciar, colocaram também outras características como Cascão montar seus brinquedos, ser craque do futebol, torcer para o Corinthians ("Coringão"), histórias de planos infalíveis contra a Mônica e só perturbando os seus pais, dando um contraste bom com o tema de sujeira. Porém, nos últimos anos, histórias envolvendo sujeira e medo de água foram diminuindo drasticamente, agora Cascão faz apologia á limpeza e se envolve com Ecologia e muito mais frequente histórias com ele consertando brinquedos e praticando esportes ou enredos que se encaixariam com qualquer personagem, tudo por causa do politicamente correto.

Propaganda da revista do Cascão (1991)

Em relação a formato da revista, sempre mediu 13,5 X 19 cm no formato canoa e nunca teve lombada. Quando eram quinzenais, eram lançadas 26 edições por ano. Não tinham 24 edições por causa do calendário de meses com 5 semanas, tendo 3 revistas saindo em alguns meses ao longo de cada ano.  

Com a mudança para a Editora Globo, as revistas continuaram quinzenais e ainda tinham revezamento com Chico Bento no início, mas depois do lançamento da revista da Magali em 1989, esquema de revezamento pontual acabou, com 3 títulos quinzenais a partir de então, não chegavam precisamente de 15 em 15 dias e cada revista podia chegar nas bancas qualquer dia da semana, de uma forma de ter 2 revistas novas por mês de cada um dos 3 personagens ou 3 revistas em alguns meses. 

Algumas capas da Editora Abril

A revista continuou quinzenal até em março de 2003, quando no "Nº 422" passou a ser mensal com 68 páginas e passou a ter 1 página de correspondências dos leitores e 1 página de passatempos, o que não tinha antes. Estavam precisando criar histórias de abertura com mais páginas que não se encaixariam com as revistas de 36 páginas, além de ajudar a criarem menos capas novas por mês. O que foi bom de pagar menos para quem colecionava porque as últimas quinzenais estavam custando R$1,90 cada e com as mensais pagava uma por mês por R$ 2,90. Agora quem não colecionava e comprava ocasionalmente, já teve um certo aumento para comprar.

Algumas capas da Editora Globo

Enquanto eram quinzenais, histórias de personagens secundários fixos nos gibis do Cascão eram apenas do Bidu e Turma do Penadinho dando uma identidade para os gibis dele. Inclusive, foi a partir dos gibis do Cascão que o núcleo do Penadinho passou a ser mais conhecido e passaram a ter características próprias ao longo dos anos. Antes, eles apareciam só de vez em quando nos gibis da Mônica e do Cebolinha, bem raramente e sem personalidades definidas, maioria eram histórias do Penadinho com outros fantasmas. Quando Cascão passou a ser mensal em 2003, passaram a ter histórias de qualquer secundário, não só Bidu e Turma do Penadinho, tirando a identidade da revista.

Capas "Nº 1": Abril (1982), Globo (1987), Panini (2007), Panini (2015), Panini (2021)

Na Editora Abril, entre 1983 a 1985 maioria das edições não tiveram tirinhas no final porque a Editora Abril resolveu colocar propagandas diversas no lugar em gibis de todos os segmentos. Lá também foi marcada por brindes, como cartões, agendas, marcadores de livro, papéis de cartas, entre outros, que incrementavam mais as revistas. Depois na Globo e Panini isso foram raros de acontecer.  

Na mudança para a Editora Globo teve curiosidade que as revistas da MSP "Nº 1" chegaram atrasada nas bancas, chegando de um mês para outro, por conta de problemas na impressão das revistas e ainda seguiram atrasadas alguns meses depois. Com isso, em 1987, Cascão teve 25 revistas em vez de 26, o que fez influenciar em toda a numeração final da coleção da Globo, terminando no "Nº 467", em um número ímpar. Em 1993, Cascão teve 27 edições, na N° 182, fazendo diferenciar do Chico Bento em final de cada ano, com Cascão terminando com uma edição a mais a cada ano, ficando assim até em 2003, quando Chico teve uma quinzenal a mais antes de virar mensal para igualar os números no lançamento das revistas mensais dos dois.

Na Panini, as 2 primeiras séries continuaram mensais com 68 páginas, já na 3ª série a partir de 2021, os gibis passaram a ter 84 páginas para padronizarem todos os títulos, sendo que essa padronização fez tirar totalmente acessibilidade de gibis para quem comprava título mais barato. Com essa mudança, passaram a colocar 9 páginas de passatempos e seções de "Turma do Mauricio" e "Tirinhas Clássicas" nas revistas dele para suprir as páginas a mais em relação aos de 68 páginas, em vez de criarem mais  histórias como são nas revistas da Mônica e do Cebolinha.

Capas "Nº 100": Abril (1986), Globo (1990), Panini (2015)

As capas nas Editoras Abril e Globo sempre prevaleceram piadinhas com as características dos personagens, e de vez em quando algumas com referência à história de abertura quando elas eram importantes. Quando mudaram para a Editora Panini, todas as capas passaram fazer exclusivamente alusão à história de abertura, deixando de lado as piadinhas, e passaram a ter efeitos de sombra e luz para modernizar. 

O logotipo basicamente não mudou messes 40 anos, porém a partir da edição "Nº 420", de fevereiro de 2003 da Globo, os logotipos sofreram adaptação, ajustando o rosto da personagem ao lado do logotipo como uma forma de melhor identificação dos personagens nas bancas. Na 1ª série da Panini a partir de 2007, mudaram os desenhos das miniaturas colocando também braços nas personagens, na 2ª série a partir de 2015 o logotipo voltou a atingir a largura inteira dos gibis e colocam uma imagem da personagem de corpo inteiro já existente de revistas anteriores e em miniatura e na 3ª série a partir de 2021, apenas atingindo largura do gibi sem miniaturas dos personagens, só que em estilo 3D. Uma mudança maior no logotipo nos gibis da Panini foram deixar as sujeirinhas em cada letra com a cor de fundo em vez de pretas, deixando as sujeirinhas quase invisíveis, ficando ruim assim, como uma espécie de querer limpar o Cascão.

Capas Editora Globo: Nº 100 (1990), Nº 200 (1994), Nº 300 (1998), Nº 400 (2002)

Durante a trajetória, vimos os traços mudarem de 1982 até agora, tudo de forma gradual ao longo das décadas até chegar os traços digitais, que deixam as histórias horríveis visualmente, com desenhos sem vida e parecendo carimbo. Também acompanhamos todas as evoluções de gírias, de estilos musixais e artistas em evidência, de comportamentos sociais, até evoluções das moedas e preços nas capas são interessantes observar, até chegar a inclusão digital nos dias de hoje. É que a MSP sempre teve preocupação em adaptar as histórias ao que acontecia na atualidade. 

Verdadeiras capas Nº 100 (1986), Nº 200 (1990), Nº 300 (1994), Nº 400 (1997), Nº 500 (2001), Nº 600 (2008), Nº 700 - 2 versões (2016)

Sobre a edição "Nº 1", foram 8 histórias no total, incluindo a tirinha final. Abre com a história "Montanha Suja, meu ídolo", com 8 páginas. Montanha Suja, lutador de luta livre e conhecido por lutar com golpes sujos, semore perde lutas e é vaiado e considerado vilão e queria ter fãs e pedidos de autógrafos. Ele encontra Cascão, seu ídolo  abraça seu ídolo e eles presenciam um assalto a um banco, Montanha Suja bate nos 2 ladrões e a imprensa quer entrevista com ele, falando que depois dessa notícia, vai ser aclamado como herói.

Trecho da HQ "Montanha suja, meu ídolo"

Cascão só era ídolo do Montanha Suja porque praticava as lutas com golpes sujos e trapaças por envolver sujeira que ele gostava. No momento que ele agiu como os outros lutadores, Cascão se desiludiu, mas Montanha Suja voltou atrás do seu sonho de ter muitos fãs para não decepcionar uma criança, que tinha afeto sincero, trazendo boa mensagem. So dececionou Cascão  no final ao descibrir qye seu idoo tima banho como todo mundo. Depois essa história virou desenho animado no filme "Bicho-Papão e outras histórias" de 1987. Impublicável atualmente por haver luta livre, violência, trapaças e bandidos armados assaltando banco.

Trecho da HQ "Montanha suja, meu ídolo"

Depois vem Anjinho com história "As argolas", muda de 2 páginas, em que ele faz uma apresentação para outros anjnhos de unir auréolas de todos, só que no final não consegue desatar as auréolas e todos tem que voar juntos para terem suas auréolas. Anjinho não tinha histórias fixas nos gibis do Cascão, mas colocaram essa como forma de preencher gibi por não ter ainda histórias suficientes do Cascão produzidas.

HQ "As argolas"

Em "Bugu não veio, mas...", com 3 páginas, Bidu conversa com uma carta, que diz que o Bugu não pode ir porque está descansando em clínica de repouso, Bidu comemora, mas tem a visita do Buguinho, sobrinho do Bugu, falando que o seu tio ficou doente e mandou Bidu tomar conta dele. Bidu tenta voltar a conversar com a carta e Buguinho o atrapalha, assobiando alto, fazendo malabarismo, sapateado e imitações. Bidu repreende e Buguinho chora que não quer levar pontapé como ele faz com o tio. Bidu diz que nunca bateria em criança e Buguinho faz o quer, sabendo que não vai ser expulso. No final, Bidu fica doente e fica do lado do Bugu na clínica de repouso, sabendo o motivo de ele ter ficado doente.

Bugu tem sobrinho pior que ele, que nem Bidu aguentou. Um verdadeiro pestinha, interessante o Buguinho ter bordão "Alô, vovó!", saudando também a mãe do Bugu. Como ele é filho de irmã ou irmão do Bugu, a mãe deles é a mesma e, consequente a avó do Buguinho é a mesma a quem Bugu saúda. História uniu metalinguagem com universo de Bidu conversar com objetos e o Buguinho apareceu só nessa história, com o tempo foi aparecendo outros parentes do Bugu nas histórias, inclusive sua mãe.

Trecho da HQ "Bugu não veio, mas..."

Em seguida vem história do Cebolinha, "Uma voltinha", de 2 páginas, em que os personagens veem Cebolinha andar de bicicleta e pedem para dar uma volta nela. Cascão, Mônica, Magali, Xaveco e várias crianças dão volta, um depois do outro, no final , Cebolinha consegue andar de bicicleta, mas com tantas voltas que deram que abriram buraco ao redor deles no chão e Cebolinha cai ao fazer uma curva. Mais um caso de colocarem uma história curta sem ser do Cascão, que poderia ter saído em gibi do Cebolinha, já que não tinham histórias suficientes do Cascão produzidas para preencher gibi. Teve participação do Cascão, mas a história e a piada foi com o Cebolinha.

HQ "A voltinha"

Depois vem "Cascão e Bugu", de 4 páginas, um inusitado encontro dos personagens, que até então Bugu só aparecia com o Bidu. Bugu aparece para parabenizar Cascão por ter conseguido revistinha só dele e não ficar na sombra dos outros, lembrando que são donos das historinhas, como Bidu faz com ele, que mal entra e Bidu fica histérico. Cascão fala que está cheio de serviço e ele tinha que ir embora, Bugu faz teatro, falando que só porque Cascão ganhou uma revistinha e esquece dos amigos. Cascão fala que isso não estava programado e Bugu pede para ele falar com editores para dar uma boquinha na revista.

Enquanto o Cascão vai falar com os editores, Bugu diz para os leitores que com Cascão é mais fácil de enrolar e aproveita que está sozinho para fazer imitações do próprio Cascão, da Mônica e da Magali. Cascão volta e diz que editores não querem Bugu lá, não gostaram das imitações e querem coisas originais. Bugu fala que vai ficar sentado lá e, então, Cascão dá um chute no Bugu para expulsá-lo e ele diz que depois é ele quem é o imitador, saindo com bunda doendo.

Foi uma história digna de estreia de revista, especial para o lançamento, ficou legal e bem criativa a dobradinha do Cascão com o Bugu, querer fazer o mesmo que fazia com Bidu, aproveitando que Cascão ganhou revistinha dele. Curiosamente, Bugu já tinha aparecido om a Mônica, em 1982 mesmo, e agora foi com o Cascão, pelo visto queriam variar as aparições do Bugu com outros personagens, ele estava bem em alta na época, público devia estar gostando dele.

Trecho da HQ "Cascão e Bugu"

Em "Quem precisa de um empurrãozinho", de 3 páginas, Penadinho conversa com um homem que estava há 3 dias sem dormir porque estava amando e ela não dá mínima bola para ele. Penadinho dá um terno para o homem de quando ele era vivo e também flores e pente para pentear o cabelo. Anoitece e ele vai se encontrar com a pretendente, mas no final, descobrimos que ele era o Lobisomem e estava apaixonado pela cachorrinha da madame e consegue conquistar a cachorrinha, saindo juntos, e a dona dela entender nada. 

Penadinho conversava com o homem sem saber que era um lobisomem e pensava que ele estava querendo paquerar a mulher. Legal trocadilho de Penadinho brincar que a mina não dá bola porque não joga futebol, ele ter terno que ele usava quando era vivo, sem fazer jus à regra de que da vida nada se leva. Uma das primeiras histórias mais desenvolvidas com Penadinho no estilo dos anos 1980, personagens ainda descaracterizados e sem traços definitivos, com o passar dos anos ia padronizar características e traços de cada um.

Trecho da HQ "Quem precisa de um empurrãozinho"

O gibi termina com "Mania de limpar Cascão", com 6 páginas, a estreia das irmãs Cremilda e Clotilde. Elas se mudam para o bairro do Limoeiro e estão limpando a casa, reclamam que chão e lustre estão imundos, limparam mesa há 3 minutos e já está suja de novo, quando Clotilde vai fechar janela, avista o Cascão e grita por achar um menino horrível como lixão ambulante e as duas resolvem limpá-lo.

Elas jogam balde d'água pela janela enquanto ele passava, mas consegue escapar, cavando buraco no chão e sair pelo outro lado, mandando elas terem cuidado com a água. Depois tentam dar banho de mangueira atrás dele e sem vê-las, mas a água acaba. Em seguida, inventam uma cadeira autolimpante quando alguém senta nela e chamam o Cascão para sentar nela. Clotilde dá desculpa que a irmã estava com peso na consciência de ter jogado balde nele e chama para casa dela para ele  perdoar pessoalmente. Chegando lá, pedem para sentar na cadeira pra tomar sorvete e ele prefere tomar em pé. Clotilde diz que comer depressa faz mal e ele não quer bobear se Magali aparecer. Cascão quase senta e um sorvete dando raiva nela que tem que limpar chão e enquanto limpa, ele vai tomando os sorvetes.

Trecho da HQ "Mania de limpar Cascão"

Cascão quer ir embora, elas pedem para ficar, sentar na cadeira que tem mais um sorvete surpresa. Cascão diz que não pode mas ficar, abraça as duas pelos melhores sorvetes que tomou e pergunta se na próxima pode levar a turma. No final, as duas disputam quem fica na cadeira, uma fica 3 horas na cadeira e diz que precisa de mais de 20 banhos para ficar limpa enquanto a outra espera e cobra para sair logo pra ela entrar.

Bem incorreta, cheia de absurdos e seguindo estilo de desenhos animados, conhecemos Cremilda e Clotilde, que vieram com tudo. Não era só Franjinha e Doutor Olimpo que inventavam coisas, elas também inventavam coisas para limpeza, não se deram bem, pelo menos conseguiram disfrutar a invenção da cadeira para tomarem banho. Com gibi do Cascão, ele tinha que ganhar vilões para dar banho nele e foram criadas especialmente nessa intenção. Nos primeiros anos, Cascão era ingênuo, pensava que eram amigas, não desconfiava da falsidade e que elas queriam dar banho nele, a partir de 1993 mudaram com ele sabendo muito bem as más intenções dela. Já Doutor Olimpo, que voltou para os gibis com o lançamento da revista, Cascão sempre soube que era vilão, foi de propósito para diferenciar os vilões, eu achava mais engraçado o ele ingênuo e a falsidade delas, depois ficaram vilões tudo iguais.

Trecho da HQ "Mania de limpar Cascão"

Tirinha final foi com meninos procurando seus cães e descobrem que o Cascão escondeu para não darem banho neles. Curiosidade do Xaveco ter cão também   hoje ele tem o Ximbuca como fixo.

Tirinha da edição

Pode ver que o gibi teve várias histórias curtas, Bidu e Penadinho já marcando boa presença, o que seriam secundários fixos depois, Cascão teve poucas histórias porque não tinham histórias suficiente produzidas ainda, com o tempo foi aumentando. Gibi bem incorreto para os padrões atuais, o que se torna bem diferente que vemos e, mesmo com 36 páginas, tinha muito mais conteúdo que 84 páginas atuais. essa revista teve depois mais relançamento em 2007 na 'Coleção Histórica Turma da Mônica'.

Cascão Nº 1 (Ed. Abril, 1982); Nº 1 (Coleção Histórica, Panini, 2007)

A revista 'Cascão' chega aos 40 anos em 2022 sem edição especial comemorativa para a data. A edição atual "Nº 18" passou a data em branco, pelo menos podia ter uma capa comemorativa e um frontispício na página 3 fazendo homenagem ou um selo na capa, só que seguiu tudo normal, uma edição comum.

Sem dúvida uma marca histórica que a revista 'Cascão' atingiu, não é qualquer um que consegue ter 40 anos de gibis ininterruptos em circulação, ainda mais no Brasil. Tiveram muitas histórias e momentos inesquecíveis que sempre vão ser lembrados pelos fãs, principalmenteas envolvendo sujeira. Pena que a qualidade decaiu por causa do politicamente correto, deixando personagem completamente descaracterizado, mas os momentos bons prevalecem e tem todo um valor histórico. Vida longa á revista do Cascão.

Termino mostrando as capas de agosto a cada 10 anos, quando a revista estreou e quando completou 10, 20, 30 e 40 anos, nos anos de 1982 a 2022, respectivamente. Sendo que as do período que a revista foi quinzenal, coloquei a edição correspondente às segundas quinzenas de cada mês de agosto, pois a "Nº 1" foi lançada depois da primeira quinzena e só teve uma edição em agosto de 1982.

Capas de Agosto: Abril: Nº 1 (1982); Globo: Nº 146 (1992), Nº 407 (2002);  Panini: Nº 68 (2012); Nº 18 (2022)