segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Tina: HQ "Amizade ou paquera?"


Mostro uma história em que o Rolo passou sufoco para que sua namorada ciumenta não o visse junto com a Tina em uma lanchonete. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 181' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Mônica Nº 181' (Ed. Abril, 1985)
Nela, Rolo e Tina estão em uma lanchonete e quando Rolo comenta que fazia um tempão que eles não saíam para um bom bate-papo, ele vê sua namorada chegando na lanchonete e se esconde debaixo da mesa. Tina primeiro pensa que ele tinha perdido alguma coisa e depois que ele fala que é sua namorada, Tina deseja ir lá conhecê-la.


Rolo impede e fala que a namorada não pode saber que ele foi à lanchonete com a Tina, seria o fim do namoro, nunca ia acreditar que eles são só amigos. O garçom chega com o pedido e pergunta ao Rolo se perdeu alguma coisa e ele diz que vai comer ali mesmo no chão, dando desculpa que é ótimo para digestão, comprovado pela ciência gastronômica. 

Garçom acha Rolo maluco e Tina comenta que não sabe como a namorada não percebeu nada. Rolo fala que nem pode perceber, come bem rápido e pede a conta para sair de lá o quanto antes. Depois de pagar, ele sai carregando a mesa e o garçom impede de levar a mesa. Rolo fala que é um empréstimo e devolve na saída, enquanto a namorada reconhece a voz do Rolo. A namorada vai em sua direção, perguntando se era o Rolo e ele, mais que depressa, sai da mesa e joga na sua cabeça  a macarronada dos fregueses da mesa ao lado. Ao ver com macarrão na cabeça, a namorada se desculpa, não pode ser o Rolo porque nem ele seria tão biruta de fazer isso.


Rolo e Tina vão embora, com Tina avisando para não olharem para ela, não conhece aquele cara e nem é amiga dele. Na rua, Tina fala que não precisava dar todo aquele vexame e Rolo diz que sim, faz de tudo para salvar o seu namoro. No final, vê um cara entrando na lanchonete e sentando ao lado da sua namorada e ele vai até lá e dá bronca, não acreditando que o cara é só amigo dela.


Muito engraçada essa história com Rolo com medo de sua namorada ver conversando com a Tina e faz de tudo para ela não ver, passando por vários constrangimentos. Engraçado vê-lo debaixo da mesa comendo no chão ,atravessando a lanchonete carregando a mesa e jogando macarronada na cabeça só pra não terminar namoro por ciúme dela. Situação inverteu no final, ele que deu crise de ciúme ao ver namorada conversando com outro. Ficou final aberto com o que aconteceu na sequência, se terminaram ou não namoro, mas provavelmente sim, já que Rolo aparecia com namorada diferente (ou várias) a cada história.


Mostra casos de casais inseguros e ciumentos na vida real que não pode ver com outro (a) que começa a dar ciúme e fazer escândalo e resolveram fazer história assim com Rolo. As vezes ele pode ter se preocupado à toa  e a namorada nem poderia ter feito nada  se o visse junto com Tina, mas pelo medo dele, a namorada era ciumenta e poderia fazer escândalo sim.

Rolo até chegou a ter interesse na Tina algumas vezes nos anos 1970, após a reformulação de 1977, ora Rolo gostando da Tina, ora Tina gostando dele, sem serem correspondidos. Mas nos anos 1980, ainda mais nessa altura de 1985, já ficou bem definido que eles não se gostam, eram apenas amigos mesmo, com Tina chegando a ter namorado fixo, o Jaime, e o Rolo paquerador, com cada história com namorada diferente ou pegando várias em uma mesma história.


Tiveram alguns deslizes nessa história como quem pagou a conta da macarronada que o Rolo jogou na cabeça, se foi ele, os fregueses ou a lanchonete ficou com prejuízo, se ele até pagou, mas não mostraram para agilizar a história. Como eles não gostavam de histórias grandes e sem deixar tudo bem explicado, aí podia acontecer  essas coisas, até prefiro assim sem explicar muita coisa. Podia o ambiente ser tratado como restaurante á que serviram macarrão lá. A namorada ficou sem nome e o título da história podia ter créditos a Rolo ou pelo menos Tina e Rolo. Considero mais uma história dele do que da Tina. Traços excelentes da fase de ouro da Turma da Tina dos anos 1980 que dava gosto de ver.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Uma história do Piteco impedindo a Thuga de se casar


Compartilho uma história com o Piteco achando ruim da Thuga se casar com um cara que tinha conhecido há pouco e a mantinha prisioneira. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 126' (Ed. Abril, 1980).

Capa de 'Mônica Nº 126' (Ed. Abril, 1980)

Começa com o Piteco pescando e sendo apresentado pelo narrador como um amiguinho pré-histórico  simpático e solteirão quando recebe do carteiro um convite de casamento que deixa o Piteco muito feliz e animado, era o casamento da Thuga.


Ogra aparece desanimada comentando que Thuga sempre escolheu muito mal os namorados dela, tentou abrir os olhos dela, mas queria se casar com o primeiro que viu pela frente e leva o Piteco até onde estava a Thuga. Chegando lá, ele vê Thuga acorrentada nos pés e ela diz que que foi ideia do noivo por ele ser ciumento e pensar que ela ia fugir enquanto buscava o Juiz.

O noivo aparece com raiva e dando bronca que não quer vê-la conversando com desconhecidos. Thuga fala que Piteco é um amigo de infância e o noivo diz que também não quer vê-la com conhecidos, vai cortar as amizades dela e quer só ele perto da Thuga. Piteco intervém, falando que a Thuga não pode se casar com aquele mastodonte, que vai tratá-la como prisioneira. O noivo pergunta o que Piteco tem a ver com isso e ele responde que é um amigo e gosta muito dela.


O noivo pergunta que se gosta tanto dela por que nunca a pediu em casamento e ele diz que nunca teve oportunidade. Com isso, quando Piteco finalmente pede a Thuga em casamento, é descoberto que o noivo era primo da Ogra e foi tudo um plano infalível da Thuga para ver se conseguia o Piteco se casar com ela. O Juiz de Paz começa a cerimônia com Piteco paralisado de medo, só que ela fica tão emocionada que acaba desmaiando. Piteco aproveita para fugir se livrando do casamento. No final, Thuga acorda e vai atrás do Piteco enquanto o Juiz de Paz fala que é uma pena ele não cobrar por tentativa de casamento porque senão ele estaria rico e aposentado.


Uma história bem divertida com mais um plano infalível da Thuga para tentar se casar com o Piteco. Dessa vez ela armou que ia se casar com um cara para ver se Piteco se sensibilizasse e resolver se casar com ela para não vê-la prisioneira de um cara machista e ciumento. Só não contava que o noivo entregasse o plano e ela própria desmaiar na hora do casório, dando brecha para o Piteco fugir. 

Muito legal ver Piteco acreditando no plano, ver a Thuga acorrentada nos pés, o noivo falar que não podia se encontrar nem com os amigos e engraçado o Juiz de Paz no final falar que estaria rico e aposentado com todas as tentativas de casamento da Thuga e Piteco. Não era só Cebolinha que fazia planos infalíveis, qualquer personagem fazia seus planos de acordo com seus interesses, sendo que os da Thuga eram muito bons também. 


Mostra que no fundo o Piteco gosta da Thuga, só não queria se casar. Ele podia dar surra no noivo sem precisar se casar com ela só para não ser prisioneira do noivo. Aborda também assunto de homens machistas, que não querem ver namorada ou esposa liberal e que sempre tem que estar servindo a ele. Impublicável hoje em dia por essas razões de mostra rum cara extremamente ciumento tornando Thuga prisioneira para não se encontrar com outros homens e mostrá-la acorrentada.

Curiosamente, dessa vez foi uma história sem título, apenas o nome do Piteco. Podiam ter colocado nome no noivo da Thuga, só foi revelado que era primo da Ogra. Ele só apareceu nessa história, como era de costume personagens secundários. Teve presença da Ogra, ela era muito frequente nos gibis dos anos 1970, inclusive tendo histórias solo. Nos anos 1980 e 1990 começou a aparecer só de vez em quando e hoje está na galeria de personagens esquecidos.


Os traços muito bons da fase de transição dos anos 1970 até o que ficou consagrado no decorrer dos anos 1980. O Juiz de Paz que ainda não tinha traços definidos e por isso apareceu diferente do que o atual. Teve um quadrinho com Piteco e Ogra pintados tudo com cor laranja na página 2 da história (página 29 do gibi), assim como árvores coloridas só de vermelho e só de azul, era bem comum isso nos gibis dos anos 1970, não só da Turma da Mônica, mas  também em gibis de todos os segmentos e turmas da Editora Abril, ainda assim não tira o encanto dos gibis da época.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Tirinha Nº 74: Cascão

Nessa tirinha, Cascão encontra um  Gênio da Lâmpada, que fala que ele tem direito a 3 pedidos. Só que começa a chover logo na hora que o Cascão tinha que fazer seus pedidos e a única alternativa foi pedir 3 guarda-chuvas para ele correr bem seguro da chuva. Perde a chance de ter tudo que queria, mas pelo menos continuou sem tomar banho. Muito legal.

Tirinha publicada em 'Cascão Nº 64' (Ed. Globo, 1989).


sábado, 22 de agosto de 2020

HQ "Meleca, Magali!"

Mostro uma história em que a Magali passou sufoco por ter quebrado um pote de maionese no supermercado. Com 11 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 70' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali Nº 70' (Ed. Globo, 1992)

Magali está no supermercado procurando o que podia gastar com 100 cruzeiros e resolve comprar um pacote de balas "Juju". Só que estavam bem alto na prateleira, ela tenta pegar e depois de tirar as balas, acaba derrubando um pote de maionese que estava ali perto. Ela ainda tenta segurar, mas o pote acaba caindo no chão, sujando tudo.


Magali comenta que quebrou coisa de 500 cruzeiros e ela só tem 100 e não pode pagar e fica imaginando sendo pega pelos funcionários do supermercado e sendo presa na cadeia e a mãe chorando e lamentando que confiou tanto em ela ir ao supermercado.  Ela tenta sair de fininho aproveitando que ninguém viu, mas acaba o funcionário João vendo e vai atrás dela.


Assim, Magali corre para ele não alcançá-la e se esconde debaixo de uma prateleira, achando que isso é uma vantagem de ser magrinha. Ela tenta fugir do supermercado, mas encontra o João dando descrição dela para todos o caixas e se imagina como uma criminosa fugitiva, com cartazes nos postes à procura da "Magali Meleca, a quebradora de maioneses". Ela vê o João de novo e volta a se esconder debaixo da prateleira.


Quando pensa um jeito de sair de lá, vê a Mônica e a chama, dando susto nela. Magali conta a história e ao ver o carrinho que a Mônica estava carregando, tem uma ideia de sair da encrenca que se meteu. Logo depois, a mãe da Mônica, Dona Luísa, a encontra e fala para irem ao caixa e se assusta com o carrinho cheio de compras, além do normal. Dona Luísa comenta que está achando o carrinho muito  cheio e espera que não tenha colocado coisa que ela não pediu e Mônica disfarça que não tem nada de mais.


No caixa, a mulher vai registrando os preços  dos produtos das compras, até que tira a Magali e pergunta ao funcionário qual o preço da menina. Mônica fala que não é menina ,e, sim, uma boneca dela e até fala melancia. A mulher pergunta por que não deixou no guarda-volumes e Mônica acha que ficaria muito sozinha. A mulher desconfia que ela pegou a boneca da seção de brinquedos e não quer pagar e chama o funcionário João. 


Quando Magali o vê, pula para dentro da sacola de compras. Quando ele a tira da sacola, vê que era ela quem tinha derrubado o pote de maionese. Magali fica desesperada e confessa chorando que quebrou sem querer num momento trágico de distração e não tinha dinheiro para pagar e por isso fugiu e é uma criminosa e manda prendê-la. 


João fala que não vai prendê-la, esses acidentes já estão previstos nas contas dos supermercados e não precisa pegar e só foi atrás dela para saber se tinha machucado. Magali fica aliviada que estava se preocupando com bobagem e vai correndo comprar a bala "Juju". Na empolgação, acaba quebrando todos os potes de maionese expostos no supermercado. Assim, Magali desiste das balas, corre e empurra Mônica e Dona Luísa para irem embora com medo de ter que pagar por ter causado outro acidente, terminando assim.


Essa história é legal com a Magali desesperada por ter quebrado um pote de maionese e ser presa por não ter dinheiro para pagar. Foi engraçado ela pensar  ser levada pelos vigias e a mãe chorar com ela na cadeia, os cartazes nos postes como uma criminosa fugitiva procurada pela polícia e se passar por uma boneca para sair do supermercado. 


Final engraçado com Magali derrubando todos os potes de uma só vez, ficando a dúvida se dessa vez ela pagou ou não pelos potes quebrados, fica na imaginação de cada um. Não aconteceria nada disso se ela não tivesse ido sozinha ao supermercado e mesmo acontecendo o acidente, quem pagaria seriam os pais dela, só levaria muita bronca depois. 


Legal ver o jogo do pote de maionese caindo e a Magali olhando fixamente, dando impressão que foi queda lenta, mas era queda normal, ficou bem interessante. Foi bom também ver o monólogo da Magali no início, têm histórias que o personagem sozinho conseguia formar a história toda falando sozinhos como malucos. Os grandes personagens conseguem fazer graça sozinhos. Os traços mito lindos que davam gosto de ver desenhos assim. 


Eram boas histórias da Magali ambientadas em estabelecimentos como supermercados, feiras, etc, como foi a clássica "Perigo no supermercado" de 'Magali Nº 54', de 1991. Além de engraçadas, mostrava o nosso cotidiano. Impublicável por Magali estar sozinha no supermercado sem nenhum adulto e ainda pensar que era uma criminosa. Bandidos não aparecem mais nas revista e muito menos crianças se passando por bandidos. 


Teve um termo errado gramaticalmente quando a mãe da Magali fala no pensamento "ir no supermercado", o ideal seria "ao supermercado". Não se sabe foi erro de revisão ou se foi de propósito para deixar linguagem informal tão comum nos gibis antigos e isso hoje seria alterado em almanaques se republicassem. Também alterariam a moeda "Cruzeiro" para "Real" para fingir que seria uma história atual. 

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Um tabloide com o Tarugo devagar

Mostro um tabloide em que o Tarugo é lento até para responder alguma coisa para alguém. Publicado em 'Mônica Nº 91' (Ed. Globo, 1994).

O Coelho Caolho reclama que Tarugo é devagar, aí passa o dia inteiro, a noite toda e o amanhecer de um novo dia, só depois que ele responde que devagar era o Coelho Caolho. Como Tarugo é uma tartaruga, ele é lento para andar, tem muitas histórias e piadas com ele lento em seus compromissos, só chega no lugar desejado depois de meses. Aí nesse tabloide resolveram colocar essa ideia também no seu raciocínio, bem devagar para assimilar as coisas, só depois de dias ou meses.

Essa piada também foi bem usada em personagens considerados mais lerdos. Personagens lerdos como Chico Bento, Zé Lelé e Frank também tiveram lentidão de raciocínio. No Tarugo justifica que é porque é uma tartaruga, já os outros porque são lerdos e burros mesmo. Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1990. Dessa vez o tabloide teve título, normalmente costumava ser só o nome do personagem nas revista antigas. A seguir mostro essa história completa.


domingo, 16 de agosto de 2020

Livro "As Melhores Piadas da Tina"

Tina completa 50 anos de criação agora em 2020, em homenagem mostro uma resenha de como foi o livro "As Melhores Piadas da Tina", lançado pela Editora Abril em 1986, a primeira edição que a personagem teve um título próprio.


"As Melhores Piadas da Tina Nº 10" foi lançado nas bancas em abril de 1986, titulo em que cada mês um personagem diferente tinha o seu  livro de tirinhas. Teve formato lombada 10,5 X 17,5 cm, 84 páginas e miolo em papel jornal.

A capa foi apenas cartonada sem ser plastificada como foram a maioria dessa coleção. Da "Nº 7" até a "Nº 10" foram apenas capas cartonadas e depois voltaram a ser plastificadas. A capa foi uma tirinha com a Tina tentando tirar fotos dos seus amigos fazendo um equilíbrio entre eles, mas ela não sabia achar o botão da máquina pra tirar a foto. Abre com frontispício com Tina apresentando a edição e que os leitores tinham que colecionar outras edições da série como do Cascão, Chico Bento, Bidu, Penadinho, entre outros.

Frontispício da edição

Em seguida, vêm as tirinhas, foram 80 no total, incluindo a capa, em preto e branco, uma por página em formato vertical, entre 2 a 4 quadros por tira. Foram republicações de tiras de jornais entre 1977 a 1979, da fase da primeira grande reformulação da Turma da Tina, fora de ordem que foi publicada nos jornais e sem mostrar anos originais, apenas uma tirinha que teve o ano 1979 inserido. Não foram republicadas depois em gibis, diferente dos outros números dos personagens da Turma da Mônica e do Chico Bento da coleção que muitas foram republicadas depois nas tirinhas finais de gibis.


Nos primórdios entre 1970 a 1977, a Tina era hippie, morava na Bahia e a princípio coadjuvante nas histórias de Toim & Toneco, mas que logo ela virou a protagonista mostrando a cultura hippie e enfrentando preconceitos com isso, principalmente do seu irmão Toneco e do seu pai. Em 1972, juntaram Rolo e Pipa, com Rolo como um amigo hippie dela, brincalhão, não queria nada com  emprego, e Pipa era a certinha do grupo, estudiosa e fazendo oposição à cultura hippie. Depois, entre 1974 a início de 1977, Tina e Rolo hippies protagonizaram histórias de comédia pastelão, agindo como crianças grandes, e Pipa ficou sumida dos gibis.


Com a reformulação de 1977, além da mudança radical de traços que surpreendeu muita gente, principalmente a Tina, com  um corpo esbelto e cabeça bem pequena, típica de como eram desenhadas as mulheres nos anos 1970 nos gibis, as características dos personagens também mudaram, passando a morarem em São Paulo, procurarem emprego, envolvidos com namoro, etc.  Tina era a típica jovem dos anos 1970, Rolo mais debochado, gostava da Tina e as vezes paquerava algumas mulheres, e Pipa dava em cima do Rolo, sem ser correspondida e era preocupada em fazer regime e emagrecer, com Rolo fazendo bullying por ela ser gorda.


As tiras desse livro, então, retratam justamente essa fase inicial "setentista" após a fase hippie. A intenção com a reformulação era ter um núcleo de personagens mostrando cotidiano de adolescentes e jovens adultos. As tiras publicadas nos jornais, ajudaram a promover e divulgar os personagens que foram mudados recentemente até então ao grande público  para que possam conhecer melhor e também serviram como uma forma de fazer experiências para ver o que poderia se encaixar melhor para definir personalidades deles, já que eles ainda não seguiam um padrão de características, tanto nas tiras mostradas, quanto nos gibis.


Nas tiras, Tina é mostrada como uma autêntica jovem preocupada com roupa, cabelo, namorados, emprego, vemos homens admirados com seu corpo e sua beleza, dando  cantadas nela e as vezes ela tinha interesse pelo Rolo. Em 2 tiras, mostraram Tina como enfermeira, talvez tinham intenção de colocá-la como enfermeira fixa, mas mudaram de ideia, e também as vezes ela aparecia sem óculos, afinal era tudo experiência para ver o que podia dar certo ou não. Além dos traços diferentes que muita gente estranhou, chama a atenção o estilo de roupa dela dos anos 1970, modelitos próprios daquela época.


Vemos também um Rolo debochado, cara-de-pau, do estilo perde o amigo, mas não perde a piada. Passa a procurar emprego, tem certo interesse pela Tina e as vezes paquerava, trocava ideia e namorava as mulheres, embora não ser o foco principal essa característica nessa fase. Além disso, o vemos com preconceito com mulheres feias e gordas, só queria mulheres bonitas.


Já as tiras da Pipa vemos preocupada com seu peso, fazendo regime, passando sufoco por ser gorda e sofrendo com bullying, principalmente por parte do Rolo, que a humilhava.  Pipa também gostava do Rolo, mas não queria nada com ela por causa de ser gorda, só queria namorar mulheres bonitas e com corpo exuberante. Foram muitas piadas retratando a gordura da Pipa, hoje em dia nem pensar mostrar conteúdo assim na MSP.


Era bem curioso que quando um tinha interesse em namorar outro não era correspondido. Tipo, Pipa gostava do Rolo, mas ele não dava bola para ela. Quando Rolo tinha interesse pela Tina, não era correspondido, assim como quando a Tina tinha queda pelo Rolo, também não acontecia nada. Provando que eles não tinham personalidade definida e faziam testes para ver o que se encaixa melhor, Pra mim, a Pipa dando em cima do Rolo e ele não querer nada com ela, saía mais engraçada, podiam ter deixado apenas assim nessa fase.


Tiveram também algumas tiras de Tina e Rolo ou Rolo e Pipa agindo como crianças grandes, sem contradizer com a idade deles, lembrando um pouco o estilo dos últimos anos da fase hippie com Tina e Rolo. Eles preferiram a Pipa no lugar da Tina em situações assim nessa fase, apesar de as vezes Tina também ter comédia pastelão, ficando os 3 juntos como crianções nos gibis.


Teve uma tirinha com o Toneco, marcando a volta do personagem que estava sumido desde 1973 até então. Ele seguiu como criança e o estilo de traços de quando foi criado, mas adaptado do jeito dos traços de 1977 com bochechas menos pontiagudas. Lembrando que nos gibis o Toneco ainda era um personagem esquecido, estava sem aparecer, só retornou em 1981.


Curiosamente, teve também uma tirinha com a fase hippie. Mesmo a Tina com capacete dá pra notar que os olhos e boca sem lábios pertencem à fase hippie, antes da reformulação. Em suas últimas aparições de 1977, a Tina hippie já estava com corpo mais curvilíneo, variando roupas de vez em quando, só a cabeça que ainda era antiga. Sinal que tiveram algumas tirinhas de jornais da fase hippie que estão perdidas até hoje.


Dá pra ver que esse livro "As Melhores Piadas da Tina Nº 10" foi muito bom, material bem raro dos anos 1970 da primeira reformulação da Tina e sua turma. Dá para notar grande diferença nos personagens, não só nos traços, mas também nas personalidades e percebe que foi uma fase de experiência, testar tudo que vinha pela mente, e só conseguiram deixar a turma dela consagrada, todos com personalidades definidas, a partir dos anos 1980, principalmente quando criaram o Zecão, o namorado fixo da Pipa em 1982. Sem dúvida nos anos 1980 foi a melhor fase desse núcleo.

Foi legal ver boa parte desse material de tirinhas da Turma da Tina dos anos 1970, muitas incorretas e impublicáveis hoje. Como não foram republicadas depois nos gibis convencionais se torna mais raras ainda. Podiam ter criado outros volumes nessa coleção ou até terem criado um pocket da Tina na Editora L&PM, colocando essas tiras e outras perdidas que eles têm, pois existem tirinhas deles desconhecidas até hoje, inclusive da fase hippie. Com certeza "As Melhores Piadas da Tina Nº 10" vale a pena ter na coleção e foi bom recordar  essa edição nos 50 anos de criação da Tina.

Mais detalhes da evolução da Tina de todos os tempos, pode ver nesses links:


quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Cebolinha: HQ "Figurinha difícil"

Em agosto de 1990, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Figurinha difícil" em que o Cebolinha sofre para pegar uma caixa de sapatos do Cascão para conseguir a figurinha que faltava para completar o seu álbum. Com 9 páginas, foi história de abertura de 'Cebolinha Nº 44' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Cebolinha Nº 44' (Ed. Globo, 1990)

Cebolinha está abrindo vários pacotes de figurinhas, inconformado que só tinham repetidas e reclama que falta só uma figurinha para completar o álbum, já faz 2 semanas que está atrás dela e nunca consegue encontrá-la. Na rua, não para de pensar na figurinha e deseja pôr as mãos nela, ver que cor ela é.


Aparece o Cascão com uma caixa de sapatos e tinha a figurinha faltante colada na caixa e Cebolinha desmaia. Quando acorda, Cebolinha fala que ela é linda, do jeito que imaginou. Cascão não entende e nessa hora, Cebolinha pensa  que não pode revelar sobre a figurinha porque o Cascão coleciona também o álbum e não vai querer que ele complete antes dele e também uma vez recusou de dar para o Cascão uma tampinha que servia de roda para o carrinho e era a última que faltava na coleção dele.


Cebolinha disfarça que a caxa de sapatos que era linda e pergunta se podia dar para ele. Cascão responde que não porque vai servir de casa para o Eurico, seu sapinho de estimação que pegou na beira do lago de manhã. Cebolinha reclama que Cascão prefere um sapo do que seu melhor amigo. Cascão fala que ele tem casa e o Eurico não.


Cebolinha oferece cinco cruzeiros pela caixa e Cascão estranha por que ele quer tanto aquela caixa. Cebolinha inventa que sua família está com dificuldades financeiras e ele vai ter que vender papelão. Cascão estranha que como estão duros, como ele ia pagar 5 cruzeiros pela caixa. Cebolinha diz que pagaria depois que as coisas melhorarem, e, com isso, Cascão joga um monte de papelão velho que tinha e nem precisa pagar. Cascão não deixa ele levar a caixa do Eurico e aí Cebolinha vai embora sem querer levar nada.


Depois, Cebolinha vai até á casa do Cascão e quando ele se ausenta para pegar o Eurico, Cebolinha tenta pegar a caixa, mas Cascão volta logo e Cebolinha se esconde debaixo da mesa. O sapo foge e vai para debaixo da mesa, em cima da cabeça do Cebolinha. Cascão pensa que o Eurico tinha ficado feio e logo percebe que era o Cebolinha, que fala Bidu. Cascão fala que poderia jurar que era o Cebolinha e ao tentar se levantar, bate a cabeça na mesa e Eurico foge pela janela.


Cascão fica triste e fica sem saber o que fazer com a caixa que fez para o Eurico. Cebolinha fala para dar pra ele. Cascão pergunta se ele vai morar dentro da caixa de sapatos, mas dá pra ele. Cebolinha comemora que finalmente vai poder colar a figurinha no álbum, mas quando vai ver, a  figurinha estava furada, pois era o local que seria para o Eurico respirar.


Cebolinha desmaia e quando acorda confessa que queria era a figurinha colada na caixa para completar o seu álbum. Cascão fala que já completou o álbum e tem aquela figurinha difícil repetida e é dele por 5 cruzeiros e mais a tampinha que falta na sua coleção. Cebolinha agradece e fala para o Cascão ir lá na casa dele depois. Na hora que vai colar a figurinha no álbum, Eurico aparece bem no momento e a figurinha fica colada no sapo. No final, Cebolinha corre desesperado atrás do Eurico e Cascão comenta que ele não aprendeu que os sapos preferem as lagoas.


Muito legal essa história. Cebolinha faz de tudo para conseguir a figurinha que estava na caixa que servia de casa do sapo Eurico, a que faltava para completar o seu álbum. Toda criança coleciona álbum de figurinhas e eles gostavam de mostrar realidade do cotidiano delas nas histórias. 

Engraçadas as tiradas com Cebolinha inventando que sua família estava com problemas financeiros, entrar escondido no quarto do Cascão, se esconder debaixo da mesa, tudo para conseguir a bendita figurinha. Foi inesperado o final do Eurico entrar logo na hora que estava colando a figurinha e Cebolinha correr atrás dele para conseguir recuperá-la. Ficou um final aberto para o leitor imaginar a sequência se o Cebolinha conseguiu ou não recuperar, muito comum finais assim na época.


Nessa história Cascão teve um sapo de estimação, o Eurico, que não apareceu mais. Foi bom o trocadilho quando Cebolinha fala Bidu e o Cascão pensar que era o cachorro do Franjinha. "Bidu" era uma palavra antiga, que significa que a pessoa era esperta, sabichona, e, inclusive, isso foi inspiração do Mauricio de ter colocado o Bidu com esse nome quando foi criado em 1959.

Atualmente implicariam do Cascão criar sapo e deixar dentro de uma caixa de sapato, talvez mudariam dando um final feliz para o Cebolinha já que hoje não fazem finais tristes. Alterariam a palavra "Droga!" no início, a moeda "Cruzeiro" para ficar algo atual e colocariam o Cebolinha pensando sem trocar o "R" pelo "L". Na época, ele trocava as letras até nos pensamentos, hoje, por padrão, o colocam pensando certo já que alegam que quem tem dislalia na vida real falam errado, mas pensam certo.


Os traços ficaram muito bonitos, era ótimo ver desenhos assim. Teve um erro do Cascão falando de boca fechada na página 7 da história (página 9 do gibi) e isso eles também iam alterar para corrigir o erro. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.