segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Tirinha Nº 101: Cascão

Era muito comum as mosquinhas de estimação do Cascão serem camaradas, prontas a ajudá-lo para não se molhar. Tiveram vários casos absurdos e engraçados em que elas o ajudavam em situações inesperadas em que o Cascão tomaria banho se elas não tivessem lá. Então, nessa tirinha, mostra um desses casos em que começa a chover do nada enquanto anda na rua e só ao ouvir o trovão, as mosquinhas formam um guarda-chuva para ele usar e se proteger da chuva e seguir andando tranquilamente. Muito boa.

Tirinha publicada originalmente em 'Cascão Nº 105' (Ed. Globo, 1991).

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Bidu: HQ "Corta! Corta!"

Mostro uma história em que o Bidu sofreu com um gerente financeiro que ficou no lugar do Manfredo enquanto tirava férias e que queria cortas todas as despesas altas da história por causa da crise econômica que estavam passando. Com 7 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 44' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Mônica Nº 44' (Ed. Globo, 1990)

Bidu se prepara para filmar a sua história com superprodução sobre "Romeu e Julieta", quando o Charles, o gerente financeiro, manda cortar. Bidu estranha porque nem começaram ainda e pergunta pelo Manfredo. Charles diz que o Manfredo saiu de férias por motivo de economia, no momento só podem gastar o que é extremamente necessário.

Charles manda a produção tirar todo o cenário, tudo que é supérfluo para economizar. Tira até a atriz Julieta porque o cache dela é alto e deixa o Bidu porque é o personagem principal. Bidu reclama que acabou a superprodução dele e Charles diz que estão em tempos de crise, não podem gastar, só cortar, cortar, até recuperarem a economia.

Bidu pede, então, outro roteiro. Charles diz que não vão desperdiçar roteiro que já foi pago. Bidu pergunta como vai fazer "Romeu e Julieta" sem balcão, cenário e atriz. Charles diz que vai ser improvisando como um bom ator e que a Dona Pedra será a Julieta, contando que ela só não foi cortada porque ninguém conseguiu levantá-la.

Começa a gravação e assim que Bidu e Dona Pedra encenam suas falas, Charles manda cortar porque o texto está muito comprido e o letrista cobra muito caro. Charles faz alterações no roteiro, deixando bem simplificado. Bidu e Dona Pedra voltam a encenar, Charles corta de novo e reclama que agora o problema é o nariz do Bidu, muito grande e preto, fazendo gastar mais nanquim e cobre o nariz com pó-de-arroz.

Logo depois, Charles corta novamente, reclamando da requadração das páginas, mandando juntar dois traços em um para economizar e manda o colorista pintar os fundos dos quadrinhos com a mesma cor em vez de 3 cores diferentes. Bidu volta a encenar, Bugu aparece, Bidu tenta expulsá-lo e ele conta que foi convidado pelo Charles por achar que o Bugu incrementa a história e não cobra cachê. 

Bidu grita que jamais trabalha com o Bugu, Charles fala que não é pra exaltar porque letras grandes custam mais e propõe que Bidu e suas pulgas tirem férias, descansar e na próxima revista as coisas já possam ter melhorado. Bidu acha uma boa ideia, está precisando de paz, tranquilidade e uma prainha deserta, só que no final, para sua surpresa, vários grandes nomes dos quadrinhos e desenhos animados também tiveram férias forçadas.

Uma história legal em que um gerente financeiro quer cortar as despesas das histórias do Bidu para economizar por conta da crise financeira que estavam passando. Dá férias para o Manfredo e fica no lugar dele na direção da história, tirando toda a superprodução que seria, tudo que era supérfluo e com alto custo era cortado da história. Com tantos cortes, a solução foi dar férias para o Bidu, mas ele não contava que outros personagens estavam de férias também. Ou seja, a crise era tão alta que atingiu também outros personagens de vários universos, não foi só com o Bidu, era geral com crise.

Não tinham dinheiro nem para contratar outro diretor para substituir o Manfredo nas férias,  jeito foi improvisar com gerente financeiro.  Coitado do Bidu que justamente quando teria uma história com superprodução para sair da mesmice das histórias conversando com a Dona Pedra não conseguiu o que queria e ao invés de ficar em uma praia deserta nas suas férias, teve que dividir com os outros personagens. Se deu mal do início ao fim.

Foi do estilo de histórias do Bidu como ator e com metalinguagens, ele ficava bem brabo e impaciente em histórias assim, e foi divertido como uma espécie de bastidores de gravações, como se histórias em quadrinhos fosse gravação de filme para o cinema. Foi engraçado a partir de Shakespeare como "Auau-kespeare" como se fosse cachorro, Charles dizer que emagreceu para cortar uns quilinhos extras dele, tirar cenários, atriz que cobra cachê alto, cortar textos longos no roteiro, deixar nariz do Bidu branco para economizar nariz, mexer nas cores de fundo e no enquadramento convidar Bugu para atuar porque não ia cobrar cachê. 

Charles acabou mudando roteiro pago de qualquer forma quando fez as reduções para economizar. Nem precisaria mexer em roteiro já que roteiristas e coloristas ganham por trabalhar, independente da quantidade de trabalho que tem, seria melhor pensar no gasto de tinta para imprimir o gibi. E ao usar o pó-de-arroz no nariz do Bidu, até economizaria nanquim, mas teria gasto com pó-de-arroz, não adiantaria grande coisa na economia. O título teria sido "Romeu e Julieta" se não fosse o Charles mandar cortar até o título, aí ficou representado oficialmente pela sua fala.

O normal é o Manfredo ser contrarregra do Bidu e, às vezes, exercia também função de diretor, sendo que sempre era o Bidu o chefe que mandava nele, aí dessa vez foi o Bidu que foi mandado por um superior, o gerente era acima da sua autoridade. O Charles devia existir na MSP e o roteirista quis fazer uma brincadeira retratando caricatura dele como cachorro, ele apareceu só nessa história, como de praxe de personagens secundários. 

A história critica de forma divertida a hiperinflação no Brasil da época que gerava crises nas empresas, até as revistas em quadrinhos estavam passando por crise de vendas, e roteirista resolveu atingir essa crise nas histórias do Bidu e nas de outros personagens. Muitas vezes roteiristas gostavam de retratar o que estava passando nos bastidores da MSP nas histórias do Bidu ou nas envolvendo metalinguagem com outros personagens, mesmo que indiretamente, aí pelo visto, eles estavam passando de fato uma crise econômica. E, de certa, a história forma ensina os leitores a economizarem, saber tirar tudo que é supérfluo, tudo que não tem necessidade de gasto, para sobrar mais dinheiro.


O grande destaque, sem dúvida, foi o final com crossover de vários universos do mundo infantil. Além dos diferentes núcleos da Turma da Mônica teve também universos de outros personagens de quadrinhos concorrentes da MSP. Muito legal ver os personagens da MSP Bidu, Mônica, Cebolinha, Manfredo, Jotalhão, Horácio e Tina juntos na praia com seus concorrentes Super-Homem, Pernalonga, Batman, Mickey, Snoopy e Xuxa. Todos com férias forçadas por causa da crise econômica. Sensacional.

Xuxa também se enquadra em personagens de histórias em quadrinhos nesse caso já que ela tinha gibi mensal na época pela Editora Globo, mas também seria férias com as despesas do programa "Xou da Xuxa" na TV Globo, tirou férias dos quadrinhos e do programa de TV. Até Snoopy tinha gibi na época pela Editora Record. E interessante o universo do Bidu de metalinguagem junto com os outros personagens da MSP, inimaginável ver o Manfredo junto com eles em uma situação normal e ainda verem Bidu falando e andando com duas patas. 

Os traços ficaram muito bem caprichados que dava gosto de ver. Teve um erro de impressão deixando umas partes brancas na terceira e quinta páginas da história, isso foi em todos os lotes deste gibi da 'Mônica Nº 44'. O detalhe do "Fim" cortado com tesoura para economizar também foi bem criativo.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Cebolinha e Cascão: HQ "Estilistas Capilares"

Em janeiro de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Estilistas capilares" em que o Cebolinha se torna profissional de beleza montando seu próprio instituto capilar e muda o cabelo de todo o pessoal do bairro. Com 18 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 85' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 85' (Ed. Globo, 1994)

Cebolinha tenta fazer um penteado novo no seu cabelo e nunca consegue deixar fixo no lado que deseja. Então, resolve colocar um gel deixando um penteado estiloso. Cascão o vê na rua e não o reconhece, pensando que ele falava igual a um amigo meio bobo dele. Cebolinha fala que é ele e Cascão diz que ainda bem que não falou que era bobo por inteiro e ainda acha que ele ficou esquisitinho com o gel no cabelo.

Cebolinha diz que poderia dar um jeito no cabelo do Cascão, que fala que gosta assim, se melhorar, estraga e não tem gel que penetre na crosta de sujeira acumulada há anos. Cebolinha aposta que sim, coloca gel no cabelo do Cascão e o deixa com topete incrível. Cascão acha que acabou com ele, todos vão rir dele, quando duas meninas admiram os cabelos deles e Cascão acha Cebolinha um gênio, que poderia ser cabeleireiro ou estilista capilar.

Cebolinha adora a ideia e, então, resolvem criar o "Instituto Cebola de Estilização Capilar" e todos admiram. Franjinha é o primeiro a entrar, acha uma piada Cebolinha virar cabeleireiro e pode ser que as meninas gostem. 

Cebolinha diz que é estilista capilar e seu instituto é unissex e deixa Franjinha como primeiro freguês. Ele fica cabreiro de início, mas gosta do resultado com suas franjas para cima. Cobram 100 Cruzeiros e Franjinha vai avisar à turma. Assim, as crianças do bairro todo vão lá, todas adoram seus penteados e Cascão ainda dão banho de lama nelas enquanto espera. 

Na rua, Mônica estranha todos com visual diferente, até a Magali. Mônica acha que teve ataque de marcianos e Magali explica que todos resolveram se produzir no Instituto do Cebolinha, que se revelou um artista e acha que Mônica parece um pé de batata entre as flores.

Mônica diz que Cebolinha sempre se aprontou com ela e fica sem graça precisar dele. Magali fala que Cebolinha agora é um profissional e Mônica, cliente. Elas esperam na fila e assim, Mônica é atendida. Cebolinha acha o cabelo da Mônica um horror, um caso muito grave, que ia encerrar o dia para jogar bolinha de gude, mas vai abrir uma exceção. 

Cebolinha diz que primeiro vai tratar do mascote Sansão, que quando terminar, ela vai ficar linda demais para andar com ele assim. Os meninos jogam Sansão no chão, pisoteiam, esticam e dão nós nas orelhas para amaciá-lo e absorver melhor a lama. Mônica fica nervosa, sem aguentar ver os meninos fazerem aquilo com o Sansão sem bater neles. Fica com raiva do estado que ele ficou, mas aceita Cebolinha fazer o penteado novo nela.

Cascão vai buscar gel e descobre que tinha acabado. Cebolinha diz que é um artista e manda Cascão procurar gel de qualquer jeito. Cascão coloca lama com gesso que estava na bacia no potinho de gel. Cebolinha pergunta para Mônica se está pronta para dar adeus à feiura e ela diz que se aprontar, vai levar cascudo.


Mônica dá um cochilo enquanto Cebolinha massageia couro cabeludo dela. Quando acaba, ela fica com cabelo sensacional, adora o visual, acha até que o castanho do cabelo ficou diferente, só o Sansão que precisa de banho, até endureceu com a lama. 

Cebolinha acha que valeu pelo sarro, pergunta ao Cascão como conseguiu o gel e ele diz que substituiu por lama com gesso para dar consistência. Começa a ventar forte, o cabelo dela nem desmancha e ao tropeçar na pedra e cair, o cabelo quebra todo. Mônica, furiosa, corre atrás deles, que trancam a porta do Instituto, e ela arromba a porta. 

Os meninos avisam que foi sem querer e imploram para não reduzi-los a pó. Mônica manda Magali pegar a tesoura e eles gritam. Magali tenta animar Mônica para usar peruca até cabelo crescer de novo. No final, Denise e Paloma vão ao Instituto para ver se ainda atendem, mas desistem ao ver os estilistas capilares  carecas, não dá para confiar assim, e Cascão avisa que quando cabelo dele crescer de novo, não vai deixar Cebolinha pôr as mãos.

História muito engraçada em que o Cebolinha resolveu ser estilista capilar com Cascão como assistente depois de descobrir que faz penteados incríveis usado gel. São sucesso absoluto do bairro, até quando chega a vez da Mônica, o gel acaba e Cascão troca o gel por lama com gesso, deixando o cabelo da Mônica duro e quebra todo depois de ela tropeçar e cair no chão, ficando careca. Para castigá-los, ela deixa os meninos carecas também.

À princípio, eles nem tinham intenção de provocar a Mônica, só queriam iniciar um negócio como profissionais de beleza para ganhar dinheiro, só que não resistiram em aprontar com a Mônica sem apanhar com o tratamento também no Sansão, não podiam perder oportunidade. Ela também foi muito influenciada pela Magali, Mônica podia muito bem bater neles e ainda exigir que fizesse penteado novo dela.

Como queriam aprontar avacalhando o Sansão, a Mônica até teria um resultado excelente no cabelo se não fosse o Cascão trocar gel por lama com gesso. Com a grana que ganharam, dava muito bem para o Cascão sair para comprar gel, mas a preguiça de sair falou alto, então, a culpa foi dele de não seguirem como estilistas capilares de sucesso e ficarem ricos.

Eram boas as histórias do Cebolinha envolvendo cabelo, sempre tinham coisas absurdas muito divertidas. Foi muito engraçado ver os cabelos das personagens  esculpidos com gel, alguns bem estranhos, mas que eles gostaram assim mesmo, Cebolinha e Cascão aprontando com o Sansão e a Mônica ver sem bater neles, o cabelo dela se quebrar quando cai e ela ainda quebrar a porta com sua força e deixar os meninos carecas. 

Interessante o gel fazer mudar cor de cabelo como Cebolinha aparecer com fundo do cabelo branco, Cascão ficar com cabelo castanho e curioso a Mônica dizer que o dela é castanho, mas aparece preto nos quadrinhos. Legal também ele também colocar uma placa de tradução que era cabelereiro por achar o nome do Instituto ser difícil de entender. Curioso o nome do Sansão não ser mencionado, falaram apenas "coelhinho" e "mascote. Ao falar que o preço do tratamento capilar era 100 cruzeiros, deviam falar Cruzeiros Reais que era a moeda do Brasil vigente, provavelmente foi roteirizada antes da troca da moeda em agosto de 1993 e esqueceram de revisar depois.


A menina de cabelo castanho e rabo de cavalo que aparece no final é considerada ser a Denise, apesar de ela não ter visual definido na época,  ela teve cabelo assim na maioria das vezes antes de ter traços definitivos. Já a Paloma foi só figurante como as outras crianças da história sem contar Franjinha, Titi e Jeremias  fixos.

É incorreta hoje em dia por mostrar crianças trabalhando, criando negócio próprio, terem autonomia, Cascão mexer na lama e colocar no rosto das pessoas, absurdo de Mônica atravessar porta com sua superforça,  além da palavra "gozado" ser proibida nos gibis atuais.

Os traços ficaram bons, do estilo dos lançados no segundo semestre de 1993 com personagens com língua ocupando mais espaço na boca dando mais humor a eles e que marcaram os anos 1990. Teve erro do Cascão sem sujeirinha no quarto quadrinho da terceira página da história (página 5 do gibi). Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Cascão: HQ "Ai, que calor!"

Estamos no verão no Brasil e mostro uma história tudo a ver com a estação em que o Cascão procura um jeito de se refrescar com o grande calor que estava passando. Com 4 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 12' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Cascão Nº 12' (Ed. Abril, 1983)

Cascão está sofrendo com o grande calor, reclama que está que está assando, que precisa arranjar um jeito de refrescar e que iria bem uma limonada gelada ou sorvete, quando vê um lagoa e resolve mergulhar. Logo volta para a beira, dizendo que o calorzão quase fez esquecer que ele era o Cascão e ao ver Cebolinha e Xaveco na lagoa, diz que com o calor, não há quem resista, até ele tem vontade de entrar na água.

Depois, ele vê uma loja que vende ventilador e fica na frente sentindo o vento. O vendedor pergunta se ele gostou do vento, Cascão confirma e diz que se  ele sair da frente, dá para aproveitar mais o ventinho. O vendedor fala para pedir o pai para comprar um, Cascão fala que o pai anda meio duro e o vendedor reclama que os ventiladores lá estão para serem vendidos e não para distribuírem vento de graça. Cascão diz que tem cinquenta mangos e compra se ele puder facilitar. Cascão é expulso ao som de palavrões.

Em casa, Cascão fica na frente da geladeira aberta, a mãe vê e proíbe, dizendo que do jeito que está quente vai estragar os alimentos e é capaz de ele ficar doente. Cascão fala que ele quer se refrescar e Dona Lurdinha pergunta por que ele não toma um banho. Cascão vai pra rua, reclamando que não esperava a própria mãe dar um conselho desse. Cascão quase se convence que vai ter que ir para 

o banho com esse calorzão, quando sente vento da Mônica se abanando com leque, fica ali e diz que está salvo.

História legal em que o Cascão procura uma forma de se refrescar do calor forte do verão sem ter que tomar banho. Tenta se refrescar com vento de ventiladores de uma loja e com a geladeira aberta em casa, sem sucesso, e quando quase vai tomar banho, consegue se refrescar com abano da Mônica Com leque. É que a força para ela se abanar é tão grande, que é equivalente a um ventilador de grande potência.

Foram muitas tiradas engraçadas como Cascão quase mergulhar na lagoa se esquecendo que é o Cascão, que nunca tomou banho, o abuso do Cascão de querer o vento dis ventiladores de graça, toda a conversa com o vendedor e ser expulso aos palavrões do vendedor, se refrescar diante da geladeira, achar um absurdo a mãe dar conselho de ele tomar banho. Legal também cena do primeiro quadrinho de até um cachorro sofrendo com calor. Mais uma vez Cascão falando sozinho praticamente a história toda, ele era expert em histórias de monólogos, mandava super bem fazer graça sozinho e pra mim acho as histórias de miolo antigas dele melhores, ficavam mais engraçadas.

Interessante o Cascão não ter ventilador em casa por ser pobre e pai não ter condições financeiras, pelo visto uma das primeiras a mostrar que a família do Cascão era a mais pobre da turminha. Realmente sem ventilador em casa e sem banho é difícil suportar um calor de rachar do verão. Na époc, ventilador era caro ter, ar condicionado, então, era artigo de luxo, era só para ricos. O tema em si não considero que seja incorreta hoje em dia, mas têm elementos que o povo do politicamente correto iria implicar como vendedor falar palavrões e Cascão ficar na frente da geladeira para se refrescar.

Os traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1980. Destaque para a mãe do Cascão que ainda tinha a cara do filho, só que no início de 1983 já estava sem as sujeirinhas no rosto e em meados de 1983 mudaram completamente os traços dela, deixando mais feminina como conhecemos hoje. Teve erros como que esqueceram da sujeirinha do Cascão no lado direito do rosto no primeiro quadrinho da primeira página e esqueceram de pintar o calção do Cascão de vermelho, deixando branco, no penúltimo quadrinho da terceira página. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cascão Nº 7' (Ed. Globo, 1989). 

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 7' (Ed. Globo, 1989)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Magali: HQ "Programada para comer"

Compartilho uma história clássica da Magali em que ela é sequestrada por um dono de pizzaria para que ela leve as outras pizzarias à falência comendo todo o estoque de pizzas delas. Com 14 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 10' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Magali Nº 10' (Ed. Globo, 1989)

Escrita por Rosana Munhoz, começa na pizzaria do Seu Guido, que pergunta ao garçom Carlito como anda o movimento. Carlito diz que está melhorando, de manhã tinham 3 moscas no salão e agora tem 8. Guido bate na massa, reclamando que faz meses que ninguém entra lá. Carlito lembra que teve um cobrador que foi semana passada, Guido relembra que ele não aceitou pagamento em pizzas e está arruinado, ainda mais com a concorrência, só tinha pizzaria uma do lado da outra na rua.

Seu Guido resolve dar um jeito de vencer seus concorrentes, mesmo que suas pizzas são horríveis e vai na rua para refrescar suas ideias. Diz que queria que a sua pizzaria fosse a única da cidade, aí todos iriam procurá-lo. Nesse momento, um outro dono de pizzaria surge louco, arruinado por Magali ter entrado lá e comeu todo o estoque de pizzas dele no rodízio.

Magali pergunta pela pizza de atum que pediu, o garçom diz que tem mais nada por ela ter comido tudo e ela vai embora com a Mônica reclamando da pizzaria. Seu Guido diz ao Carlito que precisam da Magali e vão atrás dela. Guido pergunta onde ela mora, Magali não quer dar porque os pais falaram que não é para dar endereço para estranhos. Guido pergunta onde mora os pais dela e Magali diz que é na Rua do Limoeiro, 35.

De noite, Guido e Carlito aparecem com paus de macarrão enquanto a Magali dorme e quando tenta ensacá-la para sequestrá-la, Magali acorda e se assusta. Guido diz que quer levá-la para pizzaria e ela se anima para entrar no saco e é levada. Na pizzaria, Guido dá uma pizza para Magali e diz ao Carlito que com o apetite dela, vai arruinar todos os seus concorrentes. Magali fala que foi a pior pizza que ela comeu, mas quer mais duas. 

Guido fala para ela entrar em todos os rodízios da cidade e devorar todas as pizzas até a última azeitona. Magali diz que parece legal, mas acabou a mesada dela.  Guido conta que ela não vai pagar e as pizzarias que não têm rodízio, eles vão assaltá-las de noite. Magali acha isso contra a lei e acha maldade a dele se tornar a única da cidade porque as pizzas são horríveis e se recusa a participar. Guido conta que está com o Mingau e ameaça que se não colaborar, o gato dela vira pizza. Assim, ela aceita.

Assim, as pizzarias da cidade eram assaltadas à noite, as que tinham rodízio eram visitadas por uma família estranha e entregadores de pizza eram assaltados. Até que finalmente a pizzaria do Guido é a única a funcionar na cidade. Todos passam a frequentar, fica cheia, mas os clientes reclamam que a pizza é horrível. E Magali continua sendo prisioneira lá, lamentando se ninguém pode ajudá-la.

No campinho, Cebolinha e Cascão sentem falta da Magali, Mônica deduz que Magali tem a ver com o sumiço das pizzas e vai procurar na pizzaria do Guido. Carlito leva Mônica até onde estava a Magali, que diz que foi obrigada a comer milhares de pizzas, o que foi bom, mas foi para Guido vender suas pizzas. Mônica dá uma coelhada na jaula onde estava o Mingau, cai na cabeça do Guido, fazendo Mingau se soltar. Passa a ter lançamentos de pizzas entre eles, pizzas voam no salão dos clientes, que vão embora, reclamando que a pizza é ruim e eles ainda apanham.

Uma massa de pizza cai na frigideira, Magali prova e acha deliciosa. Então, Guido tem ideia de mudar de ramo e criar uma pastelaria. Com isso, a pastelaria é um sucesso, muitas vendas, as outras pizzarias da cidade reabrem, mas Guido não tem mais concorrência. Ele fala que graças à Magali que descobriu as pizzas fritas, Mônica, que graças a ela que começou a guerra das pizzas, Carlito, graças a ele que deixou a Mônica entrar e Mingau, graças a ele que caiu na cabeça do Guido. Magali acha nada, ela só come.

História muito legal em que a Magali é sequestrada por um dono de pizzaria para que ela possa comer as pizzas das concorrentes e levá-las á falência só para ele ser a única pizzaria da cidade. Magali é obrigada também assaltar as pizzarias e após conseguir seu objetivo, Mônica tenta salvar a Magali e acaba descobrindo que as pizzas fritas se tornam pasteis deliciosos, ajudando Guido a ter seu novo negócio e as pizzarias da cidade reabrirem.

O problema é que além da concorrência de ter várias pizzarias ao lado das outras, Guido ainda cozinhava mal, era a pior pizza da cidade, aí não tinha como alguém entrar lá, o que forçou a ter esse plano. Ele poderia ter pensado em outro ramo no início, ver outra comida que ele poderia fazer, ou, então, pelo menos se mudar para outro local onde não tinha pizzaria perto. Ele só se tornou mal por não conseguir vender as suas pizzas, mas com a descoberta por acaso da Magali, ele se redimiu.

Os vilões não tiveram castigo no final nessa história, às vezes vilões se davam bem, se arrependiam, embora era bem raro acontecer, normalmente se davam mal. Nessa serviu para mostrar perdão já que a Magali mostrou sobre as pizzas fritas senão podia ficar calada, deixar Guido falido. Para ela, foi bom que depois passou a comer lá sempre que quisesse. 

Interessante que não mostraram cenas dos pais preocupados com o sumiço da filha, nem policiais procurando, não devem ter colocado para agilizar a trama, ainda mais por ser um gibi quinzenal de 36 páginas, fora queria dar destaque a Mônica salvar a Magali e a descoberta das pizzas fritas não a polícia. Guido e Carlito apareceram só nessa história, como de costume personagens secundários.

Foram engraçadas cenas como Carlito contar as moscas que ficavam na pizzaria, dizer que vão a falência mais rápido com a Magali indo lá, ela preferir que a mãe conte receitas para para dormir em vez de contos de carochinha e se animar a entrar no saco para poder ir à pizzaria, os três fantasiados fazendo de conta que era uma família e o final para o leitor escolher qual deles foi o grande herói responsável para o sucesso da pastelaria do Guido, para mim foi o Carlito porque se a Mônica não entrasse, não teria confronto e não iriam descobrir sobre as pizzas fritas.

Curiosamente, foi uma das primeiras vezes que foi falado que os personagens moram na Rua do Limoeiro, antes não tinham nome de rua que moravam nas histórias. Só que os personagens não tinham  endereço fixo definido, em cada história colocavam um número de casa diferente. O garçom se chamou Carlito e que depois virou nome do pai da Magali  a partir da história "A avó (comilona) da Magali", de 'Magali Nº 100' (Ed. Globo, 1993). Nos primeiros números da revista da Magali o pai se chamava Paulinho. Pelo visto Rosana gostava desse nome Carlito.

Os traços ficaram ótimos, davam gosto de ver desenhos assim. Completamente incorreta hoje em dia por envolver sequestro da Magali, ser ensacada, ideia de deixar pizzarias concorrentes falidas, ameaça ao Mingau, assaltos às pizzarias e ainda com a colaboração da Magali, que se tornou assaltante obrigada, Carlito apanhar de pau de macarrão e o Guido e Carlito se darem bem no final, nem serem presos. Até personagens narigudos assim iriam implicar atualmente. Curiosamente, essa edição 'Magali nº 10' foi a primeira considerada quinzenal, chegando nas bancas na primeira quinzena de novembro de 1989, 15 dias depois do lançamento da 'Magali Nº 9', de outubro de 1989.