domingo, 31 de outubro de 2021

Chico Bento: HQ "Óleo nos olhos"

Em outubro de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Óleo nos olhos", uma fábula com Chico Bento passando dificuldades pra conseguir pegar um papagaio para extrair o óleo das penas dele pra salvar seu pai que ficou cego. Com 15 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 124' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Chico Bento Nº 124' (Ed. Globo, 1991)

Narrador conta que uma família camponesa vivia muito feliz na "Terra de São Nunca" apesar de ser pobre, só que um dia acontece uma desgraça quando o pai carpina a terra da roça: ele fica cego. A esposa fica aflita do que serão deles com o marido cego acamado, chama o médico, que naquele tempo era meio bruxo. 

Ele examina e confirma que ele está cego e a cura desse mal é pingar óleo nos olhos dele, no caso, óleo das penas de um papagaio especial que vive no "País dos Papagaios", lugar a muitas milhas dali na direção do Sol poente. Lá tem vários papagaios, tem que pegar o mais velho, feio, mudo e tristonho. Conta ainda que o lugar é muito bem guardado e o Rei não gosta de perder um só deles.

Chico Bento, o filho do camponês cego, viaja para o "País dos Papagaios". Anda por dias até que encontra o local. Ele olha os papagaios lá, todos falantes e bonitos, até que encontra o feio, tristonho e mudo. Ao tentar sair, é flagrado pelo Rei Guardião, que impede de pegar o papagaio. Chico até explica que é para ajudar o pai que ficou cego e precisava do óleo das penas, aí o Rei dá condição de levar o papagaio se pegar uma gaiola cravejada de brilhantes no "País das Gaiolas" porque no país dele não tem e ele queria uma para tentar arrumar um periquito. 

Então, Chico vai atrás da gaiola para ajudar o pai, anda a noite toda e ao amanhecer encontra o "País das Gaiolas". Ele pega a gaiola de brilhante e também uma enferrujada para transportar o papagaio e é rendido pelo Rei de lá, mandando largar as gaiolas ou vai dar uma paulada na cuca dele. Chico implora que é pra ajudar o pai que estava cego e já tinha ido ao "País dos Papagaios". O Rei interrompe e diz que deixa levar as gaiolas se o Chico pegar uma espada de ouro no "País das Espadas" para ele deixar de defender o seu país com pedaço de pau.

Chico vai até lá e ao tentar pegar uma espada, o Rei rende e manda escolher qual espada ele quer ser degolado. Chico conta a história às pressas e o Rei dá condição de levar espada se pegar um cavalo corcel branco ajaezado de ouro e prata no "País dos Cavalos" para levá-lo a todos os cantos do reino.

Em seguida, Chico vai até o "País dos Cavalos", encontra o cavalo desejado e é rendido pelo Rei de lá. Só que o Chico já começa contando tudo sabendo que ele é o Rei e que pode levar o cavalo se for em troca de alguma coisa. O Rei se ajoelha aos pés do Chico reverenciando que é adivinho e já trouxe o que queria, um chapéu de palha do País dos Chapéus, sendo que era o próprio chapéu que o Chico já usava.

Com isso, Chico vai embora do "País dos Cavalos" com um cavalo branco e um pangaré para uso branco. O Rei das espadas feliz com o cavalo, dá a espada de ouro e uma de latão pro Chico. O Rei das Gaiolas dá as 2 gaiolas do Chico em troca da espada. E o Rei dos papagaios nem liga o Chico levar o papagaio mudo já que tinha uma gaiola de ouro para colocar um periquito.

Chico vai para casa todo equipado para salvar seu pai e ao falar que ia tirar a pena para tirar o óleo dela, o papagaio começa a falar que não é pra tocar nas penas. A mãe fala que não era mudo e era fêmea e é revelado que o papagaio era uma fada, que conta que foi transformada em papagaio por uma bruxa e só voltaria ao normal se fosse tirada do País dos Papagaios.

Chico pergunta como vai salvar o pai, a fada ajuda, só que em vez de fazer mágica, ele só assopra o olho para tirar o cisco. O pai diz que não tinha reparado. Tudo resolvido, a fada agradece e vai embora. Logo depois, a gaiola, o cavalo e a espada que Chico trouxe se tornam valiosos, uma mágica que a fada fez para mostrar gratidão. Assim, a família do Chico deixa de ser pobre e eles tentam decifrar qual é a lição de moral que tiraram e Chico conta que a lição foi "entrou em uma porta e saiu pela outra, quem quiser que conte outra".

Uma história de fábula bem legal e criativa, cheia de reviravoltas com Chico Bento precisar buscar um papagaio para extrair óleo da pena para curar a cegueira do seu pai, só que pra isso precisou ir de país em país para buscar outras coisas para os reis. Um rei mandando pegar outra coisa em outro país em troca do que Chico queria pegar e eles sabiam que teriam dificuldade se fossem lá, pois todos os reis eram tiranos. 

Depois de tanto trabalho que Chico passou, era só um cisco de terra no olho do pai enquanto capinava, mas foi fundamental o médico mago inventar o óleo do papagaio para ter história e ajudar ajudar a fada a deixar de ser papagaio, desfazendo feitiço da bruxa, além de ajudar os reis com seus objetivos e o Chico ainda ganhar os presentes do rei e ficar rico com a magia da fada. Todos saíram ganhando.


Realmente os reis estavam precisando dos objetos, principalmente o do "País das Gaiolas" que rendiam os intrusos com pedaço de pau e uma espada seria bem mais coerente para ele. Interessante os nomes dos países tudo bem diretos com o que só tinha neles, eram como se fossem lojas, se a história se passasse nos tempos atuais. 

O final decifrando lição de moral foi para valer o conhecimento de que toda fábula tem uma lição de moral no final e essa lição dita pelo Chico serviu também como uma homenagem ao "Dia do Contador de Histórias" recém lançado em 1991, comemorado no dia 20 de março, para incentivar contar histórias para crianças. No caso, o contador da história seria o narrador-oberservador, o roteirista, que tudo indica de ser a Rosana Munhoz, é a cara dela histórias assim.

Ficou bem diferente Chico Bento envolvido com história de contos de fadas, mas é que na época qualquer personagem podia ter história de fábulas ou eles parodiando fábulas conhecidas, depois a MSP deixou isso apenas para Magali, ficando mais cansativo. Era melhor qualquer personagem ter. De curiosidade, quem costumava ter mais histórias de fábulas era Cascão antes da Magali ter revista e em todos os tempos, Cebolinha é o que menos teve.

Teve a interação com narrador-observador contando a história, muito comum nas de fábulas e sempre legal quando tinha narrador, Deu pra reparar que o caipirês do Chico tem palavras que ficam iguais, como quando ele cantarolou "óio nos óio", a gente percebe que "óleo" e "olhos" ficavam iguais no caipirês dele. Atualmente evitam certas palavras em caipirês que deixam um ar confuso no diálogo como já mudaram "mió" pra "mior" para não confundir "melhor" com "milho" ("mio"). Dessa vez o Chico ficou calçado porque no ambiente de conto de fadas seria mais coerente. 

Os traços muito bons, pena a Dona Cotinha não aparecer com lábios, ficando até um retorno de como era nos primeiros números do Chico Bento na Editora Abril. Ela ficou um bom tempo aparecendo só de lábios e depois  passaram a variar colocando algumas sem lábios. Eu não gostava muito quando as mães dos personagens apareciam sem batom ou lábios, porém dava pra entender que quando não colocavam era pra dar mais humor às histórias.

Incorreta por pai do Chico cego, mesmo que não ficou de fato, mas como dava impressão durante quase toda a história, podia traumatizar as crianças. Fora os reis renderem Chico com espada, machado, querer dar pauladas e violências assim não são mais aceitas hoje.

Nunca foi republicada até hoje. Deveria ser por volta de 2003 quando tinham mais histórias de 1991 do Chico nos almanaques dele, mas acabou não sendo republicada provavelmente pelo tema principal do pai do Chico cego visto que já tinha politicamente correto nos anos 2000. E na Panini muito menos de ser, nem nos vários Almanaques Temáticos de fábulas que fizeram, essa não foi republicada. Então, só quem tem a revista original conhecia. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Mauricio e Cascão: HQ "Ponha-se no meu lugar!"


Hoje, dia 27 de outubro, é aniversário de 86 anos do Mauricio de Sousa. Em comemoração, mostro uma história em que o Cascão fez o Mauricio virar personagem em quadrinhos para ele ver como se sente um personagem quando fica em apuros. Com 10 páginas, foi história de abertura de 'Cascão Nº 87' (Ed. Abril, 1985).

Capa de "Cascão Nº 87' (Ed. Abril, 1985)


Começa com Cascão fugindo e segurando no quadrinho após terem jogado água e sofrendo em uma enchente. No estúdio, Mauricio termina a história toda com o Cascão, diz que está exausto e resolve tirar uma soneca enquanto que nos quadrinhos, Cascão comenta que ele que sofreu vários apuros e é o Mauricio que está cansado e queria ver o que Mauricio faria no lugar dele.


Cascão tem ideia de sair dos quadrinhos e pular até o estúdio e resolve desenhar. Quando Mauricio acorda, ele está nos quadrinhos e estranha o lugar que ele está com paisagens e cores, parecendo cenário de história em quadrinhos. No estúdio, Cascão fala com Mauricio que é personagens de quadrinhos e ele o desenhista e explica que ele escapou da página, alcançou o lápis, fez uma caricatura do Mauricio e então Cascão cresceu do lado de lá.


Mauricio diz que quer voltar ao normal e Cascão fala que antes quer que o Mauricio sinta como é dura a vida de personagem em quadrinhos e mostrar as encrencas que ele e os outros roteiristas obrigam a passar. Mauricio diz que se a história não é movimentada, não tem graça e então Cascão desenha uma enchente e diz para o Mauricio se vai achar engraçado.


Mauricio se afoga na enchente  e logo aparece a Mônica furiosa com o muro rabiscado com Mônica bobona e com assinatura do Mauricio. Mônica bate nele, nunca esperando isso dele. Cebolinha pergunta como ele foi parar nos quadrinhos e Mauricio manda perguntar para o Cascão. Mônica comenta que queria encontrá-lo porque acha que foi ele quem pegou o coelhinho dela. Cascão desenha o Sansão no bolso do Mauricio e fala que foi ele quem pegou e Mônica bate no Mauricio e fala que é mau exemplo.


Cebolinha vê que o Cascão é quem está desenhando a história. Cascão gosta de ser desenhista e deixa Mauricio lá e desenha uma história do Piteco fugindo de dinossauro, uma do Astronauta com chuva de meteoros e alienígena entrando na nave, uma da Tina com namorado com ciúme do Mauricio ao lado dela e uma do Rei Leonino prendendo o Mauricio por ter entrado no reino sem autorização.


Nessa hora, aparece a menina Babi, que estava visitando o estúdio, e acha o personagem muito engraçado e nunca tinha visto um personagem tão legal. Cascão pensa que fala sobre ele e Babi conta que o Cascão fica dentro do gibi, adora as revistinhas dele, mas ele falava do outro personagem é muito divertido e manda Cascão continuar desenhando para ver o final e que adora ler gibis com os amiguinhos e se eles toparem vão desmanchar o fã clube do cascão e criar um desse novo personagem no lugar.


Cascão conta para o Mauricio que enjoou da brincadeira e quer voltar ao gibi. Mauricio pula do quadrinho para o estúdio, pega o lápis e desenha o Cascão no quadrinho e aí tudo volta ao normal: Mauricio volta a ser humano e Cascão, personagem em quadrinhos. Cascão pede desculpas ao Mauricio, apesar de estourar, correr, pular e se arrebentar, é ótimo ser personagem em quadrinhos por ser querido por vários leitores que riem com eles. Mônica aparece e bate no Cascão  para acertar as contas com ele enquanto Mauricio diz que também aprendeu uma lição, No final, Rosana comenta com os outros roteiristas que Mauricio anda esquisito e só aprova roteiros que não tenham violência para poupar os personagens.


História de metalinguagem muito legal, para soltar imaginação, com o Cascão, cansado de sofrer nos quadrinhos, fazer com que o Mauricio vire personagem em quadrinhos para sentir na pele o que eles sentem. Cascão o fez passar vários sufocos e só desistiu porque na visão da menina leitora o Mauricio estava sendo mais engraçado e mais querido que ele. Acaba Mauricio acatando de não autorizar histórias com violência dos outros roteiristas, pois lembrou o que ele passou no mundo dos quadrinhos.

Muito legal ver o Mauricio apanhando 2 vezes da Mônica, sofrendo com enchente, com dinossauros, apanhando de alienígena, namorado ciumento da Tina e ainda ser preso pelo Rei Leonino. O Cascão procurou deixá-lo em situações perigosas de vários núcleos e não só o dele para ver como todos os outros personagens se sentem e não só ele. Mauricio estava certo que tem que ter conflitos com personagens senão não tem história boa.


O lápis do Mauricio é mágico, o que fez personagens virarem vida e ele se tornar personagem em quadrinhos. Se fosse hoje, seria a cargo de Marina e seu lápis mágico. Só assim como crossover para ter presença de secundários como Tina, Piteco, Astronauta e Turma da Mata em um gibi do Cascão antigo, já que não tinham histórias de secundários desses personagens nos gibis dele, apenas do Bidu e Turma do Penadinho. Foi um caso que a Tina teve outro namorado sem ser o Jaime, porque pelo visto o roteiro pedia um namorado bem forte para bater no Mauricio.

Foi muito bom também ver a presença dos roteiristas da época e ter uma sensação de bastidores da MSP. Eram só esses roteiristas na época, no caso, Rosana Munhoz, Robson Lacerda, Rubão, Reinaldo Waismann e Lucia Nobrega. Eram poucos roteiristas e faziam histórias fantásticas.


Impublicável por Cascão ficar agindo como vilão dessa vez e não pode os personagens serem os vilões, fora  ter cena de violência de Mônica batendo, muro rabiscado (hoje colocaria cartaz). Interessante que no final ficou o Mauricio sem aprovar histórias de violência pra poupar personagens e hoje acontece isso nos gibis, não pode nem personagens nem apanharem, sendo que o motivo é para não traumatizar as crianças de verem personagens surrados e também pra não estimular briga e violência entre as crianças.


Os traços excelentes, já da forma consagrada como queriam deixar. Mauricio ficou desenhado como retratado nos anos 1980, sempre procuraram deixá-lo no visual que estava atualmente e segue assim até hoje. Imagens tirei do 'Almanaque do Cascão Nº 35' (Ed. Globo, 1996) onde foi republicada (no gibi original teve propagandas internas da Caloi). Termino mostrando a capa desse almanaque. 

FELIZ ANIVERSÁRIO, MAURICIO!!! FELICIDADES!

Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 35' (Ed. Globo, 1996)

domingo, 24 de outubro de 2021

A turma: HQ "A festa do pijama"


Dia 24 de outubro é o aniversário do Cebolinha e em homenagem eu mostro uma história em que a turminha fez uma surpresa com uma festa do pijama na casa dele. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 131' (Ed. Globo, 1997).

Capa de 'Cebolinha Nº 131' (Ed. Globo, 1997)

Escrita por Emerson Abreu, começa com a campainha da casa do Cebolinha tocando, quando ele estava dormindo, e ao abrir a porta era a turminha com um bolo e fazer surpresa para ele. A turma entra levando também fitas-cassetes e salgadinhos.

Cascão pergunta ao Cebolinha se gostou da surpresa. Cebolinha reclama que são 11 da noite e quer saber que tipo de surpresa querem fazer e Cascão diz que é festa do pijama. Cebolinha pergunta porque na casa dele. Cascão diz que queria aproveitar o aniversário do Cebolinha, que seria no outro dia e se fizessem no mesmo dia não seria surpresa.

Cascão entrega o presente do Cebolinha, todos fizeram vaquinha para comprar e quando ele vê era prendedores de cabelo como a "Chucha" (Xuxa) usa.  Cebolinha reclama que é um presente mixuruca e quer saber por que eles compraram. Cascão diz que gastaram todo dinheiro na festa. Cebolinha pede desculpas, pois não sabia que a festa foi tão cara e Cascão diz que não era para ser, mas a Magali comeu toda a comida e eles tiveram que comprar tudo de novo.

Titi chama os dois para a festa, Cebolinha se anima porque nunca foi a uma festa do pijama. Titi coloca o som e Cebolinha avisa que é tarde e os pais dele estão dormindo. O som toca alto com a música "Dancin Days" e acorda Seu Cebola, que chega com uma vassoura na mão berrando que os inimigos estão atacando e manda todos que correr para os abrigos. Cebolinha conta que é só uma festa surpresa que a turma preparou e o barulho era só o rádio e desligam.

Cebolinha manda o pai voltar para a cama. Titi sugere colocar a fita dos "Roimundos" (Raimundos), Cebolinha reclama que estão na casa dele e então é ele quem escolhe a música e ele quer ouvir "Cantigas do Ursinho Bilu". Titi fala, então, que na próxima a festa vai ser na casa dele.

Mônica pergunta se tem refrigerante na casa do Cebolinha. Ele pergunta se não tem na geladeira e Mônica pergunta se ele só tinha uma geladeira porque a Magali comeu tudo que tinha lá. Magali dança e canta paródia de parabéns para você, que só veio pra comer e o presente esqueceu de trazer e manda cortar o bolo.

Mônica chama para brincarem de dança de cadeiras enquanto Titi cuida do som. Mônica diz que quem ganhar vai recitar um poema e Magali pede para o Titi colocar a música da dança do "Tchum" (É o Tchan). Cebolinha grita para eles ficarem em silêncio e o pai acorda de novo com vassoura na mão pensando que está sendo atacado por inimigos e precisa Cebolinha fazer o pai voltar para cama.

A turma quer agitar a festa e Cebolinha diz que já é tarde e não quer bagunça lá. Eles falam que é impossível uma festa sem bagunça, é como se fosse andar na chuva sem se molhar. Cebolinha diz para eles brincarem em silêncio. Mônica sugere ficarem lendo poesia a noite toda e Titi, fazer a brincadeira do copo. Cascão diz que isso não tem graça e Titi sugere fazer um strip-tease se eles quiserem.

A campainha toca, Cebolinha atende e eram os outros convidados: Marina, Nimbus e Do Contra. Marina e Nimbus desejam feliz aniversário ao Cebolinha e Do Contra vem de coelho desejando Feliz Páscoa e dando ovo de Páscoa para ele. Cebolinha volta para sala e vê Titi fazendo strip-tease para as meninas enquanto dançava música do "Tchum". Cebolinha acha uma pouca vergonha e manda Titi parar e vestir a roupa.

Eles resolvem então cortar o bolo, cantam parabéns ao Cebolinha, ele assopra a vela. Titi fala que completando seis aninhos já está virando homenzinho e Cebolinha comenta que acha que fez 6 anos ano passado. Mônica pergunta ao Cebolinha para quem quer dar o primeiro pedaço do bolo. Magali pensa que é para ela e Cebolinha diz que é pra pessoa mais bonita e legal que está na sala: ele próprio.

Magali comenta que o aniversariante não pode se dar o bolo. Na briga para pegar o bolo com Magali, Cebolinha acaba jogando o bolo na cara da Mônica. Ela tenta jogar bolo nele, mas ele abaixa e acaba caindo na cara da Marina. Magali reclama para pararem de jogar comida fora, mas em vão, e começa a guerra de bolo e de travesseiro, um tacando bolo e travesseiro no outro, com direito a Mônica girar o Do Contra como se fosse o Sansão por ele estar vestido de coelho.

No dia seguinte, Seu Cebola acorda e comenta com a esposa, Dona Cebola, que sonhou que eles estavam sendo invadidos por inimigos e estava começando uma guerra. Dona Cebola diz que é bobagem e quando Seu Cebola aparece na sala, vê a turma toda dormindo na sala jogados e a sala revirada com a guerra de bolo e travesseiro que teve na festa do pijama e Seu Cebola comenta que se não houve guerra, não sabe o que aconteceu.

Uma boa história com a turma fazendo uma festa do pijama para comemorar o aniversário do Cebolinha. Foi de surpresa, sem Cebolinha e nem os pais dele saberem e assim a preocupação do Cebolinha de não fazerem barulho para os pais não acordarem. Interessante nem pedirem autorização para os pais darem festa lá, absurdos de histórias em quadrinhos. 

Ficou um roteiro livre com situações típicas de uma festa de pijama, com muitas gags como estilo do Emerson em suas histórias e terminando com humor pastelão com guerra de bolo. Foi engraçado o presente ser uma xuxinha de cabelo sendo que o Cebolinha só tem 5 fios de cabelo, ficou sendo um deboche por isso, além do valor insignificante de uma xuxinha a ponto de eles fazerem vaquinha. Foi legal também a Magali comer tudo da geladeira do Cebolinha, o strip-tease do Titi, entre outros. 

O comentário do Cebolinha de ter feito 6 anos ano passado foi uma brincadeira com o mistério de todos os anos os personagens sempre fazerem mesma idade, voltarem a fazer idade que já tinha quando fazem aniversário. Sendo que essa idade seria alterada em republicações atuais porque os personagens agora tem 7 anos nas revistas. Fizeram essa mudança para colocarem histórias com eles na escola.

Tiveram nomes de artistas e bandas musicais parodiadas, era comum ter parodias com nomes de artistas famosos e até que eram criativos, dessa vez com Xuxa, Raimundos e É o Tchan. Hoje são datados e ficam em clima de anos 1990. A música "Dancin Days", apesar de ser originalmente das Frenéticas, provavelmente a intenção é que os personagens estavam ouvindo a regravação de Lulu Santos de 1996, mais recente até então. Outra coisa datada era fita-cassete, que ainda era frequente em 1997, mas hoje não existe mais. A palavra "strip-tease" ficou aportuguesado para crianças entenderem.

Impublicável hoje pelo tema de fazerem festa do pijama sem consentimento dos pais do Cebolinha, crianças acordadas 11 da noite e madrugada adentro, Magali dando prejuízo de comer tudo da geladeira do Cebolinha, Titi fazendo strip-tease na frente das meninas, citação à brincadeira do copo para invocar espíritos, desperdício de bolo enquanto tacava um no outro, nada disso pode nos gibis atuais e definitivamente sem chance.

Os traços ficaram bons, típicos da segunda metade dos anos 1990, até que eu gostava dos desenhos assim. Chama atenção dos personagens o tempo todo com língua de fora, que é uma característica das histórias do Emerson na época. As linguinhas apareciam quando o outro personagem falava uma piada infame ou uma bobeira ou deboche, assim como também personagens ficavam com cara de espanto, com corpo inclinado, braços e mãos abertos e pés para cima em situações assim e ficando claro que já estava começando a ter mudanças nas revistas. Até que gostava das linguinhas assim porque pelo menos não tinha as caretas exageradas que adotou depois nas histórias dos anos 2000. 

Nota-se também os personagens mais sarcásticos e debochados nas histórias do Emerson como não eram vistos em outras histórias de outros roteiristas, inclusive Magali sendo assim. A fala do Seu Cebola "corram para os abrigos" ainda não era fixa, depois mudaram para "fujam para as montanhas" e "fujam para as colinas", colocando esses bordões quando acham que estão em situação de perigo.

FELIZ ANIVERSÁRIO, CEBOLINHA!!!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Capa da Semana: Gibizinho da Magali Nº 3


Uma capa bem criativa com a Magali escalando um sorvete gigante como se fosse um montanha. Depois de alcançar o topo é só devorar tudo.  Bem a cara dela.

A edição completa exatos 30 anos este mês e foi uma das raras capas de Gibizinhos com uma piadinha normal sem fazer referência á história de abertura. Algumas até tinham piada, mas normalmente eram em cima da história de abertura, com raras exceções como esse da Magali..

A capa dessa semana é de 'Gibizinho da Magali Nº 3' (Ed. globo, Outubro/ 1991).

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Personagens Esquecidos 15: Jaime (namorado da Tina)


Nessa postagem falo sobre o Jaime, que foi o namorado fixo da Tina durante os anos 1980 e que foi para o limbo dos personagens da MSP. Mostro, então, a trajetória do Jaime e algumas histórias marcantes com ele.

Criado em 1981, Jaime foi um dos personagens da nova fase da Tina dos anos 1980. Logo depois da transição da fase hippie para a nova versão em 1977, Tina e sua turma não tinha uma identidade e personalidades próprias, seguiam de acordo com experiência dos roteiristas para os personagens para ver o que poderia dar certo ou não nesse núcleo. Era até normal, por exemplo, histórias com Tina e Pipa interessadas no Rolo. Com a reformulação dos anos 1980, deixaram o Rolo mulherengo, Pipa ganhou um namorado fixo, o Zecão, e criaram o Jaime, como o namorado fixo da Tina.

Jaime (ou Jaiminho) era loiro com barba loira sem bigode, tendo algumas variações de cor, as vezes aparecendo castanho ou ruivo, mas sempre com barba e cabelo da mesma cor. Era alto e algumas vezes mais magro, outras vezes mais musculoso, de acordo com o desenhista. Histórias com Jaime com Tina eram frequentes e eram típico namoro padrão, algumas vezes histórias com conflitos no namoro, mas no geral era mais para mostrar que ela tinha namorado.  Quando tinham conflitos, era no estilo Jaime ser ciumento de ver Tina conversando com outros homens.

Algumas vezes ele aparecia sozinho como amigo do Rolo ou do Zecão ou fazendo figuração ou até mesmo dando conselhos para os conflitos amorosos do Rolo no lugar da Tina, quando a história precisava de um conselho masculino. Embora o Jaime fosse considerado namorado fixo, a Tina teve alguns outros namorados durante o período que ele ficou frequente nas histórias, pode ser porque o roteiro pedia se fosse outro namorado, fora da característica do Jaime.

Sua estreia foi em uma história de 2 páginas de 1981 (e republicadas em 'Almanaque da Mônica N° 5' - Ed. Globo, 1988) em que a Tina não quer que a família coma o pudim que seria do namorado dela, mas acaba ela mesma comendo e passando mal no final . O personagem não tinha nome ainda, foi colocado apenas como namorado da Tina, provavelmente não tinham intenção ainda de ser namorado fixo dela e depois mudaram de ideia. Destaque para a presença da família da Tina como o pai, a Vovoca e do irmão Toneco que estavam sumidos dia gibis até então.


Na história "Enfim, sós" ('Mônica N° 156' - Ed. Abril, 1983 e republicada no 'Almanacão de Férias Nº 6' - Ed. Globo, 1989), Jaime está namorando com a Tina na casa dela, mas tem vários imprevistos com a família da Tina chegando na casa e interrompendo o namoro. No final, eles vão namorar na rua, mas brigam na praça porque o Jaime falou mal da família dela. Nessa já com nome definido. Interessante que nessa tiveram participações rápida também do papagaio Palestrino Toneco e Toim, irmãos da Tina hippie, que estavam sumidos também na época.


Em "Pra distrair", por volta de 1984 (e republicada no 'Almanaque da Magali Nº 3' - Ed. Globo, 1990), Tina fica com tédio da viagem do Jaime e resolve ir a uma sorveteria com o amigo Ronaldo. Tina tenta desviar de Pipa e Zecão para eles não contarem ao Jaime. 

Só que a Tina não contava que o Jaime voltaria cedo da viagem e ela ficou com medo do namorado vê-la conversando com outro, achando que estava namorando outro na ausência dele e resolve fugir. No final, Jaime conta que não tem problema de ela sair com amigos na ausência dele e Tina toma satisfação se Jaime não saiu com alguma pernambucana durante a viagem.


Em "Comigo aconteceu de gostar de namorada de um amigo meu", ('Mônica Nº 191' - Ed. Abril, 1986 e republicada no 'Almanaque da Magali Nº 3' - Ed. Globo, 1990), Jaime apresenta a Tina para o seu amigo Bebeto, que acaba se apaixonando pela Tina a primeira vista. 

Jaime percebe o interesse do amigo pela sua namorada e fica com ciúme, principalmente porque os três saem juntos e Bebeto joga indiretas o tempo todo, não para de conversar com Tina na sorveteria, paga o lanches dela no cinema, fica ao lado dela no cinema, etc. No final, Tina conta para o Bebeto que ela gosta do Jaime e aí Bebeto jura que não vai mais se apaixonar por garota comprometida, mas logo se apaixona pela Pipa quando o Zecão apresenta a namorada dele.


Em "Foi assim..." , por volta de 1986 (e republicada no 'Almanaque da Mônica Nº 39' - Ed. Globo, 1993), mostra a forma como Tina conheceu o Jaime. Tina conta pra amiga que se conheceram na praia, só que falando que Jaime a procurava e fazia tudo pra chamar atenção e ela nem se dava conta que estava afim dela, só que na realidade era o contrário, a Tina que chamava atenção e ele nem aí, conforme mostravam as imagens.

No final, Jaime aparece na casa da Tina e antes dele desmentir a história para a amiga e ela não se passar por mentirosa, Tina fala pra todos saírem pra não ouvirem a mesma história 2 vezes. 


Em "É a Pipa no namoro da TV" ('Mônica Nº 199' - Ed. Abril, 1986 e republicada em 'Coleção Um Tema Só N° 12' - Cascão e o Capitão Feio'), aparece mais o Jaime e Tina como figuração, vendo o programa no qual estava a Pipa procurando um novo namorado para ela. Representa o tipo de aparições de figuração sem ser o tema central da história.


Em "Eu me mordo de ciúme" ('Cebolinha Nº 19' - Ed. Globo, 1988), o  Rolo se morde todo o seu braço toda vez que tinha uma crise de ciúme com a sua namorada Nininha, quando conversava com amigos e até pagando mico quando ela conversava com o Pedro, irmão dela. Jaime dá conselhos para o Rolo não ser ciumento e no final, Nininha termina o namoro porque o Rolo estava convencido demais.

Aparece o Jaime sem a Tina, dessa vez só dando conselhos para o Rolo e resolver a situação do amigo, exercendo a função que seria da Tina de ser conciliadora e ajudar nos problemas amorosos dos amigos. Pelo visto colocaram o Jaime porque uma opinião masculina seria mais interessante naquele caso do que uma feminina.


Na história "Ombro amigo", ('Mônica Nº 23' - Ed. Globo, 1988), Tina ajuda Pipa e Zecão a se reconciliarem depois de brigarem de novo e no final a Tina flagra o Jaime levando outra mulher no carro e aí Tina começa a chorar, querendo ombro amigo da Pipa e Zecão. Ou seja, Tina consegue ajudar os problemas dos amigos com maestria, mas quando o problema é com ela, não conseguia.


Não foi oficialmente fim de namoro deles, se reconciliaram e Jaime apareceu algumas vezes na fase clássica até em 1991. Sua última aparição como namorado oficial foi na história "Palavras Cruzadas", em 'Gibizinho da Tina Nº 2', de 1991, em que um homem mostra cantadas para a Tina indiretamente ao perguntar coisas das palavras cruzadas que ele estava fazendo e quando ela se toca no interesse do cara, Tina avisa que tem namorado e aparece o Jaime para tirar o barato dele. No final, uma mulher velha e feia mostra interesse pelo cara e ele pergunta a mulher qual é o antônimo de bonita.


Após essa história, Jaime foi para o limbo dos personagens e não foi mais considerado namorado da Tina, que passou a só ter namorados diferentes a cada história. Com a nova fase da Tina nos anos 1990, que era para ser mais gostosona e não o estilo de conciliadora de problemas amorosos dos amigos, roteiros pediam mais que a Tina não tivesse namorado fixo, até porque cada namorado dela tinha uma personalidade diferente.

Até que depois de um bom tempo sumido, Jaime voltou a aparecer só em aparições esporádicas, maioria do tipo de tentativas de retorno de namoro, que eles tinham terminado e ensaiavam uma volta. Assim, ele voltou em 2000 na história "Paixão antiga", de 'Mônica Nº 170'. Nela, Tina reencontra o Jaime depois de muito tempo, ele tinha feito uma viagem para a Inglaterra e trouxe a Leslie com ele.

Tina pensa que é namorada do Jaime e finge que tem namorado também se agarrando com o primeiro cara que vê na rua. Depois descobre que Leslie era prima do Jaime, que trouxe só para conhecer o Brasil. Tina e Jaime tentam namorar de novo, mas acabam discutindo e brigando quando comentam o motivo que terminaram o namoro na outra vez, que foi por causa de que ele e faltava nos encontros e ele, por sua vez, se defende que faltava porque ela custava a se arrumar.


Depois, ele voltou em "Alma de crianção" ('Mônica Nº 7' - Ed. Panini, 2007). Nela, Tina e Jaime voltaram a namorar e estão passeando no shopping, só que em vez irem ao cinema, Jaime parava sempre em local de cultura "Pop/Nerd" como ver loja com miniaturas de carros de metais colecionáveis, bonecos de heróis colecionáveis, lojas de games, revistaria com histórias em quadrinhos. Tina acha tudo que era coisa para criança e que ele era um crianção, mas no final descobre que a Tina tinha coleção de bonecos infantis no quarto.

Nessa o Jaime assume uma característica de Nerd e até meio convencido, diferente do estilo que era nos anos 1980. Os traços são da fase "Radical Chic" da Turma da Tina, não gostava dos traços assim, muitas caras e boca que não condizem, e pelo visto retornaram com o Jaime nessa história para ter alguma com ele com traços assim e ficou com traços péssimos.


Em seguida, ele apareceu em 'Tina Especial Nº 1' (Ed. Panini, 2008). Foi uma revista que faziam minissérie de aventuras com a Turma da Tina em 3 edições seguidas em formato americano com eles como "Caçadores de Enigmas" e essa edição foi em volume único. Na história, a Turma da Tina participa do programa de televisão "Eu quero a bufunfa", uma gincana entre 2 equipes para ajudar a faculdade a equipe vencedora. 

Jaime aparece na equipe adversária e como namorado da Rúbia, rival da Tina e que roubou namorado dela, mas ao longo da história ele vê que a Rúbia não vale nada, que faz artimanhas e trapaças pra atrapalhar a equipe da Tina. No final, Tina vence a competição e Jaime fica pensando na Tina, mas eles não voltam a namorar. Faz parte da fase "Barbie" dos personagens da Tina, que também eram horríveis assim, e conseguiram uma história com Jaime nessa versão, aparecendo como musculoso roliço, um horror traços assim.


Sua última aparição foi uma participação especial na história "O dia Z (de Zica)" ('Tina Nº 4' - Ed. Panini, 2009). Nela, Tina não quer sair de casa naquele dia porque em todo ano naquele dia acontece uma "zica" com ela. Ela conta para a Pipa alguns momentos de azar em anos anteriores e uma delas foi que chegou mais cedo no encontro e flagrou o namorado Jaime com a Rúbia, e, assim restou só terminar o namoro com ele por não aceitar traição.

Nessa ele apareceu só em um quadrinho, só como lembrança de como Tina terminou namoro com ele e umas das lembranças de zica dela, mas não era o foco central, até porque a zica no final ficou com a Pipa. Colocaram palavra zica no lugar de azar porque já era proibida a palavra "azar" nas histórias da MSP, continuando assim até hoje.


Depois dessa, Jaime não foi mais visto e ficou de novo no limbo do esquecimento. Pena não ter tido um motivo oficial de fim de namoro, afinal, nunca teve cronologia na MSP, mas pode-se considerar que foi traição por ter ocorrido 2 vezes. Foi um bom personagem, pode ser que volte um dia quando algum roteirista lembrar, mas assim como participação esporádica e não sendo de novo namorado fixo da Tina. Hoje evitam histórias de namoro nos gibis da MSP e mesmo  quando tem, acham que rende mais Tina ter namorados variados que são diferentes nas personalidades e melhor para desenvolver os roteiros.