terça-feira, 29 de novembro de 2022

Magali: HQ "Algum lugar no passado"

Em novembro de 1992, há exatos 30 anos, era publicada a história "Algum lugar no passado" em que a Magali tenta descobrir através de suas vidas passadas o motivo do seu trauma de não conseguir comer brioches, Com 20 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 90' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali Nº 90' (Ed. Globo, 1992)

Magali aparece na padaria do Quinzinho, não só para vê-lo, mas também para ver se saiu o pãozinho quentinho e delicioso. Quinzinho fala que não, o pai está preparando a fornada, mas oferece outras coisas enquanto espera, aí ela come broa de milho, sonhos e pão-doce, sem precisar cortar fatias.

Magali pergunta se tem mais alguma coisa, Quinzinho responde que tem novidade que é uma receita francesa chamada brioches. Magali se espanta e sai correndo ao ouvir falar aquele nome. Mônica aparece na hora, pergunta o que aconteceu, Quinzinho fala que só ofereceu brioche e saiu assim e Mônica vai atrás dela porque se recusou comida, deve estar muito doente.

Mônica encontra Magali sentada em uma pedra, oferece um sorvete gelado e Magali come direto da mão da Mônica, que quer saber por que fingiu que estava doente quando o Quinzinho ofereceu brioche. Magali não quer que fale nome brioche. Mônica se surpreende que é a primeira comida que ela não gosta e deve ser horrível. Magali diz que nunca comeu, nem tinha ouvido falar, mas acha familiar e agora fica o nome martelando na cabeça dela.

Mônica diz que tem muitas outras coisas para ela comer e Magali diz que precisa saber o que está acontecendo senão não vai ter mais sossego, então elas vão falar com o Franjinha. No laboratório, ele diz que pode ter comido e esquecido, ser um trauma do passado e, então, ele mostra a sua nova invenção para testar, o vasculhador do passado. Com ela, vão poder assistir o passado na TV  e tirarem muitas dúvidas.

Mônica quer saber se foi o Cebolinha que deu nó no Sansão semana passada. Franjinha diz que não dá, só funciona se ligada á memória de uma pessoa.  Magali senta na máquina, Franjinha tenta hipnotizá-la para dormir, mas não consegue e, então, Mônica dá uma coelhada na Magali e, assim, ela dorme. Franjinha fala para Magali lembrar coisas do passado e aparece na TV tudo que ela lembra. Com isso, Magali lembra comendo melancia. Franjinha manda voltar mais no tempo e lembra dela menor.

Franjinha quer que Magali se lembre de coisas não tão boas. Magali lembra se queimando na panela do fogão, como bebê chorando de fome no berço e levando tapa do médico ao nascer. Franjinha estranha que foi só, Mônica lembra que ela não tem nem 7 anos e Franjinha comenta que apareceu nada de brioche. 

Quando ia acordá-la, aparece na TV Magali com roupas do século XIX, se chamando de Julia e pedindo pacote de rebuçados. Franjinha conclui que a máquina também revela vidas passadas. Depois vê que ela teve a sua fazenda arrasada por ianques e o que sobrou o vento levou e jura que nunca mais vai passar fome na vida. Mônica chora e Franjinha comenta que pelo menos cumpriu a promessa.

Depois, aparece outra vida, no século XVIII, encarnada como Rainha francesa Magali Antonieta. Mônica como aia Moniquete avisa que o jantar da rainha está servido. Franjinha como um guarda, avisa que eles têm problemas. Magali Antonieta reclama que justo na hora do jantar. O Guarda fala que o povo reclama que não tem pão para comer. A Rainha fala que se tem pão, que comam brioches e vai martelando brioches o tempo todo e dar gargalhada.

Magali sai do transe, fala que sonhou que era uma rainha má, o povo não tinha pão e mandava comerem brioches enquanto ela comia guloseimas e por ter tocado no ponto, Franjinha acha que ela estava curada. Só que foi pior, pois a Magali passou a recusar todas as comidas, como sorvete, cachorro-quente, sanduíche do Dudu e almoço de casa, fazendo a mãe desmaiar. Magali conta que quando pensa no povo faminto que ela ignorou, lhe dar mal-estar e acha que nunca mais comer na vida.

Franjinha volta a acionar a máquina, Magali está fraca por estar horas sem comer e dorme, sem precisar de levar coelhada da Mônica. Franjinha manda lembrar da Rainha Magali Antonieta, e aparece na TV imagem dela falando que se não tem pão, que comam brioches. Moniquete pergunta como pode ser cruel, se não sabe que o povo passa fome. O Guarda vai falar com a Rainha, diz que o povo também não tem brioches. Rainha manda comer bolo, Guarda fala que não tem bolo, nem nada, o povo passa fome. 

A Rainha pergunta se está brincando, com toda essa fartura e o Guarda diz que a fartura é só no palácio, lá fora, o negócio está feio. Rainha vai falar com o marido, o Rei Quinzinho I, quer saber porque o povo passa fome. Quinzinho I diz que é porque ela come toda a produção do reino. A Rainha fica envergonhada e promete fazer regime. Então, resolve distribuir pão para o povo, junto com o Rei, conseguindo matar fome deles.

Magali acorda, comemora que sonhou que o povo tinha comida a vontade e todos eram felizes, sente fome e está curada, podendo comer de tudo agora, até brioches. Corre para padaria do Quinzinho para experimentar, só que ele vendeu tudo. Então, no final, Magali come pão e diz para Mônica que se não tem brioches, que coma pão.

História legal com Magali querendo saber porque não podia ouvir falar de brioche e, através da invenção do Franjinha, foi descobrir que na sua vida passada foi uma rainha má que mandava o povo com fome comer brioche por não terem pão enquanto ela comia com extravagância. Piorou a situação e ela passou a comer nada, mas voltando a ver a sua vida passada, vê que o povo passava fome porque ela comia demais, o arrependimento dela faz distribuir pão para o povo faminto, fazendo a Magali voltar ao normal e comer de tudo, até brioche.

Teve várias referências famosas. O tema central foi baseado no filme "Em algum lugar do passado", tanto que serviu de base para o título da história. A vida anterior à atual, foi paródia do filme "E o vento levou", o que foi muito engraçada a parte que ela fala que jamais vai passar fome de novo e vimos que a Magali é comilona nessa reencarnação para compensar a fome que passou na vida passada. E a encarnação que ela é Rainha da França, foi referência à Revolução Francesa e à Rainha Maria Antonieta. E, de quebra, ainda mostra relação de governantes que não dão a mínima de pobres passando fome.

Na época estava bem frequente histórias com paródias ou inspiradas em filmes famosos, verdadeiros clássicos do cinema, eram bem próximas uma da outra histórias assim. Foi bom de ver esses clássicos filmes e ainda ter uma noção sobre Revolução Francesa. Aprende, se divertindo.


Na vida como Rainha Magali Antonieta, vimos que o Quinzinho foi marido dela, Mônica uma criada do reino e Franjinha como um guarda. Como dizem, que a gente reencontra pessoas que conhecemos de outras vidas, aí está valendo. Fica a dúvida se as visões foram de fato vidas passadas da Magali ou apenas sonhos dela, aí vai da interpretação e da crença de cada um, pelo menos serviu para tirar o trauma de brioche dela, sem precisar ir a psicólogo.

Foi engraçado também ver o passado da vida atual da Magali com ela lembrando pequena de 2 ano, se queimando no fogão, levando tapa do médico quando era bebê recém nascida. De fato, por ter só 6 anos, não tem muito o que se lembrar. Hoje, eles colocam idade fixa dos personagens como 7 anos para eles irem à escola.

Interessante o namoro da Magali com Quinzinho, que sempre ficava a dúvida se era só interesse ou não já que ele era filho do padeiro e podia comer bem. Nessa mesmo, fica a dúvida, já que ela diz que foi vê-lo e logo emenda que também foi ver os pãezinhos quentinhos da padaria. E engraçada a cara de pau dela comer as coisas da padaria sem pagar, não é a toa que o pai do Quinzinho, o Seu Quinzão, não gostava dela por causa do prejuízo que dava e o filho acobertava.

Pode-se dizer que brioche não era uma comida que a Magali não gostava já que ela nunca tinha provado, foi um trauma do passado, era raro ter alguma coisa que ela não gostava de comer, mas depois na história "A Magali não gosta do quê?" ('Magali Nº 140' - Ed. Globo, 1994) foi revelado que ela não gostava de qualquer coisa temperada com cebolinha.


Dessa vez a Magali apanhou da Mônica e sem ter aprontado, era bem raro acontecer nos anos 1990, já que na época, a Mônica estava batendo só nos meninos. Nos anos 1960 e 1970 que era mais comum a Mônica bater em qualquer pessoa, até nas meninas e se não tivesse feito nada com ela e, com isso, era mais comum ver até Magali apanhando da Mônica até na primeira metade dos anos 1980. História até considerada grande em vista dos padrões de gibis quinzenais da época, é que as vezes colocavam umas maiores para diferenciar das mais curtas.

Os traços ficaram muito caprichados. A colorização já estavam cada vez cores mais fortes e com erro de cores fora dos contornos dos desenhos, uma coisa bem comum nos gibis da Globo. Teve um erro também da Mônica falar de boca fechada na 12ª página da história (página 14 do gibi), coisa também frequente na época. É incorreta atualmente por envolver vidas passadas, reencarnação, religião, coisas que não aceitam mais nos gibis. Namoro dos personagens também não pode mais assim como Quinzinho trabalhar na padaria por causa de trabalho infantil, Magali bebê levar tapa do médico na bunda e nudez de bebê. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Cascão: HQ "Um aniversário sujão"

Postagem Nº 1.100 do Blog. Dia 25 de novembro é o aniversário do Cascão e em homenagem mostro uma história em que o Capitão Feio faz uma festa de aniversário para o Cascão para agradá-lo e fazer com que ele seja seu aliado nos seus planos de poluir o mundo. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 258' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Cascão Nº 258' (Ed. Globo, 1996)

Cascão está animado com seu aniversário que será no dia seguinte, curte todos cumprimentando, dando "Parabéns" e pessoas que gosta ao seu redor. Dona Lurdinha o chama para jantar, ele pergunta pelo pai e a mãe diz que não chegou, ainda está no escritório, ultimamente tem muito trabalho. Cascão pergunta se o pai vai estar no aniversário amanhã e ela diz que não sabe, talvez, sim.

Cascão põe o pijama para dormir, reclama que parece que tem gente que não dá bola para aniversário, quando o Seu Antenor chega. Cascão levanta e pergunta se o pai sabe que dia é amanhã. Seu Antenor responde que é o aniversário do filho e Cascão pergunta se ele vem mais cedo para passar o dia com ele. Seu Antenor fala que não sabe a hora que virá por causa dos serões no escritório e põe o filho na cama.

No outro dia, Dona Lurdinha acorda o Cascão, lhe dá Parabéns. Cascão pergunta onde está o pai e ela diz que saiu cedinho para o escritório e não vem almoçar e vai chegar tarde, que nem os outros dias. Cascão vai pra rua, reclama que há uma semana o pai faz isso e não o mais vê. Senta na calçada triste, quando surge do bueiro o Capitão Feio e um Monstrinho de Sujeira.

Cascão não dá confiança, Capitão Feio pergunta se lembra das ideias deles de deixar o mundo sujinho e Cascão fala que não e nem quer saber, o aniversário está chato o bastante, está passando sozinho, a mãe até que se importa, mas o pai dá a mínima. Capitão Feio diz que não é para se preocupar, Cascão vai passar aniversário com ele, não na casa do Cascão, e o leva para o esgoto.

Lá, tinha uma festa de aniversário montada para o Cascão e os Monstrinhos de Sujeira como convidados. Cascão fica animado, pergunta pela comilança e só tinha resto de comida como casca de banana, maçã comida e espinhas de peixe. Monstrinho fala que foi o que conseguiram arrumar em três quadrinhos e Capitão Feio ordena trazerem pipoca, salgadinhos e refrigerantes, bem sujos. Cascão fala para o Capitão Feio não se preocupar porque não está com muita fome e, então, eles vão festejar.

Monstrinho dá um chapéu de lata velha e eles vão fazer a dança da sujeira: a música toca e vão se sujando e quando para, quem estiver menos sujo cai fora. Cascão fala que tem sujeira demais e até dá nojo nele. Então, resolvem dançar uma música acompanhados e aparece uma "monstra" horrorosa como par, que espanta o Cascão.  Depois, ele pergunta se não tem brincadeira mais suave como colocar rabo na mula, eles falam que não, mas tem a de enfiar dedo no nariz do porco, dando nojo ao Cascão.

Capitão Feio aparece reclamando do jeito que deixaram o aniversariante, têm que tratá-lo bem, se agradá-lo, ganha um aliado importante para conquistar o mundo e ri, causando estranheza no Cascão. Ele diz que estava se divertindo e Cascão fala que nem chegou animação da festa como palhaço, mágico, malabarista. Como nenhum Monstrinho se habilitou, Capitão Feio que se torna mágico, tentando transformar um lenço limpinho em eterna sujeira e ainda faz malabarismo cantando a música "É o Tchan!".

Apagam a luz e tem a surpresa de cantar "Parabéns" levando um bolo gigante de sujeira. Cascão diz que nunca viu tanta sujeira junta. Capitão Feio fala para assoprar velhinha e fazer um pedido e não se importaria se desejasse passar o resto da vida no esgoto, bolando planos para conquistar o mundo, sujeira e poluição porque ele não é como o pai que não se importa com o filho. Cascão pensa no Seu Antenor brincando com ele e grita pelo pai, com Capitão Feio pensando que tinha sido chamado de pai. Cascão foge para casa, Capitão Feio estranha o que deu errado e Monstrinho fala que pelo menos foi feita uma festinha, coisa que nunca tiveram lá, nem para o Capitão Feio.

Em casa, Cascão é recebido na festa de aniversário pela sua mãe e seus amigos. Ele adora, mas para ficar completa, só falta o papai. Quando Seu Antenor aparece, Cascão o abraça, pensando que ele não iria e Seu Antenor fala que nada é mais importante que o filho e que tinha que fazer horas extras no escritório para comprar o presente, uma bicicleta de 18 marchas. Cascão fica feliz, abraça os pais, falando que eles são seu melhor presente. No final, no esgoto, os Monstrinhos fazem festa para o Capitão Feio, mas ele está de mau humor de tão ruim que eram as animações dos Monstrinhos na festa.

Uma história legal em que o Capitão Feio aproveita a fragilidade do Cascão de ver o pai ausente, achando que trabalho no escritório era mais importante que ele, para lhe arrumar uma festa de aniversário na tentativa de agradá-lo para  se tornar um novo pai do Cascão e ele ser um aliado para os seus planos de conquistar e poluir o mundo. Só que a festa tem sujeira além da conta que desanima o Cascão, fora que ele só pensava no seu pai Antenor. O amor ao pai falou mais alto e ele acaba voltando pra casa, estragando o plano do Capitão Feio.

Teve o mistério inicial do Seu Antenor não ficar em casa e trabalhar tanto, mas foi bem explicado no final. História quis mostrar relação de pai e filho, Cascão só queria estar com o pai e nem se importava com presente, foi uma bonita mensagem em relação a isso.  A família do Cascão era abordada como a mais pobre da turma, batalhava mais para conseguir comprar os brinquedos, por isso, a necessidade do Seu Antenor precisar fazer horas extras no trabalho para conseguir comprar uma bicicleta para o filho. Eu gostava dessa diferenciação de condições financeiras na família do Cascão.

Interessante a festa de aniversário do Capitão Feio com brincadeiras normais adaptadas à sujeira como dança da cadeira virar dança da sujeira e rabo na mula virar dedo no nariz do porco, fora latas virando chapéu de festa e servirem restos de comida e um bolo de sujeira, que nem dariam para comer. Nessa história o Cascão não estava muito animado por sujeira, influenciado também pela tristeza da ausência do pai, quem sabe, se não tivesse essa tristeza, o plano do Capitão Feio daria certo.

Foi legal a referência do grupo "É o Tchan!", que estava em alta em 1996, a letra da música homônima não foi parodiada, mas a grafia de "Tchan" foi mudada para "Tcham". E boa também a fala do Seu Antenor, "Querida, cheguei!", referência ao seriado "Família Dinossauros", sucesso dos anos 1990 que ainda estava passando na TV. Tiveram erros de mostrar o Seu Antenor com sujeirinha na página 3  da história (página 5 do gibi), relembrando suas primeiras aparições na Editora Abril, e também na hora que o Cascão pensa no pai brincando com ele que teve boca pintada de vermelha por baixo como se fosse língua para fora, mas na verdade, seria uma cara como se estivesse em início de choro.

Completamente impublicável hoje em dia por envolver sujeira a ponto de até ficarem se sujando e ter um bolo de sujeira, fora eles entrarem no esgoto diretamente pelo bueiro, sem chance. Capitão Feio hoje nem tem planos de poluir mundo, no máximo, dominar, sendo maioria das histórias mais bobas com os Monstrinhos de Sujeira. Inclusive nunca foi republicada até hoje porque a republicação já seria na fase da Editora Panini por volta de 2011 e já tinha o politicamente correto predominante. Nem nos diversos Almanaques Temáticos sobre aniversários republicaram, e, assim, se torna rara. 

Quando o Capitão Feio foi criado em 1972, inicialmente era o tio do Cascão que se transformava em vilão com contato com poeira da sua coleção de gibis, mas depois essa ideia foi descartada dos gibis, sendo apenas um vilão. Até mesmo quando ele contracenava com os pais do Cascão, não era mencionado parentesco, por isso não foi falado isso nesta história. Hoje em dia, parece que estão querendo retornar de ele ser tio do Cascão e sem mostrá-lo como vilão,  visto algumas histórias nos gibis da Editora Panini de setembro de 2022.

Os traços ficaram bons, típicos da segunda metade dos anos 1990, mais redondinhos. Curiosamente, a capa do gibi não teve referência a aniversário, foi uma piada normal, sem ser ligada à história de abertura ou alguma piada de aniversário porque era normal na Globo as vezes seguirem capas normais de piadinhas em gibis com histórias de aniversário na abertura.

FELIZ ANIVERSÁRIO, CASCÃO!!!

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Capa da Semana: Cebolinha Nº 43

Uma capa de futebol com Cebolinha como goleiro e colocou 5 luvas no cabelo, uma em cada fio, para garantir que vai agarrar o pênalti do Cascão, conseguir 5 vezes mais chance de pegar a bola e impedir o gol. Engraçada a cara do Cascão gostando nada da trapaça do Cebolinha. Muito legal. 

A capa dessa semana é de 'Cebolinha Nº 43' (Ed. Globo, Julho/ 1990).

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Cascão: HQ "Quem acredita em futebol?"

Em homenagem à Copa do Mundo que se inicia, mosto uma história em que o Cascão tenta convencer todo mundo a voltarem a acreditar em futebol e em novas conquistas da Seleção Brasileira. Com 8 páginas, foi história de encerramento de 'Cascão Nº 117' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cascão Nº 117' (Ed. Globo, 1991)

Cascão diz para o Cebolinha que quando crescer quer ser jogador de futebol e trazer a Copa do Mundo. Cebolinha fala que não acredita no futebol do Brasil, o pai que já viu o Brasil ser campeão 3 vezes. Cascão diz que viu em fotografias do Pelé, Garrincha e Félix e Cebolinha conta que tudo são fotografias velhas que até duvida que são verdadeiras. Cascão fala que ele pode tirar fotos dele quando for campeão e Cebolinha responde que melhor ele ser jogador de vôlei ou basquete que terá mais chance.

Cascão joga a bola com a mão se perguntando se ninguém acredita no nosso futebol e Jeremias gosta do passe, Cascão faz umas jogadas e embaixadinhas de futebol e Jeremias vai embora porque estava pensando que ele estava jogando vôlei. Cascão grita que ele só joga futebol e uma velha dá guarda-chuvada nele, dizendo que é um menino malcriado que fala palavrão por aí.

Franjinha aparece e Cascão pergunta o que aconteceu com o nosso futebol. Franjinha não sabe o que é, já ouviu falar em algum lugar, o negócio dele é xadrez. Cascão pergunta quem não se emociona com as bandeiras tremulando, as redes balançando e Franjinha, não. Cascão pergunta se não acredita em futebol e Franjinha diz que só em coisas mais plausíveis como Papai Noel e Coelhinho da Páscoa e vai embora.

Em seguida, surge uma lágrima gigante, Cascão desvia para não se molhar e era do Leitor, que conta que não aguentou, ficou triste lendo a história e não pôde conter a lágrima que queria cair desde aquela última partida da Seleção Brasileira. Cascão diz que quando for jogador de futebol, vai trazer o tetracampeonato. O Leitor fala que não é para falar bobagem, ele é um personagem de história em quadrinhos e nunca deixará de ser o Cascão e joga a real de que Cascão não pode viver de sonhos e ele não pode viver de passado. Cascão fala que no mundo dos quadrinhos, tudo é possível e o Leitor manda acabar a história para ver como termina.

Assim, Cascão faz embaixadinhas, um treinador olha e o chama para ir para o time dele. Já adulto, é jogador da Seleção Brasileira, que está na final da Copa do Mundo. Cascão faz gol, o Brasil é tetracampeão e ergue a taça. Cascão conversa com o Leitor, falando que é campeão do mundo, e ele reconhece que no mundo dos quadrinhos, tudo é possível. Os amigos, que desacreditavam no futebol na infância, comemoram, falando que ele é o maior e que sempre acreditaram nele, terminando a história no gibi. Fora dos quadrinhos, o Leitor acha que foi uma bela história e fala para os leitores reais que agora precisamos fazer a nossa história e é tão simples.

Uma história legal em que todos estavam desacreditados em futebol e na Seleção Brasileira já que muito tempo não era campeão da Copa do Mundo, a ponto de pensarem que futebol não existia e velhinha achar que futebol era palavrão, mas Cascão provou para o Leitor e para todos que duvidavam que era possível, pelo menos no mundo dos quadrinhos, onde tudo pode. 

Foi uma crítica à Seleção Brasileira que estava desde 1970 sem ganhar Copa do Mundo, ou seja, 21 anos sem título até então, todo mundo já estava desacreditado, principalmente depois do fiasco da Copa de 1990, sendo eliminada pela Seleção Argentina nas oitavas-de-final. Além disso, independente de futebol, quis mostrar também mensagem da gente acreditar nos nossos sonhos, por mais impossível que seja, não acreditar de ser possível de realizá-lo apenas em histórias em quadrinhos, só correr atrás que consegue seu sonho. No caso, a fala final do leitor da história quis mostrar que agora os jogadores da Seleção Brasileira têm que fazer a parte deles para conquistar a próxima Copa do Mundo e também da gente correr atrás para conseguir o sonho impossível desejado.

Foi legal também ver a metalinguagem do Leitor e Cascão conversando, um passando motivação para o outro, lágrima cair na página, quase molhando o Cascão, gostava dessa interação de ficção e realidade. Teve ainda o leitor retratado na história conversando com o leitor da vida real, no caso, a gente, o que reforçou ainda mais a metalinguagem e se tornou mis diferente. Os traços ficaram muito bons, típicos de histórias de miolo da época, e quando mostravam personagens adultos, sempre eram desenhados diferentes, de acordo com cada desenhista. Dessa vez, destaque maior ao Jeremias adulto gordo para diferenciar.

Mesmo que a MSP não goste de mostrar mais absurdos, até que essa teria chance para republicação em almanaques por causa da mensagem e lição de moral, talvez alterariam partes que o Brasil ganhou Copa três vezes para cinco vezes e "tetra" por "hexa" para ficar atual e mudariam a parte da guarda-chuvada da velhinha no Cascão porque não pode mais mostrar violência assim nos gibis, assim como alterar a palavra "gozado" por ser proibida atualmente.

Depois dessa história, o Brasil voltou a ser campeão de Copa do Mundo em 1994 e 2002, voltando a ser acreditado pela população e a ter gosto de assistir futebol. Hoje em dia chega a ser semelhante a situação, já são 20 anos que o Brasil não ganha uma Copa do Mundo, está desacreditada pelo povo que vai conseguir título na deste ano, se não ganhar, vai alcançar a maior marca de 24 anos, no mínimo, sem título de Copa, aumento o descrédito do povo. 

Após o Pelezinho teve seu gibi cancelado em 1982, histórias de futebol ficaram com o Cascão, com maestria, foram tantas que não é a toa que depois fizeram vários Almanaques Temáticos sobre futebol. Com o Cascão ainda teve vantagem de incluir seu medo de água e de tomar banho, sempre que davam, ou simplesmente, apenas tema de futebol como um todo. Por exemplo nesta história, teve conversa inicial do Cascão falando pro Cebolinha que não seria maluco de tomar banho quando crescer e fugindo da lágrima do Leitor que caiu na página lendo o gibi.

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Papa-Capim: HQ "Viagem à África"

Mostro uma história em que o Papa-Capim entra em um avião pensando que era um pássaro e vai parar na África, causando muita confusão para ele. Com 8 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 50' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Chico Bento Nº 50' (Ed. Globo, 1988)

Papa-Capim avista um avião no céu, pensa que é um pássaro estranho e como nunca viu antes, vai atrás para vê-lo de perto. O avião pousa atrás de uma árvore e Papa-Capim estranha que o pássaro não tem penas nem bico. Ele entra no avião e a porta se fecha em seguida.

O piloto pede permissão no rádio para decolar, é concedida e ele decola. Papa-Capim percebe movimento, fica de cabeça para baixo, e resolve sair. Ao abrir a porta, vê que não estava mais no chão e volta para o avião. Então, ele resolve implorar para Tupã para tirá-lo daquela fria, mas acaba dormindo. Horas depois, acorda ouvindo vozes, vai conferir, vê que o "pássaro" voltou ao chão e só quer voltar para floresta.

Sem saber que estava na África, Papa-Capim vê um leão, acha que é um animal estranho e pensa que é mansinho e ao passar a mão, o leão urge fazendo Papa-Capim correr para uma árvore. Lá, encontra uma girafa, nota que é calminha, mas estranha que é só pescoço e brinca de escorregador com o pescoço dela. Depois, ele ainda vê um elefante, achando que tem dois rabos e vê um hipopótamo.

Papa-Capim acha que tem coisa errada na selva, quando encontra índios africanos. Ele corre, achando que podem ser inimigos e reconhece que não estava na sua tribo, tudo estava diferente, como árvores e animais. Ele volta para o avião, coincidindo com o momento de decolar de volta para o Brasil. Ao descer o avião, fica feliz de ter voltado para a sua tribo. Só que no avião, tinha também um indiozinho africano que entrou escondido e no final ele estranha a floresta do Brasil, achando animais esquisitos.

História legal em que o Papa-Capim foi parar na África porque pensou que um avião era um pássaro e ter entrado nele. Lá, encontra uma floresta muito diferente com animais e habitantes que nunca tinha visto, se assustando. Por sorte, consegue voltar para a sua selva ao entrar de novo no avião, mas o indiozinho da África entrou escondido e vê tudo diferente lá comparada com a África.

Papa-Capim de tão ingênuo e primitivo que nem avião ele sabia o que era, muito menos conhecer os animais como leão, girafa, elefante e hipopótamo, tudo era novidade. Como a tribo era no Brasil e não tinham os animais na sua selva, era normal não conhecer. Ele estava perto de espécie de centro de transportes de mercadorias entre Brasil e África, por isso avião ter retornado para a selva que ele morava, se não fosse isso, corria risco de nunca mais ter voltado para a sua tribo.


Foi divertido vê-lo passando sufoco no avião, querendo sair quando já estava no ar e com os bichos e os habitantes de lá. Gostei também do mapa mostrando trajeto que o avião fez e observando o mapa, a tribo do Papa-Capim nessa história se localizou na Amazônia, mas nunca foi revelado de forma oficial o estado de onde fica a tribo dele.

O final ficou aberto de como o índio africano lidou com a selva do Brasil, se encontrou com o Papa-Capim e como fez para voltar para a África, se teve a mesma ideia dele de pegar avião de novo, se voltou mesmo para África, várias possibilidades de imaginação do leitor. Eu gostava de histórias com o Papa-Capim encontrando coisas dos caraíbas, se surpreendendo ou passando sufoco por causa disso. Dava um contraste com o que ele só conhecia na sua tribo e diferenciava de histórias mostrando a cultura indígena primitiva.

Incorreta atualmente por mostrar Papa-Capim muito inocente a ponto de nem saber o que é avião, já que hoje, precisamente a partir de 2020, passaram a colocar a tribo do Papa-Capim moderna, com ele com roupas e usando até chinelo e os demais índios com roupa e tribo com casas humildes em vez de tradicionais ocas. Para mim, conseguiram estragar com o núcleo dele, era bem melhor como índio primitivo e mostrar a cultura indígena tradicional. Ele também fazer oração a ķhģ também proibido visto que, além de não ý cultura indígena, também envolve religião, proibida também nos gibis atuais assim como mostrar índios e negros com lábios grandes e carnosos, Papa-Capim contracenar com animais selvagens, sair do avião. e quase ter morrido e expressão "Minha Nossa!" por envolver religião. 

Foi considerada uma história grande de personagem secundário para os padrões da época em gibi quinzenal do Chico Bento, mas a leitura é rápida mesmo assim, Normalmente eram no máximo 5 páginas para personagens secundários em gibis do Chico Bento e do Cascão. Os traços muito bonitos, caprichavam bem no desenho da selva do Papa-Capim. As cores muito boas também com direito ao tom mais roxo onde normalmente seria o rosa, adora quando era assim.