segunda-feira, 29 de abril de 2024

Cascão: HQ "Dançando na chuva"

Em abril de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Dançando na chuva" em que o Cascão aprende a dançar e toda vez que ele dança, começa a chover. Com 12 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cascão Nº 189' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cascão Nº 189' (Ed. Globo, 1994)

Cascão vê o Cebolinha dançando no quarto e pergunta se ele está com pulga na cueca. Cebolinha diz que está treinando para dançar na festinha da Denise, as garotas adoram quem dança bem como o Ricardinho Boa-Pinta. Cascão acha pena que não é o caso do Cebolinha porque ele dança bem, que já nasceu dançando.

Quando Cascão demonstra, todo mundo que passava na rua dá gargalhada e o acha ridículo. Cebolinha fala que nem precisa mais treinar, se Cascão dançar assim no dia da festa, vão achá-lo que é o "Maicou Jequisson". Cascão se toca que dança mal e que não foi boa ideia de copiar os passos do "Caspion". Pensava que ia abafar entre as meninas e seria melhor nem ir na festa, mas lembra que a festa é sábado e até lá pode aprender.

Assim, Cascão quer que o Ricardinho Boa-Pinta o ensine a dançar. Ricardinho quer saber por que deve ensinar um encardido como ele a dançar já que nem são amigos. cascão diz que  vai lhe dar seu ioiô, figurinhas e bolas de gude. Ricardinho não quer as porcarias dele. Cascão ameaça que se não ensinar, quebra a cara dele e Ricardo resolve ajudá-lo.

Depois de ter pego o rádio, Ricardinho fala que é para o Cascão imitar tudo que ele faz, as meninas não resistem. Cascão tenta fazer os passos, dizendo que é só pular riacho, matar formiga e andar com câimbra no pescoço e Ricardinho acha que vai precisar treinar mais. Cascão continua treinando, melhora a dança e começa a chover, fazendo Ricardinho ir embora.

A chuva passa logo e Cascão tenta treinar mais um pouco e volta a chover. Cebolinha aparece e pergunta o que houve. Cascão responde que toda vez que dança, começa a chover. Cebolinha diz que os deuses devem ficar com dor de barriga. Cascão demonstra a dança que aprendeu e volta a chover e Cebolinha dá parabéns que o Cascão descobriu a dança da chuva. Ele diz que odeia água, como poderia atrair chuva e Cebolinha acha que é um dom dele. Cascão dança outra vez e mais uma vez chove, confirmando.

Cascão lamenta que com todo esforço, não vai poder dançar na festa da Denise, mas lembra que é dentro de casa e não chove e fica feliz que vai poder dançar, vai abafar e gatinhas conquistar. Só que no dia, ele tem a surpresa que a festa é do lado de fora da casa. Denise diz que foi porque estava calor e queria cair na piscina, mas está faltando água no bairro, o que Cascão gosta.


Denise coloca um som para eles dançarem, mas Cascão não quer. Cebolinha fala que é porque ele não sabe. Cascão diz que sabe, só que só se for lá dentro. Denise acha frescura, todos dançam, quando chega o Ricardinho, já com seus passinhos, deixando as meninas apaixonadas, o chamando de lindo. Cascão diz que sabe fazer igual porque Ricardinho ensinou e ele diz que foi o pior aluno que já teve.

A turma zomba, achando que Ricardinho tem razão, que até agora nem saiu do lugar. Cascão fica com raiva e dança. Começa a chover e Cascão vai para dentro de casa e acha que vão ficar brabos por ele ter estragado a festa. Só que a chuva faz encher a piscina e todos ficam felizes graças ao Cascão. As meninas o acham lindo, gatão, que salvou a festa e querem dar beijo nele e no final Cascão foge delas porque quando finalmente faz sucesso com as meninas, elas estão ensopadas.

História engraçada em que o Cascão quer aprender a dançar para impressionar as meninas na festa e quando consegue, faz chover sempre que dança. Pior que a festa foi ao ar livre e ele estava resistindo em não dançar, mas com as provocações da turma, resolveu dançar e choveu, fazendo encher a piscina e as meninas passaram a se interessar nele e lhe dar beijo. Como estavam todas molhadas, Cascão precisou fugir delas no final.

Logo o Cascão que sempre evitou chuva, passou a atrair com sua sua dança da chuva. Coitado que se deu mal até no final que quando ia conquistar as garotas, elas entram na piscina antes de dar beijo nele. Cascão incorporou a Mônica sendo agressivo e apelando para violência para conseguir o Ricardinho desse aula de dança para ele, só assim pra conseguir o que desejava porque o Ricardinho não estava a fim de ensiná-lo.

Foi engraçado ver o Cascão dançando imitando passos do "Caspion", até cachorro rir dele dançando, a ameaça ao Ricardinho de apanhar se não o ensinasse a dançar, Ricardinho não pegar chuva par anão desmanchar o topete, Cebolinha dizer que ele seria o "Maicou Jequissom" e  que os deuses devem ficar com dor de barriga de tanto rirem ao verem Cascão dançando e o desespero do Cascão que chovia depois de dançar. As paródias dessa vez foram do seriado "Jaspion" e do cantor Michael Jackson, sempre foram criativos nas paródias com nomes dos famosos.

Interessante que dentre personagens principais com roupa fixa, só o Cascão que mudou roupa no dia da festa, pelo visto era o mais interessado a ir, considerando uma ocasião muito especial. Cascão não era fiel à Cascuda, sempre tinha interesse por outras garotas, mesmo quando ela já era a sua namorada oficial, nessa queria conquistar as garotas através da dança. Curioso Magali e Jeremias apareceram só em um quadrinho cada um e depois sumirem ao longo da história, até a menina morena figurante apareceu mais. 

O menino mais fofo do bairro por quem as meninas eram apaixonadas sempre era um diferente a cada história, dessa vez foi o Ricardinho Boa-Pinta, nada humilde e bem convencido de ser um galãzinho. Procuraram colocar um menino diferente a cada história porque cada um deles tinha uma personalidade diferente e até para não ser igual ao Reinaldinho, que era o menino fofo fixo, inspirado no roteirista Reinaldo Waismann, até em 1986.

Denise estava com mais frequência e estava aparecendo também em histórias de outros personagens e não só nos gibis da Magali. Denise ainda não tinha personalidade definida e aparecia com visual diferente a cada história, não era os traços definitivos adotados a partir dos anos 2000, sendo que esse cabelo marrom com rabo de cavalo foi o mais usado dentro de  todas as vezes que ela apareceu. Se depois o roteirista Emerson não colocasse o visual que conhecemos nela atualmente, provavelmente seria esse visual que deixariam depois em definitivo.

Incorreta hoje em dia por criança querer impressionar as meninas, Cascão ameaçar dar surra no Ricardinho, conseguir o que quer na base da violência, Cascão sofrer bullying por não saber dançar, não ter um final feliz para ele.

Traços ficaram bons seguindo o estilo que prevaleceu nos anos 1990 com personagens com língua ocupando espaço maior dentro da boca, ando mais humor nas histórias. Tiveram alguns erros como Ricardinho com sardas e tirarem o muro no penúltimo e último quadrinhos, respectivamente, da 3ª pagina da história (página 5 do gibi), olho do Cascão sem fundo branco no penúltimo quadrinho da 4ª página da história (página 6 do gibi) e Cascão ter pés pintados de marrom como se fossem sapatos nos dois últimos quadrinhos na 8ª página da história (página 10 do gibi). Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Capa da Semana: Magali Nº 43

Compartilho uma capa sem a tradicional piadinha, apenas um desenho bonito com a Magali preparando uma sopa de legumes ao ar livre e um tatu observando a Magali cozinhar. O que é certo que cozinhando escondida, vai comer toda a sopa sozinha e sem dividir com o tatu, quem sabe, a piada gire em torno disso.

A capa dessa semana é de 'Magali Nº 43' (Ed. Globo, Fevereiro/ 1991).

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Piteco: HQ "O primeiro descobridor"

Dia 22 de abril é comemorado o Descobrimento do Brasil e, então, mostro uma história em que o Piteco resolve cruzar o oceano sozinho para ver se há outras terras além da Aldeia de Lem, onde ele vivia. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998).

Capa de 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998)

Bolota procura Piteco, encontra e pergunta o que ele está fazendo com olhão parado para o mar. Piteco fala que que estava pensando o que existe para lá e Bolota responde que só água, água e mais água. Piteco acha que deve ter algo, além de onde a vista alcança, novas terras e povos. Bolota acha que se tivesse, já tinham aparecido, dado sinal de vida e Piteco fala que não, se ficarem que nem eles, só olhando, sem fazer nada.  

Piteco resolve criar uma canoa parecida com a que usam para pescar para tirar a limpo essa questão. Bolota avisa que as ondas vão virar a canoa, ele vai afundar feito pedra, manda ouvir a voz da razão e Piteco nem dá ouvido, pegando machado e derrubando árvore para construir a canoa e Bolota desiste.

Passam-se os dias, um homem sente falta do Piteco e Bolota diz que está no mundo da Lua. Thuga fica desanimada e Ogra conta que agora que o Piteco endoidou, as chances de ela se casar diminuíram mais ainda. Na calada da noite barulhenta, Piteco continua seu projeto até que em uma manhã, finalmente termina de construir a canoa e todos admiram. 

Bolota espera que Piteco tenha caído em si, mesmo que existisse um outro mundo e ele chegasse até lá, poderia encontrar monstros terríveis ou povos inimigos, poderiam descobrir da existência deles e poderiam ir para lá para trucidá-los. Piteco acha que se a humanidade toda pensasse como o Bolota, ficaria para sempre na Idade da Pedra. Todos o ajudam a empurrar a canoa para o mar. Bolota acha que a canoa nem flutua, mas conseguiu. Piteco abastece o barco e estufa as velas e vai a caminho da aventura e da descoberta e todos ficam tristes que vão perdê-lo, até Thuga acha que vai ficar viúva antes de se casar.

Piteco diz que o tempo está bom, quando cai uma tempestade, sofrendo com as ondas do mar dentro do barco. Quando volta o Sol, fica aliviado que o barco resistiu. Em seguida, aparece uma mulher atrás de uma pedra. Piteco tenta salvá-la, falando que não devia nadar tão longe. Logo percebe que ninguém conseguiria nadar tanto assim e descobre que ela era uma "sereiassaura" que queria atacá-lo. Piteco bate na cabeça dela com a clava e em seguida aparece um monstro do mar. Corre dando voltas na canoa que faz com que o monstro dê um nó no pescoço, conseguindo se livrar dele. 

Passam-se os dias, Piteco encontrou nada ainda, a comida que trouxe já acabou, mas pelo menos pode pescar, problema é a água que está acabando e não dá para beber água salgada do mar. Ele se pergunta se Bolota tinha razão, que a viagem foi uma loucura, há dias só vê água e que vai ver não existe mais nada mesmo e vai morrer ali, sedento e sozinho, é o preço a pagar por ser tão atrevido.

Até que encontra uma terra, na verdade, uma ilha, mas comemora assim mesmo chamando a terra de "Pitecolândia". Tinha coqueiro com "cocossauros", come e bebe a água deles. Comenta que gente não tem, mas prova que podem existir outras terras e tem certeza que além dali, existem também outras terras e povos e resolve dormir até voltar para casa na manhã seguinte, recebido por festa por aqueles que já o julgavam perdido. Ninguém acreditou, provas da existência de Pitecolânda ele não tinha, porque cocos e conchinhas não era novidade, mas sua coragem foi reconhecida por todos.


Durante muito tempo, Piteco repetiu a história de sua emocionante aventura e teve façanha de se tornar o primeiro explorador do mundo. Só depois de muitos séculos que tiveram naus capazes de cruzar oceanos de novo e narrador comenta que nada mau seria se ele tivesse chegado só um pouquinho mais para lá, invertendo a História dos descobrimentos e, quem sabe, a nossa própria História.

Legal essa história em que o Piteco quer descobrir se existe outras terras e outros povos além da Aldeia de Lem e resolve fazer um barco para cruzar oceano e descobrir outras terras, mesmo seus amigos achando que encontraria nada e que era uma loucura ir. Ele passa vários sufocos no caminho até encontrar uma ilha bem pequena, mas o suficiente para deduzir que estava certo e há outras terras não exploradas pelo mundo.

Piteco foi para frente do seu tempo, para saírem da Idade da Pedra, alguém teve que ousar como invenções, principalmente a da criação da roda, e com o Piteco foi o primeiro explorador do mundo. Precisou lutar contra a desconfiança dos outros, de acharem loucura o que estava fazendo, enfrentou perigos, tempestade, fome, sede, mas resistiu e conseguiu o seu objetivo. 

Se avistasse mais um pouco além, enquanto estava na ilha, encontraria a Europa, algo mais grandioso e mudaria todo o rumo da humanidade. Ele poderia ter levado alguém junto para provar que a "Pitecolândia" existia de fato, mas ninguém queria ir mesmo se ele convidasse, aí ficou só na palavra dele. Outra possibilidade seria voltar depois lá com alguém, já que viram que dava para voltar para Lem.

História, baseada nas Grandes Navegações, mostrou mensagens de seguir sua intenção, não ligar para opiniões dos outros, não deixar a opinião negativa dos outros que não seria capaz prevalecer suas vontades, não se acomodar e procurar inovações e mudanças para progredir, e ainda teve um lado filosófico de como seria a humanidade se tivessem descoberto novas terras cruzando oceanos desde a Pré-História. 

Nunca foi falado até então onde ficava a aldeia do Piteco, nessa descobrimos que era na América, mas não qual América e país. Sempre imaginamos que Lem da Pré-História era onde depois seria o Brasil por personagens falarem em Português brasileiro. Isso se eles não falavam outro idioma sem ser o Português e deixavam traduzido para gente entender.  É o mesmo que a Turma do Papa-Capim que, por serem índios primitivos, acreditam-se falarem em Tupi-Guarani ou outro idioma indígena e colocam eles falando em Português nas histórias. 

Foi engraçado ver o Piteco dando a mínima para comentários que ele era louco fazer a exploração, a Thuga dizer que vai viúva antes de se casar, Piteco achar que a "sereiassauro" era uma mulher bonita perdida, o monstro dar nó no pescoço ao ficar rodando no barco, Piteco chamar a terra nova de "Pitecolândia" e o coco de "cocossauro". Narrador-observador contando a história sempre deixa legais, no caso seria o roteirista dela. Foi até grande considerando ser de personagem secundário, mas nos gibis a partir de 1996, estavam procurando colocar de vez em quando histórias de secundários maiores para não ter a regra que eles só tinham histórias curtas de até 5 páginas nos gibis. 

Os traços ficaram bons, com uma arte-final mais diferenciada. A Ogra foi desenhada diferente dessa vez com cabelos maiores, mas o normal era ela ser desenhada do jeito normal. Teve os quadrinhos ondulados, recurso que adotaram nas histórias do Piteco a partir de 1996, antes disso tinham enquadramentos retangulares padrão nas histórias dele. 

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Papa-Capim: HQ "Mani"

Hoje é o "Dia dos Índios" e em homenagem mostro uma história em que as indiazinhas criaram um plano infalível para dar uma lição no Papa-Capim que queria ficar dormindo na rede em vez de plantar mandioca junto com elas. Com 5 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 85' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Chico Bento Nº 85' (Ed. Abril, 1985)

O narrador explica que tem a lenda que mandioca vem de Mani, que foi uma indiazinha que se transformou na planta. Papa-Capim e as indiazinhas vão plantar mandioca. Guaíra diz que nem Mani acreditaria que ele foi lá por sempre disse que isso não é trabalho para um brabo guerreiro. Papa-Capim fala que hoje em dia tem certas coisas que o índio tem que abrir a mão. 

Encontram um bom lugar para as mandiocas e Papa-Capim monta rede que carregava entre as árvores. Sapoti reclama, pensando que ele queria ajudá-las e ele fala que quer ver se elas fazem o serviço direito e é muito cansativo, por isso levou a rede. Sapoti diz que se ele não plantar, elas também não vão e ficarão sentadas ali até ele resolver.

Papa-Capim não gosta da greve e acha que a Mani começou assim e depois não teve jeito e virou mandioca. Sapoti tem uma ideia, carregam Papa-Capim para outro lugar enquanto dorme na rede, sem ele perceber, e depois entram em ação, acordando Papa-Capim fingindo que Mani voltou como fantasminha para assombrá-lo. Contam que zombou dela, não quis plantar mandioca e as amigas pagaram pelo erro dele e se transformaram em mandiocas.

Papa-Capim se assusta com as amigas como mandiocas, se desculpa e acha que a da esquerda é Sapoti porque deu um pé mais fraquinho e a da direita seria a Guaíra por ter um arzinho petulante e chora que nunca mais vai comer mandioca. Uma outra índia aparece, dizendo que ele vai adorar os bolinhos que vai fazer com elas. A índia corta a mandioca para fazer farinha e Papa-Capim acha que cortou a Guaíra no meio. Guaíra e Sapoti aparecem e Papa-Capim descobre que elas não viraram mandioca e fica feliz. No final, as índias fazem com que o Papa-Capim plante mandioca sozinho enquanto elas ficam na rede.

História legal em que o Papa-Capim não queria plantar mandioca junto com as amigas Guaíra e Sapoti para ficar na rede enquanto elas plantavam. As indiazinhas não gostaram e fizeram plano infalível de Papa-Capim se convencer que elas se transformaram em mandioca enquanto esperavam ele dormir para dar lição nele. Papa-Capim acredita e se arrepende e depois é ele quem planta sozinho enquanto Guaíra e Sapoti ficavam de boa na rede. 

Mostrou Papa-Capim bem malandro, folgado e preguiçoso, querendo que suas amigas tivessem todo o trabalho árduo, para ele não era um serviço digno para um brabo guerreiro que ele era. Guaíra e Sapoti tinham razão em reclamar, se fosse só para ele ficar olhando, nem precisaria ir com elas então. Eram boas histórias de planos infalíveis feitos por outros personagens sem ser o Cebolinha, não apanhavam no final, mas se davam mal. Até que dessa vez até o plano deu certo para as autoras, quem se deu mal foi o Papa-Capim e bem merecido.

Foi engraçado ver o Papa-Capim na rede esperando que elas plantem e ele ficar só olhando, elas o levarem para outro local com mandioca para fingirem que se transformaram na planta e fazerem voz de que era assombração da Mani que transformou as amigas em mandioca, o Papa-Capim tentando descobrir quem era quem das duas plantas, apontando os defeitos dela e as duas fazendo com que ele plante sozinho como castigo. Interessante Guaíra e Sapoti terem força para carregarem sozinhas o Papa-Capim na rede, difícil de imaginar que eram tão fortes assim e o sono dele tão grande que nem acordou com o movimento

Guaíra e Sapoti e a outra índia só apareceram nessa história. Podiam ter colocado qualquer índio conhecido da Turma do Papa-Capim como Jurema e Cafuné ou só meninos, mas roteirista preferiu duas indiazinhas desconhecidas, provavelmente por causa da lenda da Mani por ter sido indiazinha e também para dar um ar feminista no final como queria. A terceira índia que pegou as plantas no final não foi revelado seu nome, bem que podia ter dado um nome para ela. Os traços ficaram muito bonitos, já com o estilo consagrado que adotaram nos anos 1980, em especial na selva em geral que sempre caprichavam. Teve erro de Guaíra com fundos dos olhos da cor de pele no penúltimo quadrinho da última página.

História foi baseada na lenda da mandioca em que a indiazinha Mani morreu e foi enterrada dentro da oca e através das lágrimas do choro da mãe e da família, depois nasceu um pé de mandioca onde ela foi enterrada e como os índios não conheciam a planta, acharam que Mani se transformou em mandioca. Eles deram nome de Manioca, que depois com a modernidade a planta passou a ser chamada de mandioca.  Esse nome adotado em São Paulo e em outros estados e regiões do Brasil, pode ser chamada de aipim e macaxeira. Aí na história, foi adaptada que Mani virou mandioca de tanto esperar e Guaíra e Sapoti fingem que Mani voltou como assombração e que as transformou em mandiocas por saberem dessa lenda da Mani, que se foi verdade ou não essa origem da mandioca, fica na imaginação de cada um.

Hoje não tem mais histórias mostrando índios primitivos e selvagens e mostrando culturas, crenças e lendas indígenas antigas, inclusive a aldeia da Turma do Papa-Capim é tratada como moderna com eles com roupas morando em casas simples sem ser ocas e já mostraram até eles usando celular. Atualmente é errado chamá-los de índios, agora são povos indígenas e a MSP fez a modernização para adequá-los aos indígenas dos tempos atuais. Também implicariam com o plano delas de fingirem par ao papa-Capim e ele se dar mal no final. Foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 30' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Almanaque do Chico Bento Nº 30' (Ed. Globo, 1995)

terça-feira, 16 de abril de 2024

Cebolinha: HQ "O Supercérebro"

Em abril de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "O supercérebro" em que o Cebolinha fica inteligente depois de levar choque de um fio de uma invenção de robô do Franjinha. Com 16 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Cebolinha Nº 88' (Ed. Globo, 1994)

Cebolinha convida seus amigos para um plano infalível contra a Mônica, inclusive a Magali e o Bidu, e todos recusam. Cebolinha reclama que convidou todo mundo e ninguém topa, faltaria a Mônica, que não aceitaria por motivos óbvios, quando lembra de que faltou convidar o Franjinha, quando estava em frente ao laboratório dele. 

Quando entra no laboratório, Cebolinha vê que o Franjinha estava terminando a sua última invenção, o Robotildo, o supercérebro, para ajudá-lo na lição de casa da escola. Na caixa tinha um disquete com toda informação de 10 enciclopédias, 20 almanaques e a coleção completa do "Sherloque Bolmes". Cebolinha caminha para lembrar Franjinha do plano infalível e enrosca fio descascado da caixa na perna e quando o Franjinha conecta o fio no robô, Cebolinha leva um choque grande e fica tonto. Franjinha pede para ele voltar outra hora porque as invenções podem ser perigosas.

Na rua, Cebolinha passa a falar difícil ao comentar as experiências do Franjinha e percebe que o choque o fez ficar diferente. Agora sabe por que o céu é azul, que respira oxigênio e libera gás carbônico, tudo sobre o sistema solar e de todas as matérias escolares e idiomas a até lorota de cegonhas trazerem os bebês. 

Cebolinha fala frase de "Ser ou não ser, eis a questão" de Shakespeare, em inglês e Cascão acha que ele apanhou da Mônica, não fala coisa com coisa. Cebolinha chama Cascão de fedelho, Cascão diz que o vento nem está soprando a favor e Cebolinha diz que fedelho é rapazola pueril, garoto imberbe. Cascão pergunta se ele engoliu o dicionário. Cebolinha responde  que tem supercérebro e Cascão ri que até hoje ele usou identidade secreta.

Cebolinha se irrita e manda perguntar qualquer coisa. Cascão pergunta com quantos paus fazem uma canoa e Cebolinha responde que para canoa de porte médio, 321 tábuas de peroba braba são suficientes. Cascão acha que está gozando dele e Cebolinha manda consultar enciclopédia se não acredita. Aparece a Magali perguntando o que acontece. Cascão diz que o Cebolinha pensa que é superinteligente. Magali diz que pelo menos desistiu de planos infalíveis contra a Mônica e ele diz que vai ser "sopa no mel" derrotar a dentuça com o seu supercérebro e que pretende consertar as coisas lá, como acabar com a gulodice da Magali e o cheiro desagradável do Cascão, coisas que tanto o incomoda.

Com a Magali, tem a sabedoria oriental que pressionando dedo em uma parte do corpo, inibirá a fome. Ele pressiona o braço dela acima do cotovelo, fazendo com que a Magali perca a fome. Cascão foge e sobe em árvore pensando que o Cebolinha ia dar banho nele, Cebolinha coloca um pozinho com mistura de elementos químicos em uma lata de lixo, fazendo com que ela fique toda limpa e Cascão corre, sem chance do Cebolinha alcançá-lo. Depois, ele resolve acabar com a força da Mônica e corrigir seu jeito de falar porque não fica bem um gênio trocando os erres pelos eles.

Franjinha pergunta para o Cascão se viu o Cebolinha porque descobriu que ele adquiriu todo o conhecimento do Robotildo e em troca o robô está com a inteligência normal do Cebolinha, descobriu depois que o Robotildo sugeriu um plano infalível para tirar dez na prova e ele tirou zero. Cascão fala que o Cebolinha está pirado, quer consertar tudo a todo custo. Franjinha acha que é muito conhecimento para cabeça dele e isso se tornou frio, desencantado, insensível e isso pode piorar. Robotildo sugere criarem um plano infalível contra o Cebolinha, Franjinha põe esparadrapo na boca do robô e vão procurar o Cebolinha.

Enquanto isso, Cebolinha manda Mônica ficar parada e fechar os olhos que logo a donzela terá tudo que merece e Mônica diz que não resiste com o jeito de ele falar. Cebolinha se prepara para jogar uma pedra bem grande em cima da Mônica, comparando que o "Superomão" perde força com pedra de criptonita. Franjinha e Cascão chegam e o seguram. Franjinha coloca fio no cabelo do Cebolinha e recebe choque, transferindo sua inteligência para o Robotildo e ele volta a ter o seu conhecimento normal. 

Magali aparece, voltando com a sua fome grande, e explica que o efeito durou alguns minutos e manda Cebolinha não tocá-la mais. Ele não entende o que aconteceu e vai procurar alguém para participar do plano infalível contra a Mônica. Cascão aceita participar, encosta sem querer na armadilha, fazendo quase a pedra atingir a Mônica, que bate neles, e no final, Cascão fala que o Cebolinha assim é menos perigoso.

História legal com várias reviravoltas em que o Cebolinha fica inteligente depois de levar um choque quando o Franjinha iria transportar o conhecimento da caixa com disquete para o seu robô. Já inteligente, resolve criar planos infalíveis contra a Magali, o Cascão e a Mônica para se livrar do que sempre o incomodou. Franjinha descobre e consegue impedir o Cebolinha praticar seu plano contra a Mônica e ele volta ao normal.

A inteligência subiu a cabeça do Cebolinha e se tornou malvado, se usasse a inteligência para o bem, seria válido, mas só queria chatear seus amigos criando planos contra eles. Ficou tão mal que queria matar a Mônica jogando a pedrona nela, na sua inteligência normal, queria derrotá-la, mas não a ponto de matar. 

Foi engraçado ver o Cebolinha levar choque e depois descobrir que ficou inteligente, Cascão debochar da inteligência do amigo, formas do Cebolinha de tirar fome da Magali só apertando perto do cotovelo dela e tentar limpar o Cascão só com um pó com misturas de elementos químicos e com absurdo de encontrar os ingredientes e preparar em questão de segundos e a Mônica se interessar pelo Cebolinha inteligente e a chamar de donzela. 

Bem divertido também o mistério inicial do narrador-observador perguntando qual motivo o Cebolinha estava convidando seus amigos, que recusavam, se era dinheiro emprestado ou injeção na testa. Já dava para imaginar que era um plano infalível contra a Mônica, curioso o desespero tão grande a ponto de ele convidar as meninas como a Magali e a Denise e até o Bidu, que também recusou. Todos sabem que os planos dão errado e que é loucura participar, só Cebolinha para insistir nisso. 

Cebolinha já estava na fase de criar planos contra o Cascão para lhe dar banho e contra a Magali para tirar a fome dela, além contra a Mônica. Estava bem frequente histórias assim na época, principalmente planos contra a Magali, não era à toa que estava aumentando a frequência dele nos gibis da Magali. De qualquer forma, os planos sempre davam errados só que ele apanhava no final só com planos contra a Mônica.

Além de divertir, tivemos conhecimentos de várias palavras difíceis e informações sobre a cor do céu, sistema respiratório, com quantos paus faz uma canoa etc. Engraçado o Cebolinha dizer que era tudo lorota dos pais dizerem que são as cegonhas que trazem os bebês e a cara que ele fez, as crianças que leram podem ter ficado curiosas de como nascem os bebês depois de ele falar isso. 

As paródias de nomes famosos dessa vez foram "Sherloqui Bolmes" (Sherloque Holmes), e "Superomão" (Super-Homem), bem criativos, sendo que essas paródias eram fixas nos gibis da MSP. Já Shakespeare não teve nome parodiado, só saiu com "L" no lugar do "R" por causa da dislalia do Cebolinha.

Incorreta atualmente por mostrar Cebolinha mau, um vilão com inteligência subindo a cabeça a ponto de até querer matar a Mônica, o choque que ele levou, meninos surrados e com olhos roxos no final, a palavra "gozado", que é proibida nos gibis atuais, ter disquete que é coisa datada. Aliás, incrível um disquete caber tanto conteúdo de enciclopédias, almanaques e coleção completa de livros do "Sherloqui Bolmes" porque tinha pouca capacidade de armazenamento, era a mídia que tinham em computadores na época, hoje altamente datado e mudariam isso em republicação para um pen drive, no mínimo, por não gostarem de coisas datadas em almanaques. Alterariam também o Cebolinha falando errado em pensamentos, já que hoje em dia o colocam pensando certo em pensamentos.

Os traços ficaram muito bonitos e caprichados, típicos dos anos 1990. Tiveram erros do Cebolinha com língua branca no 3° quadrinho da 5ª pagina da história (página 7 do gibi), Franjinha com camisa verde no 2º quadrinho da penúltima página da história, Cascão falar de boca fechada no 4° quadrinho da última página, tipos de erros muito comuns que costumam corrigir em republicações de almanaques novos. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.