quarta-feira, 21 de abril de 2021

Livro "As Grandes Piadas do Pelezinho"

Em outubro de 1987 era lançado nas bancas pela Editora Globo "As Grandes Piadas do Pelezinho Nº 7", o primeiro livro especial reunindo tirinhas do personagem. Nessa postagem faço uma resenha de como foi esse livro.

Pelezinho finalmente ganhou um pocket, já que nem teve na série "As Melhores Piadas" da Editora Abril. Mesmo a revista mensal dele ter sido cancelada em 1982, tinham almanaques semestrais dele e algumas edições especiais de Copa do Mundo reunindo inéditas com republicações e agora ganhou um livro de tirinhas. Com formato pocket com lombada 10,5 X 17,5 cm, 84 páginas e miolo em papel jornal, tiras em preto e branco, uma por página em formato vertical, entre 2 a 4 quadros por tira.

A capa foi ilustrada por uma tirinha bem bacana, com Cana Braba, vendo o Pelezinho doente,  telefonando para o amigo adiar o jogo de futebol ao invés de ajudá-lo. Não teve frontispício falando sobre a edição, na página 3 foi apenas uma tirinha de 1 quadro. Esses pockets da Globo não costumavam nem ter frontispício, começavam já com uma tirinha, com raras exceções. Com isso, essa edição teve 81 tirinhas no total, incluindo a da capa. 

Foram republicações de tiras de vários jornais do Brasil dos anos 1980, provavelmente entre 1982 a 1984, fora de ordem de quando produzidas. Por serem tiras dos anos 1980, vimos uns traços mais enxutos, já da fase consagrada da MSP, visto mais nas últimas edições do Pelezinho da Editora Abril e até mais evoluídos um pouco com eram as capas dos almanaques da Editora Abril depois de 1982.

As 13 tirinhas iniciais a partir da página 4 foram tirinhas seriadas, tinham uma piada em cada tirinha, mas eram só de um tema, que reunidas formavam uma historinha. Até a página 10, teve a tira seriada do time da Rua de Cima dando um presente para a turma do Pelezinho, mas como eram inimigos deles, todos ficaram com medo do presente e não tinham coragem de abrir a caixa pensando que era uma bomba ou algo do tipo, aí em cada tirinha uma piada em cima disso formando uma historinha e aumentando a curiosidade dos leitores em saber o que eles tinham ganhado. No final, era um bola, mas tinha um explosivo dentro quando chutaram.

Da página 11 até 14 teve tirinha seriada com o Pelezinho querendo fugir para se casar com a Neuzinha em segredo porque o pai dela proibia o namoro entre eles, mas Bonga conta para algumas pessoas e cada um vai fazendo fofoca e todos ficam sabendo. No final, o padre diz que não vai casá-los porque são crianças, só quando forem adultos e desistem de casar quando o padre fala em que eles vão ter filhos.

Um fato curioso que foram poucas tiras envolvendo futebol, que era a marca registrada da Turma do Pelezinho. Desde 1976 que ele tinha tiras em jornais, aí pelo visto nos anos 1980 já não tinham mais inspiração para criar piadas sobre futebol e dentre as que tiveram esse tema, provavelmente muitas foram remakes do que já tinha,m produzido. Com isso, foco maior foram tiras envolvendo outras características gerais dos personagens.

Tem piadas com todos os personagens fixos da Turma do Pelezinho, menos o Jão Balão. O grande nome foi o Cana Braba, foi quem mais teve tiras ou serviu de fazer a graça nas piadas. Tiveram também algumas com trocadilhos, coisa marcante nas tiras da MSP e sempre engraçadas, assim como tiras com absurdos, bandidos, diabos, que também não podiam faltar na época. 

Dentre as tiras com características dos personagens como Pelezinho namorar escondido com a Neusinha e o pai dela ficar em cima do namoro deles, o Cana Braba falar palavrão em excesso, meninos apaixonados pela Bonga, Samira com seus quibes duros ou personagens fazendo bullying com o nariz grande dela, etc.

Dentre as de futebol, vemos situações cotidianas em partidas de futebol, eles s epreparando para jogar, sufoco que podem passar, assim como absurdos da força do Pelezinho ao chutar bola, Frangão não agarrar a bola, brigas, entre outras. Sem dúvida, as retratando a força do Pelezinho chutando bola foram mais engraçadas.

Algumas tiras foram refeitas de tiras existentes da Turma da Mônica como, por exemplo, a tira em que o Pelezinho chuta o Cana Braba, quando ele fala para o Pelezinho chutar o que tinha na mão para adivinhar. No caso, já teve uma tira igual  só que protagonizada com Cascão chutando o Cebolinha.

Uma pena não mostrarem o ano em cada tira, eles colocavam do jeito que saíam nos jornais só ajustando posição dos quadrinhos, deslocando para esquerda ou para direita para ficar com vidual harmonioso nas páginas. Podiam também ter colocado uma ordem cronológica, mas também era característica desses livros serem em fora de ordem, maioria era assim.

Após esse livro, Pelezinho  teve ainda algumas tirinhas publicadas nessa coleção em "As Grandes Piadas da Turma da Mônica Nº 20", de 1988 (o último da coleção), em que metade do livro eram tiras da Turma da Mônica e a outra metade de metade de personagens secundários convidados, e naquela edição foi com o Pelezinho.

Depois disso, ele só voltou a ter livro de tirinhas na série "As Tiras Clássicas do Pelezinho" em 2 volumes em 2012 e 2013, respectivamente, reunindo tiras dos anos 1970 e que infelizmente a coleção não foi continuada, intenção era reunir tiras em ordem cronológica até a última  produzida, mas não aconteceu. E nem teve também título na coleção da Editora L&PM, título também lamentavelmente cancelado.

Como pode ver, "As Grandes Piadas do Pelezinho Nº 7" foi um bom livro, tiras bem raras, já que as mais conhecidas foram as dos anos 1970, até porque eram publicadas nas revistas mensais e almanaques dele, mas que também não deixam de ser raras. Mesmo não tendo muito futebol, mas os absurdos, trocadilhos e características dos personagens não deixam de ser divertidas. Vale a pena ter na coleção.

22 comentários:

  1. 1-Agora que me dei conta de que:as HQs do (núcleo do)Pelezinho nunca foram republicadas nos almanaques da TM!Por quê?

    2-Essa tira do Pelezinho mandando o Cana Brava ir pro inferno dá para trocar perfeitamente os participantes por Chico Bento e Zé Lelé!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. As histórias do Pelezinho eram republicada só nos almanaques dele. Primeiro nos almanaques da da Editora Abril, depois em um da Globo e por último em título mensal da Panini. Mas nunca quiseram colocar em almanaques da Turma da Mônica, talvez pra não colocá-lo como personagem secundário, acho que é por isso.

      Essa tira dava tranquilo com Chico e Zé Lelé, aliás tiveram algumas nesse estilo como uma com o Chico mandando Zé Lelé catar coquinho e Zé Lelé sobe em um coqueiro pra catar os cocos.

      Excluir
    2. Sim,lembrei imediatamente daquela tirinha de "última página" do catar coquinho quando escrevi o comentário!

      E adorei essas tiras do Pelezinho,cheio de humor negro,ácido e politicamente incorreto.Só faltou mesmo transferir para os quadrinhos aquele ligeiro diálogo daquele filme,que virou meme:
      -Você...você é o Pelé?
      -Não,eu sou o Jô Soares,sua §#*&¨%$#!

      Excluir
    3. kkkk. As histórias do Pelezinho eram bem incorretas, por isso fez sucesso. Eu também gostava

      Excluir
  2. O beijo da Samira, Cana indo de encontro ao Satanás, Neusinha ou Neuzinha (dúvida na grafia) dormindo e acordada aparentando mesma coisa... Pelo pouco postado indica que a edição é muito boa mesmo.
    Nos primeiros sete, oito anos de Editora Globo, de forma bem esporádica o núcleo ainda conseguiu respirar, nada comparado ao que foi na editora anterior que mesmo com encerramento da periodicidade mensal ainda se manteve bastante presente nos últimos quatro anos com alguns números esporádicos e almanaques, até com direito à despedida, estando entre o caipira e os três do Limoeiro também se despedindo da melhor parceria que a MSP já teve.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma boa edição essa, as que eu mostrei um pequeno aperitivo do que pode esperar, tem várias incorretas como essas aí. O Pelezinho sobreviveu nos anos 1980 com os almanaques e edições especiais de Copa do Mundo. Na Globo só teve um almanaque regular. Em 1986 parece que ele ia voltar edições regulares mensais misturando inéditas com republicações, chegou a ter 2 com tema de Copa do Mundo e uma edição Nº 3 normal com reedições, mas com a mudança para a Editora Globo parece que desistiram. A despedida oficial na fase clássica e com histórias inéditas foram nos 2 gibizinhos de 1992.

      Excluir
    2. De forma ofegante conseguiu aparecer nos primeiros sete anos da parceria com Editora Globo, até que hiberna e retorna na atual editora com republicações alteradas.
      Ao chutar o amigo gordo que vai ao Inferno na outra tira, Pelezinho também se mostra um tanto burro, entretanto, a burrice não desvaloriza seu passe, que bicuda!
      Formidável a dos treze pontos, se Samira noticiasse com expressão de preocupação surtiria o mesmo efeito, ainda daria para manter Bonga sem desconfiar.
      Ainda na seara dos pontos, que crueldade com Frangão, quanto ressentimento, galinha que acompanha patos morre afogada.

      Excluir
    3. Um belo chute que o Pelezinho deu no Cana, muito boa. A Samira podia ter sido mais contida, parecia que era notícia boa. Pode estar animada por dar a fofoca em primeira mão. Rachei de rir com essa tirinha. E os meninos foram bem vingativos com Frangão por ter levado 7 gols na partida.

      Excluir
    4. Samira e Bonga comungam da mesma característica: fofocar, Cana Braba é desbocado, Teófilo é um halterofilista de mais ou menos dez anos de idade, pena personagens tão ricos ficarem limitados à uma celebridade, a um grande nome do esporte bretão, o núcleo está em condição límbica a quase trinta anos, o retorno que teve na Panini não considero como terem saído e voltado, embora tenha sim saído de certa forma durante um tempo, um retorno aos holofotes pautado em republicações, não sendo retratado no cenário até então atual com HQs ambientadas neste século, ainda bem que não foi feito, com certeza seria uma porcaria.

      Excluir
    5. A graça maior eram dos amigos do Pelezinho, eles que faziam a revista fluir, dariam muito certo na Turma da Mônica. Também não considero um retorno do Pelezinho as revistas dele na Panini, eram só reedições e ainda procuravam colocar as histórias mais normais e alteravam muita coisa, fora nas últimas, além de alterarem textos, mudaram radicalmente os traços dos personagens ficando deprimente. Nem comprei as últimas com aquelas alterações toscas. Se fossem criados hoje seriam iguais ou piores que as do Ronaldinho Gaúcho e Neymar.

      Excluir
    6. Ronaldinho Gaúcho e Neymar são títulos que nunca tive sequer uma edição de cada, por dois motivos: representam fases decadentes da MSP e representam outras fases do futebol nacional e internacional, a geração de Pelé e a geração de Zico e Sócrates primavam por posturas sóbrias, maduras independente de idade, são levas que tinham os pés no chão, ostentavam pouco ou nada, a supervalorização de jogadores começa em meados da década de 1990. O núcleo do Pelezinho é muito superior a esses dois núcleos que confesso desconhecer, mesmo assim tenho certeza que dão nem para o cheiro.

      Excluir
    7. Não perdeu nada em não ter esses títulos, fracos demais. Só fica a raridade depois de uns anos, de dizer que eles tiveram revistas em quadrinhos um dia.

      Excluir
    8. Marcos, Bidu foi o primeiro título periódico de Mauricio de Sousa, infelizmente não vingou, partindo disso o quarto foi Pelezinho.
      Cascão chega às bancas na primeira quinzena de agosto de 1982 e Chico Bento na segunda, ou é o contrário? Gostaria de saber qual é o detentor da quinta posição, cheguei a ter os dois nº1, já lembrar com exatidão... Considerando que na ordem clássica do Limoeiro é o terceirão oficial e o núcleo é indiscutivelmente o primeirão, é de onde surgem Bidu e Franjinha - ou digamos que o núcleo surge do cachorro azul e do menino loiro de franja preta, então, depois de toda esta volta que percorri, a conclusão que chego é que o quintão só pode ser o empoeirado título, de acordo? Vai que o caipira é o quinto elemento e eu aqui dando "vorta inútir"...

      Excluir
    9. A quinta posição é do Cascão mesmo, sendo que os 2 foram lançados após a segunda quinzena. Cascão no dia 19/08/82 e o Chico Bento no dia 26/08/82, ou seja, na semana seguinte. Eles não tiveram revistas na primeira quinzena de agosto de 1982.

      Excluir
    10. Legal, não sabia que a primeira quinzena passou em branco, mas no mês das estreias Cascão teve duas edições enquanto Chico Bento teve uma, correto? Ambos fecham 1982 com dez edições, em novembro ou dezembro são publicados três números do Chico para compensar agosto, enquanto Cascão vai de duas em duas durante os cinco primeiros meses, de acordo, Marcos?

      Excluir
    11. Não, as 2 revistas tiveram 1 exemplar em agosto e as Nº 2 já foram em setembro. Tinham meses que tinham 3 revistas no mês de acordo com calendário, geralmente meses que tem 5 semanas, e de uma forma que no final do ano os 2 acabassem com a mesma numeração. As revistas deles eram lançadas nas bancas se revezando sempre as quintas-feiras na Editora Abril e boa parte da Globo. Uma quinta-feira tinha Cascão nas bancas e na outra, Chico Bento, simples assim :D

      Excluir
    12. Se eu tivesse nascido quatro anos antes provavelmente teria presenciando os dois lançamentos, em 1982 sabia nada de coisa alguma, pelo menos presenciei o advento de Magali.
      Cascão também teve apenas uma no mês de estreia, não sabia.
      As quintas-feiras também não imaginava em relação ao revezamento dos dois quinzenais, esses pequenos detalhes sempre me interessam, valeu, Marcos!

      Excluir
    13. "pelo menos presenciei o advento de Magali."

      Já é alguma coisa, eu também presenciei isso. Sim, eles eram as quintas-feiras nas bancas, também achei legal quando descobri isso. Valeu!

      Excluir
  3. Parece que os amigos do Pelezinho foram inspirados nos amigos do Pelé na vida real quando criança. Davam tranquilamente para interagir com os meninos da Turma da Mônica, podiam ser da Turma do Cascão nas histórias de futebol dele. Quem sabe se não fossem criados na Turma do Pelezinho, fariam depois personagens semelhantes na Turma da Mônica.

    Tenho umas 5 revistas do Ronaldinho Gaúcho e a Nº 1 do Neymar, sendo que comprei mais por valor histórico, prevendo serem edições raras no futuro, mas por conteúdo não chegam nem aos pés do Pelezinho porque não tinam mais o incorreto nas revistas. Pelezinho só ficou engraçado porque era bem incorreto, se fosse criado hoje seria sem graça que nem os outros.

    ResponderExcluir
  4. Hey Marcos,faz um tempão q n comento aqui.
    Então,eu criei um canal no YouTube esses tempos,vou te mandar o Link:
    https://youtube.com/channel/UCysjLqG7_FR4GSpBgYCbv2A

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Legal que criou um canal, vi o de animação Horton e o mundo dos Quem. Sucesso no seu canal novo.

      Excluir
  5. Legal reparar como o estilo da MSP na Globo é diferente de como era na Abril, dá a impressão como se o Mauricio tivesse trocado toda a equipe de arte na transição de uma editora pra outra.

    ResponderExcluir