quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Uma história do Horácio sobre solidariedade



Compartilho uma história do Horácio falando sobre solidariedade. Foi publicada em 'Cebolinha Nº 78' (Ed. Globo, 1993).

Nela, Tecodonte reclama que ser bonzinho e generoso não vale a pena, a pessoa se passa por bobo e se aproveitam de você e deixa de viver a própria vida para viver a dos outros. Nessa hora, ele tropeça e Horácio o salva de cair em um buraco fundo. Em seguida, vão comer alfacinhas das plantações do Horácio e Tecodonte continua o assunto, quando Horácio o salva de ser picado por uma cobra, lançando uma pedra nela. Após, ele continua dizendo que Horácio deve parar de se preocupar com os outros e ele responde com uma pergunta se ele acha que as espécies que não praticam solidariedade não se extinguem e o Tecodonte achando bobagem , terminando assim. 

Uma história filosófica bem interessante. Mauricio de Sousa quis mostrar as vantagens e desvantagens de ser solidário e ajudar os outros. Muitos ajudam as pessoas, mas por ter um temperamento de ser boazinhas demais, se esquecem da própria vida, ficam se envolvendo demais com os problemas dos outros, mas esquecem dos seus, fora os que se aproveitam da boa vontade da pessoa para abusar de pedir favor. Por outro lado, também não é certo deixar de ajudar as pessoas, é bom ser solidário, pois pode precisar dos outros um dia e sempre bom ter essa retribuição. Assim, essa história mostra essa reflexão de até que ponto se deve ajudar os outros, dentro dos seus limites, para também não se prejudicar.

No caso, o Tecodonte faz parte da visão de não se deve ajudar porque os outros se aproveitam da boa vontade e a pessoa não ter o limite de ajuda, deixar de viver para ajudar os outros. E a visão do Horácio foi que é preciso ajudar sim, tanto que ele praticou solidariedade a história toda durante a conversa, se ele não se preocupasse com o Tecodonte, ele teria morrido ao cair no buraco ou mordido por uma cobra durante a conversa deles. Na verdade, a principal mensagem do Mauricio é que se deve ajudar, só que dentro das suas possibilidades e seu limite para não se sacrificar, prejudicando a si mesmo por ficar preocupado o tempo todo com os problemas dos outros, além de ter cuidado com aproveitadores que sabem do seu temperamento de ajudar.

A história, na verdade, teria que ser em 1 página, aí colocaram 2 páginas e desenhos ampliados com 6 quadrinhos em cada página, ao invés de 8, para ocupar mais espaço do gibi. Era comum fazerem isso nas histórias do Horácio, desmembrando um tabloide em 2 páginas. Traços muito bons, como sempre na época. A seguir, mostro a história completa.



domingo, 25 de agosto de 2019

Cebolinha: HQ "A caveira dentuça"

Em agosto de 1989, há exatos 30 anos, era lançada a história "A caveira dentuça", em que Mônica, Cebolinha e Cascão foram até uma ilha atrás de vestígios de um tio-avô da Mônica que foi pirata para saber se ele foi dentuço ou não quando era vivo. Com 13 páginas, foi publicada em  'Cebolinha Nº 32' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Cebolinha Nº 32' (Ed. Globo, 1989)

Nela, Mônica e Cebolinha estão no quarto dela procurando uma raquete de pingue-pongue, quando Cebolinha encontra uma foto velha perdida de um homem fantasiado nas coisas dela. Mônica diz que era seu tio-avô Ricardo, foi um grande pirata, conhecido como Cacareco Barba Braba, o terrível. Mas ninguém sabe do seu paradeiro, dizem que morreu em uma ilha deserta no início do século XX depois de viver uma vida inteira de aventuras.


Cebolinha diz que ele foi muito corajoso, Mônica confirma, lembrando que o avô dela dizia que seu tio se parecia muito com ela. Cebolinha comenta que ele devia ser dentuço e tomou cuidado para esconder os dentões na foto e se a teoria dele estiver certa, a Mônica vai ser dentuça a vida inteira, é mal de família.

Mônica fica com raiva e Cebolinha propõe uma aposta que se o tio-avô dela for dentuço, ela para de bater nele e nos outros meninos e concordar com eles a chamarem de dentuça. Mônica diz que ele nunca vai provar isso e está com inveja porque teve um pirata na família. Ela acaba aceitando a aposta, mas não quer mais jogar pingue-pongue com ele, que debocha que se for com a raquete que ela não achou, não tem problema, é só rebater a bolinha com os dentões, deixando a Mônica fula, tacando um porta-retrato na porta, mas ele já havia ido embora e não acerta nele.


Cebolinha comemora que ela ficou louca da vida e no caminho encontra o Cascão. Antes de chamar o nome completo, Cascão interrompe falando não, já sabendo que se tratava de outro plano infalível, afirma que não vai participar e tem a força de vontade. Cebolinha diz que quem sabe Cascão era o pé-frio e ele não entrando vai dar certo. Cascão cai na lábia, diz que pé-frio é a vovozinha e acaba aceitando participar do plano. Cebolinha conta o plano, enquanto Cascão se acha um burro por ter aceitado participar.


No dia seguinte, Cebolinha pergunta se a Mônica estava pensando no tio-avô dentuço. Mônica responde que ele não era dentuço e Cebolinha duvida que ele era pirata. Mônica fala que ele era sim e vai provar. Nisso, surge uma ventania forte e acaba caindo um papel no rosto da Mônica. Quando ela vê, era uma mapa do tesouro escrito pelo seu tio-avô. Cebolinha reconhece que era um verdadeiro mapa do tesouro, mas para provar mesmo que era dentuço teria que seguir o mapa e buscar o tesouro.


Mônica não consegue ler o mapa por conta da ventania e Cebolinha grita que já é na hora do vento parar, dando a deixa que o vento foi causado por um ventilador ligado pelo Cascão, que estava escondido em uma moita perto. Já sem vento, Cebolinha diz que eles têm que dar 20 passos até o campinho e Mônica estranha se existia campinho naquela época. Depois Mônica lê 30 passos até o "Ricardão" e Cebolinha diz que era "riachão". Mônica comenta que só ele mesmo para entender uma letra feia daquela.


Depois teriam atravessar o riachão até a Ilha da Pulga. Mônica diz que lá era só um pedacinho de terra e com tanta ilha legal no mar, o tio Cacareco poderia ter escolhido uma ilha melhor. Cebolinha diz que quem sabe ele adivinhou que a sua sobrinha ia morar perto e quis facilitar as coisas. Mônica pergunta como vão achar um barco e Cebolinha lê no mapa que tinha um estacionado na moita e Mônica comenta que ele pensava em tudo, mas acha pequeno e Cebolinha diz que de tanto ficar na água, encolheu.


Cascão comenta que sua participação no plano acabou, pois nada faria entrar naquele barco, mas quando vê um menino espirrando água com uma arma, Cascão pula  até o barco desesperado e vai com eles até a Ilha da Pulga, mas Cebolinha avisa para ele não estragar o plano. Chegando lá, eles tinham que dar 5 passos em direção ao grande coqueiro e Cascão é obrigado a cavar a terra, já que ele foi até lá e que o Cebolinha já teve trabalho para enterrar. Mônica estranha ser caixa de sabão e Cebolinha diz que o tio era moderninho.


Eles encontram brinquedos velhos e um diário como o tesouro que diz que foi escrito pelo tio-avô dela. Cebolinha lê que ele enterrou os brinquedos lá e termina a carreira de pirata dele porque ninguém o levou a sério um pirata dentuço e viver na ilha até o fim da vida. Mônica toma o diário da mão do Cebolinha e começa a ler andando pela ilha, quando tropeça em algo. Era a caveira da cabeça do seu tio-avô e tem a surpresa que era dentuço. Cebolinha diz que isso prova que ele era dentuço. Mônica ainda pergunta para caveira se era seu tio mesmo. Cebolinha diz que é a pura verdade e que ganhou a aposta e Mônica acaba chorando no coqueiro e os meninos aproveitam para chamá-la de dentuça abridor de garrafa e a obrigam concordar.


Mônica lamenta o tio Cacareco ter feito isso com ela e se conforma em abrir o tesouro. Ela vê que só tinha brinquedos velhos, só cacarecos, e vai tirando pião, caminhãozinho e coleção de tampinha do Cascão. Ele fica brabo e grita com Cebolinha que pião e patins tudo bem, mas a coleção de tampinhas premiadas ele não deixava e é a última vez que entra em planos dele. Mônica ouve tudo, bate neles e faz eles remarem até de volta para casa, reclamando que já devia ter percebido a caveira de gesso e sabia que o tio Cacareco não ia desapontar.


No final, um menino da ilha ao lado avista a turma indo embora e avisa ao avô que eles tinham ido embora. O avô fala que ainda bem, pois eles podiam descobrir o tesouro que havia enterrado que era para o neto quando tiver mais idade e aí é revelado que era o tio Cacareco da Mônica que ainda era vivo e o neto falando que um deles tinha a marca da família deles, os dentões, confirmando assim que o tio-avô da Mônica era dentuço mesmo, só que estava banguela por conta da idade.


Essa história é sensacional mostrando o mistério se o tio-avô pirata da Mônica era dentuço ou não em mais um plano infalível do Cebolinha. Ele tinha boa imaginação para elaborar seus planos, o que rendiam ótimas histórias. Dessa vez o plano surgiu do nada ao ver uma foto do tio-avô da Mônica e como sempre ele e o Cascão apanhando e se dando mal no final.

Muito legal as tiradas de seguir o mapa do tesouro criado pelo próprio Cebolinha, com todos os seus garranchos de letras e até um diário ele criou dizendo que foi escrito pelo tio-avô da Mônica. Fazia ela de boba tranquilamente. Engraçado também quando Cascão recusava de participar dos planos, mas acabava aceitando depois de algum ponto fraco que o Cebolinha dizia. Só não gostei muito do Cascão indo de barco no riacho até a ilha, mas ele não se molhou e foi importante a presença dele para poder estragar o plano infalível no final. Outro personagem não ia sair tão engraçado como foi com o Cascão. Na parte que a Mônica troca "riachão" por "Ricardão" por causa dos garranchos da letra do Cebolinha, provavelmente foi uma homenagem ao Chaves, quando ele lia tudo errado nas cartas que tinha ler  no seriado.


Histórias de pirata sempre eram bem envolventes. Era bom quando retratavam a família dos personagens, dessa vez foi um ancestral da Mônica, descobrimos um tio-avô dela do século XIX e que ainda era pirata. Os parentes dela, fora os principais, sempre foram marcantes e seguiam um estilo diferenciado do padrão. O grande absurdo ficou no final com o tio ainda estar vivo, se tornando uma grande surpresa para os leitores. Como ele havia sumido no inicio do século XX e já estavam no final do século, ele já teria uns 150 anos. Outro absurdo nela foi como o Cascão conseguiu arrumar tomada para o ventilador no meio da rua atrás da moita. Isso que se tornava legal nos gibis. 


Os traços lindos, cheio de ângulos diferentes, até com eles de costas. Colocaram a Mônica com dentões na frente quando mostrou todos os dentes quando estava com raiva, provavelmente para ter noção que era dentuça mesmo, mas normalmente personagens dentuços como Mônica, Titi, Chico Bento, não apareciam com dentões à mostra quando apareciam todos os dentes e agora na Editora Panini eles obrigatoriamente deixam personagens com dentões a mostra em situações assim. Prefiro sem dentões nesses casos. 

Tudo indica que  essa história foi escrita e desenhada por Rosana Munhoz. Até poderia ser criada hoje, só que iam dosar mais os absurdos, exagero de xingamentos com a Mônica, mudar o menino com arma na mão querendo espirrar água no Cascão, tirar a parte do Cascão se achando um burro por estar participando do plano, para não tachar um personagem como um burro e implicar que a suposta caveira da cabeça do Tio Cacareco era algo macabro e mudar isso. Ou seja, ia tirar o encanto. 



A capa do gibi teve alusão à história, mas eles não ficam vestidos de pirata durante a história. Pelo visto para ter uma ideia que se tratava de uma história de piratas. Na Globo, quando tinha  capas com alusão á história, nem sempre era tão fiel ao que acontecia na história. E de curiosidade, esse gibi foi a verdadeira edição "Nº 200" do Cebolinha se não tivesse reiniciado a numeração quando mudaram da Editora Abril para a Globo. Acho que se eles ainda estivessem na Abril na época, esse gibi teria uma história comemorativa da marca de 200 edições e essa iria para outra edição. Enfim, muito bom relembrar essa história "A caveira dentuça", bem marcante, há exatos 30 anos. 

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Capa da semana: Chico Bento Nº 60

No Dia do Folclore, uma capa que representa bem o folclore brasileiro com Chico Bento e o Tomé assustados com as presenças do Saci, Mula-Sem-Cabeça e Lobisomem na noite na mata, fazendo referência a história de abertura "Primo Tomé".

No segundo semestre de 1984 os gibis do Chico Bento e do Cascão estavam com capas com alusão à história de abertura, além de alguns da Mônica e, com isso, capas assim não estavam exclusivas com Cebolinha, mas em meados de 1985 já voltaram com capas com piadinhas tradicionais. E os gibis  de agosto e dezembro de 1984 tinham um selo com o Bidu bem caprichado comemorando os 25 anos da MSP até então.

A capa dessa semana é de 'Chico Bento Nº 60' (Ed. Abril, Novembro/ 1984).


domingo, 18 de agosto de 2019

Mudanças em "Almanaque Temático Nº 51" - Panini

O 'Almanaque Temático Nº 51 - Magali Fadas e Bruxas' teve várias alterações em relação às histórias originais, muitos absurdos, algumas bem revoltantes que até deu para criar uma postagem sobre isso.  Nessa postagem mostro, então, as alterações que fizeram nesse 'Temático' da Editora Panini.


Lançado no final de julho de 2019 e atualmente dá para encontrá-lo nas bancas, esse 'Temático' custa R$ 9,50 com 160 páginas no total e reúne histórias sobre fadas e bruxas de todos os tempos da Editora Globo. São histórias da turma toda, não apenas da Magali, já que tiveram outros Almanaques Temáticos dela com temas de fábulas e, assim, como insistem sempre colocarem os mesmos temas, resolveram colocar histórias de outros personagens para não ficarem as mesmas histórias. Com isso, histórias da Magali foram só 4, incluindo a tirinha final, história de abertura não foi da Magali e todas dela já republicadas em outros temáticos de fábulas da Magali.

O que chama a atenção, foram as alterações. Sabe-se que em todo almanaque da Editora Panini tem alguma alteração em relação às originais para atender ao politicamente correto. Tudo que consideram incorreto nos gibis originais, eles fazem mudanças, seja alterações de texto ou até mesmo desenhos. 

A mudança maior foi, então, na história "Uma lição para a Magali", de Magali Nº 221' , da Editora Globo, 1997, escrita por Emerson Abreu. Nela, uma fada protetora da Magali a vê comendo demais e resolve dar uma lição para ela controlar a sua gula. Só nessa tiveram 7 mudanças em relação à original, o que pode concluir que se tornou uma nova história adaptada aos tempos atuais. Como foram tantas mudanças em uma mesma história, a ordem das imagens na postagem coloquei como da alteração mais branda para a mais revoltante do que eu achei e não a ordem cronológica da história.

A primeira mudança, a menos pior de todas, foi recolorir o cabelo da Denise para ficar igual a como está atualmente. Antes, a Denise aparecia com um visual diferente a cada história e só a partir de 1998 que ela ficou com traços definitivos. Eles mudando o cabelo dela, tira a magia da época de saber como foi desenhada em cada história, fora mudar o trabalho do desenhista da época original. O cabelo da Carminha FruFru amém foi mudado colocando um amarelo claro, na original era meio alaranjado.



Outra mudança foi na parte que o Cascão fala que o legal de fazer piquenique que é uma coisa feita entre amigos, lance de amizade e confraternização. Na original de 1997, Cebolinha responde que isso é coisa de "frutinha" (gay) e os 2 começam a brigar feio e só depois a Mônica tira o Cascão da briga. Na republicação desse "Temático", mudaram a cena toda. Agora o Cebolinha respondeu que é coisa sem graça o que o Cascão falou e a Mônica separa os meninos antes de começar a briga, alterando todo o desenho original, dimensionando o desenho da Mônica ao centro e redesenhando o Cebolinha atrás dela. No primeiro quadrinho, também invertem a posição da Mônica e Cebolinha pra fazer sentido da Mônica separar a briga logo. Na sequência, tiram a fala agressiva do Cascão com ele falando que ia confraternizar com o nariz do Cebolinha, o seja, ia quebrar, arrebentar com o nariz dele na briga e colocando só "Grr!" no lugar...



No caso tiraram a fala do Cebolinha chamando o Cascão de frutinha para não menosprezar os gays, não dizer que é bullying, sendo que nos gibis antigos era coisa muito comum isso, fora que mudaram o sentido, pois seria mais natural o Cascão ficar brabo a ponto de parir para briga por chamar de "frutinha" do que só porque o Cebolinha achou que era coisa sem graça ter confraternização dos amigos. A mudança dos desenhos com eles brigando foi para não mostrar a violência dos meninos brigando, pois não querem mostrar brigas e violência nos gibis atuais. Se Mônica raramente dá coelhada nos meninos, imagina mostrar uma pancadaria entre os amigos.

Na hora da alteração, eles copiaram e colaram a cara do Cebolinha dessa outra cena com ele mostrando a língua da mesma história. Muito bizarro.



Outro caso é o fato da Magali não ter mais a fome exagerada nos gibis atuais. Não aparece mais ela comendo nada  e muito menos devorando tudo que encontra pela frente e os absurdos que tinham em relação a isso. Com isso, os gibis dela estão chatos, é raro falar  de comida e quando tem algo relacionado, ela não come nada. Por causa disso, fizeram uma série de alterações nessa história para que fique mais parecido com a Magali atual.

Toda vez que falavam que ela era gulosa no gibi original, mudaram tirando isso. Na parte que a Fada Rosa avista a Magali tiraram a parte da fada falando que ela não conseguem entender o que os amiguinhos estão sentido em relação à sua gula para "ao seu apetite", pois a Magali não pode ser mais chamada de gulosa nos gibis.



Mudaram também a parte que a Mônica reclama que a gula da Magali estragou o piquenique deles, trocando "gula" por "apetite".


Quando a Magali falou ao Avestruz que foi super-egoísta e gulosa, mudaram para esfomeada, para amenizar a situação. É que gulosa dá um sentido de compulsão, comer por comer, e esfomeada é que ela estava realmente com muita fome, algo mais inocente como justificativa para comer tanto.



Curioso que nesse quadrinho aqi mantiveram a palavra "gulosa", acabaram esquecendo de mudar, porém ainda teve alteração, mudando "aí" na original para "aqui" na  republicação para tirar erro gramatical que teve na época.



Quando a Magali avista o Avestruz, em 1997 ela fala que vai fazer uma canja do avestruz  e não dividir com ninguém e agora no 'Temático' mudaram que o ovo que o avestruz vai colocar vai dar uma enorme gemada. Nesse caso, além de amenizar a fome da Magali, tiraram o sentido de matar o avestruz para comer para não ter maltrato contra os animais, e, assim, passaram a amenizar com ela ficando de olho só no ovo que avestruz ia colocar.

Com essa mudança, de quebra, também tiraram o lado egoísta da Magali que também era o enredo da história. A Magali antiga  era egoísta quando se tratava de comida, ela fazia de tudo para esconder dos seus amigos as coisas que ela comia para não poder dividir com ninguém e comer tudo sozinha (eu também adorava essa personalidade dela) e a Magali atual não faz mais isso,e, com isso, alteraram isso nesse trecho.


Até o final da história eles mudaram. Ultimamente, a MSP está com certo preconceito aos personagens gordos originais, estão desenhando bem mais magros do que eram antes. Personagens como Dona Cebola, Pipa, Thuga, Nhô Lau, Tia Nena, Quinzinho, Dona Carmem da Esquina, entre outros, estão magros agora e, com isso, descaracterizando os personagens e excluindo gordos nas histórias.

Considerando isso, nessa história da Magali, quando a fada Rosa voltou ao seu estado normal, feliz que a Magali tinha prometido controlar a sua gula e o seu egoísmo, ela fica aliviada porque isso é perigoso para as pessoas e para as fadas também, aparecendo ela bem gorda, já que toda vez que a fada comia, engordava e acabou ficando obesa. Agora, simplesmente redesenharam a cena colocando a fada magra e esbelta, tirando a fada obesa da revista original. Não deu pra entender essa mudança tão radical e mudando o sentido do final da história, .


Ficou difícil de entender esse final. Na versão de 1997 foi a fada por ver a Magali comendo demais, se transformou em avestruz e passou a comer tudo que vem pela frente para conscientizar a Magali para não ser gulosa. Só que como a fada não é como a Magali que come, come e não engorda, ela acabou ficando gorda quando voltou a sua forma normal de fada. Agora na alteração, não teve sentido nenhum. O que deu pra entender por causa das estrelinhas é que a fada ficou com dor de barriga por ter comido muito, mas nada confirmado, tudo muito confuso. Tudo só para não mostrar personagem obeso na história, como se fosse errado alguém ser gordo e obeso. Revoltante! Era bom quando tinham personagens diferenciados, uns gordos e outros magros, uns orelhudos e outros não, uns narigudos, outros não, e agora segue tudo um padrão. Pode ver que nem Chico Bento não é mais narigudo como era antes, tornando-se um certo preconceito nisso.

Acho que redesenhar uma cena antiga para não mostrar personagem gordo e obeso foi um absurdo maior ainda, a que ponto chegaram. Pode ser que a MSP ache que colocando gordos nos gibis seja uma caricatura, ridicularizando, uma espécie de bullying, mas por outro lado, os gordos e obesos na vida real ficam se sentindo excluídos com os gibis retratando só gente com corpo em forma e com padrão de beleza. De curiosidade, fada Rosa foi homenagem que o Emerson fez à roteirista Rosana Munhoz que havia falecido em 1996.

Não foi só essa história da Magali que teve alterações, outra que também teve algumas mudanças nesse 'Almanaque Temático', foi a "Noite do medo" de 'Cascão Nº 34' - Editora Globo, 1988. Nela, Cascão e Mônica resolvem desvendar um mistério de um movimento na casa de uma bruxa que havia se mudado para o Bairro do Limoeiro.

Já na primeira página, a gente já nota mudanças em efeitos e cor do título, sem seguir as cores da época. Mas o que mais revoltante é que na revista original, aparece o Cascão dormindo de cueca e agora mudaram colocando um short-pijama nele . No caso, mostra que é errado criança dormir de cueca ou acham que é algo sensual e, com isso, mudaram para o short no lugar. Nada a ver essa mudança.


Outra alteração foi quando o Cascão foi chamar a Mônica na casa dela, em que na original de 1988 ele joga uma pedra na janela do quarto da Mônica leva um soco na cabeça quando ele se aproxima da janela da Mônica e agora nessa republicação, eles mudaram só com ela apontando um dedo para ele para não estimular a violência. Ficou tosco e mal-feito o desenho do Cascão se abaixando, mesmo ela só apontando um dedo para ele. Mudaram também a cor da casa dela, era azul e agora pra cinza.


Como podem ver, mudam histórias nos almanaques por coisas bobas, sem sentido, estragando com as histórias originais. Essa da Magali virou uma nova história com tantas mudanças, inclusive no final dela. Até desanima comprar almanaques por causa disso, já que todos os almanaques têm pelo menos uma alteração. Apesar de terem histórias mais antigas (embora agora são mais anos 90 e 2000), mas vendo essas modificações todas não dá para acompanhar.  Uma pena mudarem as histórias antigas só para atender ao politicamente correto, seria melhor essas incorretas não serem republicadas do que estragar o conteúdo desse jeito. Não comprei esse 'Temático', as imagens foram enviadas por Washington Brito. Podem ter tido outras alterações não percebidas, mas só essas á foram bem revoltantes e já deu para formar uma postagem.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Capa da Semana: Cascão Nº 109

Uma capa bem legal com o Cascão dormindo no ninho dos filhotes de urubu, se sentindo em casa, como se fosse da família e a Mamãe Urubu com raiva do Cascão lá. Ele gostava de ficar junto com bichos considerados sujos como porcos, urubus, gambás, sempre rendiam capas e histórias muito boas envolvendo isso.

A capa dessa semana é de 'Cascão Nº 109' (Ed. Abril, Outubro/ 1986).


domingo, 11 de agosto de 2019

Magali: HQ "Só um passeio!"

No Dia dos Pais, mostro uma história em que a Magali foi passear com o seu pai em um parque do bairro e pedia comida o tempo todo para ele. Com 6 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 82' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali Nº 82' (Ed. Globo, 1992)

Começa a Magali e Seu Carlito no parque do bairro e Magali reclama que o pai prometeu que eles iam passear. Seu Carlito pergunta o que estão fazendo e Magali responde que estão andando no parque, mas que preferia que o passeio fosse a uma lanchonete, sorveteria ou pizzaria. Seu Carlito diz que ela precisa pensar em outra coisa sem ser comida.

Em seguida, os ambulantes vendo a Magali passar, ficavam gritando o tempo todo o que estavam vendendo para dar tentação a ela. Era algodão-doce, pipoca, maçã do amor, pirulito, cocada, tudo gritando ao mesmo tempo. Magali não resiste e corre pelo parque atrás dos ambulantes.


Ao encontrar o sorveteiro, ela o vê falando que moça bonita não paga e Magali se entusiasma que o sorvete seria de graça para ela. O sorveteiro fala que é só para moça bonita e Magali começa a fazer escândalo, reclamando que o sorveteiro disse que ela é feia, o chama de mentiroso, quer o sorvete dela de graça e grita pelo pai. Seu Carlito aparece, ela conta a história e Seu Carlito se prepara para bater no sorveteiro, quando ele pergunta quantos sorvetes a Magali vai querer. Ela diz que de todos os sabores. Ela toma todos os sorvetes e quando outro cliente chega perguntando se tem sorvete, ele diz que não tem, mas se quiser pode comprar o carrinho de sorvete.


Seu Carlito comemora que economizou dessa vez, quando Magali diz que não aguenta. Ele dá bronca, pensando que ela estava com dor de barriga de tanto tomar sorvete , mas era de ver todos os ambulantes de comidas parados à espera da Magali comprar as guloseimas. Magali pergunta ao pai se pode e ele deixa.

Seu Carlito diz que tinha economizado, Magali come tudo que tinha dos ambulantes e o pai tem que pagar a todos eles, e ainda pergunta se tem banco 24 horas lá perto. Ele fala que a Magali precisa se controlar, não dá para comprar tudo que ela quer. Magali compreende e diz que não vai pedir mais nada para comer. No final, ela vê uma barraquinha de brinquedos e já começa a pedir para ele com voz doce, prestes a dar mais prejuízo para o Seu Carlito.


História muito legal mostrando a  Magali comendo tudo que vê pelo parque para o desespero do seu pai, que chega a ficar sem dinheiro por causa das gulodices da filha. Definitivamente não é fácil sustentar uma filha tão comilona como a Magali. E pior que quando não pede comida, pede brinquedos. O final fica na imaginação de saber se ele comprou os não os brinquedos para Magali, ficando na imaginação de cada um. Eu gostava desses finais abertos, permitindo imaginar continuação.

Legal ver as cenas dos vendedores  dando tentação para Magali comer, já sabendo da sua fama de comilona, e também ela tentando resistir, mas não conseguindo a sua compulsão pela comida e o pai desesperado com o dinheiro que vai pagar com a comilança dela. O escândalo que ela fez com o sorveteiro foi bem engraçado.


Além de divertir e ainda mostrar cotidiano de um simples passeio de pai e filha em um parque, a história mostra também esse lado da vida real de crianças pedirem tudo para os pais, dando prejuízo financeiro a eles. Alguns com pena de dizer não, aceitam as vontades dos filhos e acabam se endividando por causa disso. Se levar o caso da Magali para vida real, Seu Carlito tem que ser milionário para poder sustentar tudo que ela come. Já tiveram outras histórias com esse tema da Magali comer tanto a prejudicar as finanças da família, os pais precisando fazer contas para pagar as dívidas no final do mês, era bem bacana isso. 


Hoje em dia impublicável histórias assim, justamente para não incentivar as crianças fazerem o mesmo, fora que a fome exagerada dela nem mostra mais nos gibis. Para se ter uma ideia, hoje não aparece a Magali comendo nada, nem comidas saudáveis, como uma maçã, por exemplo. As vezes até tem citação de comidas, mas aparecer ela comendo alguma coisa, não aparece, nunca mais vi Magali com algo na boca. Impressionante como mudaram a personagem. 


Os traços muito bons, tem arte-final do Alvin Lacerda, que diferenciava muito dos outros estilos de desenhos da época. Vale destacar também a capa da edição excelente com uma paródia de Adão e Eva, com Magali como Eva comendo todas as maçãs do Paraíso e não só uma.

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Piteco: HQ "Tchum"


Mostro uma história em que o Piteco ficou curioso em descobrir como era a seita "Tchum". Com 6 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 54' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cebolinha Nº 54' (Ed. Globo, 1991)

Começa com Piteco vendo um grupo fantasiado de tigres animados exaltando e querendo ver o "Tchum". Piteco pergunta a um deles o que era esse tal de "Tchum". O homem estranha Piteco não saber o que era e ele simplesmente responde que Tchum era Tchum.


Piteco acha que o grupo era um bando de malucos, cada dia inventam um deus e não queria saber quem era Tchum. Fala isso da boca pra fora, pois, estava muito curioso e logo vai atrás do grupo da seita para saber onde vão e quem era Tchum. Ele chega ao templo e o segurança o barra de entrar.


Piteco diz que quer ver o Tchum e o segurança diz que para entrar tem que ter o traje dos Tchuns. Ele consegue a roupa e o segurança se banhar no lago sagrado Tchum. Piteco entra no lago, mas ao ver um monstro carnívoro volta à superfície. Ele pergunta se pode entrar agora e o segurança cobra 10 machadinhas para entrar.


Ele consegue entrar e chega bem na hora que o Sacerdote ia mostrar o Tchum ao grupo. O Sacerdote enrola um pouco, falando se eles querem ver o Tchum, que vão adorar vê-lo. O Sacerdote mostra o recipiente com água e uma tocha de fogo em uma na mão, ele coloca a tocha na água e o fogo, ao se apagar, descobre que Tchum não era um deus e apenas o fogo apagado ao cair na água, deixando todos surpresos, terminando assim.


Essa história é legal,  fica o mistério sobre quem ou o que é o Tchum que tanto endeusavam. Tanto o Piteco quanto o pessoal da seita, que ainda não tinham visto o Tchum, pensavam que era um deus, mas acabaram sendo surpreendidos que era apenas uma experiência de jogar fogo em um recipiente de água. Ficou até como uma forma de arrecadação de dinheiro para o povo que acreditava na doutrina só ver aquilo já que cada membro da seita tinha que pagar 10 machadinhas para ver o Tchum.


O final fica aberto para o leitor imaginar o que aconteceu depois de quando o Piteco e os membros da seita descobriram a farsa do "Tchum". Eu gostava de finais assim que podiam permitir imaginar o que vem depois. Foi bacana também ver o Piteco curioso e querendo descobrir a todo custo quem era Tchum. Eram boas as histórias do Piteco envolvendo as pessoas idolatrando um deus, como se fosse uma religião, sempre rendiam bons roteiros. Infelizmente hoje em dias histórias assim envolvendo deuses e religiões não são mais feitas.


Os traços muito bons, da fase consagrada dos personagens que dava gosto de ver. Curioso que dessa vez não teve prego na clava do Piteco. Na época, as vezes colocavam, as vezes não, mas depois foi aposentado o prego e hoje em dia até é raro o Piteco aparecer com clava na mão por ser uma arma.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Capa da Semana: Cebolinha Nº 11

Uma capa do Cebolinha fazendo alusão à história de abertura "O plano da calcinha de rendinha". Nessa capa, então, Cebolinha e Cascão provocando a Mônica que a calcinha estava à mostra, deixando ela com vergonha. Na Globo não costumava ter capas com alusão às histórias de aberturas, só de vez em quando, normalmente quando julgavam que era uma história boa ou marcante a ponto de criar uma capa referente às histórias.

A capa dessa semana é de 'Cebolinha Nº 11' (Ed. Globo, Novembro/ 1987).


sábado, 3 de agosto de 2019

Tirinha Nº 64: Chico Bento

Nessa tirinha, Hiro pede ajuda para o Chico Bento aliviar  a forte dor nas costas que não estava nem conseguindo se levantar e o Chico se aproveita da posição do amigo para pular carniça no Hiro ao invés de ajudá-lo a aliviar o mau jeito nas costas. Bem incorreta por conta do Chico querer se aproveitar do sofrimento do Hiro para se divertir, mesmo assim  é muito engraçada.

Tirinha publicada originalmente em 'Chico Bento Nº 116' (Ed. Globo, 1991).