sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Almanaque da Mônica Nº 15 - Editora Globo

Há 30 anos era lançado o 'Almanaque da Mônica Nº 15' da Editora Globo, que foi em homenagem aos 30 anos da MSP até então. Nessa postagem, faço uma resenha de como foi esse almanaque especial.

Almanaque da Mônica Nº 15 (Ed. Globo, 1989)

Lançado em novembro de 1989, ele reuniu histórias dos primeiros números dos gibis da Mônica de 1970 e 1971 pela Editora Abril. O livro "Mauricio 30 Anos" pelo visto estava com produção atrasada, deveria sair em 1989 e acabou só sendo lançado em 1990, e para não passar em branco a comemoração dos 30 anos da MSP, fizeram esse almanaque.

Na época eles não tinham costume de republicar histórias muito antigas assim, entre 18 a 20 anos, era no máximo 11 anos de diferença, sendo mais comum histórias entre 5 a 7 anos. Assim, em 1989 era mais comum nos almanaques histórias entre 1978 a 1984, sendo mais frequente a partir de 1982. Isso para ter uma ideia de como voltaram no tempo com as histórias.

Foi a primeira que vi como foi a origem da Turma da Mônica, como era os traços dos anos 70. Até já tinha visto umas ilustrações do Cascão no frontispício do 'Almanaque do Cascão Nº 6' de 1989, mas nesse 'Almanaque da Mônica' já foi mais revelador, deu para ver como era e achei muito diferente em relação aos traços dos gibis atuais até então.


Esse 'Almanaque da Mônica Nº 15' seguiu o mesmo estilo de formato dos anteriores, saindo em bancas do jeito tradicional, com preço comum que era, acrescido da inflação que aumentava o preço de uma edição para outra em todos os gibis.Teve as tradicionais 84 páginas, formato lombada, capa em papel couché e miolo com papel jornal oleoso. Mantiveram até a faixa lateral com coelhinhos, tão comuns nos almanaques na época e histórias interligadas com propagandas normais dos gibis de 1989.

A capa teve uma ilustração muito bonita ambientada na virada dos anos 60 para os anos 70 com Mônica como fotógrafa lambe-lambe querendo tirar fotos do Cebolinha, Cascão, Magali e Bidu em um calhambeque caracterizados como na época proposta, mas com os traços de 1989. Pode dizer que Cebolinha, Cascão e Magali estão caracterizados como Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia. A intenção foi para os leitores entrarem no clima nostálgico da época das histórias dos gibis originais que tinham nesse almanaque.

Abre com frontispício, mostrando capas das 12 primeiras edições de 1970 e 1971 e um texto com Mauricio falando do sucesso da Turma da Mônica desde os anos 70 e ressalta que as crianças daquela época já estavam crescidas, casados e com filhos e com a reedição daquelas histórias, os pais que leram quando crianças podiam reler agora junto com os seus filhos. Imagino a emoção de quem leu os gibis originais e terem a oportunidade de reler e mostrar par aos filhos o que leu quando era criança, já que não tinha internet e nenhum meio de ler a não ser procurando em sebos e que já era difícil encontrar aquelas edições de 1970 e 1971. Nas capas ilustradas, só não mostraram as de nº 6, 9, 10 e 11.

Frontispício da edição

A seguir vem as histórias clássicas, que foram tiradas de edições do "Nº 2" até o "Nº 17" e todas escritas e desenhadas pelo Mauricio de Sousa, já que era só ele que fazia as histórias na época. Procuraram colocar histórias mais curtas para ter noção de como eram vários personagens da MSP. Teve histórias de vários personagens secundários, mas não tiveram Chico Bento e Penadinho, que só foram estrear nos gibis a partir de 1972 e não teve Astronauta, pois as histórias costumavam ser longas nos primeiros números. De histórias de abertura originais foram só a de abertura e de encerramento, as outras de miolo curtas entre 1 a  5 páginas.

A gente nota um estilo bem diferentes, não só nos traços com personagens bochechudos, bochechas pontiagudas, assim com histórias bem incorretas, cheias de absurdos e personagens se dando mal ao extremo, inclusive no final, muitas vezes sendo ridicularizados. essa fase marcou também com personagens falando de boca fechada, uma linguagem bem culta, próclises e ênclises bem colocadas, palavras não muito faladas hoje, outras bem datadas e se falavam alguma gíria ou algo informal, aparecia palavra entre aspas. Cebolinha falava trocando o R pelo L entre aspas também. Única alteração foi ortografia da época, editada para não ensinarem errado a escrita atual (coisa que até fazem hoje desde que teve a nova reforma ortográfica). De resto, tudo igual, sem alteração nenhuma, nem no estilo de cores, já que na Globo não alterava nada sem ser ortografia.

A primeira foi a clássica "Os Azuis" (MN #15, de 1971), que inclusive recebeu vários prêmios depois de lançada, e discute o problema de racismo. Mônica acorda normalmente e vai a rua e encontra todos os seus amigos com peles azuis e pensa que eles se pintaram, e eles pensam que a Mônica se pintou de laranja. Quando descobrem que a Mônica tinha aquela cor de pele sentem nojo dela por estar com cor diferente que a deles e passam a fugir dela.

Trecho da HQ "Os Azuis"

Mônica até tenta ir atrás deles, mas é em vão. Cascão ordena que a Mônica o solte e Magali fala para não bater nela e faz expressão de nojo e joga na cara que a cor laranja da Mônica é horrível. Mônica ainda é insultada pelo povo da rua, que a chamam de "coisa", que uma "alaranjada" não deve andar por aí e é perseguida por um vigilante. Ela encontra um velhinho encostado no túnel que fugiu, explica seu problema dos outros implicarem com a cor, mas ele também foge.

Aparece o Bidu e é o único que a aceita do jeito que a Mônica era. Ela comenta que todos se pintaram de azuis e estão implicando com ela só por causa da cor, mas ela continua igualzinha a eles e tem todos os sentimentos iguais a eles, como ternura, saudade, contentamento, medo, entre outros. Depois, ela vai para casa almoçar e tem a surpresa que até a mãe dela está azul e Mônica ainda ouve a voz dela vindo do quarto, achando que está "lelé".

Trecho da HQ "Os Azuis"
Em seguida, vê um espelho que não tinha na casa dela e descobre que era um espelho teledimensional, que foi parar no mundo dela por engano e o espelho a transporta de novo para o mundo dela. De volta ao mundo real, Mônica fica emocionada ao ver a mãe com sua cor normal, vai para a rua e abraça Cebolinha e Magali, falando que gostaria deles mesmo se eles fossem azuis e fica triste em saber que existe um lugar que pensam que o que é mais importante é a cor da pele.

Essa história é sensacional, Mauricio quis mostrar em que há um mundo paralelo que tem preconceito de cor de pele, mas na verdade era uma crítica ao Brasil mesmo que tem preconceito com os negros. Incrível que nos anos 70  tinha esse preconceito de racismo e que ainda é um tema atual, até hoje o povo tem preconceitos. Fica na imaginação se a Mônica sonhou aquilo tudo ou se realmente ela foi parar no mundo dos azuis, Mauricio gostava dessas histórias de situações de imaginar se aconteceu ou não.

Trecho da HQ "Os Azuis"

Em seguida vem "A história do Horácio" (MN #2, de 1970) com 3 páginas, a estreia dele nos gibis. Mostra que Horácio não tinha mãe e foi expulso da aldeia dos homens porque comia demais e teve que passar a viver na floresta por conta própria. Os dinossauros da floresta não queria amizade com ele porque era domesticado e não selvagens como eles. Horácio tenta ser selvagem e feroz e tenta desafiar um dinossauro gigante, mas ele acaba sendo chutado por ele, sendo confundido por uma pulga atrevida. No final, Horácio volta para a aldeia dos homens, com Piteco falando que vai deixar passar a noite lá, mas que era pra tratar de arranjar lugar na floresta no dia seguinte,

Essa história foi republicada de tabloides do Horácio de 1963, ano que foi criado, só que redesenhada e colorida ao estilo dos gibis dos anos 70. Seria uma história seriada com Horácio procurando um lugar na floresta após ser expulso. Interessante o crossover com Piteco, por ele ter vindo da aldeia de Lem, mas depois essa ideia não seguiu adiante e eles não se cruzaram mais nos gibis.

Trecho de "A história do Horácio"

Em "A língua do Cebolinha" (MN #7, de 1970), de 4 páginas, ele comenta a sua tristeza de trocar o "R" pelo "L" e Mônica acha que ele tem um defeito na língua e passa a puxar a língua dele, só que ela corre segurando a língua do Cebolinha pelo bairro esticando toda quando a Magali a chama. Depois que se dá conta que está segurando a língua dele, Mônica solta e acaba o deixando com boca presa. Logo depois, descobre a língua ficou na nuca e a solução foi fazer espetáculo com Cebolinha como o garoto que tem língua na nuca para arrecadar dinheiro para bem próprio se aproveitando da situação dele.

Na época tinha vários absurdos e ao invés de ter solução, acabava piorando em situações mais incorretas ao extremo, fora ridicularizar o personagem E é tipo de história em que cada página tem uma piada no final, formando tabloides independentes e juntando tudo formando uma história principal.

Trecho da HQ "A língua do Cebolinha"

Depois vem a história de estreia da Tina nos gibis (MN #8, de 1970). Na fase hippie, sempre abordando os temas hippies e os conflitos com o pai. Nessa, com 2 páginas, o pai questiona Tina sobre seu jeito de vestir e ela diz que é o estilo da filosofia hippie e que vai trabalhar fabricando medalhões e cintos com couro que encontrar. O pai até acha uma boa ideia, mas fica furioso quando descobre que ela foi vender na rua os seus cintos que estavam no armário.

HQ da Tina completa

Bidu e Franjinha estrelam uma história muda de 3 páginas (MN #3, de 1970), em que o Franjinha deixa o Bidu em um manequim sem cabeça para poder ir ao supermercado, que proibia a entrada de animais. O povo da rua começou a achar engraçado manequim com cabeça de cachorro e pensavam que o manequim estava vivo ao Bidu reagir com raiva . Aparece a polícia e várias autoridades para prender a "pessoa com cabeça de cachorro", até que Franjinha aparece e tira o Bidu do manequim e, assim,  todos saem correndo atrás deles para bater e não pregar peças neles. Nota-se que mantiveram as cores originais da revista original, deixando Franjinha com camisa azul claro e bermuda azul escuro. E é uma reedição de gibi do Bidu da Editora Continental de 1960, só que redesenhada e colorida par aos padrões dos anos 70.

Trecho da HQ do Bidu

Em "Quase um monólogo" (MN #9, de 1971), de 3 páginas, Mônica conversa com os leitores, perguntando se acham feiosa, se não preferia outro personagem no lugar, se ela não tirou outro personagem do lugar e se ainda acham que ela é chata ou metida. Até que Cebolinha aparece  e confirma tudo isso e ela bate nele, falando que certas criaturas não sabem a diferença da realidade da vida e representação. Ou seja, ela estava representando o tempo inteiro e sobrou para o Cebolinha.

Trecho da HQ "Quase um monólogo"

Na história do Raposão, de 2 páginas (MN #10, de 1971), ele trabalha de recenseador e vai na toca do Coelho Caolho. A princípio ele tinha 118 filhos, mas enquanto Raposão estava lá, á ia nascendo mais filhos, deixando Raposão com raiva de ele fazer tantos filhos em tão pouco tempo e vai atrás dele para a mata  querendo bater com a pasta

HQ do Raposão completa

Em "O medo da Mônica" (MN # 4, de 1970), de 4 paginas, um ser misterioso fica impressionado com a força e coragem da Mônica e bater nos meninos sem dó nem piedade e quer que ela participe de seu plano, mas quando descobre que ela tem medo de maribondo, ele desiste que a Mônica participe do plano. Na verdade, ele era um extraterrestre que queria uma criatura poderosa no planeta Terra para reinar no seu planeta e desiste da Mônica e acaba chamando o maribondo no lugar, achando que ele é a criatura mais poderosa do planeta.

Trecho da HQ "O medo da Mônica"

Papa-Capim tem um tabloide (MN #5, de 1970) em que ele e Cafuné estão preocupados com uma plantinha que estava murcha por falta de chuva. Eles fazem dança da chuva, mas exageram, fazendo alagar a selva toda. Era raro de ter histórias do Papa-Capim nos anos 70, quando tinha eram histórias de 1 página assim.

HQ do Papa-Capim completa

Em "Ai, que dor de dente" (MN #5, de 1970), com 5 páginas, mostra o sofrimento do Cebolinha com uma dor de dente e Cascão e Mônica tentam ajudá-lo, mas fazendo coisas absurdas como puxar o dente com barbante, mudar o laço que estava na cabeça dele para ficar mais bonito. No final, Mônica o leva amarrado para o dentista, que acaba tirando o dente errado. Mauricio gostava de ridicularizar o Cebolinha nas suas historias, essa foi mais uma. E novamente uma piada independente em cada página que juntas forma uma história.

Trecho da HQ "Ai, que dor de dente"

Em "O coelho da Mônica" (MN #12, de 1970), com 2 páginas, Cebolinha e Cascão reclamam que o coelho da Mônica, (ainda sem nome) tinha criado vida e estava batendo neles sozinho. Mônica não acredita, mas no final acaba levando uma surra do coelho e fica de olho roxo, confirmando o que os menins disseram e pede desculpas a eles.

HQ "O coelho da Mônica"

Tina  tem mais uma história, de  xx páginas (MN #17, de 1971) em que ela idolatra o John Lennon e seu irmão Toneco passa a falar mal, que ele usa peruca, e aí Tina e Toneco brigam, Toneco a chama de macaco de auditório e Tina fala que quem é a avó deles, a Vovoca. No final, eles encontram Vovoca comprando um poster do John Lennon, confirmando que ela também é fã e macaca de auditório do John Lennon.

Trecho da HQ da Tina

Em "Moni X Cão" (MN #12, de 1971), de 6 páginas, Mônica tenta salva rum cachorrinho da carrocinha. As vezes defende o homem da carrocinha d elevá-lo por não ser vacinado, outras vezes defende o cachorrinho por não querer que ele se transforme em sabão. No final, o cachorrinho é vacinado e recebe sua licença, mas Mônica é perseguida pelo homem da carrocinha por ter dado fim a sua rede de laçar os cachorros.

Trecho da HQ "Moni X Cão"

Zum e Bum estrelam a história "A fuga" (MN #2, de 1970), de 3 páginas. Nela, eles tentam fugir do presídio com Zum colocando o Bum dentro da comida para despistar os sentinelas. Só que eles não contavam que a comida ia para os ciclopes que vigiavam bandidos fugitivos da prisão, e, com isso, o plano não deu certo mais uma vez. Foi a estreis deles nos gibis e interessante mostrar no título que Piteco apresenta Zum e Bum, confirmando que eles são do núcleo do Piteco.

Trecho da HQ "A fuga"

Bidu e Franjinha têm mais uma história muda, de 3 páginas (MN #5, de 1970), em que Franjinha coloca um espelho na casinha do Bidu para dar medo nele, mas tem um mistério do espelho mordê-los, deixando s 2 com medo, pensando que era uma assombração. No final ,descobre que era uma toupeira que tinha se escondido na casinha depois do Franjinha ter colocado o espelho lá.

Trecho da HQ do Bidu

O almanaque termina com a história "C.B. A nuvenzinha mau-caráter" (MN #12, de 1971), de 10 páginas, em que a turma está vendo nuvens no céu, até que uma nuvem rebelde chamada Cúmulus Nimbus (C.B.) cria vida e ameaça a Mônica de participar de seu plano de dominar o mundo.

Trecho da HQ "C.B. A nuvenzinha mau-caráter"

A nuvem C.B. a obriga ir a rádios e jornais anunciar que a população toda tenha que ferver água para formar novas nuvens que farão destruir o planeta. Na véspera do plano, durante a noite, a nuvem C.B. se transforma em líquido em um copo que estava no quarto da Mônica para descansar, só que a Mônica acaba tomando a água, e, com isso, engolindo e destruindo a nuvem, terminando os planos dela assim. Após tomar a nuvem, Mônica esquece de tudo e pensa que foi tudo um sonho e volta a dormir tranquilamente. Muito boa essa, ponto alto foi a Mônica beber a própria nuvem do mal. Os absurdos eram altos na época.

Trecho da HQ "C.B. A nuvenzinha mau-caráter"

A tirinha final foi inédita, desenhada com o estilo dos anos 70. Ficou muito igual e quem não tinha os gibis originais pensava que era uma republicação como as outras, mas foi inédita, já que nos primeiros números não tinham tirinhas nesse formato de 3 quadros ocupando uma coluna. Isso só aconteceu a partir de 1973, com o lançamento dos gibis do Cebolinha. A seguir essa tirinha inédita.

Tirinha da edição

Então é um almanaque histórico, reunindo várias histórias clássicas dos primórdios da MSP depois de muito tempo sem o público ver até então. Hoje em dia os leitores pôde ver essas histórias na "Coleção Histórica", mas em 1989 o acesso era difícil. Foi uma excelente comemoração aos 30 anos da MSP e prova que não precisa fazer edição de luxo, mostra que uma edição saindo em bancas normalmente com preço acessível pode ser especial da mesma forma. Só ppodiam ter colocado pelo menos alguma da "Nº 1" também, mas nada que estrague a edição por causa disso. Muito bom relembrar esse 'Almanaque da Mônica Nº 15' há exatos 30 anos.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Capa da Semana: Cascão Nº 283

Dia 25 de novembro é aniversário do Cascão. Em homenagem, mostro uma capa com ele comemorando aniversário ao lado do porco Chovinista, um gambá e um urubu, bichos típicos que lembra sujeira, além de um bolo que tem um cobertura de lama e o chapéu de aniversário é um funil velho e sujo, bem a cara dele. Não tem referência à história de abertura, é apenas com piada de aniversário, muito comum na Globo.

A capa dessa semana é de 'Cascão Nº 283' (Ed. Globo, Novembro/ 1997).


quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Os parentes da Magali (Parte 1)


Na Turma da Mônica sempre procuraram mostrar a família dos personagens. Além de mãe e pai, também mostravam outros parentes dos personagens como avós, tios, primos, etc. Em especial a Magali teve uma família muito rica nos quadrinhos e então nessa postagem reúno os parentes dela durante a sua trajetória.

No caso da Magali, os pais eram sempre fixos e aí de acordo com roteiros criaram avós, tios e primos, sendo que tios e primos costumam aparecer somente em uma história. A mãe, Dona Lili, e o pai, Seu Carlito, têm presença constante nos gibis. Na Editora Abril em cada história apareciam com traços diferentes e o Seu Carlito só passou a ter uma presença melhor e com os traços definitivos de hoje a partir de 1986.

Seu Carlito e Dona Lili: os pais da Magali

As avós da Magali passaram a ser fixas  quando ela passou a ter gibi próprio. A primeira que apareceu foi a avó Gertrudes. Ela é avó por parte de mãe, mãe da Dona Lili, e segue o estilo de uma velhinha bem tradicional e que era desligada e esquecida com as coisas e quem mais sofria com seus esquecimentos era o Mingau.

Na sua história de estreia, "Mingau com a véia", de 'Magali Nº 73', de 1992, Dona Gertrudes é encarregada de cuidar do Mingau quando a Magali e seus pais vão viajar, aí Dona Gertrudes faz de tudo com o Mingau, desde puxar o gato pelo rabo, dar óleo de fígado, colocar fralda e até colocá-lo dentro da máquina de lavar.

Vó Gertrudes na HQ "Mingau com a véia" (1992)

Nessa história também apareceu no final o avô da Magali, Seu Genésio, pai da Dona Lili, em que ele aparece para visitar a família e Mingau foge arrebentando a parede para não aguentar dois velhos dentro de casa aprontando com ele. Vô Genésio só apareceu nessa história, diferente da Dona Gertrudes que apareceu outras vezes, embora não tão frequente.

Vó Gertrudes e Vô Genésio na HQ "Mingau com a véia" (1992) ('Magali Nº 73' de 1992)

A outra avó foi a Dona Cota, mãe do Seu Carlito. Ela é nordestina do Ceará, bem obesa e come muito, tanto quanto a neta Magali, mostrando, assim, que ela puxou a Dona Cota em relação a sua fome exagerada e que sua família tem origem nordestina por parte de pai. 

Dona Cota estreou em 'Magali Nº 100' ,de 1993, na história "A avó (comilona) da Magali". Ela veio do Ceará para visitar a neta em São Paulo. Só que ela come tanto quanto a Magali e acabou dando prejuízo aos pais da Magali com 2 comilonas morando na mesma casa. Também apareceu outras vezes nos gibis, se tornando fixa. Já o avô por parte de pai nunca apareceu, nem fazendo ponta.

Vó Cota na HQ "A avó (comilona) da Magali" (1993)

Tia Nena e Tio Pepo foram criados em 1989 no lançamento da revista da Magali para serem os tios fixos da Magali. Tina Nena é irmã da Dona Gertrudes, e, assim, tia da Dona Lili e tia-avó da Magali. Ela é uma grande cozinheira, como a Magali dizia "a maior quituteira do bairro". Com o passar do tempo, os roteiristas passaram a dar outra personalidade, revelando que Nena uma bruxa do bem. Já Tio Pepo é casado com a Nena e é marceneiro, pronto para fabricar brinquedos para a criançada do bairro.

Tia Nena e Tio Pepo

Dudu inicialmente era só um vizinho da Magali que não gostava de comer e depois do nada virou primo dela, e passou a ser membro da família da Magali a partir de 2005, com estreia na história "Os micos que a gente paga na praia" (MG # 391), do Emerson Abreu. Pelo visto Emerson melhor a Magali ter um primo fixo contracenando com ela e fez essa mudança na MSP. Sinceramente não gostei disso, não era essa intenção da roteirista Rosana Munhoz quando criou o personagem em 1989.

Dudu

Com isso, a mãe do Dudu, Dona Cecília, passou a ser tia da Magali, irmã do Seu Carlito, e o pai do Dudu, Seu Durval, tio da Magali por ser casado com a Dona Cecília. E os personagens ficaram mais próximos, com mais histórias com as famílias juntas, inclusive fazendo ceias de Natal juntos.

Dona Cecília e Seu Durval

E o Mingau não pode ficar de fora, o gato de estimação da Magali também é membro da família dela por morar na mesma casa. A gente  sempre considera  os nossos bichos de estimação como membro da família. Inclusive o Mingau até considera que ele é o dono da casa e o resto da família são inquilinos da casa.

Mingau

Fora esses fixos, tiveram também vários tios e primas da Magali que apareceram somente em uma história, a grande maioria. Nunca teve uma cronologia na MSP e aí criavam parentes só para atender a um roteiro específico para aquela história e deixavam de mão depois. Por conta disso, muitos não revelam se são parentes por parte de mãe ou de pai.

A primeira a aparecer foi uma prima, sem nome e sem personalidade, na história "O Caixote", de Cebolinha Nº 10' de 1973. Apenas participando como a prima que queria conhecer a força da Mônica para destruir só com um tapa um caixote onde estrava dento o Cebolinha, com medo da Mônica e Cascão cobrarem o dinheiro que estava devendo para eles.

Prima da Magali na HQ "O Caixote" (1973)

Depois apareceu a Tia Marli na história "Como manda o figurino", de 'Mônica Nº 56', de 1975. Foi apenas uma participação quando Mônica e Magali foram pedir emprestadas revistas de beleza para a Tia Marli.

Tia Marli na HQ "Como manda o figurino" (1975)

Prima Betinhac apareceu na história "Ela vem aí", de 'Mônica Nº 82', de 1977. Foi a primeira parente com uma personalidade maior e centro de atenção da história. Betinhac era obesa e comia de tudo que nem a Magali, só que mais ao extremo, chegando a comer até carrinho de maçãs. Mônica tem plano de esconder as comidas da Magali pelo bairro espalhando em árvores, arbustos e até no ninho de galinha, mas Betinhac acabou encontrando, achando que estava nascendo comida em lugares exóticos. Magali se dá conta que a Mônica tirou as comidas dela para o plano, ela se revolta e passa a querer dar uma paulada na Mônica, que se esconde em uma árvore. Quando os personagens ficam com grande raiva dos seus interesses, ficam mais fortes que a Mônica.

Prima Betinhac na HQ "Ela vem aí" (1977)

Teve a prima bebê da história "O jeitinho com crianças" de 'Mônica Nº 84', de 1977 , em que a Mônica queria cuidar da prima da Magali, mas ela não deixa por achar que a Mônica não tem jeito com crianças por causa da superforça. Mônica tenta provar que sabe lidar com crianças, com bonecas e bebês que vê na rua, mas acaba a força dela atrapalhando mesmo. No final, descobre que foi Cebolinha que ia pagar sorvete para Magali falar que a Mônica não jeito com crianças para ficar encucada. Magali entregou sem querer o plano dele.  Não foi revelado nome dessa prima bebê da Magali.

Prima bebê na HQ "O jeitinho com  crianças" (1977)

E a Magali ainda teve uma avó na história "Andando por aí", de Mônica Nº 119, de 1980, em que a Mônica vira sonâmbula quando é convidada para dormir na casa da Magali e a família dela ainda tem que enfrenta ruma assaltante que invadiu a casa deles. Foi apenas uma avó tradicional, sem nome, bem diferente da Dona Gertrudes e Dona Cota, participou assustada com a Mônica sonâmbula ter entrado no quarto dela. Interessante o pai da Magali desenhado bem diferente, bem parecido como o Seu Juca. Na Editora Abril, era raro o pai aparecer nos gibis e quando aparecia era desenhado diferente a cada história.

Avó da Magali na HQ "Andando por aí" (1980)

Tia Ana Fátima foi a primeira da Editora Globo. Ela é irmã de Dona Lili, come tanto quanto a sobrinha Magali e foi namorada do Rolo. Apareceu na história "Ana Fátima, garota bom de garfo", de 'Cebolinha Nº 7', de 1987, em que o Rolo namora a Ana Fátima, só que ela come tudo que vê pela frente. Eles vão a restaurante japonês, pizzaria e lanchonete e ela come tudo, deixando o Rolo sem dinheiro e de barriga cheia de tanto comer.

Eles se despedem, já que Ana Fátima tinha que ir jantar na casa da sua sobrinha. Quando Ana Fátima chega lá, a gente descobre que a sobrinha dela era a Magali, daí a quem puxar, e ainda reclama que o Rolo come pouquinho. Histórias com crossover sempre são legais, se o namoro do Rolo com Ana Fátima tivesse vingado, ele podia ser hoje o tio da Magali.

Tia Ana Fátima na HQ "Ana Fátima, garota bom de garfo" (1987)

Prima Sarali foi a primeira da Editora Globo, após o lançamento da revista da Magali. Ela é do interior,  idêntica à Magali, só que era mais velha, bem alta e magrela, além de não ser chegada à comida. Apareceu na história "A fina", de 'Magali Nº 5' de 1989, em que Mônica e Denise confundiram a prima com a Magali, achando que levou sério demais quando ela tinha que ser fina (educada em não devorar tudo que encontra pela frente) para continuar no clubinho das meninas.  Prima Sarali chegou a passar mal ao comer 5 cachorros-quentes e 3 frapês de morango que Mônica e Denise obrigaram comer. História que marcou a estreia da Denise nos gibis.

Prima Sarali na HQ "A fina" (1989)

Prima Vera apareceu na história "Ela não gostou de mim!", de Magali Nº 37, de 1990. Prima Vera não gosta de gatos e implicou com o Mingau, fazendo com que ele ficasse no lado de fora da casa durante o fim de semana que a prima passou na casa da Magali, deixando o gato passar por sufoco.

Prima Vera na HQ "Ela não gostou de mim!" (1990)
No final, também apareceu a mãe da Vera, no caso tia da Magali. Como apareceu a Dona Lili na despedida  delas, supões que são prima e tia por parte de mãe. Depois de uns anos, passaram a colocar o Dudu com medo de gatos no lugar e foi ele que passou a ter medo do Mingau.

Prima Vera e tia da Magali na HQ "Ela não gostou de mim!" (1990)

Tio Marcos e Tia Luísa apareceram em "Engoliu ou não engoliu", de 'Magali Nº 78,' de 1992. Nela, Tia Luísa estava grávida e o Tio Marcos fala para Magali que estava barriguda porque engoliu uma melancia e Magali chora, acreditando que era verdade e que não deixou nem um pedacinho para ela. Quando Tia Luísa fala que era um bebê, Magali pensa que ela engoliu um bebê e Tio Marcos despista que está grávida por ter colocado uma sementinha na barriga da tia e Magali fala que bebês não nascem que nem feijão, que são as cegonhas que trazem bebês.

Tio Marcos e Tia Luísa na HQ "Engoliu ou não engoliu" (1992)

Curioso que no final, aparece a Magali adulta, casada com Quinzinho e com um filho, que pergunta se a mãe estava grávida e Quinzinho responde que no caso da Magali ela havia engolido melancia inteira, literalmente. Pelo menos em 1 história, pode dizer que o Quinzinho e o filho foram da família da Magali no futuro.

Magali e Quinzinho adultos na HQ "Engoliu ou não engoliu" (1992)

Prima Bianca e Tia Cléo apareceram na história "De gato e sapato", de 'Magali nº 46' de 1991. Prima Bianca era uma bebê de quase 2 anos que gostava de brincar com o Mingau e fazia de tudo com ele como puxar orelha, bigode, rabo, aperar nariz, jogar dentro do aquário, entre outras coisas, e Tia Cléo, a mãe da Bianca e irmã da Dona Lili, queria impedir da filha brincar com o Mingau.

As 2 foram inspiradas em parentes reais da roteirista Rosana Munhoz, que resolveu criar a história em homenagem a elas. No caso, Bianca era a sobrinha e Cléo era a cunhada da Rosana na vida real.

Prima Bianca e Tia Cléo na HQ "De gato e sapato" (1991)

Elas voltaram a parecer depois na história "Priminha dedo-duro", de Magali Nº 141, de 1994. Na ocasião, Bianca já estava mais crescida, por volta de 5 anos, e dedurava tudo que a Magali fazia de errado para a Dona Lili, dedurando Magali não querer brincar com que Bianca queria, Magali querendo roubar biscoitos e mexer na maquiagem da mãe, deixando a Magali em maus lençóis e levando bronca da mãe. No final, aparece a Tia Cléo querendo buscar a Bianca e descobre que Magali amarrou a Bianca para  fazer questão que ela não dedurasse mais nada. A Cléo foi desenhada bem diferente de como apareceu em 1991.

Prima Bianca na HQ "Priminha dedo-duro" (1994)

Bianca ainda apareceu também na história "Farra na rua", de 'Cebolinha Nº 93', com os personagens enfeitando a rua para a Copa do Mundo. Com a morte da Rosana, ela não apareceu mais nos gibis e deixou de ser uma prima fixa. Se Rosana tivesse viva, ela poderia até ter se tornando personagem fixa nos gibis, tinha potencial.

Prima Bianca e Tia Cléo na HQ "Priminha dedo-duro" (1994)

Prima Silmara apareceu na história "Um ano depois... o ajuste de contas", de 'Gibizinho da Mônica Nº 64', de 1996. Ela era uma menina rica, mais nova que Magali e Mônica, e havia aprontado muito com a Mônica como não emprestar as bonecas importadas do Japão, fazer vergonha que a Mônica estava de mãos sujas de canetinha quando estava comendo e diz que sanduíche engorda e ela já estava uma "bola" para a Mônica não comer e deixar Silmara comer mais sozinha.

Um ano depois, Silmara visita Magali de novo e Mônica resolve dar o troco, e faz o mesmo, mas a menina estava mudada e começa a chorar, pois o pai estava desempregado e não podia comprar coisas caras para ela e Mônica se arrepende de ter maltratado a Silmara. Ela até lembra os traços da Bianca, mas era outra prima da Magali.

Prima Silmara na HQ "Um ano depois... o ajuste de contas" (1996)

Teve também o tio do sítio na história "Coisas de ruminantes", de 'Magali Nº 230', de 1998. Nela, Magali está no sítio com seu tio e nota que as vacas ficam mastigando o tempo todo antes de engolir de vez o que come, dando nojo da Magali. Porém, ela fica com isso na cabeça e acaba fazendo o mesmo com as comidas que ela come para ver se passa a comer menos. Não foi revelado o nome desse tio na história, a Magali chamou o tempo todo só de tio e por ele ser do sítio que Seu Carlito tem, deduz que seja tio por parte de pai.

Tio do sítio na HQ "Coisas de ruminantes" (1998)

A partir dos anos 2000 não tiveram muitos parentes dos personagens. Quase todos da Globo foram criados pela Rosana e após a sua morte passaram a criar poucas histórias com parentes dela e até de outros personagens. Teve o Dudu se tornando primo oficial a partir de 2005 e recentemente na Editora Panini teve história "Os tios doidinhos da Magali", de 'Magali Nº 48', de 2019, com tios distantes da Magali que moravam no litoral e depois de Magali e Cascão pensar que um casal da região eram tios malucos dela, descobre quem era os verdadeiros tios, que eram normais. Não foi revelado nomes deles e nem se eram tios por parte de pai ou de mãe.

Tios do litoral na HQ "Os tios doidinhos da Magali" (2019)

Como podem ver a família da Magali foi bem interessante, uma criatividade sem tamanho, sejam os parentes fixos ou os que apareceram só em uma história, formou uma verdadeira árvore genealógica. Para ficar completa, só faltou um avô dela por parte de pai, no caso um pai para o Seu Carlito. Fora isso, foi perfeita. E muito bom relembrar dessas histórias, uma melhor que a outra.

Para saber de outros parentes da Magali, confira a segunda parte aqui nesse link: