sábado, 25 de fevereiro de 2023

Uma história do Astronauta preso por extraterrestres


Mostro uma história em que o Astronauta é capturado por dois extraterrestres por explorar o planeta deles para o Rei dar uma grande punição ao Astronauta. Com 6 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 46' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Mônica Nº 46' (Ed. Globo, 1990)

Astronauta está em uma missão de recolher rochas de variados planetas, sendo que dois extraterrestres, Mum e Tchibum, veem e vão abordá-lo que está roubando. Astronauta diz que só pegou umas pedrinhas e o Mum fala que as galácticas são as mais preciosas do planeta deles, é um dos crimes mais graves de lá.

Os ETs levam Astronauta até o Rei, que quer dar uma punição pelo roubo e diz que as leis são muito rigorosas no planeta. Aí fica em dúvida qual pior castigo dará se vai ser jogado no poço sem fundo, ser devorado pelos monstros do vale negro. Tchibum dá ideia de Astronauta comer as pedras que roubou e depois jogá-lo no rio e Mum deseja fritá-lo no azeite com cebolinhas e pimenta. O Rei acha tudo leve, Tchibum dá outra ideia e ele gosta.


 Assim, o Rei ordena como grande punição que o Astronauta será enviado sem nave, armas e víveres para um dos planetas mais terríveis do universo, um mundo violento onde há guerras intermináveis, fome e destruição, deixando Astronauta apavorado. Os ETs o levam para o transportador e ele vai parar no planeta Terra.

Astronauta se surpreende e fica feliz por estar no seu planeta em alguma cidade do Brasil. Ele aciona a sua nave pelo controle remoto que estava no uniforme, entra na nave e diz que o rei é idiota por mandar para o seu planeta, o tal "terrível planeta" e ri. No final, sobrevoando o planeta com desmatamento de árvores, poluição do ar e dos rios, Astronauta se pergunta do que está rindo.

História legal em que o Astronauta explora um planeta e é preso por extraterrestes porque não sabia que as rochas eram preciosas para eles e estava cometendo um roubo ao levá-las de lá. Como castigo diabólico, o rei o manda para o pior planeta do universo, que era a Terra, Astronauta, a principio até fica feliz, mas depois cai em si que o rei tinha razão ao ver tanta coisa ruim no seu planeta.

Teve seu lado filosófico e pra refletir no final, que gostavam de colocar nas histórias do Astronauta sempre que podiam. Afinal, um planeta com tanta violência, criminalidade, destruição de árvores, poluições de ar, de rios, pessoas mal educadas que jogam lixo nas ruas, é, sem, duvida, o pior planeta do universo, e dá refletir no que pode mudar para melhorar. Só a cena de Astronauta ver poluição, assaltos, ônibus cheios, lixo no chão assim que chega na Terra já davam indícios de ser um planeta ruim. Para os ETs ficar em um planeta assim seria pior do que morrer caindo em poço sem fundo ou ser devorado por monstros, etc, gostei da comparação.


Interessante que até colocaram um homem no alto no ônibus lotado, uma situação muito comum na época com pessoas no alto ou pendurados, se apoiando nas portas de ônibus ou trens superlotados em movimento,  os chamados "surfistas rodoviários" (ou "ferroviários", nos trens). Ficou uma ótima crítica social de problemas de transportes nas cidades. Vimos que órgão onde o Astronauta trabalha na BRASA (Brasileiros Anônimos), uma referência a NASA dos Estados Unidos e, assim, suas missões são coordenadas por eles, confirmando que ele é um astronauta brasileiro, de fato.

Incorreta hoje em dia por Astronauta se passar por ladrão, mesmo que sem intenção, os personagens principais não podem ter esse comportamento e ser chamado de ladrão, não pode também mostrar bandido assaltando homem com arma para não traumatizar  e evitam também histórias de reflexão e crítica sociais para crianças. Palavras "roubar" e "ladrão" são proibidas atualmente, assim como "diabólica" por não poder ter mais diabos nas histórias, e ser chamado de "louco" também não pode mais provavelmente para não confundirem com o personagem Louco. Alias, impressionante como era muito frequente a palavra louco nas histórias antigas, hoje tudo alteradas as falas assim em republicações.

Os traços muito bem desenhados que davam gosto de ver, legal os extraterrestres bem parecidos colocando duas faixas vermelhas no nariz do Tchibum para diferenciar do Mum e perceber melhor quem estava falando. Não teve um título, como de costume nas histórias do Astronauta  e legal a arte de mostrá-lo em uma prisão na letra "O", ou seja, não teve um título, mas mostrou o tema só com a arte. Eles eram criativos até nos títulos. As cores mais fortes porque estava em papel oleoso, ficavam bem quando tinham impressão em papel assim.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Magali: HQ "Uma semana sem melancia"


Mostro uma história em que a Magali precisou ficar uma semana sem comer melancia e ficou desesperada por não poder comer sua fruta preferida.  Com 4 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 136' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Mônica Nº 136' 9ed. Abril, 1981)

Magali sai da sala do médico correndo em direção ao ambulante vendendo melancias implorando por uma. O médico consegue segurá-la e lembra que mandou ficar uma semana sem comer melancia porque ela não está bem no estômago. Magali diz que só ia se despedir delas, aí médico e mãe fazem cara feia reprovando e ela aceita ficar uma semana sem melancia.

Depois, Magali fica no campinho e comenta que são só 7 dias, mas ao lembrar número de horas, minutos e segundos sem comer, se desespera. Ela passa a ver tudo em forma de melancia, ônibus, cachorro, frutas das árvores, mas ao esfregar os olhos, volta ao tudo ao normal. Em seguida, aparece Cebolinha com corpo de melancia, Magali corre sabendo que não é alucinação, chega em casa, sobe no segundo andar e comemora que resistiu, mas ao ver pela janela o Cebolinha chamando, ela avança. No final, Mônica pergunta ao Cebolinha se avisou a Magali sobre o baile a fantasia e a mostra com a boca agarrada na fantasia de melancia do Cebolinha.

Legal essa história mostrando o desespero da Magali de não poder comer melancia por estar com problema de estômago. Chega a ter alucinações em ver tudo como melancia e acabou não resistindo em ver Cebolinha fantasiado como melancia no final. Pelo menos não comeu uma de verdade e não piorar seu estômago.

Foi engraçado ver desespero dela, mesmo sabendo que podia comer outras coisas, menos melancia que ela tanto gostava e ver as suas alucinações. Foi até capaz de fazer conta rapidamente de quantos minutos e segundos vai ficar sem comer uma, a angústia de não comer permitiu isso. Era interessante esses absurdos que os personagens não iam para a escola até então e sabiam ler, escrever, fazer contas e até melhores que muita gente com estudos. Ainda assim, teve um erro de 603.800 segundos em uma semana, o correto é 604.800.

Cebolinha foi bem original em se fantasiar de melancia, ficou legal. Na época eles tinham muitas histórias em bailes a fantasia, que remetiam e consideradas histórias de Carnaval, mas que podiam sair em qualquer mês do ano e não só em fevereiro ou início de março. Nessa, por exemplo, foi de agosto de 1981.

Foi mostrado que a Magali morava em casa de 2 andares ao subir escada até o segundo andar. Era curioso que nas histórias de 1981, 1982, os personagens moravam em casa de 2 andares, tiveram também com Mônica e outros. Depois acharam melhor morarem em casas térreas e só de vez em quando que colocavam com 2 andares, de acordo com roteiro. E já estavam começando a colocar histórias solo da Magali nas revistas da Mônica com mais frequência para popularizar mais a personagem, que até então seguia o nível de secundários como Titi, Jeremias e Humberto, que, curiosamente, estavam retornando aos gibis em 1981 depois de muitos anos sumidos e agora também com histórias solo.

Incorreta atualmente por mostrar Magali com problema de saúde, mesmo que seja inofensivo, mas tudo que dê pena nas crianças ou as traumatizem eles evitam. Também não gostam de colocar absurdos com a fome exagerada da Magali como ela querer comer fantasia de melancia do Cebolinha por estar desesperada para comer e não fazem mais histórias sobre Carnaval e bailes a fantasia por não ser apropriadas para crianças. Os traços ficaram muito caprichados, típico de histórias de miolo do início dos anos 1980.

Foi republicada depois 2 vezes, a primeira em 'Almanaque da Mônica Nº 10' (Ed. Globo, 1989) e depois em 'Coleção Um Tema Só Nº 10 - Magali A Comilona (Ed. Globo, 1995). Em 1989 poderiam ter reservado para o 'Almanaque da Magali Nº 1', mas é que estavam colocando bastante presença dela nos gibis, seja histórias solos ou participação maior nas histórias dos outros até em republicações nos almanaques para ajudar na divulgação do lançamento da revista da Magali naquele ano.

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 10' (Ed. Globo, 1989)
Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 10 - Magali A Comilona' (Ed. Globo, 1995)

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Cebolinha: HQ "Estripulias no salão"

Em fevereiro de 1993, há exatos 30 anos , era publicada a história "Estripulias no salão" em que o Cebolinha vai ao baile de Carnaval para pegar o Sansão da Mônica e sem ser reconhecido pela sua fantasia. Com 16 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 74' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Cebolinha Nº 74' (Ed. Globo, 1993)

Cebolinha e Cascão estão indo à matinê de Carnaval no bairro, Cebolinha vai fantasiado de Robin Hood e pergunta ao Cascão se está irreconhecível. Cascão responde que os cinco fios de cabelo sempre entregam e ao Cebolinha colocar o chapéu, Cascão fala que agora só falta disfarçar a cara de bobo.

Cebolinha pergunta se Cascão não vai fantasiado e ele mostra e veste a sua fantasia de lata de lixo, que ele chama de "astronauta do ano dois mil". Cebolinha fala que é importante para não sentirem o mau cheiro e eles têm que estar irreconhecíveis, por isso se fantasiou de Robin Hood. Cascão pensa que ele vai roubar dos ricos para dar para os pobres e Cebolinha diz que vai ser ao contrário porque vai pegar o coelhinho da Mônica e vai reconhecê-la fantasiada porque ela não vai conseguir esconder os dentões.

Só que a Mônica resolve se fantasiar de odalisca com véu na boca tampando os dentes para ninguém reconhecê-la e coloca o Sansão no bolso para os moleques não aprontarem com ele. Já Magali vai fantasiada de espanhola com peruca e máscara, ficando irreconhecível também. Já no baile, Mônica comenta que elas podem paquerar a vontade sem ninguém saber que são elas e Magali come as frutas na cabeça de uma menina fantasiada de baiana na fila.

Com o salão cheio, Cebolinha tem dificuldade de encontrar a Mônica. Cascão fala pra esquecer plano e se divertir e Cebolinha responde que nunca vai desperdiçar uma chance dessa para derrotá-la. Aí, veem uma menina vestida de coelha e com dentes de fora, a Lucinha, e Cebolinha pensa que era a Mônica. Cascão foge, Cebolinha vai falar sozinho e pede para dançar com ela. 

Enquanto isso, Cascão se esbarra com a Magali, que havia se perdido da Mônica quando foi comer um lanchinho. Cascão a ajuda a levantar, elogiam as fantasias um do outro e dançam juntos, sem um saber quem era o outro, Magali até pensa que era o fofo do Ricardinho da Rua de Cima.

Cebolinha dança com a Lucinha, vê um pano azul saindo da fantasia dela, pega e sai correndo pensando que era o Sansão. Lucinha grita para pegarem o ladrão, aparece o irmão dela fantasiado de boxeador "Magrila" (Maguila) e bate no Cebolinha, devolvendo o lenço dela. 

Cebolinha encontra Cascão dançando com Magali, Cascão fala para não cortar a dele porque encontrou uma menina super legal. Cebolinha conta que aquela coelhinha não era a Mônica e Cascão pergunta de quem ele apanhou. Como não tinha outra menina dentuça, Cascão aconselha Cebolinha se divertir. Mônica encontra a Magali,  que não quer saber dela, só do menino fofo que conheceu que acha que é o amor da vida dela e aconselha Mônica a procurar uma companhia também. 

Ao caminharem, Mônica e Cebolinha se tombam. Eles se desculpam, elogiam as fantasias um do outro e vão dançar marchinhas. Cascão e Magali também dançam bem animados e interessados um pelo outro. Depois todos vão a lanchonete. As meninas conversam que encontraram paqueras e elas pensam que era  Ricardinho da Rua de Cima e os meninos comentam um para o outro que a odalisca e a espanholinha são uma gracinha.

Cascão pergunta para Magali o que vai pedir para comer e ela pede dez baurus e cinco guaranás. Cascão pergunta para que tanto e ela diz que pediu pouco. Cascão tira a tampa de lixo, falando que não tem dinheiro e ate deu calor. Magali sente o mau cheiro e descobre que é o Cascão, que também descobre que ela era a Magali pela gulodice. Eles se espantam, Magali fala  que é um nojo ter dado bola para ele e Cascão diz que ia à falência com uma comilona como ela. Os dois vão embora do baile decepcionados.


Mônica e Cebolinha riem e voltam ao baile para caírem na gandaia. Enquanto dançam marchinhas, Mônica deixa cair o Sansão, mas Cebolinha não vê caindo e acha que a Mônica esqueceu depois de ter passado lá. Ele fala que estava louco pelo coelhinho o tempo todo, que é de uma dentuça e chata que a tontona deixou cair. Mônica pergunta para que ele quer e Cebolinha diz que é para derrotá-la e ser dono da rua. Como trocou R pelo L, Mônica descobre que era o Cebolinha, que por sua vez descobre que era ela sem o véu. Mônica dá um soco tão grande que Cebolinha voa do salão como um foguete e ela sai de lá decepcionada.

Depois, Mônica conta para Magali que o garoto era o Cebolinha, que só foi lá para pegar o Sansão. Magali fala que as duas tiveram decepção de Carnaval e Mônica, que perderam tempo com aqueles moleques. Eles se encontram na rua e passam pelos outros fingindo que não viram. Quando se afastam, todos se olham por lado, disfarçando, pensam no parceiro fantasiado e demonstram interesse oculto pelo outro, Cascão pensa se Magali não fosse tão gulosinha, Cebolinha, se Mônica não fosse tão brabona, Magali, se Cascão tomasse banho e Mônica, se Cebolinha parasse de aprontar com ela.

História muito divertida com a turma fantasiada em um baile de Carnaval e como ninguém se reconheceu, Cebolinha se apaixonou pela Mônica e Cascão, pela Magali. Tudo ia bem, até o momento das revelações e se decepcionaram bastante, principalmente as meninas, que pensavam que era o Ricardinho da Rua de Cima. Apesar da decepção, todos demonstraram interesse pelo outro, guardando paixão secreta, admitindo para si mesmo que namoraria com seu parceiro se não tivessem defeitos.

Para o Cebolinha foi muito ruim já que ele queria ir lá para pegar escondido o Sansão da Mônica sem ser reconhecido, além da decepção amorosa, ainda apanhou 2 vezes, sendo a primeira do irmão da Lucinha, que ele pensava que era a Mônica. Vimos que tinha outra menina dentuça no bairro do Limoeiro, que apareceu só nessa história junto com o seu irmão. Cebolinha, aliás, nem no Carnaval se esquece de azucrinar a Mônica, vira uma obsessão ser dono da rua, se tivesse ido só para se divertir, não teria apanhado. Hilário ele voar como foguete por causa do soco tão grande da Mônica desiludida.

Ninguém queria ser reconhecido, cada um por seu motivo. Foi muito engraçado os momentos das revelações de quem era cada um e a cara deles de quando descobriram. A turma podia ter reconhecido um ao outro pela voz que pela situação não iriam mudar o tom das vozes. Magali seria a com mais chance de saber que era o Cascão desde o início porque só ele para se fantasiar de lata de lixo. Histórias em quadrinhos pode tudo. Cebolinha teve sorte de não falar nenhuma palavra com R, diante da Mônica, até o momento da emoção de ter encontrado o Sansão e se deu mal. 

Curioso ver o interesse dos personagens pelos outros, ficarem apaixonados, principalmente Cascão e Magali como casais. Mesmo que eles já tinham namorados, a Cascuda e o Quinzinho, respectivamente, com histórias desses casais namorando, só que na época ainda tinham histórias com Cascão paquerando e dando em cima de  outras meninas e Magali interessada por outros meninos, então, Cascão e Cascuda e Magali e Quinzinho não eram namorados fixos de fato até então, pode dizer que foram mais vezes namoro entre eles nas histórias. Deixaram esses casais mais fixos mesmo ao longo dos anos 1990.

Foi engraçado a Magali falar que a Mônica tinha dentões e logo corrigir que eram dentinhos para não apanhar e ela comer as frutas da fantasia de baiana da menina. Foi também legal ver as paródias dos nomes "Magrila" do lutador de boxe Maguila, e "Robin Rude", de Robin Hood, eram sempre criativos nisso. Cascão apelidar sua fantasia de lixo como "astronauta do ano dois mil" é que na época eles tinham a expectativa de chegar o ano 2000 e a virada de século, ter um lado futurístico. 

É considerada uma história meio grande para os padrões da época, mas com tantas reviravoltas e sem enrolações que ficou bem envolvente e nem percebe que é grande. Fora personagens retratados com suas principais características, o clima de Carnaval, vê-los fantasiados e dançando marchinhas clássicas, amores ocultos de carnaval, também a deixaram bem divertida. Colocaram o baile como  matinê porque são crianças e não ficarem pulando Carnaval de noite.

História é toda incorreta atualmente por vários motivos. Não fazem mais histórias com tema de Carnaval por não ser apropriado para crianças, ainda mais envolvendo namoro e paixão de Carnaval e desilusões amorosas entre as crianças, que não tem mais hoje, crianças sozinhas em baile de Carnaval, Cebolinha ser taxado de ladrão ao roubar lenço da Marcinha, Cebolinha apanhar e aparecer surrado, levando até soco da Mônica que fez voar, Cascão se fantasiar de lata de lixo e fazendo apologia à sujeira e Cebolinha pensar trocando "R" pelo "L", agora colocam pensando sem trocar letras. Tem também palavras proibidas como "bandido" (não pode personagem ser chamado assim nesse sentido de pilantra), "ladrão", "roubar" (porque criança não rouba), "louco" (personagem se chamar ou ser chamado de louco não pode mais provavelmente para não confundir com personagem Louco, mas a parte de chamar de maluco, pode).

Os traços muito caprichados e bem desenhados, foi ótimo ver as fantasias dos personagens, deu pra entrar no clima de Carnaval mesmo. Cores cada vez mais fortes e escuras, deixando cada vez mais de lado os tons pasteis de antes. A capa fez referência à história de abertura, só tinha na Globo quando era alguma história mais importante, e ainda assim não costumavam poluir muito, nem colocavam chamada de título da história, apenas a ilustração. Personagens apareceram na capa sem todos os acessórios para gente reconhecê-los melhor e ficar melhor visualmente. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Capa da Semana: Cascão Nº 293

Uma capa com Cascão e Cebolinha como árabes e Cascão fica desesperado debaixo do tapete voador para não se molhar com a chuva. Como chuva aconteceu de forma inesperada, foi a única forma que Cascão encontrou para se proteger da chuva. Era muito legal esses improvisos do Cascão para não se molhar. 

A capa dessa semana é de 'Cascão Nº 293' (Ed. Globo, Abril/ 1998).

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Mônica: HQ "Quando ser forte incomoda"

Compartilho uma história em que a Mônica, cansada de ser forte demais, tem seu desejo de se tornar fraca realizado pelo Diabo, mas não contava que seria bem ao extremo, causando muita confusão para ela. Com 10 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 18' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Mônica Nº 18' (Ed. Globo, 1988)

Começa com Mônica com vários constrangimentos por causa da sua força exagerada. Derruba a Magali longe ao empurrar um balanço para ela, derruba todos de uma só vez ao chutar bola para os meninos jogando futebol e arranca a porta da casa do Franjinha ao tentar abri-la.

Mônica fica triste, acha que ser forte só dá problema para os outros e deseja ser uma menina fraquinha como as outras. Aparece um homem, que pergunta se ela jura que quer isso e diz que ele é uma pessoa bondosa que adora ajudar as pessoas. Então, ele entrega um contrato para Mônica assinar, ela reclama que as letras são pequenininhas e o homem fala que é um pedido formalizado e que ela ainda vai concorrer uma passagem à Disneylândia. Mônica assina e ele diz que a partir de agora ela é uma menina frágil.

Em seguida, Mônica comemora, só que ao andar perto de uma árvore, uma folha cai como um chumbo em cima dela, fazendo derrubá-la no chão. Depois, vê Cebolinha e Cascão dando nós no Sansão e quando ela dá soco na cabeça do Cebolinha, é ela quem sente dor e Cebolinha pergunta por que a Mônica não bateu neles. 

Cascão fala que a Mônica perdeu a força, ela bateu e ele nem sentiu. Os meninos aproveitam para correr atrás dela, só que ela se choca em uma pedra e se quebra toda, ficando em caquinhos. Eles choram, Anjinho aparece e contam que a Mônica ficou um monte de caquinhos. Ela conta que um homem de chapéu e barbichinha esquisita a fez ficar fraca demais e Anjinho vai atrás do homem.

Anjinho tira o chapéu do homem e confirma que era o Diabo. Anjinho pergunta se ele não tem vergonha de se aproveitar de uma garotinha como a Mônica. O Diabo responde que fez bem para ela, realizou o desejo, só que exagerou e foi em troca da alma dela. Anjinho pega o contrato quando ele estava distraído, ele vai atrás, Anjinho bate no Diabo e consegue rasgar o contrato. 

Mônica volta ao normal e Anjinho fala que espera que ela aprenda a gostar como é, todos nós temos defeitos e qualidades. Os meninos falam que gostam dela como é e Mônica fica tão feliz que dá um abraço nos três, só que tão forte, vão parar no hospital com coluna quebrada.

Muito boa essa história em que a Mônica deseja ficar fraca por estar dando problema aos seus amigos, mas não contava que seria o Diabo que ia ajudá-la e que exageraria na fraqueza dela e que no contrato que assinou era para vender a sua alma. Anjinho conseguiu rasgar o contrato, salvando a amiga e ela volta ao normal, inclusive a sua força, fazendo quebrarem a coluna com o abraço tão forte que ela deu.


Foi tudo ao extremo, seja força exagerada, assim como fraqueza demais, se fosse meio termo, a Mônica ficaria satisfeita, mas Diabo fez ela ficar fraca além da conta de propósito para morrer e ficar com a sua alma. Além de divertir bastante, teve ainda uma importante mensagem aos leitores de que a gente deve gostar como a gente, aceitar todos os defeitos e qualidades, não querer mudar seu jeito porque acha que está incomodando alguém.

Foi uma história cheia de absurdos do início ao fim, muito engraçado ver os problemas da Mônica com a sua força exagerada, principalmente arrancar a porta da casa do Franjinha, depois vê-la fraca demais, não aguentando nem uma folha cair em cima dela e virando caquinhos quando tropeça na pedra, Mônica falar enquanto era caquinhos e ela ainda quebrar as colunas dos seus amigos só com um abraço, inclusive do Anjinho, que não deveria sofrer com isso por ser uma entidade. Adorava esses absurdos nas histórias.

Foi legal e boa sacada também a citação à Disney com Disneylândia considerados concorrentes da Turma da Mônica nos gibis, principalmente que em 1988 estavam em editoras diferentes. De vez em quando faziam citações assim à Disney, e bem curioso que Disneylândia não teve nome parodiado. Na época, nem sempre parodiavam nomes de artistas, programas de TV, filmes e locais famosos. Engraçada também a frase do Diabo que ele não é Papai Noel para dar as coisas de graça.

Era normal histórias com personagens vendendo alma para o Diabo, geralmente assim de eles assinarem contrato sem saber que estavam falando com Diabo nem o que estavam assinando. Atualmente é completamente impublicável porque não pode mais mostrar Diabos e muito menos personagem vender alma para ele, na época do Orkut essa história foi citada como traumatizante para eles de verem a Mônica virando caquinhos por culpa do Diabo, aí Mauricio vê comentários assim e acata. Hoje também não iriam mostrar personagens com coluna quebrada no hospital, evitam mostrar força exagerada da Mônica e seus absurdos, embora isso não totalmente abolido dos gibis, também não pode mais mostrar personagens falando palavrões e dizer que ela "ficou louca", que era algo bem frequente, também é proibido hoje provavelmente para não confundirem com o personagem Louco. 

Os traços ficaram muito bonitos, um encanto de se ver, e interessante deixarem estilo mais fofinho em uma história com tema assim com Diabo, quando normalmente deixavam traços mais assustadores ou até a forma normal mesmo. As cores são do estilo do primeiro semestre de 1988 com tons de vermelho escuros como um todo e tons de azul e de amarelo nos cenários mais escuros e cores no geral bem desbotadas. Teve um erro faltando um fio de cabelo do Cebolinha  quando vê a Mônica em caquinhos na sexta página da história (página 8 do gibi), erro bem comum na época. 

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Piteco: HQ "A ponte da insegurança"


Mostro uma história em que o Piteco ficou com medo de atravessar uma ponte velha com risco de cair no abismo. Com 5 paginas, foi publicada em 'Mônica Nº 51' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Mônica Nº 51' (Ed. Globo, 1991)

Piteco está criando coragem para atravessar uma ponte e Bolota pergunta se vai demorar muito para atravessar. Piteco faz questão do amigo ir primeiro, mas ele vendo que era perigosa, fala que quem chegou antes, tem que atravessar primeiro. Eles discutem quem vai primeiro, quando Ogra chega eles querem que as senhoras vão na frente. Ogra acha a ponte insegura e prefere que um homem atravesse primeiro. Assim, Piteco e Bolota voltam a discutir quem vai.


Chega um velhinho com bengala, fica com medo e diz que se fosse 50 anos atrás, ele atravessaria e Bolota diz que há 50 anos, a ponte era nova. Mais gente chega como um pescador, uma mulher carregando cesta na cabeça e um homem com sete filhos para criar e ninguém tem coragem de atravessar. Aparece o João Valentão reclamando por que todo mundo está parado ali. Piteco fala que a ponte não é segura. João valentão chama todos de medrosos e covardões, ele já atravessou várias vezes e vai mostrar que é segura. Quando ele atravessa, a ponte desmorona e ele se equilibra entre as pontas do abismo. Então, na situação que estava, todos atravessam em cima do João Valentão servindo de ponte porque aí, sim, era seguro.


História legal em que Piteco e o povo de Lem ficaram com medo de atravessar uma ponte velha, mas com a tentativa de João Valentão atravessar, acabou ele formando uma ponte segura para, enfim, eles passarem. A distância entre uma ponta e outra era pequena, mas não a ponto de pularem e se caíssem, seria perigoso morrer no abismo. Vimos que apareceram pessoas de vários portes físicos e carregando pesos diversos e todos tiveram medo. Talvez uma pessoa magrinha, como a mulher loira só que sem carregando peso até poderia passar, mas um grandão como o João Valentão, não dava mesmo. 


Foi divertido ver cada um fazendo questão de passar a vez para o outro, se fazendo de amigos e cavalheiros, mas era só interesse, que eles que morressem primeiro. O diálogo do velhinho com Bolota, dizendo que 50 anos trás a ponte era nova foi legal também. Interessante a Ogra aparecer sem ser em uma história com a Thuga, normalmente elas apareciam juntas. Tiveram vários personagens secundários que apareceram só nessa história, inclusive o João Valentão, que foi decisivo na história, também apareceu só nessa.


Foi focada dessa vez no cotidiano do Piteco, sem ser envolvendo Thuga ou ele sendo grande caçador, até pelo contrário, o mostrou bem medroso com a ponte. É tipo de história com personagens lidando com ponte de madeira velha e frágil, era muito comum histórias assim, normalmente eram de miolo, e vários personagens tiveram alguma assim, principalmente com o Chico Bento, Turma da Mônica e Papa-Capim. Sendo com o Piteco, mostra que existia ponte assim desde a Pré-História segundo os quadrinhos da MSP. 


Hoje em dia não tem mais histórias assim com personagens querendo atravessar pontes frágeis, caindo em abismo, barranco, ou até absurdos de cair e só se machucar de leve ou nem isso. Coisas que eram muito normais e inspiradas em desenhos animados, mas hoje implicam por ser perigoso de personagens se machucarem ou não gostarem de mostrar tais absurdos de cair e não acontecer nada com eles. O pescador se chamando de louco também é proibido hoje provavelmente para não confundir com o personagem Louco e não tem mais Piteco segurando clava com prego por não ter existido de fato na Pré-História. Os traços ficaram muito bem desenhados, como sempre na época, gostei de detalhes de pterodátilo e pássaros sobrevoando o ambiente.