sábado, 17 de abril de 2021

Coelho Caolho: HQ "Boa noite, filho!"

Mostro uma história em que o Coelho Caolho tem dificuldade de dar boa noite a seus filhos e o Raposão tenta ajudá-lo. Com 5 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 71' (Ed. Abril, 1978).

Capa de 'Cebolinha Nº 71' (Ed. Abril, 1978)

Coelho Caolho gosta de dar boa noite a todos os seus filhos, só que ele tinha muitos e ficava praticamente a noite toda dando boa noite a cada um dos seus filhos para só depois ir dormir. Ele termina bem na hora de acordar e a sua esposa vendo ele dormindo ,o acorda, reclamando que não é para dormir até tarde e manda ir trabalhar.

No caminho, Coelho Caolho dorme em pé e Raposão estranha e o chama. Coelho Caolho explica ao seu compadre que tem andado dormindo pouco, depois que dar boa noite para a filharada, á é dia e tem que levantar. Raposão tem ideia de dar boa noite a todos de uma vez só. A noite, Coelho Caolho põe em prática, só que todos respondem de uma vez só também tão alto que estremece a toca, derruba tudo e ele tem que arrumar os entulhos a noite toda e não dorme de novo.

No outro dia, Raposão dá ideia de gravar em uma fita e tocar na hora de dizer boa noite. Coelho Caolho faz isso e a princípio dá certo, mas acaba dando defeito no gravador repetindo boa noite sem parar, incomodando o Coelho Caolho, que chuta o gravador e cai em um buraco e ele tem que ficar ouvindo a gravação noite toda e mais uma vez não dorme.

No dia seguinte, Raposão fala para o Coelho Caolho arranjar um papagaio para falar boa noite. Cansado com as ideias dele, Coelho Caolho, coloca o Raposão como o papagaio e termina ele dando boa noite para os afilhados enquanto, finalmente, Coelho Caolho consegue dormir.

Uma boa história retratando a dificuldade do Coelho Caolho dar boa noite a todos os seus filhos e Raposão dar ideias para ajudar o seu compadre, só que nenhuma dar certo. Até que as ideias do Raposão não eram ruins, só que por algum motivo teve infelicidade de não funcionar e Raposão foi quem acabou se dando mal se tornando o papagaio para dar boa noite, como se fosse culpado das ideias propostas não funcionarem.


Eram comuns histórias do Coelho Caolho sofrendo com seus vários filhos, isso quando não sobrava para outros personagens. Estima-se que ele tem 128 a 140 filhos, mas nunca teve uma quantidade fixa nas revistas. Interessante que dessa vez não mostraram os filhos do Coelho Caolho, só os balões mostrando os filhos dando boa noite ao pai. Eles estavam ali perto, mas o roteirista quis focar só no Coelho Caolho. 

Vemos que a esposa dele bem braba e autoritária quando exige que ele saia da cama para ir trabalhar, foi engraçado. Legal também esse parentesco do Coelho Caolho e Raposão serem compadres, no caso o Raposão é padrinho dos filhos dele. O gravador com fita-cassete fica sendo algo datado, hoje teria gravação do áudio em um smartphone. 

Os traços muito lindos da fase dos personagens superfofinhos no final dos anos 1970. Embora chamavam mais atenção com a Turma da Mônica, mas todos os núcleos de personagens foram desenhados com esse estilo de traços e sempre eram bem caprichados assim. Essa fase superfofinha ficou entre 1977 a 1979 e ainda teve uma adaptação desse estilo nas revistas de 1981 como uma espécie de transição para os traços consagrados. Essa história foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 4' (Ed. Globo, 1988). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 4' (Ed. Globo, 1988)

30 comentários:

  1. Boa... tenho o almanaque na coleção... rsrs

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    1. Legal! Eu também só tenho o almanaque.

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    2. Três detalhes interessantes nesta singela trama:
      Coelho Caolho dormir de óculos, se já vi não sei, aqui me despertou atenção, talvez seja para enxergar melhor o universo onírico.
      Aparelho eletrônico em ambiente silvícola.
      Coelho Caolho crescendo para cima de Raposão, o negócio parece ter sido feio para a raposa terminar empoleirada por meio de intimidação do próprio compadre, se fosse Jotalhão que estivesse dando as mesmas sugestões, Caolho iria indispor-se com o compadre paquiderme? Creio que não, caso acontecesse, imagino o tamanho do poleiro e de qual material haveria de ser, quiçá carbeto de tungstênio.

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    3. Bem lembrado e absurdos bem interessantes. Ninguém dorme de óculos, talvez colocaram pra não descaracterizar o personagem, nunca o vi sem óculos. Ter aparelho eletrônico lá foi bem engraçado e talvez com o Jotalhão, o Coelho Caolho não fosse tão valentão a fazer Jotalhão de papagaio, quem sabe levaria os filhos pra dormir na roça do Jotalhão.

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    4. Se a valentia se consumasse com elefante se deixando intimidar, primeiro que vive nu, dificultaria ser puxado do modo feito com o outro compadre, teria que ser empurrado, requer considerável força física, poderia entalar no acesso da toca, caso não, cairia abruptamente no interior do recinto, correndo sérios riscos de abalar a estrutura e sem contar que com a cena dantesca a imensa prole entraria em polvorosa, aí a insônia, noite mal dormida seria democrática, todos teriam direito à agrura do marido, pai e provedor, caso ocorresse bem menos brusca a forçada entrada do paquiderme, mantendo relativa paz no ambiente, provavelmente não haveria um poleiro sete, oito vezes maior que este e muito menos de carbeto de tungstênio, cogitando a hipótese de haver tal imponente artefato, Jotalhão não é praticante de ioga (yoga), não possui a mesma flexibilidade corporal das raposas, única semelhança com papagaio é o fato de ser verde.
      Corujoca fez muita falta nesta HQ, substituiria harmonicamente Raposão, coruja falante pagando de papagaio proporcionaria um desfecho bem menos humilhante, o que ainda assim não livraria o casal roedor da falta de privacidade em sua alcôva, também não faz tanta diferença considerando a vasta prole, quando acasalam, provavelmente recorrem a biombos, algo assim.

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    5. Jotalhão nem conseguiria entrar na toca do Coelho Caolho, ficaria entalado já aconteceu em uma história. Dona Corujoca seria uma boa alternativa, mas a intenção foi o Coelho Caolho dar uma lição no Raposão que só dava ideias fajutas, a seu ver.

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    6. Marcos, mencionou sobre roça do elefante, creio que nunca vi história em que aparece residência dele, os domicílios dos demais aparecem em várias HQs.
      Tarugo é o mais apegado ao lar, onde vai leva a casa, mora no que é parte do próprio corpo, é o personagem mais caseiro de Mauricio de Sousa, sempre põe as patas para fora de onde mora, contudo, raramente sai de casa. Se dorme ao relento? Sim e não, a parte residencial de seu corpo fica nessa condição assim como os exteriores de quaisquer residências, tudo que lhe é entregue também são entregas em domicílio, jamais será um sem-teto, até porque nos invernos tapa a parte superior do casco para dormir agasalhado, não dá para saber se dorme como o compadre roedor, acho que já vi o interior do casco, parecia dormir de óculos, talvez seja memória falsa, naturalmente a espécie não é afeita ao nudismo, como o compadre tomateiro, o majestoso felino, o ministro e a ave noturna, a carapaça também funciona como veste. Visita sem sair de casa, logo imagina-se o quelônio como internauta, visitante virtual, para ser mais objetivo, se Tarugo passar uns dias na roça de Jota ou em alguma toca, os passa sem sair da própria casa.
      Tipo o antigo BNH e o bem mais recente Minha Casa Minha vida, programa habitacional gestado pela Mãe Natureza.

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    7. Com o Jotalhão a toca seria uma caverna e já mostrou algumas vezes. Até já mostrei histórias assim aqui no blog. Já o Tarugo mora ao relento mesmo, põe a cabeça dentro do casco ao dormir.

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    8. Com seu esclarecimento lembro que já vi algumas HQs que mostram com mais ou menos ênfase a residência cavernosa do elefante, como usou o termo "roça" que tem tudo a ver com o contexto onde vivem, ainda assim, de modo inconsciente criei um descolamento da palavra em relação ao núcleo, como se Vila Abobrinha detivesse o monopólio do conceito de roça.
      Inclusive, Marcos, imagino que há muito já tenha observado, nas HQs da Turma da Mata dos 1970 está muito clara a influência interiorana paulista que Mauricio experimentou na infância e juventude, vai muito além dos termos "compadre", "comadre".

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    9. Sim, elas tinham a visão do interior que o Mauricio viveu e até eram comum todos se chamarem de compadres e comadres, equivalente a camarada. Tiveram histórias também do Jotalhão chamando o Coelho Caolho de compadre.

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    10. Sim, em meio à plebe tanto compadre quanto comadre são formas recíprocas de tratamento, exceto a (R)realeza e seu conselho ministerial, bom, com Leonino tenho certeza quase absoluta que não é tratado deste modo, imagino que seria desacato, mesmo assim pode haver HQ onde o Rei quebre o protocolo e permita ser tratado de tal forma, desconheço, estou na dúvida se já li "compadre (M)ministro", existe alguma história em que o ouriço ou outro eventual conselheiro é tratado assim, Marcos?

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    11. Nunca vi o Rei Leonino sendo chamado de compadre nem pelo Ministro Luis Caxeiro Praxedes. Sempre foi chamado de majestade.

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    12. E quanto ao ouriço Luís? Embora seja autoridade não é monarca, pode ser confusão da minha memória, parece que já li sendo tratado como compadre por algum plebeu, os termos masculino e feminino conferem ligação ou aproximação, como padrinhos e madrinhas, vizinhos, modo amistoso de tratamento, Luís Caxeiro costuma ser distante da comunidade, ora é mal visto, ora nem tanto, depende do roteiro para interpretar como desacato, deve ser lembrança equivocada.

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    13. Aí eu não lembro, pode ser que tenham chamado assim, mas se foi, bem raro. De acordo com o roteiro, não seria desacato com o ministro.

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    14. Marcos, indo para o aspecto físico, embora não use roupas, podemos considerar que o ouriço foi criado usando regata e depois passou às mangas compridas, inicialmente a pelagem espinhosa azul não cobria-lhe os braços, ainda assim sempre espinhudos. Colocando em preto e branco a mudança não existe ou não é perceptível, pois não foram acrescentados traços nos pulsos, apenas mudança na colorização. Não sei como está o aspecto dele atualmente, estou analisando, comparando dentro do período memorável.

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    15. Eu não lembro de ter o visto nas tiras dos anos 1960 pra confirmar, mas pelo menos nos anos 1970 ele já tinha esse estilo que conhecemos. E atualmente o visual até que está igual, dentre as que eu vi. Na verdade, ele não aparece muito atualmente.

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    16. Também nunca o vi desenhado ao(s) estilo(s) 1960-69, pode ser cria da década seguinte assim como Zé Lelé, Capitão Feio, núcleo da Tina entre outros criados nos tempos em que John Travolta despontara para posteridade, além de "Embalos" não podemos esquecer do "Graxa" (Grease - Nos Tempos da Brilhantina), parece que não teve sátira com a TM.
      Entre os 1970 até final do século ele mudou pouco, inicialmente aparenta ser ligeiramente mais magro com braços na mesma cor das patas superiores, inferiores, cauda e focinho ou nariz.

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    17. Ele pode ter sido criando nos anos 1960 na condição de tiras seriadas, no caso histórias que a cada dia publicavam 3 quadrinhos nos jornais. Masa nunca vi material desses do Rei Leonino e Luis Caxeiro, mas deve ter tido porque tinham tiras assim do Raposão , por exemplo. Nos anos 1970 era mais magro pelo estilo dos desenhos da época, mas a ideia do visual era a mesma.

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    18. Além do ouriço, os demais do núcleo também mudaram pouco em relação aos traços, exceto Jotalhão que era bem retão, meio quadradão e aos poucos foi adquirindo traços sinuosos.
      Bidu e Bugu também mudaram pouco em relação aos aspectos iniciais até atualmente. Tento imaginar como ficaria Bugu de coleira, nos anos 1970 aparece frequentemente sobre quatro patas.

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    19. Todos esses mudaram pouco, foram mais por estilo de desenhos que os personagens no geral não eram redondos por padrão. O Bugu andando de 4 patas parecia mais cachorro de verdade.

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  2. Em outras HQs da Turma da Mata estreladas pelo CC que li,ele chamava cada filho pelo nome,a não apenas de "filho".

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    1. Sim, em algumas os filhos tinham nomes, vai de cada roteirista aí criarem as histórias.

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  3. História sensacional, muito engraçada!! Como é legal também o contexto histórico das histórias em retratar os costumes e tecnologia da época da publicação como o gravador de fitas cassete. A própria capa do gibi do Cebolinha remete aos embalos de sábado a noite, com uma paródia no estilo matinê para a garotada. Idéias sempre muito legais! Esse gibi clássico do Cebolinha é um que eu gostaria de ter, espero comprar em breve. Adquiri essa semana pela Internet um gibi dessa época, Cebolinha 68 da Editora Abril. Tem esse, Marcos?

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    1. Também acho bem engraçada essa, um grande sufoco do Coelho Caolho pra dar atenção aos filhos. Também gosto de ver essas tecnologias passadas ou algo datado retratado nas revistas, mostra como era a sociedade na época. Eu não tenho Cebolinha 71, mas baixei na internet e a maioria das história tenho em almanaques, essa dos Embalos de sábado à tarde é bem divertida. Claro que ter original é melhor ainda. Legal que comprou a Nº 68, essa eu tenho, sim, é muito boa.

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    2. Falando em embalos,li nuns almanaques do Cebolinha uma HQ chamada "O Vermeião",em que seu rosto é pintado pelo Cascão com o rosto de John Travolta,intérprete de Tony Manero,do filme dos embalos.

      Em outra HQ,do Rolo,este se aventura numa ligeiríssima carreira musical como um tocador de tuba chamado John Soluço.No final está lá o Travolta(ou Manero?),de terno branco,numa mesa de bar,curtindo uma fossa com o agora ex-astro Soluço.

      Quem aí lembra?

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    3. Eu lembro o do Cebolinha "vermeião", muito engraçada, tudo indica que é da mesma época dos "Embalos de sábado a tarde". Já a do Rolo não lembro, capaz de ter visto já.

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  4. Eu adoro as histórinhas da turma da Mata,o Raposo só deu péssimos conselhos e se deu mal,é uma turma animada.

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    1. São boas as histórias deles, foi engraçado o Raposão de dar mal no final.

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  5. Percebi uma coisa bem rara na capa do almanaque do cebolinha, o Horácio está com seus olhos 100% abertos

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    1. Sim, porque ele ficou bem surpreso com a sombra do cabelo do Cebolinha

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