quarta-feira, 31 de março de 2021

Pipa: HQ "Amor mal correspondido"

Mostro uma historia em que a Pipa resolveu arrumar namorado por correspondência depois de terminar mais uma vez o namoro com o Zecão. Foi publicada em 'Mônica Nº 197' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Mônica Nº 197' (Ed. Abril, 1986)

Pipa vai à casa da Tina e diz que foi a gota d'água e terminou definitivamente o namoro com o Zecão porque ele pendurou 6 pôsteres da Natassia Kinski na parede do quarto dele em vez de colocar fotos dela e ainda disse que ela não é bonita como a Natassia.


Pipa diz que vai arrumar outro namorado mais sensível, delicado e inteligente. Tina dá ideia de namorar por correspondência através da seção "Correio Sentimental" da revista "Comigo". Pipa acha uma grande ideia para achar o seu par ideal e pega a revista da Tina para o Zecão se tornar coisa do passado, mas chora ao sair de lá, ainda ressentida com ele.

Em casa, Pipa vai vendo as correspondências dos homens. Ela vê mensagem do Ezequiel de 80 anos; de um cara que queria se casar, mas que tem 5 filhos; do Leo Gatão, um cara convencionado que se acha bonitão é o máximo; e do Plácido Azarildo, que acha que beleza não é importante e que dinheiro não traz felicidade. Nenhum desses a agradou.

Pipa ainda fica meia hora lendo as correspondências até que encontra a do Bruno, que era moreno, alto, olhos verdes, sensível, inteligente, fiel, bonito, porém modesto, e que prefere as gordinhas. Pipa se encanta e manda uma carta para ele. Pipa acha uma emoção o início de um grande amor, sem brigas e discussões como tinha com o Zecão e começa a chorar com saudades dele.

Pipa coloca a carta na caixinha dos correios e espera. Como demora, há passagem de tempo até o dia que ela recebe a cartinha. Zecão aparece perguntando se ela está mais calma e achando que ela já o perdoou. Pipa diz que acabou de receber carta do futuro namorado, que encontrou através do Correio Sentimental da revista. Zecão ri e diz que que não vai dar em nada e aposta que é feio, chato e narigudo. Ele se pergunta se não for e vai espiar a Pipa perto da janela da casa dela.

Na carta, Bruno diz que adorou conhecê-la e que vai se encontrar com ela na rodoviária na quinta-feira, dia 21, as 15 horas, e estará com camisa azul. Por coincidência, a carta chegou no dia do encontro e ela vai até lá se encontrar com Bruno. Zecão ouve e diz que estará lá e se pergunta se a camisa azul está limpa.

Tina vai à rodoviária com a Pipa, que estava bem ansiosa, até que chega o Bruno. Pipa estranha ser muito alto e ele fala que tem camisa azul e olhos verdes. Pipa pensou que ele era diferente e Bruno diz que namoro por carta é assim, a gente pensa uma coisa e aparece outra. Pipa se conforma e segura a mão dele para apresentar a cidade. Nessa hora, ele se desequilibra e cai, aí Pipa vê que Bruno, na verdade, era o Zecão disfarçado com pernas de pau e peruca.

Zecão diz que não podia deixar a Pipa se encontrar com um bonitão e charmoso, queria fazer as pazes e até tirou as fotos da Natássia do quarto. Pipa achou bonitinho o ciúme dele e se ele quiser, adoraria voltar o namoro, Assim, o casal faz as pazes e vão embora. Tina ainda espera o Bruno, mas demora e vai embora também. No final, aparece o verdadeiro Bruno, se lamentando que se atrasou e a Pipa desistiu, com a surpresa dos leitores que ele era igual a como o Zecão estava disfarçado até na altura gigante.

História muito engraçada com a Pipa querendo esquecer o Zecão através de namoro por correspondência. Mesmo com a tentativa, ainda gostava dele e como o plano do Zecão fracassou, acabaram voltando. Pipa é louca, ciúme doentio pelo Zecão, sempre terminavam namoro, principalmente por causa de ciúmes,  mas voltavam às boas no final. Só o fato de pendurar pôsteres da famosa no quarto foi motivo de ciúme dela. Hoje em dia ela não é ciumenta a esse ponto, por isso é impublicável.

Na época, como não tinha internet, era normal as jovens procurarem namorados por seções de correspondências amorosas em revistas ou em jornais e o roteirista quis fazer crítica com isso. Várias revistas de fofocas ou para meninas adolescentes tinham isso na época de criar anúncio do seu perfil nas revistas e aí permitiam mandar cartas um para o outro e ter um namoro por correspondência. 

Só que como dependia dos correios, demorava vários dias para saber a resposta de cada carta. E muitas vezes não davam para enviar fotos, aí só descobriam como eram no dia do encontro pessoal. Hoje em dia evoluiu e fariam adaptação com a Pipa procurando namoro por aplicativo de relacionamento de celular ou em grupos de redes sociais, com a vantagem de enviar e receber mensagens e fotos instantaneamente. Algo semelhante acontecia nas seções de cartas das revistas da Turma da Mônica que as crianças gostavam de trocar correspondências com outros leitores, criando até fãs clubes entre eles.

O grande absurdo foi o futuro namorado Bruno ser a cara do que o Zecão se disfarçou. Se ele não tivesse ido lá, a Pipa acabaria tendo a mesma surpresa de ver um cara gigante e feio. Foi criativo também a paródia à revista "Contigo" e à atriz Natasha Kinski. Também absurdo de Tina deixar porta de casa aberta e Pipa já ir entrando sem nem bater na porta.

Os traços excelentes da fase de ouro dos anos 1980 da Turma da Tina, com direito a Tina com cabelo curtinho, Pipa bem gorda e Zecão bem narigudo, assim que era bom ver os desenhos deles. Nas últimas revistas da Editora Abril, a cor azul era meio desbotada, quase branca, por isso os fundos bem claros quando eram para ser azuis e o Bidu aparecia quase branco também, mas curiosamente a cor da camisa do Zecão ficou bem vivas.

Tiveram propagandas inseridas nos rodapés das páginas, como era de costume na época, por isso a história ocupou 10 páginas da revista, mas se não tivesse, seriam 9 páginas. Dessa vez foram anúncios com chocolate "Lollo", pastilhas de hortelã "Garoto" e das bolas "Elka". Essa história foi republicada depois em 'Almanacão de Férias Nº 12' (Ed. Globo, 1992). termino mostrando a capa desse Almanacão.

domingo, 28 de março de 2021

Capa da Semana: Cascão Nº 79


O Cascão era sempre acompanhado de suas mosquinhas de estimação, que conseguiam livrá-lo de vários apuros, como nessa capa em que as moscas em cima da cabeça dele serviram como um guarda-chuva para o Cascão andar tranquilamente na chuva sem se molhar. Muito boa. E era legal o logotipo com contorno branco ou colorido sem o tradicional preto parecendo que estava iluminado.

A capa dessa semana é de 'Cascão Nº 79' (Ed. Abril, Agosto/ 1985).

quinta-feira, 25 de março de 2021

TOP 5 Momentos que extrapolaram com o incorreto

A Turma da Mônica, na sua fase de ouro, sempre foi envolvida com atitudes incorretas, que deixavam as revistas bem mais divertidas. Só que em algumas vezes, extrapolaram com o incorreto, que até quem não apoia o politicamente correto, estranha terem feito certas coisas. Pesquisando, mostro nessa postagem o "TOP 5" com o ranking de momentos, na minha opinião, que eles conseguiram extrapolar com o incorreto, indo longe demais e impensável que fizeram tais coisas um dia nas revistas.

5º LUGAR: Cascão comendo bolinho que caiu no chão

Como sabem, o Cascão nas revistas antigas, além de não tomar banho, adorava se sujar na lama, no lixão e ainda fazia apologia à sujeira. Tudo isso era bem frequente e não existe mais nas revistas atuais. Só que teve uma vez que foi além disso e extrapolou na história "Influências opostas" (Cascão Nº 111 - Ed. Globo, 1991). 

O Renato, um menino bastante asseado e com mania de limpeza, havia se mudado para o bairro do Limoeiro e foi vizinho do Cascão. A sua mãe, Dona Lurdinha, chama o Cascão para fazer amizade com o Renato e Cascão se assusta quando ela grita que estava comendo de mãos sujas e deixa o bolinho cair no chão. Depois, ele confirma que vai visitar o Renato depois que comer o bolinho que caiu no chão. Doma Lurdinha faz cara de nojo, mas deixa, sem repreendê-lo.

Além de estar comendo com mãos sujas, Cascão ainda pega o bolinho que tinha caído no chão contaminado, cheio de micróbios e bactérias e a mãe nem dá bronca, isso que foi mais pesado. Ele até já comeu de mãos sujas, mas pegar algo do chão para comer foi a única vez que fez isso e foi surpresa para todo mundo, com risco de crianças imitarem e comerem comidas que caem no chão. Quando foi republicada na Editora Panini em 2013 no 'Almanaque Temático Nº 28 - Cascão Brincadeiras', eles alteraram a cena, colocando uma lata de lixo e com ele falando que depois vai, colocando o bolinho na lata de lixo. Como foi só essa cena incorreta, aí republicaram, mas com alteração na tal cena. Já na republicação da Globo sem alterações, como sempre.

Trecho da HQ "Influências opostas" (Cascão Nº 111 - Ed. Globo, 1991)

4º LUGAR: Chico Bento dentro de um caixão onde tinha um defunto

Embora tinham brincadeiras com os mortos nas revistas antigas, principalmente nas histórias da Turma do Penadinho, mas alguém vivo entrar em um caixão com gente morta dentro do caixão é pesado. Isso aconteceu com o Chico na história "Que lugar para se dormir" (Chico Bento Nº 76 - Ed. Abril, 1985).

Nela, estava chovendo muito e ele entra na igreja para abrigar da chuva, só que estava sem luz e resolve tirar sono, pensando que era uma cama, sem saber que entrou em um caixão com um defunto. Acontece o velório e a família do morto ouve barulho dentro do caixão e pensa que o morto ressuscitou e todos se assustam, inclusive o padre. Depois que Chico consegue sair, ele se assusta e sai correndo ao ver que estava o tempo dentro de um caixão em cima de corpo de morto. 

Trecho da HQ "Que lugar para se dormir" (Chico Bento Nº 76 - Ed. Abril, 1985)

Fica sendo uma piada de humor negro e de mau gosto com criança dentro de caixão, ainda mais com defunto dentro. Até já teve antes a história "Mônica no caixão" (Mônica Nº 105 - Ed. Abril, 1978), que já foi bem surpreendente, mas essa do Chico ganha porque tinha um defunto dentro com ele. 

Chegou a ser republicada em 1997, no 'Almanaque do Chico Bento Nº 40', no limite que aceitavam coisas incorretas nas revistas, se deixassem para anos 2000 em diante não seria. Em tempo: essa história também serviria bem para o Cascão, já que o Chico entrou lá na igreja por causa da chuva.

Trecho da HQ "Que lugar para se dormir" (Chico Bento Nº 76 - Ed. Abril, 1985)

3º LUGAR: Humberto assaltando um banco

Eram comum nas revistas antigas histórias com bandidos. Tiveram histórias de vários tipos como bandidos assaltando os personagens, mantendo como reféns, sequestros e até só fazendo participação na história do nada, sem nem ter necessidade de estarem nas histórias. Só que já aconteceu também de personagem da turminha agindo como criminoso, como aconteceu na história "O grande chefe", originalmente de 'Mônica Nº 147' (Ed. Abril, 1982) e republicada no 'Almanaque da Mônica Nº 14' (Ed. Globo, 1989).

Nela, os ladrões confundem o Humberto com o chefe da quadrilha deles e mandam Humberto executar o plano deles para assaltar o banco. Humberto deixa cair sem querer a arma do policial que estava em frente ao banco e ao devolver, rende o policial e o leva como refém ao banco e os bandidos mandam todos irem ao banheiro enquanto sacam o banco. O chefe da quadrilha chega lá, tem umas atrapalhadas e os bandidos acabam sendo presos pelo policial e Humberto fica com trauma de armas, até pra brincar de faroeste com os amigos.

Aparecerem bandidos assaltando personagens até é normal, mas os próprios personagens principais assaltarem e agindo como criminosos é pesado. Só o fato de ter bandidos em uma história e Humberto segurar arma já não seria publicada hoje e Humberto assaltar o banco deixa o povo do politicamente correto de cabelo em pé. Tiveram outras histórias assim com Cebolinha e com Cascão, de vez em quando tinham histórias com bandidos como sósias dos personagens e sendo confundidos, mas essa foi pior porque o Humberto realmente ajudou no assalto do banco, ficou mais real. Foi republicada porque foi ainda nos próprios anos 1980, época em que tudo era permitido, mas se fossem para republicar depois dos anos 2000, não seria. Uma nova republicação é descartada completamente.

Trecho da HQ "O grande chefe" (Mônica Nº 147 - Ed. Abril, 1982)

2º LUGAR: Titi fumando cigarro

Atualmente não é mais permitido aparecer personagens fumando nas revistas, mas nas antigas era comum aparecer os pais fumando ou até adultos fumando em figuração, como algo do cotidiano ou até histórias de conscientização contra o fumo. Porém, surpreendentemente pegaram pesado colocando o Titi fumando em uma história para  conscientizar os malefícios do fumo.

Em "Não acabe com você", de Mônica Nº 184' - Ed. Abril, 1985), Mônica vê fumaça saindo da casa do Titi e ao arrombar a porta do banheiro, flagra Titi lá fumando cigarro. Ela conta sobre os malefícios do cigarro, mesmo assim ele fuma e ao tossir e ficar tonto, desiste da ideia e joga o cigarro no vaso e no final pede para a Mônica convencer o pai dele a parar de fumar.

Trecho da HQ "Não acabe com a sua vida" (Mônica Nº 184 - Ed. Abril, 1985)

Ter histórias com adultos fumando tudo bem, super normal, mas uma criança foi mais forte. Além de Titi fumar e ainda joga cigarro no vaso sanitário. Geralmente faziam histórias assim de  conscientização com adultos, como já aconteceu com o Rolo, por exemplo, porém hoje nem isso mais. Até já teve história com Cebolinha com cigarro na mão e a Mônica pensando que ele estava fumando ('Mônica Nº 20' - Ed. Globo, 1988) e na revista institucional "Parem de fumar perto de mim", de 1988, que apareceu Titi com maço na mão jogando no lixo, mas essa  de 1985 da postagem do Titi foi pior porque apareceu ele fumando, de fato. Essa nunca foi republicada até hoje, nem em almanaques da Globo, pelo visto acarem bem impactante para republicação.

Trecho da HQ "Não acabe com a sua vida" (Mônica Nº 184 - Ed. Abril, 1985)

1º LUGAR: Chico Bento tomando bebida alcoólica

Bebidas alcoólicas eram normais nas histórias antigas, era normal aparecerem adultos bebendo nas histórias, em bares ou em casa mesmo, ou com garrafa na mão e hoje em dia isso foi completamente banido nas revistas. Com adultos sempre normal aceitar, mas mostrar crianças bebendo se torna completamente estranho e surpreendente, ainda mais em revistas infantis, como quando mostraram o Chico Bento bebendo whisky na história "O almoço da concórdia" (Chico Bento Nº 18 - Ed. Globo, 1987).

Rosinha convida o Chico para almoçar na casa dela, mas fala que não era para ele agir como criança na frente dos pais dela. Então, o Chico passa a agir como adulto, usando terno e pede para o pai da Rosinha servir whisky para ele, bebe, cospe fogo por esquentar a garganta e fica tonto e bêbado, chegando até a ver 2 Rosinhas, causando muitas confusões lá e no final deixando Rosinha com vergonha e raiva do Chico ao mesmo tempo.

Para mim, foi a cena mais incorreta e impactante das revistas da MSP de todos os tempos, não só pelo Chico beber whisky e ficar bêbado, mas também a surpresa do pai da Rosinha servir bebida para uma criança e ficar contente, achando tudo normal. Se ele se recusasse a dar, nada disso teria acontecido. Nos anos 1980 achavam até normal, mas hoje em dia é algo bem inusitado ver isso mesmo em uma história antiga.

Já apareceu o Chico bebendo ou prestes a tomar bebidas alcoólicas, como vinho e champanhe, em mais outras 3 histórias que eu tenho conhecimento, mas essa de 1987 foi pior porque mostrou nitidamente bebendo e pior pelo pai da Rosinha servi-lo. Essa de 1987 nunca foi republicada, por tão impactante que foi. E olha que quase todas as histórias de 1987 já foram republicadas depois em almanaques, mas essa não.

Trecho da HQ "O almoço da concórdia" (Chico Bento Nº 18 - Ed. Globo, 1987)

Deu para ver que foram situações bem chocantes, até quem não liga para as coisas incorretas, fica bem surpreendido em ver tais cenas, nem tanto por terem colocado isso nas revistas, mas porque foram protagonizadas pelas crianças. Se fossem por adultos, seriam menos impactantes. Ou seja, já teve de tudo na MSP que possa imaginar. E ainda pode notar que muitas delas  nem foram republicadas depois de tão pesadas que foram. Na época ninguém ligava, mas depois viram que eram coisas pesadas demais para revista infantil. Se fosse hoje, seria no mínimo processo para a MSP e eles devem ter vergonha de terem produzidos histórias assim no passado. Tem outras situações também bem incorretas, mas essas foram as que eu achei mais impactantes de todos os tempos para montar o "Top 5". Cada um terá sua ordem do ranking do que achou pior. Em breve posto outros "Top 5" no Blog. 

domingo, 21 de março de 2021

HQ "Aniversário da Mônica (Magia)"

Dia 21 de março é comemorado o Aniversário da Mônica. Em homenagem, mostro uma história clássica em que a Mônica se transforma em uma árvore no dia do aniversário dela. Com 22 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 155' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Mônica Nº 155' (Ed. Abril, 1983)

A história começa no período medieval, quando as pessoas acreditavam em magia e profecias, como preverem quando vai chover e quem não acreditava levava raio na cabeça. Conhecemos, então, o Artur e a Jesebel que entraram no castelo do terrível Mago Mefistos. Artur fica brincando com os objetos de magia do castelo e Jesebel manda irem embora antes do Mago chegar.

Artur deseja comemorar aniversário lá, pois vai fazer 7 anos e quer provar para todos que homem não tem medo de nada, principalmente de mágicos fajutos, quando surge o Mago Mefistos, perguntando quem é mágico fajuto. Jesebeu fala que estão comemorando o aniversário do Artur, que pergunta a ela se está com medo do velhinho e seus truques.

Mefistos fica com raiva e solta raios e Artur enfia um cadeirão na cabeça do Mago falando que o velho está doidão e o casal foge do castelo. Mefistos solta o caldeirão da cabeça, vê que fugiram e lança o raio com a mágica preferida dele e que seria o presente de aniversário do Artur. 

Na hora está chovendo muito e o roteirista congela a imagem para avançar nos séculos, mais precisamente século XX, no ano de 1983, bem na casa da Mônica, que também estava fazendo aniversário, no dia 21 de março.

Os pais e todos amigos estão fazendo surpresa de dar Feliz Aniversário à Mônica quando ela estava dormindo, fazendo acordá-la com a festa e ela fica meio assustada. Cantam Parabéns e ela assopra a vela do bolo na cama.


Eles dão os presentes: Cebolinha dá um papel prometendo que não vai mais pegar o coelhinho da Mônica, mas cruzando os dedos, confirmando como falsa promessa. Cascão dá um lata de lixo nova com Chovinista dentro para cumprimentá-la também. Magali dá uma melancia com uma mordida para testar se estava boa. Bidu dá um osso e Anjinho dá uma nuvem portátil, boa para os dias de Sol.


Os pais dão um vestido novo para Mônica, vermelho igual aos outros dela, e comentam que está ficando mocinha, foi outro dia que Seu Sousa pegou a Moniquinha no colo primeira vez na maternidade e quando deu o Sansão para ela, ainda bebê, foi usado no primeiro dia na cabeça do Cebolinha.


Mônica pede para todos saírem para experimentar o vestido novo. Nessa hora,  o narrador avisa para os leitores olharem o relógio e a folhinha. Era as 10 horas e 5 segundos da manhã do dia 21 de março, exatamente mesmo horário, dia e mês em que o Mago Mefistos estava lançado na Era Medieval o raio da sua mágica contra o Artur, que também estava fazendo aniversário. 

A mágica é desviada por um raio da chuva, atravessa o portal do tempo e vai parar na casa de alguém que fazia aniversário no mesmo horário, dia e mês do lançamento da mágica e atinge a Mônica. Mago Mefistos estranha a mágica ter dado errado e vai consultar seus livros mágicos. Já Mônica estranha ter recebido a mágica, mas a sensação acaba logo e vai para a sala comemorar o aniversário. 

Cascão estranha um brilho debaixo da porta do quarto, mas ninguém liga e todos vão brincar na rua. Correm até uma pedra, mas de repente a Mônica para e fica sem se mexer. Aparecem raízes e folhas na Mônica e logo depois ela se transforma em uma árvore.

Os pais chegam, Dona Luísa desmaia e Seu Sousa manda chamar um médico. Cascão vê que as frutas tem caras da Mônica e ela bate, jogando o galho nele. Magali dá vontade de comer as frutinhas e Cebolinha conta as vantagens de ser árvore como pegar Sol da manhã, respirar ar puro, etc, e Anjinho conta os perigos como a Mônica pegar tempestade de noite, raio atingi-la, ventos fortes, frio no inverno e canivete dos namorados no caule.

Mônica começa a chorar, querendo voltar a ser menina dentuça, gorducha e baixinha como os outros a chama e Seu Sousa a consola e Cascão diz que nunca pensou ouvir isso da Mônica. Nessa hora, surge um engenheiro querendo que o trator derrube a árvore que está no caminho onde vai passar a nova estrada. Seu Sousa dá um soco no engenheiro, falando que ninguém vai derrubar a filha dele e começam a brigar.

Enquanto brigam, surge o Mago Mefistos, descobriu onde foi desviada a mágica, desfaz o encanto e Mônica volta ao normal e Mefistos promete se vingar do moleque Artur se ousar invadir o castelo de novo. Mônica comemora e todos voltam para a festa de aniversário. No final, no período medieval, Artur invade o castelo do mago Mefistos, que dá palmadas de galho na bunda do Artur enquanto canta Parabéns para ele.

História sensacional, muito bem bolada e para soltar a imaginação, com Mônica virando árvore depois de uma mágica do Mago Mefistos desviar através dos séculos e atingir quem estava fazendo aniversário no mesmo dia naquele momento. É envolvente do início ao fim, foi boa essa ligação da Era medieval com a atualidade até então, congelar a cena do raio para mostrar o aniversário da Mônica e poder entender melhor a razão de ela ter recebido a mágica. Com isso, as 6 primeiras páginas sem presença dos personagens da Turma da Mônica.

Até histórias de fábulas naquela época eram boas e de outro nível. Foi engraçado ver o Artur desafiando o mago Mefistos, a Mônica recebendo os presentes dos amigos de acordo com a cara de cada personagem (o presente do Anjinho, inclusive, seria bem útil para todos em dia de calor, bem que podia existir), a Mônica se transformando em árvore e as tiradas como as frutas com a cara da Mônica e Cebolinha contar as vantagens de árvore.

A parte dos personagens escuros, só como sombras mostrando os sorrisos, deram um ar de mistério do que aconteceria e ficou bom. Curioso que a maioria dos personagens sumiram ao longo da trama, apareceram só na hora da surpresa ao acordar a Mônica, como Zé Luís, Xaveco, Franjinha, Bidu e Chovinista. Era normal na época quando tinham muitos personagens em cena, sumirem de repente, provavelmente para agilizar os desenhos.

Eram comuns também histórias dos personagens se transformando em alguma coisa nos anos 1980 e 1990. Geralmente por causa de uma bruxa, uma invenção do Franjinha ou cientista, por exemplo, hoje evitam fazer histórias assim embora não proibidas. O que a torna mais incorreta é o final com o Mago dar coça no Arthur na bunda, isso completamente impublicável nos dias de hoje, assim como a briga do Seu Cebola com o engenheiro, já que não pode mostrar violência nas revistas.

Foi a primeira história de aniversário da Mônica com data fixa, como tudo começou. Aliás,essa revista toda foi especial com todas as histórias da Mônica sendo de aniversário, só as dos secundários foram normais. Nas revistas  da 'Mônica Nº 167' e 'Nº 179', de março de 1984 e de 1985, respectivamente, também tiveram histórias de abertura de aniversário. Depois deram um tempo e voltou com a tradição em 1994, em 'Mônica Nº 87', já na Editora Globo, e colocando também datas fixas de aniversários dos outros personagens principais que tinham revistas. Na Editora Abril, só a Mônica tinha data fixa de aniversário.

Na época, o Sansão ainda não tinha nome, por isso o Cebolinha e os pais o chamarem só de coelhinho. Porém, estava perto de acontecer o batismo do Sansão, que foi na edição de 'Mônica Nº 161', de 1983, como resultado de concurso par aos leitores escolherem o nome dele. Logo, foi uma das últimas em que o Sansão era chamado apenas de coelhinho.

Os traços excelentes e encantadores, principalmente os mostrando o período medieval. Os personagens já estavam com desenhos mais enxutos, só que ainda com uma bochecha meio diferente do que ficou consagrado a partir de 1985, formando bochechas com uma curva só. Anjinho apareceu sem auréola, as vezes não colocavam em algumas histórias daquela época. E esqueceram de colocar lábios com batom na mãe da Mônica em alguns quadrinhos, ficando diferente.

Teve um enquadramento do estilo de 6 quadrinhos por página que deixavam mais bonitos os desenhos, só que as histórias ocupavam mais páginas que o normal. Com enquadramento assim, essa teve 22 páginas, se fosse com 8 quadros normais, teria menos páginas.

Teve propagandas nas laterais, o que era normal na época, isso quando não eram nos rodapés de cada página. Dessa vez, foram propagandas das canetas "Bic", mostrando várias canetas de época. Foi republicada depois em 'Coleção Um Tema Só Nº 21'  - Mônica Aniversários". Custou um pouco a ser reprisada, provavelmente estavam reservando para uma revista temática quando teriam histórias suficientes de aniversários disponíveis para republicações. Embora tinham histórias de aniversários na Editora Abril e na Globo antes de 1994, mas não eram com muita frequência do que quando de todos personagens passaram a ter datas fixas.

Termino mostrando a capa desse 'Coleção Um Tema Só Nº 21'  - Mônica Aniversários". FELIZ ANIVERSÁRIO, MÔNICA!

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 21' - Mônica Aniversários' (Ed. Globo, 1998)

quarta-feira, 17 de março de 2021

HQ "Cebolinha no barbeiro"

Em março de 1991, há exatos 30 anos foi publicada a história "Cebolinha no barbeiro" em que ele passa sufoco para que seu cabelo não seja cortado bem curtinho pelo barbeiro Vagner. Com 6 páginas, foi história de miolo de 'Cebolinha Nº 51' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Cebolinha Nº 51' (Ed. Globo, 1991)

Começa com o menino Altino e sua mãe na barbearia do Vagner, com a mãe falando ao barbeiro que vai deixar o filho lá enquanto vai fazer compras e pede para deixar o cabelo dele bem curtinho. O Altino era como um sósia do Cebolinha, só que cabeludo, e coincidentemente estava vestindo a mesma roupa do Cebolinha. Altino aproveita que Vagner estava de costas distraído cortando cabelo de outro menino e resolve fugir. 

Em seguida, aparece o Cebolinha e quando termina o corte do menino, Vagner chama o Cebolinha para cortar, pensando que estava falando com o Altino. Cebolinha pergunta para o Vagner se não vai perguntar como ele quer o corte e emenda que só quer uma aparadinha no fio central. Vagner fala que ele tem que deixar o cabelo bem curtinho. Cebolinha estranha ser bem curtinho, fala que o cabelo é dele e é ele que resolve como quer cortar. Vagner fica com raiva e grita que a mãe dele quer curtinho e vai deixar curtinho. 

Cebolinha acha que o barbeiro é louco e resolve fugir. Vagner impede, alegando que Cebolinha não sai enquanto não cortar o cabelo dele. Cebolinha começa a gritar Socorro e Vagner fica preocupado em atrair a atenção de todo mundo. Cascão aparece e encontra o Cebolinha no lustre. Cebolinha comenta que o barbeiro é louco e quer deixá-lo careca e Vagner fala que foi a mãe quem pediu.  Cebolinha diz que veio sozinho, mas Cascão não acredita e parte para a briga com o Cebolinha, falando que ele tem que obedecer a mãe.


Vagner corta o cabelo enquanto Cebolinha pede socorro e quando vai ver o resultado, ele gostou, cortou só as pontas de cada fio, e achou bem moderno e na moda. Chega a mãe do Altino e pensa que o Cebolinha era o filho dela e acha que ficou uma gracinha com 5 fios e supercriativo. Altino volta e a mãe descobre que ele fugiu. No final, a mãe pede ao Vagner para  cortar deixando só 5 fiozinhos, deixando o Altino apreensivo.

História bem divertida com Cebolinha com medo de cortar cabelo a ponto de deixá-lo completamente careca. Foi confundido com outro menino pelo barbeiro Vagner, mas teve sorte de ter deixado só cabelo curto e bem moderno. O Altino que mereceu o final de ficar com cabelo igual ao do Cebolinha por ter fugido da barbearia e ter acontecido toda a confusão. 

Eram boas histórias do Cebolinha com problemas com o cabelo. O Cebolinha tem maior ciúme do seu cabelo, como só tem 5 fios, é um desespero perder um fio que seja, quanto mais o cabelo todo, por isso o desespero. Foi legal vê-lo discutindo com o Vagner e até se pendurar no lustre para não ter cabelo cortado. E Cascão em vez de ajudar o amigo ainda ficou no lado do barbeiro e de ter obediência à mãe. Engraçado também o absurdo do Vagner ficar cortando um tempão o cabelo do Cebolinha para no final ter sido só as pontas. Cebolinha ficou sendo torturado muito tempo, dava realmente impressão que estava o deixando careca e o Vagner devia ter cortado milimetricamente cada ponta para ficar muito tempo cortando. Foi legal isso.

Foi a estreia do barbeiro Vagner nas revistas, com ideia de ser o barbeiro oficial dos personagens. Tiveram outras histórias com ele depois cortando cabelo da Turma da Mônica e da Tina e também apareceu em capas de revistas. Ele foi inspirado em homenagem ao barbeiro do Mauricio de Sousa na vida real e que, inclusive, corta o cabelo dele até hoje segundo postagem do Mauricio no Instagram. 

Na época também era normal ter histórias com sósias dos personagens, que sempre eram divertidas. As vezes o sósia era bem parecido como nessa história e outras vezes até idênticos, que normalmente costumavam mudar de lugar um com o outro para enganar os amigos. Tiveram várias marcantes assim.

Os traços ficaram excelentes, dava gosto de ver desenhos assim, nunca deviam ter mudado. Cebolinha pensava errado na época, como mostra quando pensou "Esse cala é louco!", hoje ele pensa certo e ainda alteram em almanaques quando ele pensava errado, trocando "R" pelo "L". Hoje em dia também não evitam histórias com Cebolinha com problemas no cabelo e sofrendo bullying com isso. Histórias com a dislalia dele também não tem mais, tirando a essência do personagem. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.