sábado, 31 de outubro de 2020

Mônica: HQ "O Piquenique Tenebroso"


Dia 31 de outubro é o Dia de Halloween, então compartilho uma história de terror em que a turminha foi parar em um casarão velho assombrado cheio de monstros. Com 8 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 77' (Ed. Abril, 1976).

A turminha foi fazer piquenique e Cebolinha comenta com Magali sobre o lugar que ela arranjou, logo perto de um casarão velho e Cascão fica com medo das nuvens formando chuva no céu. Troveja e Cascão some na hora. Mônica acha que ele entrou no casarão e Magali fala que ele pode ficar lá porque não entra naquela casa. Só que a comida deles sumiram também e, assim, Magali resolve entrar na casa, afinal era um caso de emergência.

Quando Magali se aproxima, a porta se abre sozinha. Mônica até pensa que foi Magali quem abriu, mas não foi. Quando a turma entra, a porta se fecha sozinha e eles ficam com medo. De repente, uma mão apoia nos ombros da Magali, que fica em dúvida porque todos os 3 estão juntos e de braços abaixados. Quando olham aparece só uma sombra e eles ficam apavorados achando que é uma assombração, mas se aliviam vendo que era apenas o Cascão.

Magali pergunta onde está a comida e Cascão fala que está ao lado dele, mas quando vê sumiu. Magali pensa que é história dele enquanto Cebolinha senta em uma poltrona, só que não tinha poltrona quando eles entraram e quando eles vão ver, ele havia sentado no colo de um monstro Frankstein. A turma corre apavorada, mas o monstro também corre atrás deles com medo do tal monstro que falaram. Eles percebem que o Frankstein era bonzinho.

Aparece um homem e Mônica deduz que era um cientista louco por envolver casarão e monstro. Cebolinha pergunta para Mônica como ela sabia e Mônica diz que assiste a todos os filmes de terror na televisão, enquanto o Cientista ri e chora ao mesmo tempo. Mônica diz que estava faltando um lobisomem, uma múmia, um vampiro, quando eles aparecem e prendem a turminha no calabouço do casarão. Mônica pergunta porque está os prendendo. O Cientista fala que foi ele quem criou os monstros, pretende criar cada vez mais monstros e depois vão com fome para a Terra e devorar tudo que veem pela frente e ele vai se tornar rei do mundo e todos passarão fome.

Depois que o Cientista e os monstros vão embora, Magali grita para tirarem de lá porque quer comida e está com fome. Ela faz uma cara de fome com expressão horrível e misteriosa que só a turma vê e eles se assustam e acabam quebrando as grades do calabouço e conseguem sair de lá. O Cientista Louco e os monstros aparecem bem na hora que a turma ia tenta fugir e resolvem atacá-los. Mônica tem ideia da Magali fazer a cara monstruosa de fome e a atenta falando de torta de maçã, feijoada, melancia e outras comidas e Magali acaba com muita fome e faz a cara monstruosa e apavorante que deu medo até nos monstros.

De tanto medo, os monstros somem e o Cientista bate a cabeça na pilastra e fica com amnésia. A turma comemora que ele pode se tornar uma pessoa normal e Magali dá ideia de ele se tornar vendedor de cachorro-quente. No final, Magali come todos os cachorros-quentes do Cientista e faz a turminha pagar tudo que ela come como castigo da Mônica ter dado tentação falando de todas aquelas comidas na hora que os monstros iam atacá-los.

Sem dúvida uma história sensacional com a turma enfrentando monstros criados pelo Cientista Louco para dominar o mundo. História de terror muito envolvente do início ao fim. Foi legal ver a turma assustada ao ver uma sombra do Cascão e com os monstros, tiradas como o Cientista falar para esperar trem e bonde e até o início foi legal com Magali chamando Cascão de safado por ter roubado toda a comida do piquenique ao sumir por causa do trovão e ela ser a primeira a entrar no casarão só por interesse de ter a comida de volta. Turminha se deu mal no final e Magali se deu bem por comer os cachorros-quentes a vontade e seus amigos que pagaram tudo. Quando se tratava de comida, ela era capaz de tudo. Ela salvou a Terra sem querer, mas não gostou da tentação de comida pelos seus amigos para assustar os monstros. 

Os 4 personagens tiveram participação ativa na história, todos se encaixaram bem, sem dizer que estavam lá apenas por figuração. Cada personagem com sua personalidade real, do jeito que devem ser. Mais importantes foram Cascão e Magali. Cascão foi responsável pelo inicio da história por ter entrado no casarão por causa da chuva e eles precisarem entrar lá para recuperar a comida do piquenique. Já Magali foi quem organizou o piquenique em frente ao casarão velho e foi decisiva para a turma se livrar dos monstros e piada final com ela. Pode até considerar uma história dela, se ela tivesse revista na época, podiam publicar em revista dela tranquilo. Magali ainda não era considerada uma grande personagem, mas pelo visto já tinham uma ideia de se tornar e encaixando aos poucos junto com os outros 3 para os leitores irem se acostumando.

O ponto alto e decisivo da história, foi o mistério da cara da Magali fez quando estava com muita fome, uma cara tão feia e monstruosa que conseguiu assustar até os monstros. Em vez de mostrar a cara, ficou só na imaginação dos leitores de qual cara ela fez na hora quando aparecia de costas. Foi algo semelhante que o Mauricio de Sousa fez com a Tonica, prima do Cascão na história "A dona da rua" (Mônica Nº 2, de 1970), em que a Tonica fazia uma cara misteriosa ao ficar triste que sensibilizava os personagens e cedia aos interesses dela por pena. Mauricio gostava de fazer histórias com mistérios de expressões de rostos dos personagens sem mostrar como era tal expressão, para forçar os leitores imaginarem, a pensarem nas coisas. Era uma boa sacada cada um imaginar a cara como desejasse. Não  sei se essa "O Piquenique Tenebroso" é do Mauricio de Sousa, talvez sim, e se não for, pelo menos o roteirista deixou a essência do Mauricio nela.

Por conta de comparar a Magali como um monstro, assim como o final com ela comendo vários cachorros-quentes e ainda mais às custas dos amigos para se vingar de eles  provocarem fome nela e também eles serem empurrados no calabouço do jeito que foram não fariam essa história hoje em dia.  Eles não gostam mais de explorar a fome exagerada na Magali e nem ter exploração dos amigos e também os personagens não podem mais sofrer violência. Poderiam até fazer o tema central, mas com essas adaptações.

Traços ficaram bons e típicos dos anos 1970. Dá pra notar que em 1976 já estavam diferentes em relação às primeiras revistas da Mônica de 1970 e 1971 e já começando a ficarem parecidos como os dos anos 1980, só que os personagens ainda tinham bochechas pontiagudas, línguas ocupando maior parte das bocas e eram mais magros. Chama também a riqueza de detalhes nos cenários como um todo, muito caprichados. Teve um erro com Magali aparecendo de vestido vermelho em um quadrinho na penúltima página. Eu tirei as imagens do 'Almanaque da Turma da Mônica Nº 18' (Ed. Abril, 1982), mas acredito que na revista original de 1976 também apareceu assim já que eles não costumavam alterar cores de originais na Editora Abril. Termino mostrando a capa desse 'Almanaque da Turma da Mônica Nº 18' onde foi republicada como história de encerramento.

Capa de 'Almanaque da Turma da Mônica Nº 18' (Ed. Abril, 1982)

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Cebolinha: HQ "Quem bate?"


Hoje, dia 27 de outubro, é aniversário do Mauricio de Sousa. Em homenagem, posto uma história escrita e desenhada por ele há 50 anos em que o Cebolinha não deixa o seu pai entrar em casa pensando que era um assaltante. Com 5 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 5' (Ed. Abril, 1970).

Capa de 'Mônica Nº 5' (Ed. Abril, 1970)

Nela, Cebolinha está brincando de carrinho quando seu pai, Seu Cebola, bate na porta. Ele pergunta quem bate e o Seu Cebola brinca que é o frio e, assim, Cebolinha não abre a porta até de noite. Seu Cebola fala que é o pai e ordena que Cebolinha abra a porta e ele pede para provar. Seu Cebola entrega a sua carteirinha de sócio debaixo da porta e Cebolinha não abre, alegando que tem que esperar aprender a ler.

Seu Cebola exige que Cebolinha abra a porta ou chame a mãe e ele tem dúvida se é o pai mesmo ou um assaltante. Cebolinha fala que a mãe está lá em cima com o pai e se não for embora vai chamar o pai. Seu Cebola fica mais furioso e bate a porta com mais força. Cebolinha telefona para polícia, falando que tem um homem querendo arrombar a porta, que está sozinho e só tem 6 aninhos e manda virem depressa. 

Chega a polícia e Seu Cebola diz que mora lá e que esqueceu a chave no escritório. O policial manda Cebolinha abrir a porta para resolver a situação. Ele pensa que os policiais são da quadrilha do assaltante e não abre. Seu Cebola diz que quando puser as mãos no filho vai bater nele enquanto o policial avisa que vai arrombar a porta. Cebolinha telefona para os bombeiros e o policial continua gritando para abrir senão vai arrombar a porta. Seu Cebola fala que ele não vai quebrar a porta e o policial faça que era só para assustá-lo e se não assustar vão ter que enfiar Seu Cebola pelo telhado. Seu Cebola o chama de prepotente. 

Os bombeiros chegam perguntando onde é o fogo e Seu Cebola manda esfriar a cabeça do brutamonte. O policial fala que é desacato à autoridade e um bombeiro taca água em todos para esfriar as coisas. Um policial corre atrás do bombeiro para bater por molhado eles e o outro leva Seu Cebola para delegacia. Cebolinha percebe que todos foram embora, com um pouco de água escorrendo por baixo da porta.  

A mãe telefona e Cebolinha diz que agora estão tudo bem, preocupando Dona Cebola. Ele diz ainda que os ladrões foram embora e um deles imitava a voz dele. Ao desligar telefone, Cebolinha acha que poderia ser mesmo o pai dele e ter sido levado pelos ladrões. No final, aparece a delegacia toda bagunçada, com Cebolinha telefonando achando que bandidos raptaram o pai, Policial queixando desacato do Seu Cebola ao delegado e Seu Cebola falando que ele apavorou o filho enquanto Dona Cebola dá queixa que ladrões cercaram a casa dela e exige que vão salvar o filho.

É engraçada essa história, Cebolinha arruma grande confusão só porque não abriu a porta de casa para o pai. Vemos Cebolinha agindo como um pestinha sem tirar ideia que não era o pai batendo na porta, só achando que era quando foi embora com os policiais para a delegacia. A parte do Cebolinha perguntando "Quem bate?" e Seu Cebola respondendo que "É o frio!" é um referência à antiga propaganda de TV das Casas Pernambucanas na época e que Mauricio quis aproveitar. E que foi fundamental na história, talvez se Seu Cebola não fizesse brincadeira e falasse que era ele, o Cebolinha podia ter aberto e não ter acontecido nada disso.

Apesar da bagunça toda, dá para mostrar mensagem para as crianças que não se deve abrir porta de casa para estranhos, quem não conhece. Incorreta atualmente por envolver tema de assaltante, mesmo que não teve um de fato, fora virar caso de polícia, todos pararem em delegacia no final e parte do diálogo do Seu Cebola querendo dar surra no filho quando puser as mãos nele também não seria bem vindo hoje. 

Pode notar também que a história é toda formada com piadinhas  em cada metade de página, que juntas formam uma história completa. Era como se fossem tirinhas de jornais seriadas.  As vezes até acontecia isso na época de série de tirinhas foram histórias nas revistas, só colorindo e redesenhando quando as originais eram bem antigas, no início dos anos 1960. Como era só Mauricio que produzia tudo, aí precisava ele aproveitar tirinhas do jornal "Folha de São Paulo" para poder preencher as revistas a tempo e até o grande público conhecer o seu trabalho publicados anteriormente em jornais locais.

Os traços nos primórdios eram os personagens com bochechas pontiagudas, tem os que gostam assim, outros não gostavam, achavam feio. Eu acho neutro e até um estilo engraçado. Também era mais frequente personagens falando de boca fechada, como foram algumas falas do Seu Cebola nessa, aí depois diminuíram isso, embora acontecia também as vezes nos anos 1980 e 1990. 

A linguagem era toda formal, principalmente colocações pronominais com próclises e ênclises nos seus devidos lugares, como podem ver em trechos como Seu Cebola falando "Meu filho recusa-se a abrir a porta" e Cebolinha falando com a mãe "Não precisa assustar-se". Com o tempo eles passaram a deixar linguagem mais informal e atualmente parece que estão querendo voltar com a normal culta. Quando Cebolinha falava com as letras trocadas, as palavras apareciam entre aspas, só a partir de 1972 que resolveram deixar em negrito. Outro detalhe é ter cada página numerada com número com círculo depois eles tiraram esse recurso.


Pode ver também que Cebolinha pensava errado trocando as letras nos primórdios, depois nos anos 1970 ainda ele passou a pensar certo nos pensamentos, mas nos anos 1980 e 1990 ele voltou a pensar trocando letras e atualmente ele pensa certo. Sua idade aí já era de 6 anos, mas quando criado como coadjuvante na Turma do Franjinha, ele tinha de 4 anos, falava errado por ser uma criancinha que ainda não sabia falar direito. Outra curiosidade que foi revelado o primeiro endereço do Cebolinha, "Rua Tupi, Nº 108". Os personagens nunca tiveram endereço fixo, depois que adotaram que moravam no fictício Bairro do Limoeiro, mas nome de rua e número de casa nunca foram fixos. Por exemplo, na história "Aniversário infalível", de Cebolinha Nº 94', de 1994, ele morava na "Rua do Limoeiro, Nº 25".

Na época só tinha revista da Mônica e, assim tinham histórias de todos os personagens nas revistas dela. Com o sucesso do Cebolinha, resolveram criar uma revista dele a partir de janeiro de 1973. Também foi republicada depois no livro "Mauricio 30 Anos", que foi uma homenagem aos 30 anos de carreira dele até então, com curiosidade da carreira e criação dos personagens e republicações de histórias de todos os tempos até então. Legal que nem ortografia original eles mudaram nesse livro como palavras como "êle". Na verdade, era pra ser lançado em 1989, mas pelo visto teve um atraso ou só tiveram uma ideia de criação do livro em 1990. Neste ano, "Mauricio 30 Anos" está completando 30 anos. Mostrei mais detalhes desse livro AQUI

Capa do livro "Mauricio 30 Anos" (1990)

Sem dúvida essa história "Quem bate?" é um clássico marcante do Mestre Mauricio de Sousa que sempre vale ser lembrado ainda mais no dia do aniversário dele. Em vez de postar história de metalinguagem com Mauricio, resolvi mostrar um clássico escrito por ele. Em uma mesma postagem, deu para homenagear ao mesmo tempo o aniversário de 85 anos do Mauricio, 60 anos do Cebolinha, 50 anos dessa história e 30 anos do livro "Mauricio 30 Anos". Só comemorações. Parabéns, Mauricio!!!

sábado, 24 de outubro de 2020

Tirinha Nº 76: Aniversário do Cebolinha


Hoje, dia 24 de outubro, é aniversário do Cebolinha. Em homenagem, mostro uma tirinha com a Mônica desejando Parabéns pelo aniversário puxando a orelha dele o número de vezes da sua idade e Cebolinha fica com orelha enorme, inchada e cheio de dor. Muito legal esses absurdos. Era um costume antigo das pessoas puxarem a orelha do aniversariante de acordo com a idade que estava fazendo. Só que como Mônica tem grande força e exagerada, acabou alongando a orelha do Cebolinha. 

Na época ele só tinha 6 aninhos então só com 6 puxadas a Mônica conseguiu essa façanha. Hoje em dia, seriam 7 puxadas por conta dos personagens terem agora 7 anos. E se considerar a data de criação de 60 anos do Cebolinha, hoje ela teria que puxar 60 vezes. Impublicável atualmente para não dar mau exemplo de crianças fazerem o mesmo com os amigos e fora que não gostam mais de absurdos nas histórias. 

Feliz aniversário, Cebolinha!

Tirinha publicada em 'Cebolinha Nº 94' (Ed. Globo, 1994).  

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Cascão: HQ "O pequeno Capitão Feio"


No final de setembro de 1990 foi lançada a "Coleção Coca-Cola" e está completando 30 anos. Em homenagem, compartilho uma história da edição do cascão em que ele se tornou Capitão Feio por um dia quando o original estava com poderes fracos.

Com 9 páginas, começa com o Capitão Feio sorridente sobrevoando o céu e sujando tudo que encontra pela frente. Consegue sujar um menino, mas quando tenta sujar um cachorro não consegue. Ele vê que seu raio de sujeira concentrado falhou e percebe que está velho e não tem a mesa energia de antes e começa a chorar, achando que era o fim dele.


Capitão Feio encontra o Cascão brincando de embaixadinha e comenta que ele é a salvação, está ficando velho e precisa de alguém para continuar a obra dele. Cascão a princípio não aceita porque as pessoas gostam de tomar banho e Capitão Feio joga uma lábia, falando que ele é inteligente e sensível e que precisa mostrar para as pessoas o que é bom e um dia elas o agradecerão por isso. Cascão acaba aceitando e Capitão Feio transfere seus poderes a ele, que será multiplicada muitas vezes porque é jovem e cheio de vida.


Funciona e Cascão vira o novo Capitão Feio e o original vira uma pessoa comum. Cascão sobrevoa o bairro e Mônica, Cebolinha e Titi veem e gostam que ele estava voando que nem o "Super-Homão". Cascão suja todo mundo e Titi fala que está voando que nem Capitão Feio. Cascão ainda suja Bidu, Jeremias, Magali e Humberto, que tinha acabado de sair do rio. Anjinho pergunta como Cascão foi parar na nuvem e ele suja o Anjinho, que acha que o capitão Feio encolheu.


Anjinho encontra a turma toda suja, a ponto do Cebolinha tomar 10 banhos e não sair a sujeira. Anjinho encontra o Capitão Feio, que fala que passou a peteca para o seu herdeiro. Anjinho fala que Cascão é melhor que o original, que em todos os anos de experiência, Capitão Feio nunca fez aquilo. Capitão Feio diz porque ele é jovem e Anjinho rebate que é questão de competência.


Capitão Feio fica com raiva e vai exigir do Cascão os seus poderes de volta. Cascão lamenta que agora estava ficando divertido, mas devolve os poderes assim mesmo, voltando ao normal. Anjinho comenta que do Cascão ele está livre e quando vai ver o Capitão Feio, vê que estava fraco, sem conseguir sujar nem um bebê. Cascão lamenta que a turma estava mais bonita quando vê todos se banhando no rio e Anjinho fala que o que seria do branco se todos gostassem do azul. Cascão reclama que é tudo culpa do Capitão Feio e acha que ele até desistiu de sujar todo mundo e Capitão Feio fala que nunca desiste e vai na farmácia comprar um fortificante e voltar bem forte pra sujar tudo na próxima aventura.


História legal com o Capitão Feio fazendo do Cascão ser se herdeiro nas sujeiras por se achar velho e sem forças. Foi bom ver o Cascão como um novo Capitão Feio sujando todos ate Capitão Feio desistir da ideia para Cascão não ser melhor que ele. Interessante também o Capitão Feio querer tomar vitaminas de farmácia para voltar a ter poderes. Pelo visto conseguiu já que depois voltou normalmente com seu panos de sujar o mundo. 

A história mostra diferença de uma pessoa jovem e velha, com o novo ter mais disposição para fazer as coisas. A expressão do Anjinho falando o que seria do branco se todos gostassem do azul foi também a boa mensagem na história, a graça é cada um ter seu gosto, se todo mundo gostasse das mesmas coisas ia ser sem graça. Já a expressão "jogar peteca" é antiga, significa "passar a vez para outra pessoa".


Cascão gostava de sujeira e fazia apologia. Ele só ajudava a turma  contra o capitão Feio por que era seus amigos, mas no fundo adorava ver tudo sujo. Hoje em dia ele faz apologia à limpeza, ensina boas maneiras para deixar tudo limpo e, com isso, essa história seria impublicável hoje em dia. Não foi a primeira vez que Cascão tinha virado Capitão Feio, á havia acontecido na história "O testamento do Capitão Feio" de Cascão Nº 27 - Ed. Abril, 1983. Capitão Feio era tio do Cascão quando criado em 1972 ('Mônica Nº 31'), depois foi deixado isso de lado, por isso não foi falado nessa história. Herdeiro seria no fato do Cascão gostar de sujeira e nada mais natural ele ser o seu substituto.


Os traços muito bonitos e caprichados, como de costume na época. Teve erro do Titi falando de boca fechada. Foi uma história inédita até então publicada nessa "Coleção Coca-Cola" do Cascão. Teve propaganda do selo da "Coca-Cola" tradicional e da "Coke Diet" inseridas na história. Como nunca foi republicada até hoje, aí nunca sabemos quais eram as imagens omitidas pelas propagandas. Normalmente, colocavam em partes sem importância, sem diálogos, que não faria diferença para a história sendo omitido. Essa foi a edição com mais histórias inéditas, foram 4 no total, contando com essa.


A "Coleção-Coca-Cola" foi um grande marco. Com lançamento em outubro de 1990, tinha que colecionar 15 tampinhas ou 15 selos de copos de Coca-Cola ou outros refrigerantes da marca e trocar nos postos por uma revista. Cada um dos 5 principais teve uma revista e também foi disponibilizado uma caixinha para condicionar a coleção. Porém, na última semana de setembro, dava para encontrar as revistas nas banca por preço das quinzenais da época, cada dia era vendida ma. Na segunda-feira ficava disponível o da Mônica, na terça-feira chegava o do Cebolinha e por aí vai. Mas tinha que ir cedo porque acaba rápido porque era estoque limitado.


As revistas tinham 36 páginas e misturavam histórias inéditas com republicações da Editora Abril entre 1978 a 1985. Dentre as inéditas até hoje poucas foram republicadas depois em almanaques e nas republicações só clássicos excelentes. Foi muito bom relembrar essa história "Pequeno Capitão Feio", uma história marcante e inesquecível, assim como a "Coleção Coca-Cola" como um todo, há exatos 30 anos.

Para saber mais detalhes sobre a "Turma da Mônica Coleção Coca-Cola" como um todo, entre aqui:

sábado, 17 de outubro de 2020

Cebolinha Nº 66 - Panini (Cebolinha 60 Anos)


Nas bancas, 'Cebolinha Nº 66' da Editora Panini em comemoração aos 60 anos de criação do Cebolinha. Comprei essa edição e faço uma resenha de como foi.

O personagem Cebolinha completa 60 anos agora em 2020. Inspirado em um amigo do Mauricio de Sousa, estreou em março de 1960 em uma ilustração do Jornal "Folha de São Paulo", logo depois estreia real participando da história "Concurso de robustez canina", de "Zaz-Traz Nº 2", além de aparecer em histórias das revistas "Zaz-Traz" e "Bidu", ambas da Editora Continental, e teve sua primeira tirinha de jornal publicada em 24 de outubro de 1960 no jornal "Folha de São Paulo". 

Primeira história solo do Cebolinha ("Zaz-Traz Nº 4" - Ed. Continental, 1960)

No início Cebolinha era coadjuvante nas tiras e histórias de Bidu e Franjinha, foi criado como um menino menor que a turma do Franjinha que trocava letras por ser pequeno demais e inicialmente tinha vários fios de cabelos espetados e depois foram diminuindo os fios até ficarem 5 fios. Com o seu carisma logo passou a protagonizar tiras de ornais solo a partir de 1961, passou a ganhar características próprias, como trocar "R" pelo "L" e problemas com seus 5 fios de cabelo, e se tornou o principal personagem do Mauricio, só perdendo espaço de personagem protagonista com a criação da Mônica em 1963. Ganhou revista própria em 1973 pela Editora Abril (168 edições), passando pelas Editoras Globo (246 edições) e Panini (100 + 66 edições), onde está hoje, totalizando 580 edições até agora, somando as 3 editoras.

Sempre marcou o personagem histórias envolvendo sua dislalia de trocar o "R" pelo "L", sufoco com seus 5 fios de cabelo, provocar a Mônica e ambição de se tornar o dono da rua no lugar dela, ser perturbado pelo Louco, cotidiano com sua família (os pais Seu Cebola e Dona Cebola, irmã Maria Cebolinha e cachorro Floquinho), se achar o mais esperto, brincadeiras com seus amigos, além de aventuras típicas de revistas infantis como enfrentando vilões, monstros, bruxas, extraterrestres, etc. Atualmente o personagem anda abaixo do esperado por conta do politicamente correto imposto nas revistas, mas não perde a importância dele e continua muito querido pelos fãs.

Primeira tirinha de jornal com o Cebolinha (Jornal "Folha de São Paulo", 24/10/1960)

Com isso, em comemoração aos 60 anos do Cebolinha, todas as capas das revistas da MSP, sejam mensais e almanaques, vão ter a partir desse mês um selo comemorativo "Cebolinha 60 Anos", que provavelmente vai ficar nas capas por 1 ano (12 edições das mensais), fora que a MSP tem vários lançamentos especiais para esse mês de outubro, seja em bancas ou livrarias. 

Além dessa mensal 'Cebolinha Nº 66' com história de abertura comemorativa, serão lançados livros em capa dura em livrarias. 'Cebolinha 60 anos - o Dono da Lua', com 160 páginas e custando R$ 49,90, reunindo histórias de todos os tempos do personagem, estilo como foi o "Cebolinha 50 Anos", de 2010. Outro livro será o especial "Dia das Bruxas", com 320 páginas e custando R$ 54,90, com histórias recentes consideradas de terror publicadas nas revistas da Editora Panini.

Capas dos Livros em Capa Dura: "Cebolinha 60 Anos - Dono da Lua" e"Dia das Bruxas"

Também o 'Almanaque Temático Nº 56' será "Cebolinha - Aniversários", sendo dessa vez só reunindo histórias de aniversários do Cebolinha. E o 'Almanacão Turma da Mônica Nº 6' desse mês promete ser especial só com histórias e passatempos com Cebolinha. Esses "Temáticos" de aniversários já saturaram, é toda hora o mesmo tema de aniversário, muito repetitivo. De todos esses especiais, devo ficar só com a revista mensal e o livro "Cebolinha 60 Anos". 

Capas: "Almanaque Temático Nº 56" e "Almanacão Turma da Mônica Nº 6"

Sobre a mensal do mês, custa R$ 7,90 e segue com formato lombada, 84 páginas e tamanho convencional, com 10 histórias, incluindo a tirinha final. A distribuição até que chegou cedo aqui nesse mês, dia 6 de outubro, muitas vezes chegam depois do dia 10. O preço das revistas desanimam, estão muito caras, desde maio de 2020 tiveram reajuste com R$ 6,90  as com formato canoa e R$ 7,90 as com lombada, ficando cada vez mais difícil leitores comprarem.

A capa foi especial, bem caprichada e um trabalho sensacional de ser toda formada só por elementos com 60 referências da trajetória do Cebolinha de todos os tempos. A revista não tem frontispício de apresentação, já começa com a história normalmente. A história de abertura se chama "Cerebrolinha" comemorativa aos 60 anos do personagem. 

Na trama escrita por Flavio Teixeira de Jesus e com 30 páginas no total, Cebolinha perde a memória após levar coelhada da Mônica e, para ajudar a voltá-lo ao normal, Louco e Mônica entram no cérebro do Cebolinha para resgatarem as suas memórias. Eles percorrem todo o cérebro, interagindo com os neurônios e células com o compromisso de encontrarem o cofre com todas as lembranças e memórias do Cebolinha, mostrando também durante a história algumas referências de histórias ou fatos passados lá no cérebro dele.  

Trecho da HQ "Cerebrolinha"

Durante a história tem várias notas de rodapés, explicando sobre o que são DNA, neurônios, dopamina, etc. Até o que é desvio fonológico explicaram nos rodapés. Em outros momentos eles explicam as funções do corpo nos próprios diálogos entre eles, como função dos neurônios de trabalho, de curto prazo e de longo prazo, como são feitas as sinapses, etc. 

Nesse ponto ficou uma leitura cansativa e conteúdo educativo bem estilo da revista "Saiba Mais". Por outro lado, com um roteiro assim de vasculhar cérebro e dependendo da idade da criança lendo, fica complexo mesmo para elas saberem o que se tratam os termos falados e aí precisaram foram precisos os rodapés ou diálogos explicando para terem uma noção e aproveitaram para ter um lado educativo que eles tanto gostam atualmente. A sinopse até lembra a história "A memória perdida" de 'Cebolinha Nº 91' (Ed. Panini, 2014) em que o Cebolinha entra no cérebro do Franjinha. Também tiveram rodapés mostrando título e fonte das revistas das histórias mencionadas nos diálogos. Os traços muito digitais, com cuidado de ser tudo bem perfeitinho e milimétrico, as expressões estáticas dos neurônios do Cebolinha no estilo "copiar/colar", não gosto de desenhos assim.

Trecho da HQ "Cerebrolinha"

Em relação às referências de fatos antigos foram poucas faladas durante a história. Como teve mais foco de falatórios entre Louco e Mônica e entre eles e os neurônios dentro do Cebolinha e explicações das partes do cérebro, então as referências foram apenas citadas rapidamente nela. As referências de uma só vez apareceram mais no final, que foram algumas das mostradas na capa.

Foram mostradas referências não só de revistas do Cebolinha, mas também de fatos que aconteceram com ele sem ter sido em suas revistas. Com isso, mostram coisas de tiras dos anos 1960, de Turma da Mônica Jovem, filmes de animação, Cebolinha Toy, etc. E estão inclusas, personagens comuns que apareceram em várias edições como o Floquinho, o Capitão Feio e os seres de esgoto, Anjinho, etc. Eu achei bom ter menção a toda trajetória do Cebolinha, não ficar restrito só às suas revistas, podiam também ter colocado no lugar alguns vilões ou personagens de uma só história que foram marcantes.

Nas páginas 78 e 79 tiveram uma seção mostrando os 60 elementos da capa. Como já dito, capa é toda formada por elementos de todas as fases, inclusive o Nº 60 é uma referência aos seres da história "Emoções Bárbaras" (CB  #121, de 1983) e até a roupa que ele usa é a mesma da capa de 'Cebolinha Nº 100', de 1981. Percebe que teve mais destaque coisas dos anos 1970, poucos anos 1990 e bem considerável os da Panini. Algumas de cara a gente percebe do que se trata tais elementos como o Bicho-Papão (CB # 17, de 1974), a Galinha de Troia (CB # 65, de 1978), Balas Bilula (CB # 29, de 1989), carrinho de rolimã da história "De volta para a historinha" (CB # 60, de 1991). Já outras custamos a perceber, mas dá para lembrar ao ver as fontes de cada uma mostradas nas páginas dessa seção. É bom que a gente pode ficar adivinhando quais que lembra. Só na simbolização da história "O Deus Cebola" (CB # 155, de 1985) que podiam ter colocado o Diabão no lugar do Anjinho em cima do planeta Terra, mas como não pode ter mais Diabos nas revistas, ainda mais em uma capa, aí fizeram essa adaptação. E o primo Abobrinha (CB # 75, de 1993) na foto desenharam errado como foi originalmente, podia ao menos ter um boné ou ter colocado formato da cabeça real dele na história.

Trecho da HQ "Cerebrolinha"

Já o resto da revista, chama a atenção de ter praticamente só histórias do Cebolinha e de secundário só do Rolo. Apesar da história da Marina ter crédito dela no título, mas teve presença do Cebolinha o tempo todo e até considero como história dos dois. Geralmente tem misturas de histórias do Cebolinha com as de secundários nas revistas dele, nem lembro quando vi só com histórias dele, é mais fácil encontrar revistas com mais histórias de secundários e quase nenhuma do Cebolinha do que só com histórias dele. Provavelmente foi também em homenagem aos 60 anos do personagem.

Observando as histórias, em "O presente", de 2 páginas, o pai do Cebolinha, Seu Cebola, dá um carrinho caminhonete movido a controle remoto ao filho. Interessante observar os personagens seguindo o estilo de cotidiano da vida atual, com Cebolinha brincando com joguinho em smartphone, afinal quase todas as crianças tem um hoje em dia, e a Dona Cebola conversando com alguém em um smartphone em vez de telefone fixo. Traços digitais ficaram bem feios, personagens sem vida, expressão  estáticas, que desanima.

Em "Eu estou sem ideias para planos infalíveis", de 4 páginas, Cebolinha fica sem inspiração para criar um plano infalível contra a Mônica e o Louco tenta ajudá-lo com lição de moral no final. Os traços de PC ficaram horrorosos, conseguiu ser pior que a história anterior  do presente. Os personagens pequenos, expressões do estilo "copiar/ colar" bem nítidos, como dá pra comprovar no primeiro e terceiro quadrinhos dessa página com o desenho do Cebolinha igual só mudando um pouco a proporção e inserindo uma boca diferente no terceiro quadrinho, e  ainda o Cebolinha ficou deformado e bem gordo do jeito que fizeram.  Constrangedor. 

Trecho da HQ "Eu estou sem ideias para planos infalíveis"

Depois das páginas de seções de cartas e passatempos, vem "Filho de peixe", com 5 páginas, em que o Cebolinha fica indeciso se vai passear com o Floquinho ou jogar bola com os amigos. Os traços não foram bons também e chama a atenção de agora de colocarem boca no Floquinho para demonstrar a emoção do cachorro, se está rindo, está triste, com raiva, etc. Achei estranho isso, era bem melhor o mistério que tinha antes de qual lado era a cabeça dele e qual era a cauda, pessoas com dúvida e fazendo bullying se era cachorro ou não. Era muito raro aparecer boca nele nas antigas e mesmo assim só quando precisava demonstrar alguma emoção que ficaria sem sentido se não tivesse, agora boca em todos os quadrinhos descaracteriza muito uma mudança assim.

Trecho da HQ "Filho de peixe"

Em seguida, vieram histórias mais simples. Em "Sem sono", de 4 páginas, Cebolinha fica com insônia e faz de tudo para poder dormir. Em "Planos", de 1 página, ele mostra um plano infalível contra a Mônica para o Floquinho participar. Nessa até que o Floquinho aparece sem boca por causa da posição que estava, mas com a onomatopeia no final dá para saber onde é a sua cabeça, não ficou o mistério de onde era. Já em "Chora, não", de 6 páginas, Cebolinha chama a Marina até sua casa para ela fazer a Maria Cebolinha parar de chorar desenhando bonecos reais com o lápis mágico.

"Juntos em Veneza", de 7 páginas, do Rolo, é a única história da revista com secundários, sem ser do Cebolinha. Rolo está trabalhando como vendedor e passa sufoco com uma cliente que queria comprar banheira de hidromassagem. Embora até tem um jeito atrapalhado, nunca consigo acostumá-lo com esses traços, com os desenhos antigos com cabelo de flor ficaria bem melhor. Fazia tempo que não comprava revista que tinha história solo dele.

Trecho da HQ "Juntos em Veneza"

A revista termina com "Faça um pedido", de 8 página, sobre aniversário do Cebolinha. Nela, Cebolinha pede, ao assoprar velinhas para cortar o bolo de aniversário, um desejo de ganhar o Filisteu, um coelho de pelúcia com a força de 50 "Sansões" para derrotar a Mônica. E, assim, ela, com medo, faz de tudo para desejar desfazer o pedido dele e enquanto ele pedia para desfazer os pedidos dela, com mensagem bonita no final. 

A de abertura, embora comemorava 60 anos do personagens, não é propriamente uma história total de aniversário, aí festa de aniversário típica dos seus 7 anos, como fazem questão de ter todo ano, ficaria de fora se não colocassem essa no final. E achei nada a ver a personalidade da Mônica com medo de enfrentar um "Felisteu", nas histórias antigas ela enfrentaria sozinha um exército de "Filisteu" na surra sem medo nenhum. Definitivamente, descaracterizam demais a Mônica atualmente, conseguiram estragar com a personagem.

Trecho da HQ "Faça um pedido"

A revista termina com uma tirinha normal com Cebolinha, sem ser de aniversário. E na contracapa teve uma propaganda especial em homenagem aos 60 anos do Cebolinha. Até que ficou legal essa propaganda.

Propaganda da contracapa em homenagem aos 60 Anos do Cebolinha

Achei uma revista razoável, podia ser melhor a comemoração, com menos conteúdo didático, mais referências e comentários às histórias antigas e podiam caprichar mais nos traços, sem deixar tão digital. Pelo menos a comemoração dos 60 anos do Cebolinha não passou em branco. Embora nessa edição não teve as terríveis caretas, mas os traços como um todo bem fracos e digitais do estilo "copiar/ colar" e letras digitais que estragam com as revistas. Vale se quiser ter edição comemorativa na coleção dá para comprar. Fica a dica. As outras revistas do mês não vi nada de mais e não comprei, então sem resenha delas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Chico Bento: HQ "Como diz o ditado..."

No Dia dos Professores, mostro uma história em que o Chico Bento dormiu durante o Ditado na escola, dando muita confusão. Com 3 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 220' (Ed. Globo, 1995).

Chico Bento e Zé da Roça estavam indo para a escola em dia de Ditado e Chico comenta que não gosta porque sempre dá sono. Na sala, Professora Marocas manda os alunos arrancarem uma folha de caderno para começar o Ditado e eles têm que transcrever na folha tudo que ela fala. Marocas começa com o cabeçalho, com nome da escola e data e em seguida o ditado em si.


Chico começa a ter sono até que cochila de vez enquanto ela está dizendo o texto do Ditado. Um aluno manda repetir e Marocas repete com o trecho "A professora" mais alto que o resto da frase. Chico desperta, escreve e volta a cochilar. Marocas continua com o outro parágrafo e um aluno manda falar mais alto e ela fala "está muito velha e feia!" mais alto, com Chico despertando nessa hora.

Continuando com o Ditado, ao falar que a escola precisa ser reformada, um aluno pergunta como é e ela repete alto "precisa ser reformada", despertando o Chico. Termina o Ditado, foi bem curtinho, todos entregam suas folhas para a professora Marocas. Quando ela lê o Ditado do Chico, ele escreveu apenas "A minha professora está velha e feia e precisa ser reformada". Marocas fica uma fera e dá zero para ele. No final, na saída da escola, Chico comenta com Zé da Roça que por isso não gosta de Ditado.


É muito engraçada essa história, bem curta e sem enrolação. O Chico Bento dorme durante o Ditado, só despertando e escrevendo  quando a Marocas fala mais alto e acaba escrevendo só que a professora está velha e feia e precisa ser reformada. Até a data ele escreveu errado colocando 6 de maio em vez de 26 de junho. No tempo que Chico era burro na escola, permitia essas pérolas nas revistas, era legal Chico levar nota zero na escola com suas trapalhadas, Marocas sofria com ele.

Impublicável hoje em dia já que o Chico é só bom aluno na escola, não pode dar mal exemplo de ser dorminhoco na aula e nem ofender a professora, mesmo que sem querer. Na verdade, quase nem tem mais histórias do Chico na escola hoje e quando tem, é só dando bom exemplo e com caráter educativo. Traços ficaram bons, bem típicos de histórias de miolo dos anos 1990. 


Nessa descobrimos que o nome da escola do Chico era "Escola de 1º grau de Vila Abobrinha", vimos que o lugar que o Chico morava já se chamava assim e tempo que ensino fundamental tinha o termo "1º grau" e Ensino Médio era "2º grau". A data de 26 de junho foi mês que a revista foi lançada e na história de abertura "Aniversário na escola" foi passada nos dias 30 de junho e 1º de julho, já que o Chico já tinha data de aniversário oficial de 1º julho e, portanto, a de abertura aconteceu depois dessa história do Ditado na mesma revista. Feliz Dia dos Professores!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Capa da Semana: Cebolinha Nº 4


No Dia das Crianças, compartilho uma capa retratando infância, dessa vez sem piada, apenas um desenho bonito com Cebolinha e Cascão empinando pipa e Bidu correndo carregando o carretel da pipa na boca enquanto ele empinava. De vez em quando tinham capas só com uma ilustração simples para diferenciarem das piadas, eram boas também. Feliz Dia das Crianças!!!

A capa dessa semana é de 'Cebolinha Nº 4' (Ed. Globo, Abril/ 1987).

sábado, 10 de outubro de 2020

Papa-Capim: HQ "Um indiozinho casca-grossa"


Mostro uma história em que o Papa-Capim teve que impedir um menino fantasiado de indiozinho de caçar os animais da floresta. Com 4 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 34' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Chico Bento Nº 34' (Ed. Globo, 1988)

Papa-Capim está olhando um pássaro cantando, quando uma flecha quase atinge o pássaro. Foi tacada por um menino vestido de indiozinho, que reclama que errou o alvo. Papa-Capim fala que aquele é um dos pássaros mais raros da floresta e com canto mais bonito que se pode ouvir e que Tupã nunca o perdoaria por uma maldade daquela.


O menino resolve caçar outra coisa e Papa-Capim logo vê uma anta correndo. Ela se esconde atrás do Papa-Capim e o menino manda a anta do Papa-Capim sair da frente da anta. Papa-Capim fala que ela é só um filhote e tão inofensivo como o menino. Ele resolve atacá-la, alegando que se é "inofensiva como ele", seria perigosa, mas ainda assim Papa-Capim o impede de atacá-la e manda caçar outra coisa.

Depois o menino passa, então, caçar um jacaré. Papa-Capim impede, falando que jacarés estão em extinção e proibido caçá-los. O menino desiste e volta para casa que era perto da floresta e reclama com a mãe que tinha um índio chato que perseguia em todo lugar que ia. A mãe fala para ele se se arrumar que vai levá-lo ao parque de diversões. Papa-Capim olha e descobre que ele não era um indiozinho e precisa se preparar porque dará muito mais trabalho quando for adulto enquanto está junto com os bichos que salvou mais outros da floresta.

Uma boa história mostrando um menino vestido como indiozinho querendo brincar de caçar bichos em extinção na floresta e Papa-Capim impedindo. Tem uma boa mensagem de alertar sobre caça de animais silvestres extintos e preservação de natureza. Mensagem boa no final de que se o menino criança já estava com aquela índole ruim, ia piorar quando fosse adulto e se ainda morasse lá, Papa-Capim teria muito mais trabalho para salvar os bichos quando crescesse. 

Ele era bem perverso, sem pena nenhuma dos animais. Inclusive foi boa a comparação do menino não se achar inofensivo quando estava caçando a anta e reconheceu que era perigoso com suas atitudes. Interessante também nessa história ter uma família morando perto do início da selva do Papa-Capim e, com isso, mais fácil o acesso de "caraíbas" à aldeia. Mas muitas vezes era retratado como aldeia ser em lugar bem distante da civilização. O menino não teve nome e apareceu só nessa história. 

Impublicável hoje pelo tema de ter caça de animais selvagens mesmo que seja para ensinar alguma coisa, fora que não costuma mais ter personagens contracenando com esses animais selvagens, mesmo se não fossem maltratados. Palavra "Droga!" também proibido e menino chamar Papa-Capim de anta também não seria bem vindo hoje.

Além disso, linguagem informal como "deixe ela em paz", "caçando eles", hoje eles estão procurando colocar linguagens mais formais sem ser coloquial. O que é uma pena, gibis pedem linguagem informal, fora que em situações assim professores podem colocar como material de sala de aula com exercícios para alunos transcreverem diálogos com a norma culta. Os traços excelentes, tanto personagens como a floresta como um todo foram bem desenhados, dava gosto de ver traços assim. Como era bom ver Papa-Capim sem roupa como índio primitivo raiz, a partir deste ano, mudaram colocando o indiozinho com  roupa assim como os outros índios e deixando uma tribo de índios moderna, inclusive morando agora em casas simples em vez de ocas.