sexta-feira, 28 de maio de 2021

Mônica: HQ "Péssimo Negócio"

Em maio de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Péssimo Negócio" em que a Mônica passa sufoco para se livrar de uma lagartixa de plástico. Com 10 páginas, foi  história de abertura de 'Mônica Nº 53' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Mônica Nº 53' (Ed. Globo, 1991)

Mônica encontra um ambulante chorando porque estava lá há horas e não conseguiu vender nada e que desse jeito vai à falência. Mônica pergunta quanto custa a mercadoria e como custava 20 cruzeiros, ela resolve comprar para ajudá-lo. O vendedor entrega o produto rapidamente falando que Mônica fez um ótimo negócio e vai embora, falando que esse truque nunca falha.

Mônica comenta que é bom ajudar os outros e quando vai ver o que comprou, vê que era uma lagartixa, fica desesperada de medo e tenta soltar, mas a lagartixa fica grudada na mão dela. Mônica tenta desgrudar a todo custo, já com medo de pôr a outra mão, descobre que não era uma lagartixa de verdade, era de plástico com uma ventosa e por isso ficava grudada. Quando joga fora, a lagartixa gruda no cabelo de uma mulher que estava passando na rua e ela desmaia. O marido vê que não era de verdade e taca a lagartixa na Mônica, a chamando de menina má.

Mônica resolve jogar a lagartixa no lixo, mas no caminho encontra a Magali e a Denise. Não queria que as amigas a vissem com a lagartixa e resolve esconder na boca. Denise fala que elas fundaram o clubinho das meninas e foram convidar a Mônica para ser sócia. O clubinho só aceita meninas finas, elegantes e educadas. Magali vê a Mônica com boca cheia e comenta que não é nada elegante comer e não oferecer para os outros e quer saber o que ela tem na boca. Mônica tenta desviar, se assusta ao pisar em uma pedrinha e mostra a língua com a lagartixa. Denise informa que Mônica está excluída do clubinho, Magali pede licença e as duas desmaiam.

Mônica fica furiosa e joga  a lagartixa no lixo, mas o lixeiro manda a Mônica não jogar a coisa nojenta no lixo, dizendo que os lixeiros são o quê. Mônica fica mais furiosa ainda, soltando palavrões e vai para casa pra deixar bem escondida. A mãe se assusta vendo a Mônica com lagartixa no ombro. Antes de desmaiar, Mônica avisa que é de brinquedo e Dona Luísa manda a filha tirar aquilo da vista dela.

No quarto, Mônica procura um esconderijo para lagartixa e põe na sua testa para não ficar olhando para a cara de boba da lagartixa. Nisso, Cebolinha e Cascão estão planejando plano infalível para a Mônica: ou ela entrega o Sansão a eles ou vão ameaçar a  tacar besouro e minhoca nela. Cascão comenta que foi um sufoco catar aqueles bichos nojentos e cebolinha diz que vai valer a pena porque a Mônica sente mais nojo que eles

Os meninos ordenam Mônica entregar o "coelhinho encardido". Mônica não aceita e antes de eles falarem que é bom porque senão tacam bichos nela, eles veem lagartixa na cabeça da Mônica. Ela diz que foi ela quem colocou, é uma praga e até na boca já escondeu. Os meninos se espantam e acabam desmaiando.

Mônica vê que eles iam tacar besouro e minhoca nela e quando acordam, correm com medo de ela colocar os bichos na boca deles. Mônica gosta porque depois dessa vão demorar a bolarem outro plano infalível e passa a achar que bom que comprou a lagartixa. Mônica fala com ela que prestou um favorzão e olhando bem nem é feia e é de brinquedo e fez perder um pouco o medo que tinha de lagartixa. Mônica toca nela, põe na cabeça e comenta que estava mais geladinha e escorregadia. 

No final, Dona Luísa aparece falando que deixou a lagartixa de plástico medonha junto com os trastes da garagem. Então, Mônica se toca que estava tocando em uma lagartixa de verdade e desmaia e Dona Luísa, sem saber, pensa que é efeito retardado, e a lagartixa pensa que a Mônica é bicho pegajoso.

História muito engraçada. Mônica tenta se livrar de uma lagartixa de brinquedo que comprou com um ambulante malandro e arruma muita confusão ao causar medo e nojo em quem via e pensavam que era uma lagartixa de verdade. No final, quando se acostumou, acabou tocando em uma de verdade e ela que desmaia com nojo. Foi querer fazer boa ação e se deu mal. Erro dela também de ela comprar sem perguntar antes o que ambulante estava vendendo.

Foi engraçado ver a Mônica e todos com medo ou nojo da lagartixa, inclusive o lixeiro, ela colocar na boca e na cabeça. Na vida real também muita gente tem pavor de lagartixa, aí ficou também a crítica a isso. Eu até acho lagartixa normal, não tenho medo nem nojo, mas muitos não pensam assim.

É também tipo de história com a personalidade da Mônica de medo de bichos e insetos sujos como lagartixa, ratos, minhocas, baratas, etc. Ela toda valentona, bate em todo mundo, mas tinha ponto fraco de ter pânico desses bichos a ponto de fazer escândalos e até ser derrotada por eles. Nessa história até que incluíram também Cebolinha e Cascão com nojo, não só as meninas e mulheres, mas normalmente os meninos não tinham nojo desses bichos.

Legal também as partes de monólogo da Mônica. Eu gostava de ver os personagens falando sozinhos, ficava engraçado. Dessa vez não foi história toda, mas em boa parte a Mônica falava sozinha. Os grandes personagens conseguem fazer graça sozinhos. Incorreta por ter envolvimento de personagens com bichos assim considerado sujos, no final a Mônica até tocou em uma lagartixa de verdade, assim como Mônica falar palavra "Droga!" e palavrões. Ela tinha que ter jogado no lixo desde o início, é incorreto jogar coisas no chão.


Na parte que Cebolinha e Cascão falam ao mesmo tempo para a Mônica entregar o Sansão para eles, tem a curiosidade de quando o Cebolinha fala alguma coisa ao mesmo tempo com alguém, a fala dele saía sem trocar "R" pelo "L", prevalecia a fala de quem falava certo. A propaganda inserida na história dessa vez foi na lateral direita foi do grupo "Ama", escola de música, bem frequente nas revistas de 1991. 

Os traços muito bonitos e caprichados inclusive com curvas nos olhos quando estavam bem brabos, adorava assim. Denise ainda com traços diferentes a cada história, até que ficou bonita assim. Primeira vez que Denise apareceu em uma revista da Mônica, antes aparecia só nas revistas da Magali. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Uma história do Astronauta enfrentando um Novo Demônio


Compartilho uma história em que o Astronauta teve que livrar a Terra de ter dois Diabos dominando o planeta. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 75' (Ed. Abril, 1979).

Capa de 'Cebolinha Nº 75' (Ed. Abril, 1979)

Começa com anjos subindo a "Escada da Ascensão Espiritual" no universo e um anjo para de subir no meio do caminho e senta na escada. Um anjo comenta que já aconteceu há milhões de anos e o último que fez isso foi confinado no planeta Terra e está até hoje provocando confusão com seu mau gênio, rebeldia e todos os seus poderes e deve acontecer com esse ser que acabara de sentar.

O outro anjo comenta que ele não parece ser mau e o outro ser diz que quando param de subir, começam a transforma-se e em seguida aparecem os Anjos Guardiões que só aparecem quando o equilíbrio do universo está ameaçado.

Eles perguntam ao Anjo porque parou, a ascensão é obrigatória. O Anjo responde que teve uma vaga lembrança quando eles podiam subir ou descer há milhões de anos, e teve saudade de quando tinham aquele alegre irresponsabilidade. Os Anjos falam da consequência dessa "alegre irresponsabilidade": gases e matérias em explosão contínua, constelações formando-se e desmanchando e o universo explodindo mil vezes, tudo por causa de forças terríveis que são desencadeadas quando algum deles resolve descer.

O Anjo fala que não estava descendo, apenas parou um pouco. O Anjo Guardião diz que nenhuma força pode parar no universo e, então, o Anjo resolve descer como rebeldia. O Anjo Guardião aciona a emergência que tem um anjo caído ameaçando o universo. Eles tentam a técnica do circuito alado dimensional para irem atrás dele e o Anjo não entende por que tata pressa deles.

Cada vez que desce, começa a transformação e ele passa a entender a preocupação dos anjos. Passa a se transformar em um diabo e diz que quanto mais desce, mais sente energia que nunca imaginou que tivesse no corpo, é a dor e a força de mil universos explodindo dentro dele. Os Anjos Guardiões unem as asas para a formação do circulo dimensional, cercam o Anjo Diabólico e conseguem se livrar do segundo Ser Diabólico e lamenta que o "Planeta Prisão" vai ter mais um diabólico motivo para se preocupar.

Nas proximidades da Terra surge o Ser Diabólico e ao ver a Terra e diz que seja quem for que viva lá, vai conhecer a força dos seus novos mil ódios e maldades. Astronauta estava próximo e Vê um vulto na sua nave e pensa que era um anjo no vácuo espacial. Ele vai conferir mais de perto. O Ser Diabólico considera o Astronauta uma coisa insignificante e que deve ser habitante do "Planeta Prisão" e joga o Astronauta de volta à nave apenas com um gesto. 

Astronauta vai checar o que é aquela criatura que pode ser perigosa para a humanidade e descobre que ele era um demônio, vindo de outra dimensão e com tantos poderes quanto o velho Diabo Terrestre. Comenta que o nosso Diabo deve ter vindo do mesmo lugar que ele e reconhece que existe de fato. O Ser Diabólico fala que tem bilhões de habitantes na Terra e vai gerar mais guerras, desconfiança e destruições  e o Velho Diabo exilado terá muita coisa que aprender com ele.

Surge o Velho Diabo da Terra e fala que mais um deixou de subir a escada e foi parar nos domínios dele. O Novo Demônio diz que era domínio até agora e pergunta por que ele não pensa em aposentadoria, Astronauta vê que eles estão discutindo e isso não pode acontecer, pois são muito poderosos e seria perigoso para a humanidade. O Velho Diabo fala para ele voltar para a escada como um bom diabinho e evitar aborrecimentos e o Novo Demônio sugere que para ele partilhar o mundo da Terra e se não concordar disputam duelo na força e ele ganha por ter a força de mil demônios novos.

Astronauta interrompe, avisando que se eles brigarem lá perto da Terra, vão destruir todo o sistema. O Novo Demônio fala que é o terráqueo insignificante de novo e Velho Diabo corrige que nenhum deles são insignificantes se podem ser grandes aliados e fora que Astronauta tem razão, quem quer que vença, vai ficar vagando pelo vácuo espacial porque não sobrará muita coisa do sistema solar se desencadearem todas as energias na luta.

Astronauta leva os demônios à sua nave e, através de aparelhos especiais, fazem brigar no universo neutro para não atingir a humanidade e dentro de uma hora, ele traz o vencedor do duelo. Então, o Novo Demônio volta à escada celestial e fica revoltado que foi enganado pelo humano e pretendia ensinar muitas coisas aos terráqueos. Logo reconhece que eles não tinham nada a aprender com um pobre diabo como ele e resolve subir a escada com os outros anjos.

Na nave, Astronauta comenta que um toque no botão "retorna às origens" e a Terra fica livre dos 2 Diabos, teve que enganá-los, mas não ficara com consciência pesada. Vão ficar lutando por uma hora e o vencedor da batalha mortal vai ficar toda eternidade esperando que ele ligue a máquina de retorno, e ficar para sempre vagando no vácuo espacial. Acha que foi uma ideia diabólica e dá gargalhada, mas logo percebe falou palavra "diabólica" e estranha.

No final, o Velho Diabo, vencedor do Duelo, estava em cima da nave do Astronauta, só esperando ele chegar na terra para voltar a domina ro Planeta Prisão, e comenta que desde o início já sabia da "ideia diabólica" do Astronauta com tanto tempo de serviço, não era difícil imaginar a verdadeira intenção do Astronauta.

História maravilhosa, envolvente do início ao fim mostrando a ideia da "Escada de Ascensão Espiritual", escada para aumentar o nível espiritual dos anjos, mas quando um anjo desce e se transforma no Diabo e é exilado no Planeta Terra. Mostra também como seria a Terra se tivessem dois diabos ou então ter um pior que o Diabo atual. Como não podia ter dois diabos na Terra, resolvem duelar e Astronauta aproveita para fazer os dois sumirem e não ter mais diabo na Terra, mas não contava com a habilidade do Velho Diabo já saber do seu plano e conseguiu reverter e voltar à Terra.

Como já estava sabendo das intenções, por isso o Velho Diabo aceitou e ainda disse que terráqueos podem ser grandes aliados. Astronauta não teve ética e pensava que podia enganar o Diabo, mas viu que não era bem assim. Percebeu que o plano deu errado quando falou a  palavra "diabólica" que, naquelas alturas, não devia mais existir e tudo devia estar em harmonia na Terra. Astronauta não podia destruir o Diabo porque na vida real ele ainda existiria e daria mensagem errada para os leitores, por isso o Diabo se deu bem nessa história.

Sensacional também ver a rebeldia do Novo Demônio em descer a "Escada de Ascensão Espiritual", a luta dos anjos guardiões para não desequilibrar o universo e a luta entre o Novo e o Velho Diabo para ver quem vai ficar governando a Terra. Interessante que Astronauta foi só aparecer a partir da página 7, roteirista quis deixar bem explicada a forma do Novo Diabo aparecer na Terra. No início também não falaram abertamente sobre diabos e que o anjo estava virando um novo diabo, só deixavam a  entender, e só foi sendo explicado melhor depois da presença do Astronauta. A Terra considerada como Planeta Prisão, um castigo para os seres maus foi legal também.

Capaz de até ter sido o Mauricio de Sousa o roteirista dessa, visto que nos anos 1970 ele gostava de escrever histórias longas de aventuras e com ar filosófico para personagens secundários como Astronauta, Horácio, Piteco, Turma da Mata. 

É considerada bem pesada para um gibi infantil e impublicável atualmente, sem dúvida, achariam traumatizante para as crianças. Nem pode mais ter diabos nos gibis, muito menos assim nesse nível. Na época, os gibis atendiam a todas as idades e por isso até era comum esse estilo de histórias. Depois, fizeram a história "O Deus Cebola" ('Cebolinha Nº 155' - Ed. Abril, 1985), antológica também, com esse tema da "Escada de Ascensão Espiritual" com a diferença naquela que o Anjinho teve ética de ajudar o Diabo no final e nessa, o Astronauta agiu de má fé, pensando que podia enganar o Diabo.

Os traços são um show a parte, sensacional ver desenhos assim bem detalhados, nunca foi visto o Diabo desenhado assim. O Astronauta ainda com bochechas pontiagudas, característico dos anos 1970 e na colorização, o Astronauta aparece com cabelo de cores diferentes, na época prevalecia com o cabelo branco, mas as vezes aparecia de cor amarelo e outras da cor da pele dele e nessa ficou variando cabelo entre branco e cor de pele, mas nada que tire a magia da história.

Tudo indica que nunca foi republicada até hoje, e, com isso, se torna bem rara, mas não seria republicada porque era considerada incorreta para os anos 1980, muito pelo contrário, por sinal, já que seguiam com histórias incorretas a todo vapor. É que pouquíssimas histórias de secundários dos anos 1970 foram republicadas por padrão. Nos Almanaques do Cebolinha, Cascão e Chico Bento só tinham histórias dos respectivos personagens. Já nos almanaques da Mônica, normalmente os chamados "Almanaques da Mônica" tinham histórias só dela e os com termo "Almanaque da Turma da Mônica" é que tinham também histórias com secundários e mesmo assim procurando colocar histórias mais curtas deles. Essa do Astronauta podia ser sido republicada a partir de 1984 a 1986 pela Editora Abril e por causa disso não deve ter sido. E na Editora Globo não foi por ter passado o tempo, ser considerada velha para republicação.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Capa da Semana: Cebolinha Nº 89

Uma capa em que o Cebolinha cria um novo plano infalível para derrotar a Mônica logo após ter sido bastante surrado por ela quando descobriu o seu plano infalível. Bem a cara do Cebolinha a sua paranoia de derrotar a Mônica, custe o que custar, e não sossegar até conseguir. Desistir, jamais! Muito legal.

A capa dessa semana é de 'Cebolinha Nº 89' (Ed, Globo, Maio/ 1994).

terça-feira, 18 de maio de 2021

HQ "Chico Bento no restaurante"

Mostro uma história de quando o Chico bento foi a um restaurante pela primeira vez com o seu primo Zeca, causando muita confusão. Com 6 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 51' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Chico Bento Nº 51' (Ed. Globo, 1988)

Chico Bento está em um restaurante da cidade com seu primo Zeca, que pergunta se ele já escolheu o que vai comer. Chico vê o pessoal chamando pelo garçom e ele pretende pedir garçom porque deve ser um passarinhão muito bom para todo mundo estar pedindo. Zeca explica que garçom é quem atende os fregueses e traz os pratos e em seguida sai para ir ao banheiro.

O Garçom pergunta ao Chico se o cavalheiro já escolheu o prato. Chico diz que não sabe de cavaleiro, que veio a pé. O Garçom pergunta se Chico já viu o cardápio e ele diz que não porque estava com o primo. O Garçom entrega o cardápio e Chico diz que está mais difícil de ler do que a cartilha da escola. O Garçom sugere frango caipira e Chico fala para não ficar com gozação só porque ele é caipira e nunca foi a restaurante granfino.

O Garçom diz que não queria ofendê-lo e sugere frango a passarinho. Chico não aceita pensando que o frango vai sair voando pela janela. Garçom sugere virado à paulista e dobradinho e Chico não quer paulista, nem virado e nem dobrado. Sobre arroz de carreiro, Chico quer é arroz de cozinheiro e pergunta que restaurante é aquele. Sobre vol-au-vent, Chico fala ao Garçom que é para ir e demorar para voltar.


Zeca volta e diz que vai escolher medalhão ensopado. Chico fala para não escolher isso, vai quebrar todos os dentes e se for de ouro vão cobrar caro. Zeca explica que medalhão é carne fatiada cortada em rodelas e manda Chico escolher o prato. Chico pede para o Garçom trazer bife a cavalo bem depressa, pensando que o bife ia vir nas costas de um cavalo.

O medalhão do Zeca chega primeiro e Chico pensa que o bife deve estar a burro, que empacou no caminho. O prato chega em seguida. Chico encara o Garçom e fala que aquilo não é bife a cavalo nem lá nem na China. O Garçom diz que está tudo ali, o arroz, o bife e o ovo, e Chico pergunta onde está o cavalo. O Garçom fala que bife a cavalo é só o nome e Chico fala que não interessa, prometeram cavalo e ele quer cavalo. 


Zeca implora para Chico não fazer vexame, que o garçom está certo. Chico fica contrariado que não vai mais levar um alazão para casa. Depois de comer, Zeca pergunta se gostou do prato e Chico responde que estava mais ou menos e prefere o arroz e feijão da mãe dele. O garçom pergunta se querem sobremesa, Chico diz que sim, embaixo da mesa que não ia e Zeca tampa a boca do Chico para ele não falar mais besteira e pergunta o que tem. O Garçom diz que eles têm pudim de leite, sorvete e frutas. Chico quer goiaba, Garçom diz que não tem e Chico diz que quer jaca mole.


Zeca interrompe e manda o garçom trazer a conta. Enquanto esperam, Zeca dá bronca no Chico que precisa se comportar ou não vai mais levá-lo a restaurante, tem que aprender que as coisas na cidade não são como na roça e continua a bronca. A conta chega e vem muito cara e no final o Zeca fica abismado com o dinheiro que perdeu e Chico comenta que o povo da cidade acha que são sabidos, mas no final acabam pagando o cavalo que não veio, o medalhão de ouro ,entre outros.


É engraçada demais essa história com o Chico arrumando confusão no restaurante na cidade. Como ele nunca tinha ido a um restaurante e muito menos granfino, não sabia do que se tratava aqueles pratos. Acabou o Zeca se dando mal pagando caro demais e o Chico, com a sua simplicidade, não deixou de estar errado comparando o preço das comidas com preço de cavalo e medalhão de ouro.

Foi de rachar de rir ver o Chico não sabendo nem o que era garçom, achando que era comida, os trocadilhos com as comidas, como no bife a cavalo pensar que bife ia vir no cavalo, ele discutindo com os garçons, dando vergonha ao primo Zeca. Chico não saber o que era os pratos granfinos, até tudo bem, mas não saber o que é garçom e sobremesa, foi hilário. Eu adorava histórias assim com o Chico lerdo na cidade, constraste de um autêntico caipira na cidade, pena não ter mais histórias assim, provavelmente para não retratar um caipira na vida real como um retardado. Nas histórias atuais, só mostra o Zeca na roça, em situações normais e, com isso, não são engraçadas.


Os traços ficaram excelentes típicos dos anos 1980, gostava muito quando o Chico Bento e o Zeca tinham narigão assim, ficava melhor, hoje colocam narizes muito pequenos, descaracterizando os personagens. a curiosidade é que na época o Zeca não tinha nome, o Chico só o chamava de primo ou "primo da cidade". O Zeca só foi ter nome definitivo nos anos 1990.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Uma história do Horácio envolvendo ambição

Mostro uma história do Horácio que envolve ambição de lucro, o que ajuda a vender mais. Foi publicada em 'Mônica Nº 83' (Ed. Globo, 1993).

Escrita por Mauricio de Sousa, um dinossauro sorridente pergunta ao Horácio se continua cultivando alfaces ridículas. Horácio diz que vive disso e é a sua alimentação básica. O Dinossaurinho diz que a nova onda são as flores. Horácio diz que não come flores e o Dinossaurinho responde que Horácio não tem ambição, se cultivasse flores ia lucrar muito mais que alface e com o dinheiro comprava quantas alfaces quisessem.

Horácio, com sua sabedoria, dá lição que se todo mundo cultivasse flores, de quem ele compraria alface e se sobrar alguém plantando alface, ele poderia cobrar o quanto quiser. Com isso, o Dinossaurinho muda de ideia e resolve ser sócio do Horácio na plantação de alface.

Nessa história, Mauricio quis mostrar mensagem de ambição, monopólio e empreendedorismo, de algum produto ficar na moda, todos querem vender e quem for esperto, que venda um produto alternativo em falta no mercado e poder cobrar o quanto quiser já que não terá concorrente de vendas. O Dinossauro Sorridente tinha ambição de plantar flores porque todo mundo vendia, mas viu que podia lucrar mais sendo sócio do Horácio que plantava alface e que ninguém vendia, podendo cobrar o quanto quiser. Antes, o Dinossaurinho até achava as alfaces ridículas, mas mudou de ideia ao ver melhor visão de negócio para lucrar mais.

Horácio, apesar de ser dinossauro, era característica dele de só comer alfaces, diferenciando de seus amigos dinossauros. Por isso ele plantava, apenas para consumo próprio, nem tinha intenção de montar negócio com plantação de alface. Já o Dinossaurinho só queria visar o lucro, seja como for. Apareceu só nesse tabloide, como de costume de personagens secundários. Mauricio elaborava muito bem as histórias do Horácio, sempre tinha uma pegada filosófica, nem que seja nas entrelinhas. Histórias do Horácio eram páginas semanais dos jornais e que depois eram republicadas nos gibis em 1 página mesmo ou em 2 páginas com desenhos ampliados. Traços ficaram muito bem caprichados. A seguir, mostro a história completa:


segunda-feira, 10 de maio de 2021

Magali : HQ "Duas Magalis comem comem muito mais"


Dia 10 de maio é aniversário da Magali e para comemorar, mostro uma história em que ela teve que lidar com uma sósia por causa de invenção do Franjinha bem na sua festa de aniversário. Com 13 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 180' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Magali Nº 180' (Ed. Globo, 1996)

Na sua festa de aniversário, Magali estava vendo o presente que a Denise deu para ela, uma minifeirinha. Tenta comer, mas as frutas são de plásticos. Chega o Franjinha com seu presente, que era uma invenção. Magali até pensa que era um moderador de apetite como foi ano passado, mas, na verdade, era um pôster da sua supermáquina fotográfica que cria posteres instantâneos em tamanho natural da pessoa e Franjinha tira a foto dela.


Magali gosta do presente, põe o pôster na cama e faz todos irem para a sala antes dos outros convidados comerem tudo da festa. Mônica comenta que Magali convida pouca gente e, de fato, só tinha o Cascão lá na sala, e Magali diz que é porque gosta de festas íntimas e Cebolinha fala que é para sobrar mais comida.

Volta aparecer o quarto da Magali, bem na hora que a imagem do pôster da Magali cria vida e sai do poster e anda como uma sósia dela. O Franjinha não testou a invenção e não sabia disso. A porta do quarto estava trancada, a sósia sente o cheiro de comida e sai pela janela até à entrada da casa.

Na festa, Magali oferece empadinha para o Cascão e ela diz que é feio ele encher a mão para pegar, era para comer só uma. Depois, ela come as outras empadinhas que sobraram escondida. A porta bate, Cebolinha pensa que é penetra, e quando Mônica abre, era a sósia da Magali, mas eles não sabiam ainda. A sósia vai direto para a mesa dos quitutes da festa. 

Em seguida, a verdadeira Magali oferece bolinha de queijo para os amigos. Denise e Franjinha pegam uma, aí uma pessoa pega vários. Quando vê, ela dá de cara com a sua sósia do pôster. Magali acha que é uma brincadeira dos amigos e eles pensam que é brincadeira de alguém que ela não convidou para aprontar com ela. Cascão puxa o cabelo pensando que era peruca, mas era de verdade e a sósia taca bolinhas de queijo neles. 

A turma vê que ela come igual à Magali e deduzem que é irmã gêmea da Magali. Mônica faz comparação a novelas "Sangue do meu sangue", " Cara e Coroa", emendando com medo de se tornar "A próxima Vítima" e "Explode coração" e Cebolinha comenta que ela está vendo novelas demais. Magali diz que não tem irmã gêmea, o rosto é só dela e o aniversário é só dela. 

Cascão vai falar com os pais da Magali dizendo que o aniversário é dela, mas quem ganha o presente são eles, mostrando a sósia. Os pais se assustam, acham que é brincadeira e Cascão conta que ela é a outra filha deles desaparecida. Seu Carlito fica desesperado, pergunta ajoelhado para Dona Lili por que nunca contou e a esposa diz que sempre tiveram um filha, a não ser que o médico os enganou. Deduzem, então, que elas foram separadas na maternidade.

Seu Carlito chora, não de felicidade, e, sim, de desespero, pois não sabe como vai sustentar 2 comilonas. Dona Lili comenta que vai passar a trabalhar também. Magali fala que não está tudo bem e não quer irmã gêmea, começa a chorar  e vai para o quarto e Seu Carlito pergunta se era a Magali ou Margô, já dando nome para sua nova filha.

No quarto, Magali vê o pôster só com uma sombra e deduz com a "Margô" na sala que era invenção do Franjinha, cientista maluco. Ela vai até à sala, bem na hora dos "Parabéns" com todos cantando com a Margô, pensando que era a Magali. Ela diz que não era a Margô e aquela coisa não era irmã dela e, ao mostrar o pôster para o Franjinha, ele se imagina um cientista genial e comemora que inventou uma máquina que cria pôsteres holográficos tridimensionais ambulantes.

Franjinha pega a sósia, passa cola nas costas e gruda no pôster e com o uso do seu spray bidimensionalizante, volta a ser um poster comum como qualquer outro. Seu Carlito comemora que não tem uma filha gêmea e Magali também fica feliz por ser a titular. Ela pede desculpas aos amigos por ter sido regulada com eles e que podem comer à vontade. Franjinha fala que havia feito um pôster com a turma enquanto esteve no quarto e, assim, todos tiveram seus clones comilões espalhados pela festa e Magali fala que não tem problema, depois cola um por um, quanto mais gente na festa é melhor, aprendendo a lição de não regular comida para os outros.

É bem legal essa história, tem invenção do Franjinha que mais uma vez deu confusão com a turma. Dessa vez com uma máquina de criar pôsteres ambulantes, que fez todos pensarem que a Magali tinha irmã gêmea separada na maternidade. Histórias mostrando sósias dos personagens sempre eram divertidas. 

Mostra também o lado egoísta da Magali que regulava as comida da festa para os seus amigos, convidou só 5 amigos para sobrar mais comida, se pudesse, não iria ninguém para ela comer tudo sozinha, e ficou desesperada em saber que podia ter uma irmã gulosa que nem ela e ter que dividir comida com ela, dessa vez ela se arrependeu no final. O clone da Magali não falava, só onomatopeias alimentícias. Isso foi interessante.

Foi divertido ver a Magali ordenando que os amigos pegassem só uma guloseima quando ela oferecia, o seu desespero em pensar que tinha irmã gêmea, mas o ponto alto, sem dúvida, foi o jeito do Cascão contar aos pais da Magali sobre o clone ser irmã separada na maternidade e o Seu Carlito desesperado em saber que tinha mais uma filha e não ter como sustentar 2 comilonas. Era legal quando o Cascão se referia aos pais dos amigos como "Dona mãe" e "Seu pai", não foi só nessa história, era algo característico dele, de vez em quando falava isso, como aconteceu na história "Cebolan, o Destruidor", em 'Cebolinha Nº 158'  (Ed. Abril, 1986).

Foi bom ver também as referências da Mônica a novelas envolvendo gêmeos e emendar outras novelas da época na sua frase. Nas histórias antigas, era comprovado que ela era noveleira de carteirinha, tiveram várias histórias com ela abordando novelas, hoje em dia não tem mais isso porque novelas não coisas de crianças. E dessa vez, os nomes das novelas não foram parodiados para fazer mais sentido ao diálogo dela, mas, normalmente eles parodiavam os nomes. O título bem criativo com referência à brincadeira de "Dois elefantes, incomodam, incomodam muito mais".

A invenção do Franjinha foi boa da máquina fotográfica já revelar foto como pôster em tamanho natural, bem que podia existir. Na época, a mais parecida era as do tipo Polaroid que imprimia a foto em tempo real, só que de tamanho pequeno, em formato quadrado, em vez de retangulares 10 x 15 tradicionais, ainda assim já era um marco para a época porque não precisaria esperar revelar negativo para ver a foto que tinha acabado de tirar. Surpresa maior foi criar clones humanos a partir dos pôsteres com essa foto, bem a frente do seu tempo também.

A capa da revista desse vez com alusão à história de abertura, na época só tinham capas com assim com histórias mais especiais. Os traços da história ficaram bons, no estilo anos anos 1990, com direito a personagens com línguas maiores dentro da boca, inspirados no estilo dos anos 1970. Denise ainda aparecia desenhada diferente a cada história, só teve estilo definitivo em 1998, na historia "Tribo das modernosas", de 'Magali Nº 245'. A colorização é que não gostava assim mais escura, sobretudo o marrom que ficava muito escuro em um só tom, como pode ver no cabelo da Denise e do Seu Carlito e cores de portas e cama, por exemplo. Cores assim ficaram entre fevereiro a junho de 1996, acabou coincidindo com a morte da roteirista Rosana Munhoz e sem querer ficou parecendo como um luto a ela. 

Falando em Rosana, quem sabe, essa história até seja dela, já que morreu em janeiro de 1996 e as revistas de maio já estavam prontas, fora que mesmo depois que faleceu, ainda tiveram várias histórias póstumas dela que colocavam nas revistas, histórias arquivadas que ela tinha deixado prontas antes de morrer. Em 1996 tiveram ainda várias histórias dela normalmente e até em 2002 ainda podiam ser vistas histórias dela, só que com menos frequência que antes. Enquanto eles tinham roteiros arquivados dela, eles publicavam.

FELIZ ANIVERSÁRIO, MAGALI!