sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Bidu e Franjinha: HQ "Feliz Ano Velho"

No dia de Réveillon, compartilho uma história do Franjinha com Bidu  em que o Ano Velho não queria ir embora da Terra com vergonha das coisas ruins que aconteceram no seu ano. Com 7 páginas, foi história de abertura de 'Mônica Nº 21' (Ed. Abril, 1972).

Capa de 'Mônica Nº 21' (Ed. Abril, 1972)

Escrita por Mauricio de Sousa, se passa em um dia ensolarado do verão, no começo da tarde, Franjinha e Bidu estão descansando no quintal de casa, quando Bidu ouve um barulho esquisito vindo do porão. Franjinha, a princípio, pensa que é só um rato, mas depois percebe que olhos são muito grandes para ser um rato e resolve chamar seu pai para ver quem é.

A voz no porão fala para ele esperar, que não vai fazer mal nenhum e que já fez muita maldade e que agora não pode mais fazer nenhuma. Fala que ele é um velho infeliz e odiado, que já fez muita maldades mas a missão dele acabou pois felizmente foi substituído nas funções e agora não vai mais prejudicar ninguém.

Franjinha vai até o porão e pede ao velho ir lá para fora. Ele manda Franjinha ir embora, quer ser esquecido, não fez nada de bom e felizmente sua vida chegou ao fim. Franjinha pensa que ele tem voz de uma pessoa de mais de 100 anos. O velho pede para deixá-lo escondido lá, quer que ninguém mais se lembre dele e nunca soube de nenhum colega ter sido tão mal como ele foi.

Bate uma claridade no porão e Franjinha descobre que ele é o Ano 1971 que passou, que conta que não devia estar na Terra, mas não teria coragem de tomar caminho para o Asilo dos Anos Passados e não saberia como encarar os anos que o antecederam. Todos tiveram coisas boas para lembrar, todos significaram algo de bom para alguém, menos ele, que só houve crimes, inundações e catástrofes no período dele, não teve um dia que não presenciou tragédias e desordens. Aí se escondeu lá para que não se lembrem do monstro que ele foi.


Franjinha fica com pena, acha que ele pode morrer de tristeza se continuar assim. O Velho Ano lembra da inundação que houve na Ásia com muitas vítimas e desabrigados. Franjinha diz que não lembra  direito porque na época estava ocupado porque nasceram os pintinhos lindos da sua galinha Carijó. O Velho Ano lembra das mortes e crimes por motivos estúpidos no período dele e Franjinha diz que não reparou nas notícias tristes e, sim, no nascimento de quíntuplos, quadrigêmeos e trigêmeos, que nasceram muitos bebezinhos em 1971.

O Velho Ano comenta sobre as guerras, brigas, incompreensões e Franjinha conta que ele estava ocupado estudando, passou com a primeira nota nos exames de fim de ano na escola e teve uma coisa importante lá, a vacinação das crianças contra a Poliomielite, foi muito bonito ver as pessoas com crianças no colo recebendo a vacina SABIN. Outra coisa boa é a corrida espacial Pacífica entre os povos da Terra, enquanto tentam tirar fotos melhores de cada planeta, há mais paz na Terra.

O Velho Ano fica na mente sobre esses acontecimentos de vacina, estudos, nascimentos e diz que não foi tão mal assim. Franjinha diz que sempre terá alguém que vai sentir saudade do tempo dele. O Velho Ano sai do porão e vai de encontro com o Velho Tempo, que estava o procurando. Ele se apresenta para se recolher e Velho Tempo pergunta por que fugiu e que os colegas dos anos anteriores estão o esperando pra contar as fofocas do período dele e enquanto se vão para o Asilo, Franjinha comenta com o Bidu, que tudo tem 2 lados como uma moeda, é só olhar para o lado mais bonito. 

Uma história muito legal e envolvente com o Ano 1971 não querendo ir para o "Asilo dos Anos Anteriores" porque tinha vergonha dos maus acontecimentos que aconteceram durante o seu período. Precisou Franjinha apontar os bons acontecimentos de 1971 para o velho não cair em depressão e não ficar na Terra.

Tem uma bonita e importante mensagem de não ficar lembrando só das coisas ruins. O Velho Ano ficava focado se lamentando das tragédias, mortes, e esquecia das coisas boas. Em qualquer ano vai ter coisas ruins e coisas boas, tem que filtrar e permanecer na lembrança das coisas boas, os momentos bons que teve. Mauricio gostava dessas histórias filosóficas, colocando a sua voz, seu auto ego nas falas dos personagens, nessa história era como se ele estivesse falando aquelas coisas para o Ano 1971 no lugar do Franjinha, além de mostrar fantasia e imaginação, como foi aí com os anos anteriores se encontrarem em Asilo levado pelo velho tempo.

Foi interessante Mauricio mostrar os acontecimentos de 1971, tanto nas tragédias e nas coisas boas, como enchente na Àsia, Guerra no Vietnã, nascimentos de quíntuplos, vacinação em massa, etc. A gente vê que passa ano, entra ano, as coisas ruins sempre se repetem e a história de 50 anos atrás se torna atual até hoje. Incrível a semelhança até na vacina em evidência, com diferença só que era a vacina SABIN de poliomielite e hoje é a vacina de COVID. Em 1971 tinha um surto de Poliomielite e resolveram fazer vacina em massa com as crianças para conter a doença e em 2021 tem vacina em massa contra a COVID e agora também para vacinar as crianças, uma grande coincidência.

O Bidu fez mais figuração, foi basicamente mesmo uma história do Franjinha. Eles gostavam de retratar o Ano que passou como um velho e o Ano- novo como bebê. Essa ideia do ano velho querer ficar na Terra, aconteceu também na história "O último servicinho do ano" da Dona Morte de 'Cascão Nº 77' (Ed. Gobo, 1989). Histórias assim sempre eram boas. Hoje não fazem mais histórias de Réveillon nem gostam de mostrar problemas sociais por serem inapropriados para crianças e nem mostrar coisas datadas de uma época, aí impublicável.

Essa história acabou sendo publicada em janeiro de 1972 e não em dezembro, como seria mais natural. As vezes tinham histórias de Réveillon em janeiro, quando queriam dar prioridade ao Natal em dezembro ou a história se remeter que está passando após a passagem de ano. Interessante também que não foi uma história de abertura da Mônica em  uma revista dela, nos primeiros números da Editora Abril, algumas edições a Mônica quase não aparecia, ficava secundária na própria revista e tinham muitas com secundários. Com o tempo, foram fazendo histórias mais dela e aí ficou mais equilibrado presença dela e histórias dos secundários.

Os traços foram bons, típicos das primeiras edições da Mônica dos anos 1970 com os personagens bochechudos, os primórdios do Mauricio. Ao longo dos anos foram mudando de forma bem gradual que nem percebiam das mudanças que estavam tendo nos traços, só quando a pessoa pegava uma revista antiga para reler. Foi legal a brincadeira do título "Mauricio deseja a todos um Feliz Ano Velho", bem criativo. Apesar de já ter tido a Reforma Ortográfica de 1971, em dezembro, ainda aparecia a ortografia antiga antes da reforma porque os gibis estavam produzidos antes e não davam para corrigir, fora que normalmente quando ocorre mudanças assim fica algum tempo aceitando as 2 formas de escrita. Excelente mostrar esse clássico de exatos 50 Anos.

UM FELIZ ANO NOVO A TODOS!!!

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Livro "Horácio e seus amigos dinossauros" (1993)

Em dezembro de 1993 foi lançado o livro "Horácio e seus amigos dinossauros" reunindo páginas semanais do personagem que saíram em jornais. Nessa postagem mostro como foi esse livro especial.

O Horácio foi criado em 1961 fazendo participações esporádicas em tiras e páginas do Piteco em jornais. Em 1963 passou a ter páginas solo no jornal "Folha de São Paulo", no suplemento "Folhinha de São Paulo" a cada semana era publicada uma página de história com Horácio escrita pelo Mauricio de Sousa, podendo ser uma página com história completa ou uma página com história seriada, cada semana era liberada uma página da história, ficando meses para se ter uma história completa e conhecer o final dela. Em 1988 as páginas foram para o jornal "O Estado de São Paulo", no suplemento "Estadinho". Foram publicadas páginas do Horácio entre 1963 a 1992 contando os jornais "Folha de São Paulo" e "O Estado de São Paulo".

Para comemorar, então, os 30 anos de lançamento das páginas semanais do Horácio, foi lançado esse livro especial pela Editora Globo de 1993. O livro teve capa cartonada, formato 21 x 27,5 cm, 114 páginas com papel off set no miolo.  Começa com uma introdução de 4 páginas apresentando o Horácio, com suas principais características.

Uma página de apresentação

Na introdução também fala de curiosidades e um pouco sobre as páginas semanais dele nos jornais, miniatura da primeira página de 1963 e no final mostra um esboço de uma das páginas feito pelo Mauricio de Sousa, antes de ser produzido com arte-final e cores para sair no jornal.

Uma página de apresentação

A seguir vem as histórias, são disponibilizadas em ordem cronológica entre 1981 a 1984. Apesar na introdução falar que são a partir de 1982, mas tiveram algumas de 1981, mostrando ano nas próprias páginas. Foram 103 páginas de jornais entre Nº 852 a 961, mostradas na ordem, sendo que algumas puladas.

A maioria foram com história completa em cada página. Apenas 6 que foram seriadas, contendo histórias entre 2 a 4 páginas com exceção de uma com os Napões que teve 8 páginas relembrando os velhos tempos. Nessa fase dos anos 1980, as páginas eram com história completa, famosos tabloides, e eram raras as seriadas e quando tinham, não eram tão longas voltadas com grandes aventuras com mais de 8 páginas como foram nos anos 1960 e 1970, foi bem raro ter.

O Mauricio nessa fase dos anos 1980 fazia histórias mais curtas e objetivas, provavelmente por não ter muito tempo de criar histórias. Nesse período também muitas eram voltada a Filosofia, com alguma lição de vida, problemas sociais, deixando o Horácio com sabedorias, mas tiveram algumas também com humor, além de fugir do amor da Lucinda, desentendimentos com Tecondonte e Antão (que no livro o Maurício o colocou com nome de Mamutão), entre outras. 

A maioria desses tabloides foram aproveitados depois em gibis, primeiro saíam nos jornais de São Paulo e depois reeditavam nos gibis para o público de todo o Brasil conhecer também. Ou seja, nos anos 1980 e 1990 não tiveram histórias do Horácio inéditas criadas exclusivas para os gibis, foram só reedicões das páginas de jornais feitas pelo Maurício, com exceção dos Gibizinhos do Horácio, que aí foram criadas por roteiristas da MSP. Ainda assim, tiveram algumas desse livro que não saíram em gibis e são raras, então.

Uma das páginas que foram seriadas

As páginas originalmente foram publicadas nos jornais de forma horizontal, mas nesse livro para facilitar a leitura e também pra aproveitar a organização como saíram nos gibis nos últimos anos, aí deixaram na vertical. Algumas das páginas com histórias seriadas desse livro foram reorganizadas ou redesenhadas quando foram republicadas nos gibis para caber mais em mais páginas nos gibis. Acontecia também nos gibis de histórias de 1 página colocarem em 2 com desenhos ampliados para ocupar mais páginas nos gibis. Então, com esse livro dá pra ver os traços originais.

Nesse livro teve 1 tabloide estrelado pelo Piteco. No caso, saiu em uma página do Horácio e pelo visto Mauricio queria diferenciar e publicar algo diferente do Horácio nesse espaço dedicado do jornal. Essa nunca foi republicada em gibi e foi rara. Lembrando que em algumas dos anos 1960 e 1970 tiveram algumas páginas e histórias com Horácio interagindo com Piteco e a Turma da Mônica, já nessa aparece só Piteco sozinho, mostrando apenas no título que "Horácio conta uma do Piteco".

Dentre outras raras de destaque, teve uma em homenagem aos 20 anos de criação do Horácio, com um dinossauro reclamando que também tinha 20 anos e não aproveitou nada da vida até aquele momento e Horácio lhe dá ums how de sabedoria. E uma outra passada no futuro daqui milhares de ano com descendentes do Horácio em outro planeta e mostra a forma que o Horácio fugiu e se livrou da extinção dos dinossauros. Outra coisa bem interessante é o logotipo das páginas sempre interagir com o tema da história proposta, como nessa página que ele colocou logotipo com caveira para representar extinção dos dinossauros. Uma boa criatividade do Mauricio pensar nisso ao criar as histórias.

Na contracapa, uma linda ilustração misturando foto real com desenho com o Maurício de Souza apontando para o Horácio e os outros personagens criados por ele.

Contracapa da edição

Para constar, depois, em 2013, foi criado um livro com essa ideia pela Editora Panini com o mesmo nome "Horácio e seus amigos dinossauros" em homenagem aos 50 anos do lançamento das páginas semanais dele, com capa dura de luxo. Apesar do mesmo nome, não foi uma reedição do livro de 1993 da Editora Globo, esse de 2013 reúnem tiras cronológicas bem no início, entre 1963 e 1965. Era pra ser edição regular para republicar todas as páginas do Horácio, mas acabaram desistindo do projeto e nunca teve continuação, ficando só nesse volume da Panini.

Capa de "Horácio e seus amigos dinossauros" (Ed. Panini, 2013)

Seguiu assim até em 2021, quando a MSP lançou pela Editora Pipoca & Nanquim a coleção de luxo de livros de capa dura "Horácio Completo", em 4 volumes, para comemorar os 60 anos de criação do personagem, aí finalmente conseguiram publicar todas as páginas do Horácio entre 1963 a 1992, divididos em 4 volumes de luxo com cerca de 300 páginas cada livro. Em 2021 foram lançados os 2 primeiros volumes e em 2022, os volumes 3 e 4. No volume 3 compreende as páginas desse livro de 1993, incluindo as puladas.

Capas dos 4 livros da coleção "Horácio Completo" (Ed. Pipoca & Nanquim, 2021/22)

Como podem ver, "Horácio e seus amigos dinossauros" de 1993 foi um bom livro pra conhecer um pouco a trajetória do Horácio. Livro simples, sem luxo, mas com conteúdos bem marcantes de 9 a 12 anos atrás até então. Mesmo que maioria material conhecido de quem já lia os gibis na época, mas também tiveram algumas raridades que não foram republicadas em gibis, que valem a pena a ter esse livro. Prefiro livros assim com capa cartonada e baratos do que as versões de luxo com capa dura e papel de miolo melhores, tornando mais caro para ter mesmo conteúdo. Elitizar gibis é terrível. 

Hoje esse livro de 1993 fica um pouco sem importância ter (assim como o de 2013), já que dá pra ver essas páginas na coleção de livros de luxo "Horácio Completo", basta comprar o volume 3 que compreende as páginas desse livro de 1993. Mas quem gosta de raridade, sem se importar de ter mesmo conteúdo do que já tem ou quem não pode comprar os livros caros de luxo atuais, pode ser que encontre barato o de 1993 em boa condição de preço na internet ou sebos para ter algum material de páginas semanais do Horácio antigas.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Chico Bento: HQ "Natal na Roça"

No Dia de Natal, mostro uma história lançada há exatos 30 anos em que o Chico Bento encontrou um Papai Noel diferente e duvidou da sua identidade. Foi história de abertura de 'Gibizinho do Chico Bento Nº 5' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Gibizinho do Chico Bento Nº 5' (Ed. Globo, 1991)

Nela, surge o Papai Noel caipira na roça e Chico pergunta quem é ele. Ao revelar que é o Papai Noel, Chico pergunta vestido com aquela roupa e ele responde que como está no Brasil, não dava para ficar encapotado com todo o calorzão.

Chico pergunta pelo trenó e pelas renas e Papai Noel diz que pelas bandas, é melhor uma carroça e as renas são bichos delicados, aí melhor um par de burros, que falam que eles não são burros, e, sim jegues. Chico estranha os bichos falarem e Papai Noel diz que é só saber conversar com eles. 

Papai Noel avisa aos bichos que é para eles esperarem porque vai entregar os presentes na região. Chico estranha ser naquela hora ao entardecer e não de noite e Papai Noel diz que se entregar de noite tem pouca iluminação na roça e vai se perder, fora ele ter vista cansada.

Nhô Lau vê o Papai Noel pegando uma goiaba sua e aponta espingardada para ele. Papai Noel entrega o presente do Nhô Lau, que agradece pelo regador novo e Papai Noel o manda regar bem o pomar e as goiabas são uma gostosura. 

Depois, entrega  uma boneca para a Rosinha e uma vara de pescar para o Zé Lelé, que agradece pensando que era Santo Antônio. Chico fala que ele é o Papai Noel e Zé Lelé corrige como Vô Noel. Para o sítio de Nhô Titita, Papai Noel entrega todo o saco, que era esterco que pediram.

Chico se zanga e fala que ele não é o Papai Noel e enumera que ele não tem trenó nem rena, não usa roupa vermelha de frio, entrega os presentes de dia em vez de noite. Papai Noel o chama de Chico para tentar explicar tudo de novo. 

Chico estranha ele saber o nome dele. Papai Noel fala que sim porque ele é o Papai Noel dele, cada pessoa o imagina diferente, podendo ser um negro magro e até um extraterrestre, mas no fundo eles são todos iguais porque todos levam a mesma mensagem de amor e paz. É Natal, o Menino Jesus nasceu, é o que é mais importante.

Papai Noel entrega o presente do Chico, um chapéu novo. Ele agradece, Papai Noel manda chamá-lo de Nhô Noel e Chico o convida para ficar para jantar com a família dele e depois  ir à missa do galo. Ele diz para ficar para outra hora porque tem outros presentes para entregar, tem ainda muitas crianças esperando. 

Chico diz que os presentes já acabaram e Papai Noel diz que tem muito mais de onde ele veio. Chico comenta que vai demorar muito para chegar com aquela carroça e ele diz para relaxar porque ele é Nhô Noel. A carroça começa a voar após o comando do Papai Noel para os burros Florisval e Gerôncio. No final, com Nhô Noel voando no céu, Chico deseja um Feliz natal para o Nhô Noel e para todos os leitores.

Uma história bem simples e bonita com boa mensagem em que Papai Noel caipira chega na roça, muito diferente da forma tradicional, chegando a dar desconfiança no Chico Bento, mas na verdade era o Papai Noel que o Chico imaginava que podia ser assim no seu interior. Ele agiu como um caipira, falando errado, com carroça, como o Chico é caipira, esse seria o Papai Noel ideal na imaginação dele. 

De fato, temos uma visão do Papai Noel e cultura natalina vindas de países frios, que não contradiz em países tropicais como o Brasil. Como lá é inverno e aqui verão, fica bem diferente ver Papai Noel com roupas de frio no verão,  cultura de que tem que ter neve, além de comidas como nozes, castanhas, que não são típicas do Brasil, etc. Cada continente podia adaptar a sua cultura natalina sem perder a essência e a história também aponta essa ideia. 

A mensagem boa na história foi que independente da forma que a pessoa imagina o Papai Noel, o mais importante é ter paz e amor no coração e celebrar a verdadeira razão do Natal que é o nascimento do Menino Jesus. Foi legal ver toda a interação do Chico com o Nhô Noel, os burros falando que são jegues e os presentes para o povo da roça.

A história não é incorreta, hoje só iriam tirar parte de Nhô Lau apontando espingarda para o Papai Noel, ja que armas são proibidas atualmente na MSP. Os traços excelentes, um encanto, ainda mais nesse formato Gibizinho que davam impressão dos quadros serem maiores. 

Teve 19 páginas no formato Gibizinho, mas se saísse em gibi normal, seria pelo menos a metade de páginas. A capa da edição, muito bonita também, por sinal, apesar de ser tema de Natal, mas não foi relacionada à história de abertura, coisa rara nos Gibizinhos. Mais detalhes do título "Gibizinho" pode ver AQUI e AQUI. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

FELIZ NATAL PRA TODOS!!!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Mônica: HQ "Cuidado, Natal! Ele voltou!"


Compartilho uma história lançada há exatos 40 anos em que o Capitão Feio resolveu fazer mais um de seus planos de sujar o mundo bem no Natal. Com 11 páginas foi história de encerramento de 'Almanaque da Mônica Nº 11' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 11' (Ed. Abril, 1981)

Cebolinha está correndo da Mônica depois de ter aprontado mais uma com ela e tromba com um turista dos Estados Unidos que estava saindo do ônibus. Ele entrega o chapéu com a cabeça ao homem e se desculpa pelo esbarrão e logo se toca que tinha algo errado da cabeça cair junto.


Mônica chega para bater no Cebolinha, que se abaixa e ela cai em cima do turista americano. Lamenta o  ocorrido com turista visitando o país dela e descobre que ele era um monstrengo do esgoto disfarçado e com gravador junto com o tempo todo dizendo "Thank You!". Mônica se espanta que esses monstrengos são comandados por um certo vilão e Cebolinha diz que eles têm que avisar a todos porque é mais um plano diabólico dele.


Mônica e Cebolinha tentam avisar ao Prefeito e ele diz que está ocupado com sua orquestra para receber turistas de todo o mundo, como do México, Japão, Alemanha e Inglaterra, e para o Prefeito, quanto mais turistas, representam mais vendas e mais negócios para ele. Mônica e Cebolinha percebem na hora que são mais monstrengos disfarçados. Eles tentam ir atrás, mas o Prefeito impede, fala para não perturbarem os visitantes dele e vai ficar de olho neles.


Mônica e Cebolinha vão até o monstrengo desmaiado, pegam a roupa dele e se disfarçam de turista americano, com Cebolinha na parte de baixo e Mônica na parte de cima. Eles vão atrás dos outros turistas, eles somem do nada e ao andar, pisa em um botão e são sugados para o escape do lixo, caindo no esgoto.

Descobrem o Capitão Feio, que, ainda sem desconfiar que não era o monstrengo dele, fala para o turista voltar para a fila. Cebolinha quase entrega, correndo para fugir do Capitão Feio. Ele não percebe e manda entregar a pasta na mão e ir para o final da fila.

Capitão Feio coloca filme junto com os outros e explica que mandou os monstrengos viajarem o mundo inteiro para descobrir como é comemorado o Natal em cada país. Seu plano é jogar bomba-presente de sujeira no mundo inteiro, no local exato de acordo com a cultura de cada país, como na Inglaterra se reunirem em espetáculos públicos, nos Estados Unidos deixar presentes para crianças em meias coloridas e lareiras e por aí vai.  Todos gostam de presente de graça e quando todos tiverem reunidos e abrirem os presentes, ele vai apertar o botão de controle e todos os presentes com sujeira concentrada vão explodir deixando o mundo todo em um paraíso poluído.

Cebolinha tenta fugir e Mônica fala que é para eles pegarem o controle remoto para impedir que o Capitão Feio exploda o mundo. O chapéu da Mônica cai, ele reconhece o cabelo e manda os monstrengos atrás deles. Aparece uma pessoa, Capitão Feio pensa que é um monstrengo que passou para o lado da turminha e manda os outros o segurarem para ele jogar o seu ultra-raio de sujeira neles para nunca mais atrapalhar seus planos.

Os monstrengos pegam só a parte de baixo do Cebolinha, Mônica consegue escapar e pega o controle remoto do Capitão Feio, que fala que não adiantou porque ela não vai sair de lá e não vai apertar o botão dos presentes estocados que tinha lá para ficar toda suja. Mônica aperta e ocorre uma explosão no esgoto. Ela, Cebolinha e o homem saem pelo escape do lixo, as crianças ficam desacordadas e o homem os carregam.

Descobrimos que ele era o Papai Noel disfarçado e seus duendes ajudam a limpar Mônica e Cebolinha. Papai Noel conta que se disfarçou de monstrengo para estragar o plano do Capitão Feio e não atrasar o Natal só que não conseguiria sem a ajuda das crianças. Cebolinha comenta o que aconteceu com o Capitão Feio e no final mostra ele e os monstrengos enterrados na sujeira concentrada no esgoto e tentando encontrar a saída e Capitão Feio promete que um dia aqueles moleques vão pagar.

Aventura sensacional com o Capitão Feio com plano entregando no Natal presentes de bomba de sujeira para todos os países e poluir o mundo todo e estragar o Natal de todos. Só que ele não esperava da Mônica e Cebolinha entrarem lá como turistas disfarçados no lugar de seu monstrengo de sujeira e conseguiram estragar o plano do capitão Feio junto com o Papai Noel.

Muito bom ver  a turminha pensando que o monstrengo era um turista de verdade visitando o Brasil, Cebolinha pensar que arrancou a cabeça do turista quando trombou com ele, a forma que se disfarçaram e todo o embate com o Capitão Feio para estragarem o plano dele, Papai Noel ajudando a turminha e, de quebra, ainda descobrimos como alguns países comemoram o Natal, sem deixar piegas. Destaque também para o Prefeito ambicioso, pensando só na visita dos turistas para arrecadar dinheiro, sabendo que turistas ajudam no crescimento financeiro da cidade, sem nem querer saber que não eram turistas e podia custar caro à humanidade com seu ato de só pensar em dinheiro.

Interessante também eles lidarem com filmes de negativos para mostrar as fotos das comemorações do Natal em outros países, hoje é datado câmeras com filmes. E o Capitão Feio gastou uma grana boa para comprar as máquinas, os filmes, gravadores, as roupas e máscaras para disfarçar os monstrengos de turistas, e, principalmente, as viagens de cada monstrengo para os países. Para sujar o mundo, valia tudo para Capitão Feio, até gastar grana enorme. Esses absurdos eram legais nas histórias antigas, não importava como ele conseguiu dinheiro para isso tudo, conseguiu e pronto.

Capitão Feio era um vilão bem perverso nos seus planos de sujar o mundo a todo custo, não foi a toa que o Cebolinha disse que seus planos eram diabólicos. Tinha uma grande criatividade para conseguir seu objetivo. Hoje em dia ele não tem mais esses planos de sujar tudo, histórias são mais bobas e focadas no politicamente correto e chegam, muitas vezes, até ser o o oposto, incentivando limpeza. Ou seja, está completamente descaracterizado. História impublicável por isso de plano de sujar o mundo, apologia à sujeira, Prefeito ambicioso, personagens entrarem em esgoto, além do Cebolinha falar "plano diabólico", pois diabos são proibidos nas revistas.

Nas primeiras histórias do Capitão Feio, ele aparecia raramente nas revistas e tinha caráter de acontecimento quando ele aparecia. Por isso que teve o mistério inicial de quem estava por trás de ter monstrengos disfarçados no início da história e nem foi revelado que era o Capitão Feio o vilão no início. Também era comum os títulos das histórias serem escritos como "volta do Capitão Feio" e por isso no título desta história diz para o Natal tomar cuidado porque "ele voltou". Finais de histórias costumavam ser assim ele prometendo voltar um dia para se vingar depois da turma ter estragado os planos dele, como foi nesta história. Com o tempo, pessoal foi se acostumando mais com o vilão e a presença dele mais frequente e aí pararam com mistérios assim nas histórias dele. 

No início também os monstrengos de sujeira tinham aspectos de monstros mesmo e não falavam, apenas emitiam som "Blup! Blup!" ou "Blub! Blub!". Seguiram assim durante toda a fase da Editora Abril e apenas na Editora Globo que eles começaram a falar e tiveram traços mais fofinhos e tamanhos mais baixinhos e passaram a ser chamados de monstrinhos e não mais monstrengos. Passaram a falar para poder interagir mais com o Capitão feio, até desafiarem e discordarem dele. 

Os traços muito bons, típica da transição dos anos 1970 par aos anos 1980, e, assim, com personagens com bochechas levemente ainda com curvas, mas já se começando a se adaptar a como queriam deixar nos anos 1980. Nunca foi republicada até hoje, como todas as histórias desse 'Almanaque da Mônica Nº 11' e outros almanaques com histórias inéditas da Editora Abril, o que a torna muito rara. Nunca entendi por que essas histórias inéditas de almanaques não foram republicadas pelo menos na Editora Globo, perderam chance. Muito bom relembrar essa história há exatos 40 anos.

domingo, 19 de dezembro de 2021

Capa da Semana: Almanaque da Magali Nº 23


Uma capa em clima de Natal com a Magali toda feliz com os bonecos que ganhou de presente na noite de Natal e o Mingau implicando com o boneco do Bidu. Cada boneco representado pelos personagens de outros núcleos, bem característico em capas de almanaque da Globo. 

De vez em quando faziam capas só com ilustração sem piadas, principalmente em almanaques, para diferenciar e eram bem caprichadas também. Foi, então, uma das raras capas da Magali nesse estilo sem piada envolvendo comida, inclusive em almanaques dela, que também costumavam ter piadas. Nos gibis regulares dela, quando não era comida, era piada com Mingau ou relacionado à história de abertura e muito raro só desenho bonito.

A capa dessa semana é de 'Almanaque da Magali Nº 23' (Ed. Globo, Dezembro/ 1999).