sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Pelezinho: HQ "Quem vai buscar?"

No último dia 29 de dezembro de 2022 morreu o Edson Arantes do Nascimento, o grande jogador de futebol Pelé. Em homenagem ao Pelé, mostro uma história do Pelezinho em que ele discute com o Frangão quem vai buscar a bola que ele perdeu durante a partida de futebol. Com 4 páginas, foi publicada em 'Pelezinho Nº 52' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Pelezinho Nº 52' (Ed. Abril, 1981)

Na partida de futebol, Pelezinho erra o gol e bola vai parar além da trave. Quando se prepara para voltar para o meio do campo, Frangão questiona Pelezinho quem vai pegar a bola. Ele responde que o Frangão que tem que buscar, porque é o goleiro quem pega as bolas e Frangão diz que foi o Pelezinho quem chutou e, então, ele quem deve buscar.

Cana Braba e Teófilo querem saber motivo da discussão, eles falam que o outro não quer pegar a bola e Cana Braba resolve buscá-la. Pelezinho e Frangão não deixam porque é questão de princípios e é um deles que tem que ir buscar. Pelezinho fala para o Frangão que o jogo só vai começar quando ele for buscar a bola. Frangão diz que pode esperar sentado e Pelezinho senta no chão, mandando Frangão buscar a bola.

Em seguida, Rex traz a bola, Pelezinho toma a bola do cachorro, falando que ele não tem que fazer favor para o folgado do Frangão e chuta a bola para bem longe. Um homem de carro vê a bola e pega para dar para o filho dele por estar novinha. Pelezinho comenta que o homem levou, Frangão fala que a culpa é do Pelezinho que a chutou. Os meninos ficam brabos com os dois por terem perdido a bola e para não apanharem os dois vão juntos correndo atrás do carro e tentarem recuperar a bola com o homem.

História legal em que Pelezinho perde gol e fica a dúvida de quem era a obrigação de buscar a bola para continuarem o jogo, o Frangão que era goleiro ou o próprio Pelezinho que foi quem chutou. Fica a briga entre eles, não permitindo que os outros meninos peguem porque era questão de princípios e acaba perdendo a bola para o homem que andava de carro, afinal, achado não é roubado. Ficaram sem jogar futebol e sem a bola por conta de discussão boba.

Não é por que goleiro sempre agarra bolas que têm obrigação de pegar. Frangão estava certo que teria que ser o Pelezinho quem teria que buscar porque foi quem chutou, o Pelezinho que foi o folgado. Ainda assim, se eles permitissem o Cana Braba pegar ou aceito o Rex ter pego, não aconteceria de perder a bola. Foi engraçado o absurdo do Rex ter pego a bola, ele gostava de futebol assim como o seu dono, Pelezinho. Podiam ter o colocado como gandula e nada disso tinha acontecido. Final ficou aberto e fica na imaginação dos leitores se eles conseguiram ou não recuperarem a bola com o homem.

Os traços ficaram bons , típicos de histórias de miolo do início dos anos 1980. Hoje, a palavra "droga" é proibida nos gibis, enredo acho que até poderiam fazer uma assim, apesar de ter brigas entre amigos, mas não teve pancadaria e violência física. Não foi republicada em almanaques da própria Editora Abril, a maioria das histórias do Pelezinho dos anos 1980 nuca foram republicadas na fase de ouro da MSP , mas depois republicaram sem alterações em 'As Melhores Histórias do Pelezinho Nº 2' (Ed, Panini, 2012).

Capa de 'As Melhores Histórias do Pelezinho Nº 2' (Ed. Panini, 2012)

Assim, fica a homenagem ao Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, jogador que encantou gerações e brilhou no futebol brasileiro. Faleceu em 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos, vítima de câncer de cólon, deixando um legado no futebol brasileiro e mundial. Entre 1977 a 1982 teve seu personagem Pelezinho em gibis mensais da MSP, representando o Pelé criança com histórias, na maioria, envolvendo futebol e situações que o Pelé viveu quando era criança, e incluindo absurdos e fantasias mágicas, típicas das histórias da MSP. Depois do cancelamento do gibi mensal, seguiu com almanaques regulares pela Editora Abril até em 1986 e algumas edições e especiais aleatórios, alguns com histórias inéditas inéditas, pela Editora Globo até em 1992 e depois uma volta de almanaques e Coleção Histórica entre 2012 a 2014, ficando o personagem Pelezinho também popular com as crianças que acompanharam. Descanse em paz, Pelé!

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Capa da Semana: Almanaque do Cebolinha Nº 46

Uma capa em que representa o Ano Novo em que todos estão em manifesto pedindo paz, mas Cebolinha vem com uma placa com caricatura da Mônica dentuça, causando a discórdia, a raiva e o ódio dela em vez da paz. Foi engraçada a cara que ela fez. Nem no manifesto da paz, Cebolinha perde a chance de perturbar a Mônica e fica na imaginação o que aconteceu depois, se ela manteve a calma e seguiu como se nada tivesse acontecido pelo menos durante o manifesto ou se partiu para a briga com ele na mesma hora, indo de contra o que a turma propunha.

A capa não foi pensada inicialmente para ser de Ano Novo, mas sem querer com a mensagem transmitida de paz, que é o que é mais desejado nessa época do ano, acaba tendo clima de Réveillon. Com tanto ódio entre as pessoas no mundo, sempre tem esperança que tenha mais paz e união entre os povos. Assim como histórias, também não tiveram muitas capas específicas de Réveillon em toda a trajetória da MSP, foram bem poucas.

A capa dessa semana é de 'Cebolinha Nº 46' (Ed. Globo, Setembro/ 1998).

sábado, 24 de dezembro de 2022

HQ "Mônica e o presentão"

Mostro uma história em que a Mônica ajudou o Papai Noel a procurar os presentes que sumiram do saco e foi parar no mundo dos presentes e enfrentou o Grande Presentão. Com 12 páginas, foi história de abertura de 'Almanaque da Mônica Nº 20' (Ed. Abril, 1983).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 20' (Ed. Abril, 1983)

Mônica não consegue dormir, ansiosa para ver o presente do Papai Noel, vai até a sala e tinha nada ainda. Volta pra cama, ouve um barulho e vai até lá, pensa que era o Papai Noel e era só o seu pai, Seu Sousa, que foi beber água e bateu forte a porta da geladeira. Ela volta para cama, passam-se 3 horas e nada de presente ao lado da Árvore de Natal.

Mônica reclama que vai dormir antes do Papai Noel chegar e queria muito ver a chegada dele. Diz que vai vê-lo mesmo estando com sono, quando ouve uma voz vinda da chaminé. Ela sobe no telhado e encontra o Papai Noel, que não estava encontrando os presentes dentro do saco e que a entrega está atrasada e provável que muitas crianças vão ficar sem presente naquela noite.

Mônica não aceita, ajuda a procurar e acaba caindo dentro do saco. Ao cair, descobre que o saco era mágico e vai parar no mundo dos presentes que ficava dentro do saco, com castelo, árvores e passarinhos, tudo formado por caixas de presentes. Por isso que cabiam tantos presentes dentro de um saco pequeno. O lugar macio que caiu era um presente grande que falava e estava gemendo de dor com o impacto da Mônica cair em cima dele, que é levado por uma ambulância-presente.

Em seguida, aparecem presentinhos perguntando se a Mônica está bem. Ela acha os presentinhos fofinhos e eles perguntam que tipo de embrulho é a Mônica. Ela fala que é gente e ficam felizes que existem mesmo e são de verdade porque o Grande Presentão falou que papo de gente é tudo invenção. Surge o Grande Presentão, que quer saber por que os presentinhos saíram de seus lugares e lembra que eles são proibidos de sair por aí.

Mônica fala que não pode tratar os presentinhos assim. O Grande Presentão diz que o tamanho dos presentinhos não se comparam a importância e o valor dos presentões. Dentro deles cabem brinquedos sofisticados e nos presentinhos, nada, e só servem para lustrar a caixa e ajeitar os lações dos presentões. Por isso não deixava os presentinhos saírem do saco para o Papai Noel entregá-los para as crianças. Mônica diz que o importante não é o valor e a beleza das fitas, e, sim, o amor com que eles são dados.

Quando tenta sair com os presentinhos, Mônica é presa com as fitas apertadas dos presentões. Um presentinho tenta intervir, só que o Grande Presentão bate nele, que cai, ficando desacordado. Mônica fica com muita raiva, o Grande Presentão fala que as fitas são indestrutíveis e vai sair só quando ele quiser, quando Mônica arrebenta as fitas com sua super força e bate nos presentões.

Mônica volta para a superfície do saco, mostrando que encontrou os presentes do Papai Noel, que agradece. Ela se prepara para descer e ir dormir, Papai Noel entrega um presente para ela e some. Mônica fica feliz que um daqueles presentes era seu e se pergunta sobre o Grande Presentão, esperando que quem recebê-lo não fique chateado com o estado que ficou e no final o Papai Noel com o Grande Presentão ao seu lado, fala que também espera.

História legal com a Mônica ajuda o Papai Noel a encontrar presentes que sumiram e vai parar no mundo dos presentes depois de cair no saco. Lá, descobre que o líder Grande Presentão estava fazendo os presentinhos de escravos por achar que são insignificantes e sem valor como os presentões, e, assim, impedindo de eles saírem do saco para serem dados para as crianças. Mônica consegue impedir, salvando o Natal, e ela e o Papai Noel esperam que a criança que receber o Grande Presentão, não se importe vir todo amassado, já que ela bateu tanto que ficou todo amassado.

Envolvendo fantasia e imaginação, história chamou atenção do mundo dos presentes dentro do saco, como uma justificativa de uma dúvida frequente das crianças e também de muita gente de como um saco pequeno pode caber tantos presentes para crianças do mundo todo. Então, ficou mostrado que é um saco mágico e bem fundo com um mundo dos presentes falantes lá, tendo até ambulâncias e castelos lá, tudo formado por caixas de presentes. Bem criativa.

Foi legal ver a Mônica ansiosa para ver o Papai Noel no início, interagindo com os presentes, enfrentando os vilões, presentinhos acharem que gente não existia porque nunca tinha visto e ela derrubar com a sua força exagerada as fitas que acreditavam que eram indestrutíveis até então. Ainda teve uma bonita mensagem de que não importa tamanho, valor financeiro e caixa bonita, o que importa é o amor que foi dado o presente. Recado pra gente que considera que os presentes caros e de luxo que são os melhores, os presentinhos e lembrancinhas podem não ser caros, mas têm grande valor sentimental e mostra que não foi esquecido e foi dado com amor da mesma forma. 

A parte que aparece o pai Seu Sousa daria até para pensar que era enrolação dele para deixar o presente na Árvore de Natal, fazendo com que o Papai Noel não exista e era próprio pai que dava presente, mas logo vimos que foi descartado. Antigamente, eles colocavam histórias com pais dando presentes no lugar do Papai Noel, hoje histórias assim são descartadas, colocam só o Papai Noel real pra não tirar fantasia das crianças.


Os traços muito bonitos e encantadores que davam gosto de ver.  Incorreta atualmente por mostrar Mônica acordada de madrugada pra esperar o Papai Noel, o sentido de Seu Sousa dar presente e Papai Noel não existir, Mônica subir no telhado sozinha, mas até que creio que fariam história nesse estilo hoje só fazendo adaptações por causa do lado mais infantil que ela tem e a mensagem positiva de valor do presente.

Nunca foi republicada até hoje, assim como todas as histórias desse e dos outros almanaques da Mônica com histórias inéditas da Editora Abril, por isso essa é rara e só quem o almanaque original de 1983 que a conhece.

FELIZ NATAL A TODOS!!!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Um tabloide de Natal do Rolo

Compartilho um tabloide raro do Rolo em clima de Natal. Foi publicado originalmente em 'Almanaque da Mônica Nº 11' (Ed. Abril, 1981).

Papai Noel faz altas manobras no céu com uma prancha. Depois, Rolo ouve um barulho enquanto dormia, vai até a sala e descobre que era a prancha que pediu para ele e reclama que todo ano pede uma prancha nova e o Papai Noel sempre dá uma usada, só não sabe que é ele a usa antes de entregar. 

Vimos um Papai Noel surfista e fora dos padrões por usar presente antes da pessoa que ia ganhar, coisa que não se faz, nem para dar uma limpada antes para ver se disfarçava. Rolo teve razão de reclamar já que prancha tinha que ser nova, não tem direito de ganhar um presente usado. Ele podia mandar outra carta para ele, reclamando. Pode notar que a prancha é mágica enquanto o Papai Noel usa já que ele surfa no céu, sem ser nas ondas do mar, e quando vai parar nas mãos do Rolo se torna uma prancha normal.

Bem curioso um jovem na idade do Rolo pedindo e ganhando presente do Papai Noel, e não uma criança, mas como a ideia era que o presente tinha que ser uma prancha, aí seria mais conveniente o Rolo, já que criança não usa prancha nem surfa. Em 1981, as histórias da Turma da Tina ainda seguiam o estilo da segunda fase começada em 1977, ainda sem definição de personalidades dos personagens, as vezes agiam como na idade deles, outras vezes, agiam como crianças grandes como era na primeira fase hippie até em 1976 e isso também deve ter estimulado a colocar o Rolo assim nessa história.

Ficou sensacional a arte do Papai Noel surfando, um estilo de desenhos bem característicos no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, eram sempre encantadores desenhos assim. Nunca foi republicada até hoje, assim como todas as histórias desse e dos outros almanaques da Mônica com histórias inéditas da Editora Abril, por isso essa é rara e só quem o almanaque original de 1981 que a conhece. E raro também história de Natal com a Turma da Tina, aí se tornando mais legal. A seguir, mostro a historinha de 1 página completa.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Chico Bento: HQ "Natal no matagal"

Mostro uma história em que o Chico Bento ficou perdido na mata na véspera de Natal, depois que uma queda de barreira na estrada quando ele voltava da cidade para a roça. Com 15 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 206' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Chico Bento Nº 206' (Ed. Globo, 1994)

Chico Bento está na rodoviária da cidade, prestes a pegar o ônibus de volta para roça e seu primo Zeca pergunta se tem certeza que não quer passar o Natal com eles. Chico responde que as férias estão boas, mas Natal tem que passar em casa com os pais.

No ônibus, Chico comenta que nunca ia passar o Natal na cidade longe dos pais, da sua Árvore de Natal toda enfeitada, das gostosuras da ceia, das prosas com os amigos na varanda, ir na Missa do Galo com a Rosinha e o Papai Noel levar presente. Até que o ônibus para por causa de uma queda de barreira e a estrada fica bloqueada, impedindo passagem e devem ser dois dias de trabalho para liberarem estrada. Chico fala que é véspera de Natal e o motorista diz que eles vão passar a noite em um hotel na beira da estrada.

Chico fica triste, só porque queria passar Natal com a família, acontece isso, mas ao lembrar que a floresta é perto de casa, ele resolve ir pelo mato para casa em vez de ir para o hotel porque conhece o mato como a palma da mão dele. Só que horas depois, fala que devia olhar mais para as mãos dele porque está mais perdido do que gato no canil e pergunta quem vai achá-lo no meio do mato.

Chico ouve uma voz "Te vi", segue animado e descobre que era só um pássaro bem-te-vi. Depois ouve barulho "Plop", pensa que era passo de gente, mas era só um sapo. Chico grita que só tem bicho lá, ouve um "Shhh", pensa que é alguém o mandando calar a boca, mas era uma cobra e ele corre para subir no galho da árvore.

Chico lamenta a sua situação, não queria passar o Natal em hotel e vai passar em cima de uma árvore no mato, já estava escurecendo e vai passar Natal triste. Coruja pia e  Chico diz que ela caçoa porque não sabe o que é o Natal. Aí, conta para os bichos reunidos no mato que Natal é a data mais bonita no ano, dia que Jesus nasceu e os humanos festejam com a família e as crianças colocam sapato na beira da cama para o Papai Noel dar presente. Assim, ele tem ideia de deixar uma banda do sapato ao lado da árvore para Papai Noel encontrá-lo na floresta, pede que quer passar o Natal com os pais e dorme enquanto espera.

Enquanto isso, os pais do Chico estão desesperados que o filho não chega. Já eram 9 da noite, Seu Bento chega da rodoviária e conta que o ônibus não chegou, caiu barreira na estrada, todos foram para o hotel e eles não sabem do Chico. Dona Cotinha se desespera com filho sozinho na noite de Natal e Seu Bento pega a espingarda e vai atrás do filho. 

Na floresta, Chico cai do alto do galho da árvore enquanto dormia. Vê alguém com um gorro vermelho atrás da moita, pensa que é o Papai Noel, mas era um Saci, que queria saber como se ganha presente. Chico diz que o Papai Noel só visita os bons meninos e ele tem parte com o "coisa-ruim". O Saci tenta pegar algum presente na mala do Chico, que fala que Natal não é só presente, e, sim, a amizade, a família, a reunião.

O Saci acha que está o enrolando, que Natal não existe, nem o Papai Noel que o Chico chamou não apareceu e vai embora, levando um sapato dele. Chico concorda que ele não apareceu nem trouxe os pais lá. No caminho, o Saci encontra o Seu Bento procurando o Chico sem sucesso, acha melhor voltar, dizendo que vai ser o pior Natal da vida dele. O Saci taca o sapato do Chico nele, procura mais um pouco e finalmente o encontra.

Chico fica muito feliz, pergunta para o pai como é que o achou, Seu Bento fala que foi por causa do sapato que jogou. Chico diz que não tacou sapato e deduz que foi o Saci quem o ajudou. Eles vão embora e no caminho, Chico vê o Saci triste atrás da moita e pede um favor para o pai. No final, a família do Chico comemora o Natal e Vó Dita fala com a Dona Cotinha que já passou por muitos Natais na vida, mas o daquele ano não vai esquecer, mostrando o Chico entregando um presente para o seu convidado Saci.

História legal em que o Chico Bento fica perdido na mata após um deslizamento de barreira na estrada enquanto voltava da cidade para sua casa na roça. Passa vários sufocos, inclusive aturar um Saci que não acreditava em Natal, mas consegue ser encontrado graças ao Saci que se comoveu com Seu Bento procurando o Chico e passando a acreditar que o Natal era verdade e ainda é convidado do Chico na ceia como agradecimento e com pena do Saci triste. O Natal fez sensibilizar Saci.

Se Chico tivesse ficado no hotel, nada disso tinha acontecido, ainda mais que o pai telefonou para o hotel e o encontraria lá. Foi engraçado ver o Chico entrar na floresta pensando que conhecia bem e ficar perdido, conversar sozinho e com os bichos, confundir os barulhos dos bichos pensando que era gente e confundir Saci com Papai Noel. 

Foi praticamente um monólogo do Chico, boa parte da história ficou falando sozinho como maluco, achava engraçadas as histórias com monólogos dos personagens. As onomatopeias tiveram bom destaque, barulhos nos gibis são representados por onomatopeias e algumas até se assemelham, principalmente chiado de cobra com chiado para alguém calar a boca, fazer silêncio, como foi na situação da cobra. Uma boa forma pra aprender sobre onomatopeias e interjeições. 

Além da diversão, ainda mostrou como é o Natal tradicional com Chico enumerando no ônibus que passa Natal com família, monta Árvore, vai a Missa do galo, etc, além de mostrar o verdadeiro valor e significado do Natal com Chico falando que a data não e só presente, é comemoração do nascimento de Jesus e o que vale é a reunião com familiares e amigos, que foi a bonita mensagem que o Saci aprendeu quando passou o Natal com a família do Chico no final.

Mostrou ainda uma situação que pode acontecer na vida real de viajar e ter queda de barreira na estrada, por isso bom viajar com antecedência e não na véspera de data importante. O cachorro Rex seria o novo cachorro da família do Chico após o Fido ter morrido na história "Chico Bento e o velho cão", de 'Mônica Nº 38' (Ed. Globo, 1990). Após ter morrido, Fido parou de aparecer e outro cachorro no lugar até que em 2004 resolveram ressuscitá-lo, voltando a aparecer nas histórias.

É toda incorreta hoje em dia por causa do Chico Bento perdido na mata e ficar sozinho lá, contracenar com bichos silvestres, tudo que possa dar pena para as crianças e achar traumatizante para elas não fazem mais. Também tirariam Seu Bento com espingarda porque não pode mostrar personagens com armas de fogo e tirariam o cachimbo do Saci por não poder mostrar personagens fumando, tanto que os Sacis nas histórias atuais aparecem sem cachimbo. 

A pancada explícita do Saci tacando sapato na cabeça do Seu Bento não mostrariam por causa de violência, nem Chico caindo do alto do galho da árvore, nem a menção à "coisa-ruim" proibida por ser referência a Diabo, e narizes grandes do Chico, do Seu Bento e do Saci também não desenhariam grandes assim hoje para não servir como bullying com narigudos na vida real, assim como lábios do Saci tão grandes bem parecidos com círculo rosa em volta da boca, abolidos também nos gibis atuais por acharem que é chacota com negros.

Traços ficaram muito caprichados. A mãe do Zeca teve cabelo diferente, ainda não estava definido traços dela apesar de já ter aparecido algumas vezes com visual antigo com cabelo curto e só depois voltaram com aquele visual antigo em definitivo. O Saci também não tinha traço fixo e intenção também não era sempre o mesmo Saci, e, sim, um diferente a cada história, e, assim, cada Saci era desenhado diferente de acordo com cada desenhista.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Magali: HQ "O caso do presente muito esperado"

Mostro uma história em que Papai Noel errou a pontaria na entrega do presente de natal da Magali, que ficou na dúvida se papai Noel se esqueceu dela. Com 11 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 39' (Ed. Globo, 1990).

Capa de 'Magali Nº 39' (Ed. Globo, 1990)

Escrita por Robson Lacerda, começa com o Papai Noel distribuindo os presentes na noite de Natal, só que ao entregar o da Magali, o pacote cai pra fora da chaminé e cai na lata de lixo da casa. No dia seguinte, ao acordar, Magali já quer saber onde está o seu presente de Natal. Procura debaixo da cama, na Árvore de Natal, mas tinha nada. 

Magali vai para rua triste e vê que Dudu ganhou de presente um carrinho, Cascão, uma bola e Mônica, uma boneca que fala e ela desmerece todos. Depois, começa a chorar. Anjinho aparece e diz que não acredita que tem alguém triste no Natal porque ela ganhou seu presente e deveria estar brincando com ele. Magali fala que não acredita em Papai Noel, nem Coelhinho da Páscoa nem na Seleção Brasileira de Futebol.  

Anjinho quer saber o que aconteceu para ter tanta amargura e ela diz que não ganhou presente, nem um cartão de Natal. Anjinho diz da sua nuvenzinha que viu o Papai Noel passando com os presentes e resolve levá-la ao Polo Norte, voando até lá, falar com ele. No Pólo Norte, Magali afunda na neve ao posar e sente muito frio.

Na casa do Papai Noel, Anjinho fala que a Magali não recebeu presente dela. Papai Noel vai verificar no computador, onde tem todos os dados de todas as crianças do mundo, inclusive as que estão nascendo naquele momento, e confirma que entregou o presente dela. Magali chora, jurando que não recebeu. Papai Noel diz que entregou presente pela chaminé como faz para todas as crianças porque todas são iguais para ele, quando não tem chaminé, joga pela janela e não seria diferente para ela. Anjinho se despede, avisando que vai procurar melhor na casa dela.

Chegando em casa, Magali e Anjinho reviram tudo no quarto de cabeça para baixo e não encontram. Magali vê Mingau revirando o lixo, manda parar e se toca que o pacote que estava revirando era o seu presente. Ela entra na lata de lixo, pega o presente e fica feliz. Só que ao abrir e ver que ganhou uma peteca, não gosta porque não foi o que ela pediu. Anjinho fala que importante foi que Papai Noel se lembrou dela e Magali não quer saber.

Anjinho vai embora, reclamando que ela não tem jeito mesmo. Magali mostra a língua para ele até que aparece uma menina humilde, rindo. Magali quer saber o motivo do riso, a menina diz que ganhou um jogo de varetas e pergunta se quer jogar com ela. Magali responde que só se depois jogarem peteca juntas e no final aparecem as duas se tornando amigas brincando de peteca e Anjinho fala que a Magali começa a dar valor à certas coisas.

História legal em que o Papai Noel erra a pontaria ao entregar o presente de Natal da Magali, fazendo cair na lata de lixo da casa e ela pensa que o Papai Noel esqueceu dela. Anjinho a ajuda levando ao Pólo Norte para falar com o Papai Noel pessoalmente, é constatado que o presente foi mandado e acabam encontrando sem querer após verem o Mingau revirando o lixo. Magali ainda não gosta do presente que ganhou porque não foi o que pediu, mas ao ver uma menina pobre contente que ganhou um simples jogo de vareta, aceita o seu presente e brinca com a menina, ganhando uma nova amiga. O Mingau, sem querer, foi a salvação da Magali, se ele não revirasse lixo, eles nunca iam encontrar o presente, nunca iam imaginar que estaria no lixo. 

Além de mostrar sufoco da Magali supostamente não ter ganho presente do Papai Noel, ainda mostra uma bonita mensagem no final fazendo ela aprender que não importa o presente ganho, e, sim, a intenção e a diversão que pode proporcionar, por mais simples que seja. Só ficou a dúvida qual foi o presente que ela pediu, ficando na imaginação do leitor o que era, partindo dela, não duvido que seja algo alimentício. Pessoas pobres colocavam uma costura na roupa demonstrando que eram humildes, gostava quando retratavam essas diferenças de poder aquisitivo e personagens agirem normalmente sem distinção de rico e pobre. A menina só apareceu nessa história, como de costume de personagens secundários figurantes. 

Foi legal ver a Magali procurando os presentes, desmerecendo os presentes dos amigos só porque não recebeu, ir no Pólo Norte e falar com o Papai Noel e ele ter todos os dados de todas as crianças no computador, Papai Noel bem informatizado. Interessante também a Magali dizer não acreditar nem na Seleção Brasileira de Futebol, com clara referência a eliminação na Copa de 1990 pela Argentina nas oitavas de final, provavelmente o Robson roteirizou quase logo depois da eliminação na Copa e prova que a Seleção estava desacreditada demais depois daquela Copa. 

Narrador-observador no início contando a história sempre era um recurso divertido, narrador representava o roteirista da história, no caso, o Robson, dessa vez. Engraçados também os absurdos como Magali no Polo Norte com a roupa que estava sem pôr agasalho e Anjinho colocar os móveis de cabeça para baixo no teto e interessante ver o computador do Papai Noel como era na época, bem diferente do estilo dos microcomputadores que ficaram popularizados a partir da metade dos anos 1990. 

Foi a primeira história de abertura de gibi da Magali sem envolver comida, com ela agindo com uma menina normal, sem mostrar a sua fome exagerada e absurdos envolvendo gula, o que foi bom pra diferenciar. Só não tinha algo relacionado à comida em história de abertura quando era protagonizada pelo Mingau e mesmo assim quase sempre tinha algo com comida com ele mesmo não sendo o foco principal. Magali contracenar sozinha com o Anjinho também foi diferente e gostei também. A história em si não vejo que é incorreta, mas iam implicar com Magali entrando na lata de lixo, já que não pode mais personagens  dentro de lata de lixo, ela mostrar língua para o Anjinho, assim como absurdos que evitam colocar hoje como colocar móveis de cabeça para baixo.

Os traços ficaram muito caprichados, como sempre na época, principalmente o quadrão da primeira página com o Papai Noel entregando os presentes. Dudu sem fundo branco nos olhos ficava muito melhor, aparentando de fato que era menor do que as outras crianças, e foi uma das últimas vezes que apareceu assim, já que em 1991 ficou com fundo branco nos olhos em definitivo. De curiosidade, foi a segunda capa da Magali com alusão à história de abertura (a primeira foi a "Nº 30", de 1990 com a história "Magalice no país das melancias"), segunda capa sem relação à comida (a anterior foi a edição "Nº 6") e foi a primeira com logotipo achatado, que antes apareceu só nos dois primeiros almanaques dela, aí depois raramente colocavam logotipo assim nas quinzenais normais e passou a ser definitivo assim a partir da edição "Nº 206", de 1997, e ficando assim até o último número da Globo, na sua edição "Nº 403", de 2006.