domingo, 30 de abril de 2023

Mônica: HQ "Provas comprometedoras"

Em abril de 1993, há exatos 30 anos, era lançada a história "Provas comprometedores" em que a Mônica teve que lidar com ameaça de um espião que a fotografou usando as roupas da mãe dela. Com 16 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 76' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Mônica Nº 76' (Ed. Globo, 1993)

Escrita por Rosana Munhoz, Mônica está sozinha em casa e ao passar pelo quarto da sua mãe, resolve usar as roupas dela escondida e brincar de fazer show, cantando música da Xuxa e ser atriz de novelas e comerciais da TV. Só que alguém está olhando a performance dela e tira uma foto. Mônica percebe que tinha alguém ali, vai na janela e não vê o espião, mas vê a mãe chegando e ela trata de tirar roupa logo, colocando tudo no lugar, como se não tivesse ficado lá. 


Quando Dona Luísa chega, pergunta se a filha se comportou bem e ela disfarça dizendo que sim. Em seguida, toca a campainha toca e ao atender, tinha só um envelope no chão. Pensa que é carta de admirador e ao ver era foto dela com a roupa da mãe, rasga e lê um bilhete dizendo que se ela rasgou, era só uma cópia e original está com ele e se ela não fizer as condições dele, vai sair mostrando a foto para todo mundo, inclusive para a mamãezinha dela.


Dona Luísa ouve Mônica falando sozinha, Mônica diz que esta tudo bem e vai a rua descobrir quem é o espião. Aparece o Cascão com sorriso e ela ameaça bater, pensando que ele era o espião. Cascão confessa que escreveu "Mônica dentuça" no muro, mas foi sem querer porque a caneta estava com defeito. Mônica manda passar a foto para ela. Cascão não sabe de foto, quando Magali aparece dizendo que a foto está com ela. Mônica se decepciona porque ela é sua amiga e Magali diz que descolou foto do Serginho, sua paquera.


Mônica fica aliviada que Magali não era o espião, conta que tem alguém a chantageando com foto comprometedora que tirou dela, Cascão estende ouvido para ouvir e Mônica grita no ouvido dele e vai embora. Em seguida, Jeremias tenta tirar uma foto dela, bate nele pensando que era o espião e queria só estrear a câmera nova dele e, pelo vacilo, Mônica diz que essa surra vale para a próxima que aprontar com ela.


Cebolinha aparece e revela que é o espião mostrando a foto que tirou. Mônica quer  rasgar e ele diz que não faria isso porque é outra cópia e a original está bem guardada e se encostar um dedinho nele, coloca a boca no trombone. Sabendo o que ele quer, Mônica entrega o Sansão para o Cebolinha e o deixa como dono da rua. Cascão chega sem saber nada, acha que é festa da uva e pergunta para Mônica o que vai dar para ele e ela lhe dá uma surra.


Antes do Cebolinha dar as fotos para a Mônica, ele mostra a lista que fez e, assim, a torna como escrava dele. Mônica é obrigada a instalar televisão e levar travesseiro e limonada para ele na rua e a ainda manda mudar de canal da TV por ter enjoado do canal e como ela fica braba, manda chamá-lo de "amo" em vez de Cebolinha.


Cascão reclama que como Cebolinha o deixou de fora dessa boquinha e ele diz que só serve para entregar ouro e manda Cascão ficar quieto senão ordena a escrava dar uma surra nele. Cebolinha gosta da Mônica ter trocado de canal para ele e se continuar assim, a libera daqui 20 anos. Magali pergunta para Mônica se não é melhor mostrar a foto para a mãe, ela diz que nunca e tem um plano. 


Mônica pede para ir ao banheiro e vai ate a casa do Cebolinha falar com a Dona Cebola. Depois, Cebolinha reclama que Mônica está demorando, ela volta e Cebolinha manda para ela não repetir e pede para dar outra limonada. Mônica joga toda nele, fica uma fera gritando que vai mostrar a foto para mãe dela e Mônica diz que aí vai mostrar para todo mundo a foto dele cagando no pinico com bunda de fora. Cebolinha quer saber como ela conseguiu isso e Mônica fala que a mãe dele teve gentileza de emprestar.


Cebolinha quer rasgar a foto, Mônica diz que é só uma cópia e Cascão quer ver. Cebolinha impede e diz que faz qualquer coisa para devolver a foto para ele. Mônica o manda devolver as fotos dela e aí depois entrega a foto dele no pinico e diz que não tem cópia, foi uma mentirinha, e bate nele. Cascão agradece de ter deixado de fora da boquinha e pega a foto do Cebolinha, acha graça de estar de bumbum de fora e sai correndo para mostrar para todo mundo e Cebolinha corre atrás dele.


No final, Mônica enterra as fotos no quintal e fica aliviada que a mãe nunca vai saber de nada. Dona Luísa aparece, mostrando o quebra-cabeça que montou com os papeizinhos que encontrou na sala. Mônica se ajoelha, pedindo desculpas que não vai mais mexer nas coisas dela e Dona Luísa fala que não está braba,  achou uma gracinha, a filha está ficando mocinha, vaidosa. Mônica desmaia, Dona Luísa pergunta o que deu na filha e Magali responde que vai ver não se achou fotogênica.


História muito engraçada em que a Mônica mexe nas coisas da mãe enquanto estava sozinha em casa pensando que ninguém ia saber e Cebolinha tira foto dela e passa a fazer chantagem de que se não entregar o Sansão e não ser dono da rua, mostra a foto para mãe dela. Com medo da bronca da mãe, Mônica cede e vira escrava do Cebolinha até ela ter plano de mostrar foto dele cagando, chantageando que se não devolver a foto dela, mostra a foto dele para todo mundo. Afinal, chantagem se anula com outra chantagem e Mônica jogou na mesma moeda.

Interessante que a Mônica teve cuidado pra esconder as  fotos, até enterrando, mas esqueceu de juntar a foto rasgada na sala, a mãe viu e descobriu tudo. Se soubesse que a mãe não ia ligar, não precisava passar por nada disso, por isso ela desmaiou. 

O plano infalível até saiu sem querer, Cebolinha devia estar passando na hora e viu a Mônica com as roupas da mãe e aí agiu para se aproveitar, por isso não chamou o Cascão, que a princípio seria bom para não estragar o plano, só que dessa vez quem estragou foi a própria mãe entregando a foto do filho no pinico. Genial. Vimos que o Cebolinha era bem perverso nos seus planos, dessa vez com ameaças, chantagens e tornando Mônica como escrava dele até para trocar de canal da TV, ele era praticamente um vilão. Foi mais merecida a surra que ele levou e ainda o castigo de Cascão mostrar a foto dele para os amigos.

Foi divida em dois momentos, primeiro o mistério da Mônica tentando descobrir quem era o espião que tirou a foto e depois o plano infalível propriamente dito após a revelação que era o Cebolinha o espião. Engraçados os deslizes dela para saber quem é o espião, Cascão colocar ouvido pra fofocar o que as meninas estavam falando, Jeremias apanhar sem querer, já que só queria estrear a sua câmera nova a fala do Cascão de festa da uva e ganhando surra da Mônica, Mônica como escrava obedecendo ordens, a foto do Cebolinha no pinico. De curiosidade, quando o Cebolinha falou  "Iuluu!" ("luhuu!"), excepcionalmente trocou o "H" por "L", mas justifica que o som do "H" na palavra é "R".

Tiveram absurdos legais de como Cebolinha conseguiu arrumar uma câmera fotográfica e revelar foto em tão pouco tempo, já que era câmera de filme e não ia andar com ela a tiracolo na rua e revelações de fotos nos laboratórios levavam tempo e também como conseguiram achar uma tomada para ligar a TV no meio da rua. Esses absurdos faziam a diferença nos quadrinhos.

Foi bom ver coisas datadas que eram normais no nosso cotidiano há 30 anos como a câmera fotográfica de filme e TV de tubo. Se fosse hoje em dia, teria adaptação de Cebolinha gravar vídeo pelo smartphone e ameaçar a Mônica de mostrar para mãe e todo mundo através das redes sociais e a TV mudariam para uma LED em republicação para não deixar nada datado. Legal também mostrar Mônica cantando música "Lua de Cristal" da Xuxa parodiada, quando a Xuxa era fenômeno no Brasil.


É completamente incorreta hoje em dia por conta do Cebolinha perverso, fazendo ameaças, chantagens com a Mônica e a fazendo de escrava. Além disso, Mônica ficar sozinha em casa sem presença de adulto, mexer nas coisas da mãe, bater no Jeremias e no Cascão sem motivo, os meninos aparecerem surrados, citação de Mônica ter paquera do Serginho, já que não pode mais ter namoro nos gibis, os absurdos e as coisas datadas já ditas como câmera fotográfica de filme e TV de tubo por não gostarem hoje de mostrar coisas que fizeram parte de uma época, assim como palavras proibidas "Droga!" e "gozado".


Os traços ficaram muito bons e caprichados, com direito a personagens com dentes expostos com mais frequência quando estavam aprontando alguma coisa ou surpresos ou com raiva, mais típicos nas histórias da Rosana. Até teve uma careta da Mônica ao ver a foto no envelope que o espião enviou, mas nada de mais e que estrague e que realmente fazia jus a cena aquela careta. Depois a história virou desenho animado, que até seguiu fiel ao roteiro da história em quadrinhos, tirando algumas partes mais incorretas, só que ainda assim sem a magia de ler a história no gibi. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Tirinha Nº 93: Cascão

Uma tirinha em que o Cascão acha um absurdo o Cebolinha dando banho no Floquinho e corre para telefonar para Sociedade Protetora dos Animais. Como ele não tomava banho, achava que ninguém podia tomar também e que era uma maldade com os bichinhos e maltrato dar banho neles e só restava a denúncia ao órgão. Muito engraçada. 

Legal ver orelhão, que é datado hoje em dia, mas era bem frequente nas histórias antigas e o efeito de pontilhados na grama e no orelhão, já que como originalmente foi de tirinha em preto e branco de jornais reaproveitada para o gibi, coisa que faziam muito na época, aí deixavam esse recurso para dar um tom mais escuro de destaque nas tiras.

Tirinha publicada em 'Cascão Nº 109' (Ed. Abril, 1986).

domingo, 23 de abril de 2023

Papa-Capim: HQ "Caçando Jacarés"


Mostro uma história em que o Papa-Capim teve que se livrar de caçadores de jacarés que iam na aldeia todas as noites caçá-los. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 216' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Chico Bento Nº 216' (Ed. Globo, 1995)

Papa-Capim avisa ao Cacique Ubiraci que viu um clarão perto do rio. Eles vão até lá correndo e veem que são caçadores de jacarés, que trabalham de noite longe das vista das pessoas. Um caçador coloca luz nas lanternas no rio e encontra os jacarés e quando vai dar tiro, Ubiraci joga uma lança e afasta os caçadores.

Ubiraci diz que hoje conseguiram afugentá-los, amanhã não se sabe. Papa-Capim pergunta por que eles caçam de noite e usam aquele clarão. Ubiraci explica que os jacarés estão dormindo de noite sem oferecer perigo e sabem que se iluminarem olhos dos jacarés no escuro, brilham mais  que a luz de Jaci, fica mais fácil saber onde estão e atacá-los e Papa-Capim fica com pena.

No dia seguinte, Jurema aparece contando que achou uma revista dos caraíbas e mostra ao Papa-Capim o que eles usam pra comer, para tomar banho e para dormir durante o dia. Papa-Capim se interessa pelo que usam para dormir e pede ajuda para Jurema. De noite, os caçadores voltam ao rio, ficam muito tempo lá, não encontram os jacarés e e ficam furiosos. Ao amanhecer, é mostrado que o Papa-Capim colocou tapa-olhos dos caraíbas nos jacarés, falando que agora todos eles realmente podem dormir tranquilos, principalmente os jacarés.

Uma boa história em que a tribo do Papa-Capim teve que lidar com caçadores de jacarés, tinham que ficar sempre alerta com a presença dos caçadores todas as noites para afugentá-los, mas um dia não iam conseguir. Até que Papa-Capim teve ideia de colocar tapa-olhos nos jacarés que descobriu na revista e os caçadores não conseguiram enxergá-los, resolvendo o problema de sono dos índios e a extinção de jacarés. Foi um grande alívio para eles a Jurema encontrar a revista e Papa-Capim inteligente, é só toda noite antes de dormir colocarem os tapa-olhos nos jacarés que tudo está resolvido. Esses caçadores nunca mais voltaram nas histórias.

Mostra conscientização contra caça de jacarés e animais em extinção na selva, histórias do Papa-Capim gostavam de mostrar os problemas ambientais e da fauna, e ainda aprendemos que olhos dos jacarés brilham a noite quando expostos a luz forte de forma divertida sem deixar piegas. Vimos também os costumes de índios primitivos como nomes como caraíbas (homens brancos) e Jaci (Lua), que quem lia os gibis antigos estavam mais que acostumados com essas palavras e detalhes de cotidiano deles de índia figurante preparando alimento, que faziam diferença. O Ubiraci é o cacique da aldeia e as vezes era o pai do Papa-Capim e em outras vezes, não, variando de cada roteiro, não tinham uma padronização.

Incorreta hoje em dia pelo tema de caça de jacarés e com caçadores querendo dar tiro neles e presença de arma, a palavra "Droga!" que é proibida nos gibis atuais, inclusive foi dita repetidamente por toda a história, além de mostrar os índios como primitivos e toda a sua cultura antiga, que nem sabiam o que eram as coisas da civilização como lanterna, revista, colher, sabonete e tapa-olho. Índios de hoje sabem de tudo isso e eles não querem mais tratar índios assim primitivos e agora a aldeia do Papa-Capim é moderna, com eles de roupas e sem morar em ocas, são tratados como são os índios da vida real. O que é uma pena, as histórias do Papa-Capim mostrando a verdadeira cultura indígena e contraste com homens brancos eram as melhores.

Teve também uma índia com seios de fora, só o alimento da cesta tampando os mamilos (3ª página da história) e colocando um cabelo por cima dos mamilos (4ª página da história), isso também não aceitariam atualmente e nem a Jurema sem um top também mesmo sendo criança. Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1990, bonitos os desenhos da selva e gostei de um quadrinho inclinado enquanto caçadores estavam caçando, o que fez diferenciar da forma padrão de disposição dos quadrinhos. 

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Bidu: HQ "Peixe, comigo, não!"

 

Mostro uma história em que o Bidu encontra um peixe na sua casinha, tenta tirá-lo de lá, mas tem uma grande surpresa. Com 4 páginas, foi publicada originalmente em 'Cebolinha  N° 90' (Ed. Abril, 1980).

Capa de 'Cebolinha Nº 90' (Ed. Abril, 1980)

Bidu está voltando para sua casinha, quando um suposto peixe dá uma batida nele com o rabo que vai parar longe. Bidu quer tirá-lo de lá, gritando que a sua casinha não é aquário, peixe balança o rabo com ele segurando e dá outra batida jogando Bidu longe de novo. Ele volta com rede e vara de pescar, quando se depara com uma cachorrinha na casinha, ao vê-la, joga fora a varinha e a rede e ao se virar para dar flores para ela, aparece o rabo de peixe de novo. Pega a varinha e a rede novamente e aparece a cachorrinha e o rabo de peixe. Bidu pergunta se o peixe é dela e manda tirá-lo de lá porque sua casinha não é aquário.


A cachorrinha diz que ela não pode se separar do rabo. Bidu diz que não interessa se o peixe é de estimação ou outra coisa porque não gosta de cheiro de peixe e tenta tirar. Ele entra na casinha para tirar, pensa que o peixe a engoliu e depois percebe algo e sai correndo chorando avisar ao Franjinha e enquanto está fora, aparece uma mulher no rio chamando a cachorrinha.

Franjinha aparece para ver o que Bidu quer mostrar na casinha. Franjinha diz que não tem nada lá e percebe Bidu com cheiro de peixe, pergunta por onde ele andou e se está namorando a cachorrinha do peixeiro e vai lavá-lo no rio. Quando Bidu está dentro do rio, vê que era a cachorrinha-sereia, que era animal de estimação de uma Sereia.


História legal em que Bidu fica sem entender se era um peixe ou uma cachorrinha dentro da sua casinha, pensa que era um peixe de estimação da cachorrinha e tenta tirar e depois descobre que era uma cachorra-sereia. Vimos um Bidu impaciente querendo tirar o peixe a todo custo e ao mesmo apaixonado pela cachorrinha e Franjinha nem a viu , fazendo pensar que até era alucinação do Bidu, mas que era verdade quando viu a cachorra-sereia com a Sereia.


Dessa vez mostrado o Bidu como um simples cachorrinho do Franjinha, uma das várias facetas das personalidades dele. Foi engraçado ver Bidu parando longe com as pancadas do rabo, a dúvida do que tinha de fato dentro da sua casinha, e legal também os vários absurdos, como existir uma cachorra-sereia, peixe entrar na casinha sem presença de água, mesmo ela sendo sereia teria que ter contato com água, aparecer flores do nada. 

Histórias da Editora Abril dos anos 1970 e início dos anos 1980 eram maioria desse estilo com muitos absurdos, nada com nada, coisas impensáveis de acontecer, bastantes movimentos, violência, personagens sendo espancados, se machucando em precipícios, etc, pareciam desenhos animados. Eu gostava de histórias assim, hoje em dia completamente incorreta por todos esses motivos, não gostam de colocar absurdos e nem personagens sendo espancados, se machucando e com olho roxo. E implicariam também com a Sereia com seios a mostra. Curioso de que nessa história Franjinha e Bidu moravam perto de um rio, nunca tinha padronização e criavam condições assim de acordo com roteiro. 


Os traços muito bons, típicos de histórias de miolo do inicio dos anos 1980. Depois foi republicada em 'Almanaque da Mônica Nº 24' (Ed. Globo, 1991) e re-republicada em 'Coleção Um tema Só Nº 17 - Chico Bento Pescaria', sendo que neste, o código de referência a edição original, colocaram referência ao 'Almanaque da Mônica Nº 24' de 1991 em vez de dizer que era uma história da Editora Abril.

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 24' (Ed. Globo, 1991)
Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 17' - Chico Bento Pescaria' (Ed. Globo, 1997)

domingo, 16 de abril de 2023

Capa da Semana: Chico Bento Nº 55

Nessa capa, Chico Bento, ao ver uma árvore derrubada, monta a sua própria árvore no lugar com as coisas que tinha em casa. Deixa uma escada apoiada em uma cadeira representando o caule e várias coisas amontoadas como cadeiras, mesas, cômoda, balde, espelho, etc, representando as folhas. Além de mostrar toda a criatividade e sabedoria do Chico, ainda mostra um alerta e reflexão sobre desmatamento e preservação da natureza.

A capa dessa semana é de 'Chico Bento Nº 55' (Ed. Globo, Fevereiro/ 1989).

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Cebolinha: HQ "Os cinco fios mágicos"

Em abril de 1993, há exatos 30 anos, era publicada a história "Os cinco fios mágicos" em que uma bruxa faz Cebolinha ter fios de cabelo mágico para pedir o que quiser cada vez que arranca um fio de cabelo. Com 15 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 76' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Cebolinha Nº 76' (Ed. Globo, 1993)

Nela, uma bruxa velha reclama que ninguém a ajuda a atravessar a rua. Então, ela mesmo resolve atravessar, escorrega em uma poça e cai. Todos na rua dão gargalhada e nem ajudam a levantá-la do chão e, com isso, a bruxa transforma todos em animais por um dia inteiro.

Cebolinha foi o único que não riu e como recompensa, a Bruxa transforma os cabelos dele em cinco fios mágicos, toda vez que ele arrancar um fio terá direito a um desejo que será realizado. Em seguida, ela se transforma em criança para atravessar a rua e vai embora.

Cebolinha comenta que adianta nada porque ele nunca teria coragem de arrancar fios do cabelo. Logo, ele pensa que poderia desejar ter enorme cabeleira e fica animado. Só que antes de desejar isso, ele teria direito a quatro desejos antes e resolve desejar ser cabeludo por último porque senão ele não conseguiria achar os outros quatro fios mágicos no meio dos outros.

Assim, o seu primeiro desejo é ter um monte de dinheiro, arranca um fio de cabelo e Cebolinha fica jogando dinheiro para o alto. Cascão pergunta se o pai dele aumentou a mesada ou se ganhou na Loto, na Sena, na Loteria Esportiva ou na margarina. Como Cebolinha nega, Cascão acha que ele assaltou um banco.

Cebolinha conta que foi por causa de uma bruxa e agora está rico. Cascão pergunta como eles vão gastar o dinheiro e logo percebe que Cebolinha perdeu um fio de cabelo. Cebolinha diz que arrancou e Cascão acha que o amigo pirou e diz que vai gastar a grana dele enquanto ele estiver no hospício. Cebolinha diz que o cheirinho do Cascão o incomoda, Cascão fala que ele já tentou dar banho nele mil vezes sem sucesso, Cebolinha deseja que o Cascão fique limpo e arranca o cabelo e tem seu desejo realizado.

Cascão fica desesperado que ficou limpo e grita alto que pode ser ouvido na China. Cebolinha diz que foi mágica e Cascão tenta bater nele, mas dá é vontade de vomitar com o cheiro de sabonete. Mônica aparece e elogia o Cascão, pensando que ele tomou banho. Ele diz que não e manda Mônica sair dali porque o Cebolinha está perigoso. 

Mônica acha Cebolinha ridículo e ri com ele com 3 fios de cabelo e cebolinha fala que pior é ela, xingando de baixinha, dentuça, gorducha, etc.  Mônica tenta bater nele e Cebolinha deseja que quer ficar mais forte que a Mônica, arrancando outro fio de cabelo. Cebolinha fica forte, dar um soco nela e consegue vencê-la, depois segura uma pedra afirmando que é o novo dono da rua e trata Mônica e Cascão como escravos e faz seu novo desejo de falar corretamente.

Cebolinha se glorifica que agora está com tudo, é rico, poderoso e fala certo, segurando um poste. Mônica diz que ele está como um palerma com um fio de cabelo, Cebolinha diz que poderia jogar o poste nela e radicalizar e provar sua autoridade, mas quer fazer o último pedido de ficar cabeludo. Ele pensa se quer ficar como o "João Lenão", "Sidão Magau" ou Fábio Búnior" e quando está prestes a pedir, Cascão arranca o cabelo do Cebolinha pedindo que tudo volte ao normal.

Assim, pedido é concretizado e Cebolinha fica uma fera, Mônica bate nele por tudo que ele fez. No final, Cascão dita ditados como "Quem tudo quer, tudo perde" e "Vale mais cinco fios no coco que mil voando" e fala que Cebolinha deixou de ser rico, forte e bonito, mas não é motivo de ele arrancar os cabelos, com Cebolinha cheio de raiva tentando arrancar cabelo.

História engraçada que uma Bruxa faz Cebolinha ter fios de cabelos mágicos, que arrancados permitem realizar os desejos dele como forma de recompensa de ele não ter rido quando caiu ao atravessar a rua. Foi melhor que ter encontrado um gênio da lâmpada, pois teria direito só a 3 desejos. Só que o poder subiu a cabeça, prejudicando seus amigos e só se salvaram com o desejo do Cascão de fazer voltar tudo ao normal, mais uma vez Cascão estragando os planos dele. Pelo menos quando tudo volta ao normal, Cebolinha recupera os cinco fios de cabelo de antes.

Cebolinha saiu como vilão e teve castigo merecido. Cascão e Mônica tiveram sorte de que qualquer um podia fazer pedido arrancando cabelo do Cebolinha e não só o próprio dono do cabelo que podia fazer os pedidos senão seria o triunfo total do Cebolinha.  Foi legal que os desejos dele envolve todas as suas personalidades como dar banho no Cascão, ficar forte, derrotar Mônica, falar corretamente sem trocar o R pelo L, ficar cabeludo, em uma história vimos várias características do Cebolinha.


Desejos dos personagens podiam ser realizados por várias formas como poços de desejos, fadas, gênio da lâmpada, invenções e por uma bruxa, como nessa história, sempre eram interessantes pois exploravam os principais interesses e características deles. Cascão aparecendo limpo sem ter tomado banho também acontecia as vezes por vários motivos como quebrar a crosta de sujeira ao cair no chão ou a Mônica bater nele, ou então por maquiagem, ou Mônica assoprar e a sujeira voar, etc, e dessa vez por causa da bruxa e desejo do Cebolinha. Cascão nunca gostava de aparecer limpo mesmo não sendo por banho.

Foi engraçado ver a Bruxa velhinha cair e todos rirem dela, inclusive o Guarda de trânsito, Cascão achar que a grana do Cebolinha era dele também e querer ficar com ela enquanto o Cebolinha estaria no hospício, Cascão gritar tanto após ficar limpo que é ouvido na China, Cebolinha se imaginando cabeludo, absurdos como Cebolinha forte capaz de segurar pedra e dinheiro sumir durante a história, só retornando, sumindo após o pedido do Cascão e poste e paródias de famosos cabeludos, no caso, de John Lennon, Sidney Magal e Fábio Junior. Cebolinha falando sozinho por um tempo o começo da história também foi bom, era bem frequente isso e sempre era engraçado monólogos dos personagens. 

Incorreta hoje em dia por tratar Cebolinha como vilão,  ser taxado pelo Cascão como ladrão que assaltou banco, absurdos como ele carregar pedra e poste sozinho, poste cair no pé dele, Cebolinha aparecer surrado pela Mônica e, principalmente,  no começo ninguém ajudar velhinha atravessar rua, mesmo sendo bruxa, e ainda rirem de ela ter caído e nem ajudarem a levantá-la do chão como uma aula de mau exemplo. Tiveram palavras proibidas nos gibis atuais como "Credo!" e "gozado". 

Depois essa história virou desenho animado só que não seguiu fiel, como a bruxa era uma fada, tiraram parte inicial de ninguém ajudar a velhinha, ela cair e todos darem gargalhada, o Cebolinha quem a ajuda a atravessar a rua, é menos maníaco. Ou seja, tudo que acharam incorreto, corrigiram no desenho.

Os traços ficaram muito caprichados, com destaque a personagens com dentes expostos com mais frequência quando ficavam surpresos, com raiva ou estavam aprontando e a presença  de curvas nos olhos sem serem de fundo branco quando estavam com bastante raiva, que sempre ficavam bem, em 1993 esse recurso já estava menos frequente em relação ao final dos anos 1980 e início dos anos 1990, mas ainda tinha as vezes. Pena as cores mais escuras, cada vez mais tirando os tons pastéis até  o início dos anos 1990. Teve um erro de Cebolinha falar de boca fechada na página 10 do gibi,  erro bem comum na época.  Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.