domingo, 27 de fevereiro de 2022

Bidu: HQ "O Folicão"

É Carnaval e então mostro uma história que um cachorro folião invadiu a história do Bidu, atrapalhando e azucrinando com ele. Com 4 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 65' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cascão Nº 65' (Ed. Abril, 1985)

Nela, surge um Cachorro Folião bem animado soltando confetes e serpentinas no Bidu e canta  a marchinha "Olha a cabeleira do Zezé". Bidu fica muito irritado por ficar enterrado e o Cachorro dá paulada nele, pedindo socorro, pensando que confetes e serpentinas estão vivos, que deixa Bidu tonto.

O Cachorro achou que Bidu estava sambando, diz que a ginga foi boa e é o melhor sambista e pergunta se quer ser o mestre-sala da escola de samba dele. Bidu aceita e o Cachorro fala que agora tem que convencer o Luisão, um cachorro alto e briguento, a sair da escola. Luisão dá uma surra no Bidu e o cachorro diz que tem gente que só arruma encrenca no Carnaval.

Luisão joga Bidu surrado longe e o cachorro comenta que adorou a pintura de Carnaval do Bidu, que  os olhos roxos estão um barato e queria que fizesse um igual nele. Bidu gosta e se prepara para dar uma paulada no Cachorro, mas ele coloca o Luisão na frente e Bidu dá paulada nele e acaba apanhando de novo e sendo jogado longe. 

O Cachorro manda Bidu se animar, dá um sorriso e Bidu sai cabisbaixo e chorando. Aparece o Bugu avisando ao Bidu que quer aparecer na historia no Carnaval e que ninguém o tira de lá. Bidu dá um sorriso, deixando o Bugu lá enquanto o Cachorro Folião joga confete e serpentina no Bugu, terminando assim.

Boa história com Bidu sendo perturbado por um cachorro folião, atrapalhando a atuação dele na história em pleno Carnaval e ser até surrado pelo cachorro parrudo Luisão. O Bidu não conseguiu expulsar o Cachorro da sua história, mas pelo menos se vingou do Bugu, que tanto o perturba também nas suas histórias, fazendo passar pelas mesmas coisas que passou com o Cachorro ou até pior.

Teve várias situações de Carnaval como confetes e serpentes, marchinhas, samba e escola de samba, de uma forma simples retratou bem a data e entrou no clima carnavalesco. O final ficou aberto para os leitores imaginarem o que o cachorro aprontou com o Bugu, eles gostavam de histórias com finais abertos assim na época. Fica a imaginação também de cada um se o cachorro aprontou com Bidu de propósito ou sem intenção. Incorreta hoje por ter cenas de violência com pauladas na cabeça, brigas, Bidu aparecer surrado, coisas que não podem mais nos gibis atuais, fora não ter mais histórias de Carnaval atualmente.

O Cachorro até podia ser o Bugu no lugar, mas o roteirista queria que o Bugu passasse também pelo sufoco e o jeito foi colocar outro cachorro. Lembra também estilo de história com o Louco, também não seria ruim se no lugar fosse o Louco ou o cachorro dele, que apareceu em algumas histórias. Não colocaram nome para esse Cachorro Folião durante a história, mas pode ser considerado que se chama Folicão, como foi o título dela. Ele só apareceu nessa história, assim como o Luisão. Os traços muito bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1980. Foi republicada depois em 'Coleção Um tema Só Nº 13 - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996). 

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 13 - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Cebolinha: HQ "Essa não colou!"

Compartilho uma história em que o Cebolinha deu uma cola instantânea para Mônica em vez de desodorante dando muita confusão. Com 6 páginas , foi história de abertura de 'Cebolinha Nº 142' (Ed. Abril, 1984).

Capa de 'Cebolinha Nº 142' (Editora Abril, 1984)

Cebolinha compra um desodorante na farmácia e pega sem querer uma cola instantânea em spray que estava do lado do desodorante. Na rua, Cebolinha vê Cascão correndo da Mônica depois de ter aprontado com ela. Mônica para, cansada, e diz que não é fácil correr de atrás do Cascão com esse calor e que está suando inteira. Cebolinha sugere usar o desodorante novo que ele acabou de comprar.

Aparece o balconista da farmácia avisando que o Cebolinha levou um spray de cola instantânea no lugar e que quando der, pode ir na farmácia trocar. Cebolinha fica apavorado porque a Mônica estava usando nas axilas, diz que acha que vai precisar também de uma caixa de primeiros-socorros, mas logo tem ideia de um plano infalível.

Cascão volta, diz ao Cebolinha que a Mônica quase o alcança e foi mais esperto. Só que ele vê a Mônica perto do Cebolinha, se ajoelha, desesperado que vai apanhar. Cebolinha avisa que ninguém vai pegar o Cascão. Mônica pergunta quem vai a impedir e Cebolinha fala que é o incrível poder mental dele. Mônica ri e Cebolinha faz demonstração, colocando Cascão na frente e manda Mônica levantar braços para bater nele. Cebolinha faz gesto que fez mágica e ela não consegue levantar, fazendo de entender que foi graças ao poder mental.

Mônica implora para soltar os braços dela e Cebolinha aceita só com uma condição. Ela sabe o que é e não aceita. Cebolinha fala que ela vai ficar assim para sempre, não vai conseguir mais dançar lento, coçar nariz, vai ficar despenteada por não conseguir pentear cabelo. Mônica não aguenta e aceita dar o Sansão e diz que está no bolso dela. Cebolinha pega o Sansão e comemora que agora é dele. 

Cascão aparece animado, contando que xingou todo bando de moleques invocados que viviam querendo bater neles, aproveitando que ele tinha o incrível poder mental. Os moleques aparecem, Cascão provoca mais ainda e ao se aproximarem, todos descobrem que Cebolinha tem poder mental nenhum. No final, os meninos sobem no alto do poste e vão grudando as mãos com o spray da cola e Mônica avisa aos moleques que ela será a primeira a bater neles porque uma hora o efeito da cola vai passar e o spray da latinha vai acabar.

História muito legal em que o Cebolinha pega uma cola spray por engano no lugar de um desodorante e sem saber faz a Mônica usar, ficando com os braços presos. Ele se aproveita da situação para inventar que tem poder mental de paralisar braços das pessoas e conseguir pegar o Sansão, mas não contava que o Cascão ia espalhar para os moleques brabos para o Cebolinha fazer o mesmo com eles, estragando o plano.

Cascão sempre estragava os planos infalíveis para desespero do Cebolinha, dessa vez pensou que era verdade que o Cebolinha tinha poder mental e a intenção era se vingar também dos moleques brabos. Assim, ele não só estragou mais uma vez o plano infalível como ainda apanharam da Mônica e dos moleques ao mesmo tempo. 

Foi mais um caso de história que o plano surge sem querer por causa de descuido, o Cebolinha nem tinha intenção inicial de aprontar a Mônica, só queria ajudá-la, mas vendo a situação da troca de desodorante se aproveitou da situação. Gostava quando tinham planos improvisados assim. Mônica sempre boba acreditando nas conversas do Cebolinha, se fosse mais esperta, ia sacar logo que não era poder mental.

Foi engraçado ver o Cebolinha enganando a Mônica, dizer que tem poder mental, a chamando de "mísera humana" por ele se considerado um outro ser superior por ter o poder mental. Interessante a autonomia das crianças irem comprar as coisas sozinhas sem presença dos pais nas histórias antigas. Não ficou claro se o desodorante era pra ele ou se o pai pediu pra comprar, pra agilizar aí não comentavam detalhes. Na verdade, criança não precisa usar desodorante, nem ele nem Mônica teriam que usar, pode-se dizer outro absurdo.

Foi curtinha essa para uma história de abertura, era normal na época terem histórias curtas na abertura, bom que iam direto ao ponto sem enrolação, fora que histórias de planos infalíveis não eram longas mesmo. Hoje evitam colocar histórias de planos infalíveis, principalmente com Mônica sendo muito ridicularizada e os meninos sendo perversos demais e nem apanham no final. Quando tem, tudo bem ameno para não extrapolar o politicamente correto.

Os traços excelentes, já com o estilo consagrado que queriam deixar nos anos 1980. O título que podia ter sido "O incrível poder mental" como anunciado na capa com referência a alusão de abertura, mas nada que tire o brilho da história. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cebolinha Nº 24' (Ed. Globo, 1994), termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Cebolinha Nº 24' (Ed. Globo, 1994)

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Piteco: HQ "Luta por um oásis"


Mostro uma história em que o Piteco enfrentou um Guardião de um Oásis que cobrava dos outros para eles terem água. Foi publicada em 'Cebolinha Nº 13' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Cebolinha Nº 13' (Ed. Globo, 1988)

Uma grande seca na Pré-História precisando os habitante se animais rastejarem quilômetros de distância em busca de uma única gota d'água. Piteco encontra um oásis no meio do deserto. Ele rasteja rapidamente até lá, mas é impedido de pegar gole d'água pelo Guardião do Oásis, que fala que para beber água tem que pagar.


Piteco diz que não tem machadinha, o Guardião responde que então que fique com sede e aí Piteco parte para briga para conseguir água, só que sai perdedor por estar muito fraco. Aparece o povo, saudando Piteco ao "Clube dos Sedentos", falando que o Guardião tirou tudo que tinham deles e agora os deixam à míngua. Eles tinham só uma machadinha, Piteco pega e paga ao Guardião. Depois de beber, consegue ter forças e consegue brigar com o Guardião e aí sai vencedor, com o Guardião saindo correndo. 


Piteco comemora que salvou o povo sedento do Guardião, que depois dessa história será considerado um salvador, um líder e um rei do povo sedento, só que na hora começa a chover forte, dando enchente, acabando com a seca na Pré-História, tirando os planos do Piteco de ser um rei e ele reclama que o roteirista sempre tira sarro deles.


Uma história legal com o Piteco enfrentando uma seca e acaba ajudando um povo contra um guardião malvado que queria cobrar pela água de um oásis. Consegue derrotá-lo, mas não se torna um rei do povo por causa do roteirista que coloca um temporal na história para estragar os planos e ambição do Piteco.

Sem dúvida os maiores vilões para os personagens são os roteiristas que elaboram as histórias e fazem sofrer, geram conflitos, brigas. Ruim para os personagens, bons para os leitores que se divertem, afinal, sem conflitos não tem história. Não era muito comum metalinguagem em histórias do Piteco, mas as vezes tinha. Com todos os núcleos de personagens já tiveram metalinguagem e o recurso estava em alta na época.


Eram comuns histórias do Piteco guerreiro, justiceiro, sempre eram bem feitas. A história mostra também uma crítica e reflexão que se o povo não cuidar da água do planeta Terra, vai acontecer como foi com Piteco e precisar pagar caro a aproveitadores para ter água. Vimos que a moeda na Pré-História era machadinha por não ter dinheiro de papel e moedas. Incorreta hoje por ter brigas, violência e o Guardião cobrar pela água, se aproveitar do sofrimento dos outros para se dar bem. O tema de seca, fazendo piadas com isso também não seria bem vindo.


Os traços muito bons, típicos dos anos 1980. A história ocupou 5 páginas no gibi por causa das propagandas inseridas no rodapé das páginas, se não tivessem, seriam 4 páginas. Eram colocadas de uma forma que ocupassem 4 linhas da história no total, acrescentando 1 página a mais da história no gibi. Dessa vez as propagandas inseridas foram da revista do Chico Bento, do bombom Serenata de Amor da "Garoto" e do aparelho modelador "Z. Bern" para ter um corpo perfeito.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Capa da Semana: Mônica Nº 90

Uma capa em que a Mônica distraída molha o Cebolinha enquanto rega as flores e fala ao telefone ao mesmo tempo. A conversa estava muito boa para Mônica ter uma distração tão grande assim. Coitado do Cebolinha por estar passando em frente a casa dela bem na hora. Gostavam de colocar o Bidu nas capas antigas, muitas vezes rindo do personagem se dando mal. Ficava legal quando ele aparecia assim como figurante.

A capa dessa semana é de 'Mônica Nº 90' (Ed. Abril, Outubro/ 1977).

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Magali: HQ "A Bela e a Fera"

Em fevereiro de 1992, há exatos 30 anos, era lançada a história "A Bela e a Fera", uma paródia do conto de fadas, em que a Magali precisa ir morar com um monstro para a sua família não ser castigada. Com 13 páginas, foi publicada em 'Magali Nº 69' (Ed. Globo, 1992).

Capa de 'Magali N 69' (Ed. Globo, 1992)

Conhecemos um caixeiro viajante que tinha três filhas, Gigi, Doroti e Magali, e que sempre que viajava, ele perguntava para as filhas o que queriam que trouxesse na volta. Gigi pede lindos vestidos de seda e crepe da China para ficar ainda mais bonita, Doroti pede um pente de pedras para adornar o cabelo. Já Magali, a princípio pede nada, já é feliz com o que tem, e na insistência do pai, ela pede uma singela melancia e ele pensa como Magali é bondosa, meiga e gentil, puxou a ele.

O Caixeiro viaja pela cidade, faz bons negócios por dois dias e na volta, já com os presentes das filhas, esquece a melancia da Magali. Ele fica desapontado por esquecer um presente tão singelo, era tarde para voltar para a cidade e ali só tinha mato. Acaba encontrando um casarão com pomar e cheio de melancia. Ele resolve pegar uma, achando que o dono não ia se importar, mas aparece o dono, que era um monstro, não gostando que o pomar foi assaltado.

O Caixeiro implora para não fazer nada com ele, só queria levar uma melancia para a filha, tem três filhas e não podem ficar sem ele. A Fera o deixar ir na condição de levar uma das filhas para viver com ele até no dia seguinte de manhã e se não trouxer a menina, todos sofrerão, pois ele tem poderes para encontrá-los e castigá-los onde quer que estejam.

Em seguida, o Caixeiro volta para casa arrasado, entrega os presentes para as filhas. Ficam felizes e Magali, na sua provadinha, come a melancia inteira. O Caixeiro chora, fala que foi a melancia mais cara da sua vida e conta a história do Monstro que quer que uma das filhas vá viver com ele. Gigi e Doroti mandam uma e outra irem e Magali se prontifica a ir, nada mais justo, pois foi ela quem pediu a melancia.

Na manhã seguinte, o Caixeiro Viajante leva a Magali ao casarão da Fera. Magali acha que ele não pode ser mauzinho por ter plantação de melancia apetitosas. Ao tentar pegar, aparece a Fera, mandando não tocar e ordena o Caixeiro deixar a filha lá e dar o fora. 

A Fera avisa à Magali que é para ela ficar longe das melancias, pode comer as outras frutas, menos as melancias. Em seguida, mostra o quarto da Magali, que não fica assustada por ter que morar lá. Magali diz que vai sentir falta do pai e das irmãs, mas medo nenhum. A Fera tira o disfarce, revelando sua identidade de monstro horrível, mas Magali não sente medo e diz que ele se parece o Mingau, seu gato fofinho.

A partir daí, Magali passou a ser amiga da Fera, levava café na cama todos os dias, contava-lhe histórias e enchia a casa de alegria, a feiura não fazia mais dele um ser solitário. Só que a Magali não se conformava com a proibição das melancias, fazia grande esforço para resistir quando ia pegar frutas no pomar, sempre sonhava com elas enquanto dormia, até que um dia ela não aguentou. Era para ser só uma melancia, mas como seu apetite grande, comeu todas.

Magali tenta sair de fininho, com esperança de ter sorte do Monstro não notar. Só que nesse momento, ele passa mal e acusa a Magali de traidora. Ele conta que uma bruxa, a quem negou uma fruta, colocou um feitiço, que ele viveria enquanto existissem as melancias e não podia contar isso e agora que a Magali comeu tudo, ele esta morrendo. Magali fica triste e chora em cima da Fera e aí nesse momento tem a transformação dele em um Príncipe, que conta que voltou a ser o que era, a bruxa o transformou em um monstro até que uma bondosa e gentil menina chorasse por ele.

No final, o Príncipe devolve Magali ao seu pai, prometendo casamento, assim que ela tiver mais idade, dando inveja às irmãs, e comemoram almoçando. O Príncipe conta a história ao Caixeiro, que diz que a filha é muito bondosa, gentil e meiga. Ao servir a sobremesa de melancias, o Príncipe fala que às vezes ela parece uma fera, fazendo referência a cara que ela fazia ao devorar as melancias.

Uma boa história com paródia do conto de fadas "A Bela e a Fera" com a Magali se passando pela Bela que precisa viver com um mostro para o pai não ser castigado e acaba ficando amiga da fera, mas com o seu ponto fraco de gula, comeu todas as melancias encantadas e quase matou a Fera. O choro espontâneo dela o salvou do encanto e o transformou em Príncipe, Magali prometida a casamento, acabando tudo bem.

Podemos ver que as irmãs eram invejosas, vaidosas e só queriam riqueza e a Magali era gentil seria a única que ficaria como monstro sem ter medo dele. Foi preciso o Caixeiro roubar uma melancia da Fera para conhecer a Magali e salvá-lo do encanto da bruxa. Como toda fábula, tem a sua lição de moral que foi que o que importa e a beleza inferior, ou seja, o monstro de aparência horrível que dava impressão que era muito malvado, tinha um bom coração, que ficou visível na companhia da Magali, e também que o o amor e o afeto espontâneo transforma, tira todo o mal encanto. 

Foi supercriativa, bem fiel à fábula original e encaixando melancia e gula da Magali nos momentos certos para atender a característica dela. No lugar de uma rosa que o pai pegou, foi melancia. Sensacional. Como a Magali foi retratada como criança, não podia ser beijo para tirar encanto da Fera e nem podia se casar no momento com um adulto, aí teve cuidado de colocar choro afetivo e casamento só quando ela tiver mais idade. O narrador-observador, que é roteirista, contando a história dava um charme a mais. 

Depois da clássica "Branca de fome e os sete anões" (Magali #57, de 1991) teve essa. Mostra, então, uma fase que faziam adaptação à conto de fadas famosos de acordo com o universo e as características dos personagens da Turma da Mônica com maestria. Podiam ter fábulas com qualquer personagem até então, sendo que depois deixaram mais essas paródias com a Magali, até por coincidências de muitas originais tinham alguma comida no meio e quando não tinha, eles adaptavam, como foi nessa. De vez em quando era legal histórias assim, depois a partir dos anos 2000 isso ficou frequente nas revistas da Magali, normalmente ela contando histórias de fábulas para o Dudu e aí ficou cansativo.

"A Bela e a Fera" teve um filme de animação em 1991 nos cinemas, então pode-se dizer também que essa história da Magali foi também mais uma das de paródias de filmes famosos que estavam investindo na época. O título nem teve paródia dessa vez, seguiu fie à obra, as vezes eles não parodiavam nomes de fábulas, filmes ou de artistas famosos. 

Os traços ficaram excelentes, bem encantadores. Interessante que dessa vez não teve personagem fixo principal, com exceção de participação do Mingau. Até o pai foi retratado por outra pessoa sem ser o Seu Carlito. As vezes acontecia de fábulas não ter personagens fixos, estrelados só pelo personagem principal para dar destaque a ele, gostava quando era assim. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Anjinho: HQ "Fazendo as pazes"


Compartilho uma história em que o Anjinho ajudou um menino a reconquistar a sua namorada. Com 5 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 8' (Ed. Abril, 1982).

Capa de 'Chico Bento Nº 8' (Ed. Abril, 1982)

Nela, Anjinho vê o menino Afonsinho dando uma flor para Marta a fim de conquistá-la e acha um gesto bonito, mas a flor está cheia de espinhos, aí ela taca a flor no Afonsinho com raiva e vai embora. Afonsinho tenta se desculpar, mas ela nem dá ouvidos.

Anjinho fala para Afonsinho não ficar assim. Ele diz que é porque não levou fora que ele levou. Anjinho diz que nunca daria uma flor com espinhos, Afonsinho diz que todas tinham e Anjinho fala que poderia ter tirado antes de dar e que vai ajudá-lo a reconquistar a Marta.

Anjinho coloca uma peruca se passando por um garoto a fim da Marta. Afonsinho aparece falando para não se meter com a garota, Marta fecha os olhos, eles simulam briga, com Afonsinho saindo vencedor. Marta dá um soco na cabeça do Afonsinho, falando que foi bruto e mexer com ela não tira pedaço.

Com o plano fracassado, em seguida, Anjinho finge ser um bandido querendo assaltar a Marta. Surge Afonsinho falando que ninguém vai assaltá-la na frente dele. Marta fala que não vai mesmo, além de não ter arma, ela não tem dinheiro. Afonsinho fala que pode ser perigoso e ela diz que luta caratê e dá um golpe marcial no Afonsinho.

Depois, Anjinho pensa em outra ideia, mas Afonsinho o corta, grita que não quer mais saber dos planos dele, não vai mais correr atrás da Martinha, se quiser, ela que venha até ele. Marta ouve e chega sem graça, perguntando se ele está zangado e que o desculpa. Afonsinho diz que não está se desculpando e ela diz que está. Afonsinho a desculpa para não se acostumar e ela fica gamada no jeito autoritário dele. Anjinho fala que no final não precisou de plano nenhum e Afonsinho fala que foi o que ele acabou de fazer.

História legal com o Anjinho fazendo planos infalíveis para ajudar o Afonsinho a reconquistar a namorada Marta, os planos não deram certo, como sempre nessas histórias de planos infalíveis, mas o do Afonsinho no final de bancar o machão, o difícil, funcionou, deixando a Marta gamada com aquele jeito dele.

Foi divertido ver a flor cheio de espinhos, o Anjinho se passar por um namorador e bandido, o golpe de caratê da Martinha no Afonsinho e o Afonsinho se fazendo de difícil no final. Dava até para o Anjinho fazer outros planos, só que para não deixar uma história longa e ir direto ao ponto, ainda mais por sair em um gibi quinzenal, preferiram assim e deu conta do recado do mesmo jeito e sem enrolação. Como de praxe, Afonsinho e Martinha apareceram só nessa história, normal de personagens secundários.

Interessante como histórias antigas tinham bastante violência, personagens dando soco, brigando, assim como sempre davam um jeito de ter bandidos nas histórias, dessa vez o Anjinho fingindo ser um. Hoje sem chance história assim, principalmente Anjinho como bandido, mesmo que para uma boa causa de ajudar no namoro. Inclusive, namoro entre crianças proibidos hoje em dia também. 

Antigamente, o Anjinho ajudava qualquer pessoa, seja crianças, adultos, animais e costumava também contracenar com diabos ou diabinhos. Isso mudou depois e atualmente ele só ajuda as crianças da Turma da Mônica e os adultos não o veem, só as crianças da turminha. Gostava mais quando ele ajudava qualquer um, as histórias tinham mais conteúdo e diversidade.

Os traços muito bons, característicos da primeira metade dos anos 1980. Nos primórdios, o Anjinho aparecia sem auréola, raramente só em algumas histórias quando o tema precisava de auréola e depois que passaram a inserir de forma fixa. A história saiu em um gibi do Chico Bento porque nos primeiros números dele da Editora Abril tinham histórias da Turma do Limoeiro para preencher os gibis por falta de histórias do Chico produzidas e também para mostrar que Chico era personagem da MSP por ser mais diferente e não ser tão conhecido ainda. Foi republicada depois em 'Almanaque do Chico Bento Nº 6' (Ed. Globo, 1989). Termino mostrando a capa desse almanaque.

Capa de 'Almanaque do Chico Bento N° 6' (Ed. Globo, 1989)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Chico Bento: HQ "Chamada Oral... Desastre Total!


Em homenagem a volta às aulas em fevereiro, mostro uma história em que o Chico tenta enganar a professora Marocas para não responder perguntas de uma chamada oral. Com 7 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 250' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Chico Bento Nº 250' (Ed. Globo, 1996)


Zé da Roça pergunta para o Chico Bento se ele estudou para a chamada oral da escola e ele diz que não deu, estava muito ocupado nos últimos 3 dias pescando, catando goiaba e nadando no rio. Zé da Roça chama Chico de maluco, a chamada vale nota e ele vai se dar mal. Chico diz que bolou um plano para escapar da encrenca.

Na escola, Professora Marocas fala que seria chamada oral de Geografia e tinha avisado no início da semana. Zé da Roça torce que não chame o Chico, mas é o primeiro a ser chamado. Marocas pergunta quais são os afluentes da margem direita do Rio Amazonas. Chico fala baixinho e rouco que não pode responder porque está com dor de garganta e tosse. Marocas diz que ele pode sentar sem responder, mas amanhã, quando estiver bom, vai chamá-lo de novo.

No dia seguinte, no caminho da escola, Zé da Roça pergunta se Chico estudou e ele diz que não pôde porque estava pintando um cartaz e ia vê-lo na aula. Na sala, quando Marocas chama o Chico, ele mostra o cartaz que piorou, a voz sumiu de vez. Então, ela combina de fazer a chamada para ele na manhã de segunda-feira, que até lá já teria melhorado.

Na segunda-feira, Marocas volta a fazer a pergunta para o Chico, que esta com um pano amarrado em volta do rosto e sem conseguir falar. Zé da Roça diz que o Chico está com boca inchada por causa de dor de dente e aí Marocas adia a chamada novamente. Na saída, a professora vê o Chico comendo e falando normalmente com Zé da Roça e Rosinha. Marocas grita com o Chico que ele estava a enganando, Chico disfarça que sarou e ela diz que amanhã tem chamada oral valendo nota para passar de ano e não vai aceitar desculpas esfarrapadas.

Assim, o Chico fica estudando a tarde toda, noite até durante a janta e madrugada sem dormir para fazer a chamada oral. No dia seguinte, ele vai para escola cabisbaixo e estava o tempo frio. Marocas chega e Chico fala que está pronto para ela fazer um monte de perguntas. Aí, Marocas mostra um cartaz que não pode, que agora é ela quem está com dor de garganta.

Muito engraçada essa história, com Chico Bento fazendo plano infalível para não responder a chamada oral na escola. Com o plano, ele esperava que a Marocas ia ficar com pena com dor de garganta dele e desistir de fazer chamada oral de vez, mas não contava que no dia que melhorasse, ele ia responder a chamada. Como em toda história de plano infalível é descoberto no final, Marocas descobriu e ele é obrigado a estudar para passar de ano só que dessa vez ele até se deu bem de certa forma com a Marocas ficando com dor de garganta, adiando mais uns dias a chamada oral, mas algum dia a professora vai melhorar e ele não vai escapar que responder as perguntas. 

Se o Chico estudasse, não precisava de nada disso. Como era preguiçoso e não queria nada com estudos e só queria saber de diversão, era o jeito enganar. Chico deu mole e podia conversar distante da escola e longe do caminho da professora. O Zé da Roça foi cúmplice, podia ser punido também. A Marocas foi ingênua também, podia investigar mais, como ele vai pra escola com dor de garganta, sem voz e com dor de dente. Ela também não devia ter ido para escola com dor de garganta. 

Era muito bom ver o Chico malandro, aprontando na escola e enganando a professora para não fazer prova. Hoje é incorreta por mostrar Chico enganando professora, não querendo estudar para se divertir no lugar, tudo é mau exemplo e não fazem mais. 

Histórias de plano infalíveis eram sempre boas, gostava quando tinham histórias de planos sem ser elaborados pelo Cebolinha. Os personagens não apanhavam no final, mas sempre se davam no final de qualquer forma. Planos do Chico eram excelentes também. 

A história focou a chamada só com o Chico para agilizar, ir direto ao ponto sem enrolação. Mas os outros alunos fizeram também. Alguns locais chamada oral é o mesmo que prova oral, vai de cada região. Os traços ficaram bons, bem caprichados, as cores com degradê com certa frequência, mas não em todos os quadrinhos como no segundo semestre de 1995. Eu gostava das cores assim com degradê, ficavam bonitas.