domingo, 11 de abril de 2021

Dona Morte: HQ "Com os dias contados"

Mostro uma história em que um homem resolveu curtir a vida após descobrir que só tinha 3 meses de vida. Com 4 páginas, foi publicada em 'Cascão Nº 10' (Ed. Gobo, 1987).

Capa de 'Cascão Nº 10' (Ed. Globo, 1987)

Nela, conhecemos o Otávio, que foi se consultar com o médico Doutor Fontes, que comunica Otávio tem uma doença incurável e só tem 3 meses de vida. Otávio sai da clínica arrasado e se pergunta o que vai fazer em 3 meses de vida e aí resolve viver a vida.

Otávio pede a conta do emprego puxando a gravata do chefe e é despedido. Vai ao bar, enche a cara de cerveja e pendura a conta para pagar daqui a 3 meses. Depois, chega em casa, a esposa reclama se não foi trabalhar por estar cedo em casa e Otávio a enfrenta, a chama de bruxa e já está cheio dela. A esposa pergunta se ele quer apanhar dela e Otávio a encara e vai embora, surpreendendo a esposa já que ele nunca agiu assim.

Depois, Otávio cai na farra na boate com  muitas mulheres e vai dormir no banco da praça. Vira mendigo esperando chegar a sua hora até que aparece a Dona Morte, só que para avisar que houve mudança nos planos e o nome dele está fora da lista. Com isso, Otávio avisa à Dona Morte para colocar outro nome na lista: Doutor Fontes. Ou seja, vai matar o médico porque o fez perder tudo com a notícia falsa.

História legal abordando tema de o que o leitor faria se descobrisse que tinha pouco tempo de vida. O homem descobriu que só tinha 3 meses de vida e já que ia morrer, resolve curtir a vida, só que extrapola e não esperava que não ia morrer mais. Com o abuso que fez, acabou perdendo tudo virando mendigo. É engraçada e triste ao mesmo tempo, dá pena de Otávio ter se tornado mendigo e só restou matar o Doutor Fontes que deu notícia falsa, pelo menos ia ser preso e não ia ficar mendigando na rua.

Culpa foi dele também, podia não extrapolar tanto, ou até podia ter ido a outro médico para confirmar ou insistir em um tratamento e ter sorte de curar da doença, que não foi revelada qual era. Se ele fosse um pouco mais pé no chão, pelo menos teria mantido o emprego até morrer. A coisa boa foi ter criado coragem e enfrentar a esposa  autoritária, que o tratava como panaca e batia nele. Mostra que ele era submisso e já podia ter separado há muito tempo. Impublicável hoje em dia por ter esse humor negro, além de envolver bebida alcoólica, farra e ter final triste não permitido mais nas revistas atuais.

Era comum histórias protagonizadas por personagens secundários e a Turma do Penadinho aparecer só no final e {as vezes nem aparecia. Gostava quando tinham histórias assim. Por isso a Dona Morte só apareceu no final para dar a notícia que Otávio não morreria mais. Como de costume em histórias assim, esses secundários aparecem só em uma história. Os traços ficaram bem caprichados, bem estilo anos 1980 que davam gosto de ver.

41 comentários:

  1. "A Morte em".Se tivesse visto essa HQ num almanaque,estranharia como estou estranhando agora,pois nas HQs protagonizadas por ela,o titular era sempre "Turma do Penadinho",mesmo que apenas um integrante aparecesse.

    E pôr "A Morte" ou "Dona Morte" no título daria uma #$&¨%*( hoje em dia...

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    1. Era até normal ter títulos colocando crédito como "A Morte" em vez de "Dona Morte", as vezes também nos diálogos dentro da história. Hoje impossível mesmo, iam reclamar demais. Também acontecia de colocar título como "A Turma do Penadinho" quando os personagens apareciam no final, mesmo sendo a Dona Morte no final como nessa.

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  2. Se houve mudança nos planos da Morte, será que é de fato um erro médico? Otávio chutou o balde depois da avaliação médica, colocou tudo a perder, a vida conjugal parece não prestar mesmo. Esta conheço desde criança, não foi um resgate porque nunca a esqueci, um tanto inadequada para gibi infantil, ótimos tempos!

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    1. Pois é, de foi mudança nos planos da Dona Morte, não seria erro médico. O Doutor Fontes se deu mal a toa. Só a vida conjugal que o Otávio se deu bem em largar. História assim em gibi infantil é estranho mesmo, na época ninguém ligava por isso faziam, hoje nem pensar ter. Legal que você já conhecia e lembra dela, muito boa.

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    2. Confesso que quando li fiquei meio chocado, criança não tem crítica, mesmo assim havia gostado, este tema também esteve em uma ou mais novelas globais dos 1980. Na infância, noção de finitude da vida me atormentava severamente, não somente finitude humana como também dos animais, ainda mais ter noção de que a morte está próxima, deveras torturante para mim enquanto guri, isto me causava crises existenciais, meus pais nem sabiam que eu sofria dessa forma, se soubessem, tenho certeza de que não saberiam lidar, era meio introspectivo, embora tirava de letra, não era do tipo choramingão, sou muito grato por ter passado por isto tantas vezes na infância, um filtro e tanto, me despertou interesse pela Filosofia, se fosse choramingão e protegidinho, hoje provavelmente eu seria um bocó alienado. A Dona Morte só me fez bem!

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    3. Por isso sempre considerei que eram revistas de humor e não infantil porque tinham de tudo, muitas coisas inapropriadas para as crianças. É bom ter uns tormentos de leve pra não ser criança chorona e as histórias da Dona Morte ajudavam nisso. E tiveram, sim, novelas da Globo abordando esse tema se existisse poucos dias de vida.

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    4. Verdade, revistas humorísticas com roupagem infantil, tanto que davam audiência entre adultos, eram mais voltadas para família do que propriamente para criançada.
      Quando Dona Morte diz: "Houve mudança nos 'nossos' planos!", imagino a assessoria dela, provavelmente são assombrações também, ou "nossos" implica algo maior, como uma trama, uma rede que além de seu lúgubre habitat compreende também Céu, Inferno e (C)cegonhas, deve ser a segunda opção, Dona Morte é individualista, trabalha só.

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    5. Eram protagonizada por crianças, com roupagem infantil, mas tinham de tudo e por isso agradavam todo mundo, tanto as crianças, adolescentes e adultos. Hoje fazem jus ao título de revistas especialmente infantis, literalmente.

      Quando a Dona Morte fala "nossos planos" creio que seria em conjunto com Deus, os santos, anjos e quem sabe Diabo também. As vezes aparecia a Dona Morte levando almas para o céu e interagindo com São Pedro que tinha as chaves do Céu ou conversando com Deus, e até mesmo levando as almas para o Inferno interagindo com o Diabão.

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    6. Não se esqueça das (C)cegonhas como parte da teia, podemos verificar a imprescindível funcionalidade delas em "Uma história em alto-mar" de Mônica nº198 pela Editora Abril onde marinheiros mal empacotam e já são reencarnados. A pescadora ceifadora foi displicente, veio de canoa furada, daí um segundo naufrágio, ganhou, mas não levou, uma penosa lhe passou a banda dentro d'água.

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    7. Sim, Dona Cegonha também inclui nessa, se tiver atarefada e Otávio fosse na lista de reencarnar logo, não daria pra ele morrer agora. Lembro essa história da revista da Mônica 198, é bem legal.

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    8. Daria sim, Marcos, pois são uma legião aviária, se umas estão apertadas de costuras, outras estão com agendas mais frouxas, elas possuem logística de primeira, do contrário a rede não funcionaria corretamente, encaixaria tranquilamente o processo reencarnatório de Otávio se assim fosse estipulado.
      Os marinheiros nem foram para o habitat de Penadinho e cia, isso que chamo de reencarnações compulsórias, ou seja, a cegonhada batendo metas a todo vapor.
      Embora seja tratada por "Dona", a Morte é muito macho ou "macha", porque é apenas ela para executar desencarnações contra uma pá de emplumadas.

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    9. Pois é, ela fazia coisas que não ficavam atrás de homens fazendo como nessa história aí.

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    10. Nos anos em que se insere a batuta e nem tão infeliz HQ de Otávio, Dona Morte ora apresenta ferrenho antagonismo ante o setor (re)encarnatório, ora não, mostrando ponderação na relação com o setor oposto, denotando interdependência entre os quatro setores, indicando que nem sempre competição, vaidade falam mais alto. O primeiro ciclo espiritual neste plano é a encarnação, quando se mostra competitiva, egoísta, vaidosa não é com essa trajetória inaugural de cada indivíduo, é com os ciclos posteriores conhecidos por reencarnações. Os setores celestial e infernal são claramente antagônicos, ainda assim são interdependentes tanto quanto os demais, por vezes conseguem interlocuções diplomáticas.
      Mauricio soube explorar magistralmente os quatro setores.

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    11. Soube mesmo, ele abordava bem esses temas.

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    12. Faltaram representantes oficiais nos setores infernal e encarnatório/reencarnatório, assim como Anjinho e Dona Morte representam seus respectivos setores. Entre quadrinhos e animações desconheço a existência de cegonha como personagem fixa(o), caso exista, não estou considerando em contexto de fauna silvestre, mundo animal, nada do tipo, me refiro como antítese da personificação da morte, já vi além das HQs da MSP, tanto em quadrinhos quanto em desenhos animados, portanto, ainda não vi como personagem efetiva(o), o que vi são aparições pontuais, umas mais, outras menos marcantes. Quanto às figuras diabólicas conheço duas bem famosas: Brasinha e Hellboy. Na TM os diabos, demônios, capetas, etc deram as caras bem mais que as cegonhas, Mauricio não quis saber de representante diabólico efetivo assim como não quis saber de um(a) expedidor(a)/despachante de recém-nascidos fixo(a) - fêmea ou macho.

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    13. Na Turma do Penadinho tinha a Dona Cegonha como fixa, de vez em quando aparecia para ressuscitar a almas. E também tinha nesse núcleo o Diabão, sendo que desenhado diferente a cada história. Porém, com a Turma da Mônica ou até outros núcleos como do Astronauta, em cada história aparecia um Diabo diferente e desenhado de acordo com o estilo do desenhista e como a história exigia.

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    14. Sim, mas não são personagens de fato efetivados, pelo menos um capeta fixo não houve, assim como os sacis, me recordo que no álbum de figurinhas da TM de 1986 ou 87 teve cromo com essa figura folclórica como sendo personagem efetivo, o que de fato nunca ocorreu em Vila Abobrinha, sempre vários, não há de cadeira cativa "Saci" com maiúscula.

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    15. David também sempre eram desenhados de forma diferente. Mas teve uma dupla de sacis que apareceram mais de uma vez e podem dizer que são fixos, que foram os que apareceram nas histórias de Chico Bento 275 de 1997 e 306 de 1998 e depois voltaram em mais 2 histórias da Panini. Esses foram criados pelo Emerson. Porém, mesmos considerados fixos, apareceram outros sacis depois de 1997.

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  3. Ele não bateu na mulher dele não,né?Fiquei com essa impressão.

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    1. Unknown, ao que tudo indica, ele devia ser constantemente oprimido, subjugado por ela, o que vemos aqui é um momento de libertação graças ao Doutor Fontes.

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    2. Ele não bateu na esposa, mas como enfrentou como nunca tinha feito antes, um ar agressivo, aí ela ficou com medo.

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  4. Há!Há!Que demais! Ele aproveitou para perder a responsabilidade,mas não morreu então ele vai ter que pagar o que deve,e pedir o emprego de volta.

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    1. É, na cabeça dele, já que ia morrer não precisaria de ter responsabilidade e quis se aproveitar. Mas se deu mal porque acabou não morrendo. Se conseguir o emprego de volta, aí a ajudaria muito.

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  5. Eu gostei desta história, pena ser impublicável, pois ela poderia dar uma ótima lição de que não devemos agir por impulso.

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    1. Bem observado, Bruno Chaves, além de pirar na batatinha ao receber o diagnóstico, repete a mesma impulsividade quando recebe a notícia de que seu óbito foi adiado, sendo que o médico indiretamente o livrou de um casamento fracassado, só olha para a metade vazia do copo.

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    2. Pois é, dava pra aprender com o incorreto, de não agir como os personagens. Muitas histórias tinham mensagens nas entrelinhas. Não fazem mais porque pensam é o contrário, que todos vão agir igual aos personagens.

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    3. mas parte desta onda de politicamente correto não é culpa exclusivamente da MSP, pois parte dos leitores também é assim. Recentemente vi no facebook uma historia do Mano e uma mulher chamada Maria Rita, com algumas cena incorretas, como ela sendo perseguida por um homem encapuzado e gostando, e várias pessoas acharam errado. Vejam:
      https://www.facebook.com/photo.php?fbid=850874718830191&set=p.850874718830191&type=3

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    4. Muitas coisas do politicamente correto são por causa do povo alienado que reclama e o Maurício acata pra não perder vendas, outras também a nível mundial porque as revistas são exportadas como por exemplo não mostrar mais o Bidu mijando em postes porque tem países que não toleram isso.

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  6. Muito boa essa
    Pena que o politicamente correto não deixa mais histórias assim serem publicadas.

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    1. Sem chance mesmo uma história assim com o politicamente correto atual predominando. Mesmo que ainda passe mensagem, mas não fazem.

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  7. Hoje implicam com desenhos de crianças sem camisa, imagine homem de camisa aberta, como iam falar. Eu também gostava de histórias assim de personagens aparecendo só uma vez pra determinado roteiro, eram bem criativas.

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  8. Tem uma historinha da Dona Morte que eu procuro já tem anos, talvez alguém aqui possa me ajudar. A história era o seguinte: a Dona Morte foi buscar um carinha falando que ele tinha uma doença terminal. Aí ele reclama que tinha tanta coisa pra viver e sai mostrando/vivendo essas coisas. No fim da história a Dona Morte decide não levar ele porque ela diz (ou os médicos dizem, não lembro exatamente) que ele tem muita "vontade de viver". Alguém sabe que historinha é essa?

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  9. Hank, já vi essa história, mas não lembro a edição. Se eu lembrar ou alguém lembrar, avisamos aqui.

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  10. Achava da hora aa historias com a dona morte..tipo colocando hunor em um momento delicado da vida...e louvavel que ainda tenhq historias com a turma do penadinho pois o povo relogioso nao gosta que falem desses temas com os filhos..dona mortr ja foi parar no programa do faustao e virou cantorq sertaneja impagavel

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  11. Antigamente tanto gibi da tumma da monica nao era exclusivamente infantil que vibha prpoganda do instituto, de lutas kkk...era igial a sessao da tarde passava filmea super improruos a tarde..nao havia nemhum filtro

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    1. Sim, tinham propagandas de todos os tipos, até de produtos pra emagrecer ou ganhar massa muscular, cursos de detetives, etc. Era estranho ter propagandas assim, acho que mostravam por causa dos pais das crianças.

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  12. Falar nisso alguem ja fez esses cursos?

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    1. Acho que ninguém fazia, os mais conhecidos eram os cursos do Instituto Universal Brasileiro.

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  13. Essa é a hq mais politicamente incorreta da história da Turma da Mônica

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    1. Uma das mais incorretas, mas tem outras no mesmo nível incorreto.

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  14. Eram boas as histórias da Dona Morte, mas por causa dessa implicância de religiosos, eles mudaram, está bem amena e pode dizer com histórias novas,assim como toda a Turma do Penadinho.

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