quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Turma do Penadinho: HQ "Vida do lado de lá"

Mostro uma história em que um homem morre e curte a vida após a morte, Com 6 páginas, foi publicada em 'Parque da Mônica Nº 34' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Parque da Mônica Nº 34' (Ed. Globo, 1995)

Nela, a família do Anacleto está no hospital com esperança que sobreviva, mas acaba morrendo. Enquanto choram, o espírito do Anacleto segue um túnel em direção à luz, até chegar ao cemitério do Penadinho, recebido pela Dona Morte. Anacleto pergunta se morreu e Dona Morte diz se ele está achando que ali era o Parque da Mônica e o deixa lá por ter o que mais o que fazer.

Anacleto recebe uma pancada do Cranicola  ter sido arremessado. Penadinho pergunta se machucou e por ver que era novo lá, convida Anacleto para jogar futebol com eles. Depois, Anacleto dá uma volta no cemitério, vê o Zé Vampir, Frank, Muminho e o Lobi e acha bem interessante. Em seguida, vai se divertir com o Penadinho, assustando grupo de pessoas que estavam chamando por espíritos e ainda vai ao baile que tem todas as sextas-feiras no cemitério. 

Anacleto gosta de lá, acha que é a vida que sempre quis, mas tem que ressuscitar quando a Dona Cegonha descobre que a Dona Morte o levou por engano. Já de volta à vida, jornalista quer saber do Anacleto como é a vida após a morte par ao seu livro e Anacleto conta o que presenciou como jogar bola com um crânio falante e que fez 2 gols e o médico prefere desconsiderar esse caso por não acreditar no que o Anacleto estava contando.

História legal em que a Dona Morte leva o Anacleto para o cemitério e ele vê que era bem divertido lá. Só que a Dona Morte o leva por engano e precisa ressuscitar e ao contar como é a vida após a morte, ninguém acredita. Dona Morte mais uma vez desatenta e se engana com suas vítimas, 3 vezes em um único mês, ruim para o Anacleto que estava gostando da outra vida e nem se lembrava da sua família. O jornalista queria uma exclusividade, aparecer imediatamente depois de ele ressuscitar, mas era difícil de acreditar que após a morte acontecia aquilo que o Anacleto falava.

Dessa vez teve toda a trajetória da morte, de Anacleto fechar olhos lentamente, da passagem da alma pela luz conduzida pela Dona Morte até chegar ao cemitério em vez de Anacleto aparecer direto lá para mostrar como era o processo completo assim que a pessoa morre e cemitério ficou retratado como um lugar animado e perfeito, com direito até de jogar futebol e baile às sextas-feiras, como o melhor lugar para ficar. Era comum ter histórias em que fantasmas não gostavam de ter morrido e depois acaba gostando de lá, nessa o Anacleto gostou de lá do início ao fim.

Mostrou tema de vida após a morte, curiosidade que muitos tem, sem saber como é de verdade, já que ninguém voltou para contar como é. Foi tudo de forma leve e humorada, para amenizar a morte, não dizer que era ruim morrer. O cemitério do Penadinho representa o purgatório, onde as almas esperam se vai para o céu ou para o inferno ou reencarnar e era o Penadinho quem recebia essas novas almas. No caso, então, o purgatório que era o melhor lugar para se viver. 

Tiveram vários absurdos típicos de histórias em quadrinhos. Foi engraçado o Cranicola servir como bola na partida de futebol, contra a vontade dele, fantasma ter dor ao receber bolada do Cranicola, festa em cemitério. Engraçado também Dona Cegonha mandar Dona Morte arrumar um óculos para ler direito a sua lista e interessante casais da festa de diferentes espécies como Zé Vampir com fastasma, Lobi com cachorrinha de verdade. É incorreta atualmente por envolver vida após a morte, dizer que morrer não é ruim, espiritismo, família chorar diante do corpo do Anacleto em hospital, grupo de invocação de espíritos, sem chance história assim hoje em dia.

Curiosidade da Dona Morte falar o bordão "Não, Pedro Bó" como referência ao personagem Pedro Bó, interpretado por Joe Lester no quadro do Pantaleão, personagem interpretado por Chico Anysio no programa "Chico City". O bordão virou sinônimo de resposta a alguém que faz uma pergunta idiota. Não era muito comum o Parque da Mônica ser citado em histórias que não eram ambientadas lá, quando acontecia, eram em histórias publicadas naquela revista como nesta história. Também raramente tinha mais de uma história do Parque na revista, o certo era só a de abertura e as demais, histórias normais.

Traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1990 e colorização bem bonita, adorava as cores assim do segundo semestre de 1995 com degradê em todos os quadrinhos, seja ambiente externo ou interno, até em arbustos e gramas e nos balões com degradê quando eram coloridos em fundo branco. Tiveram alguns erros como bigode do médico de cor da pele na primeira página, Anacleto ter aparecido de céu claro na página 2 da história e Anacleto de boca fechada no terceiro quadrinho da página 3 da história.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

A turma: HQ "Concurso de beleza"

Em fevereiro de 1994, há exatos 30 anos, foi lançada a história "Concurso de beleza" em que Cebolinha e os meninos criam um concurso de miss para fazer com que a Mônica ganhe e deixe de bater neles. Com 14 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 86' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Mônica Nº 86' (Ed. Globo, 1994)

Escrita por Rosana Munhoz, Mônica caminha na rua e Cebolinha dá nota 9 para ela e Cascão, nota 8. Mônica ouve e pergunta braba o que eles estão tramando e Cascão dá nota 3 de comportamento e olhe lá. Mônica quer saber o que está havendo ou se preferem levar coelhada. 

Eles falam que não deve bater nos juízes do concurso de beleza do bairro, todas as meninas vão participar e todos os meninos vão votar, vão analisar as meninas e votar, e por isso ela tem que se comportar. Mônica diz que acha que ela não tem chance de ganhar e os meninos falam que ela é uma forte candidata.

Mônica comenta que a Carminha Frufru é mais bonita que ela. Os meninos dizem que só aparentemente, Cebolinha conta que no quesito pé, a Carminha ganha nota 2, é horrível, e Cascão fala que o pé da Mônica ganha nota 10, é magnífico e compensa os dentões medonhos. Mônica quer bater neles, Cebolinha diz que candidata a miss deve ser meiga e educada senão perde de cara e, para testar, resolvem xingar a Mônica sem ela bater neles. Veem que ela se controlou e a esperam amanhã no concurso como forte candidata para ganhar.

Cebolinha e Cascão dão gargalhada e lembram que o concurso "Miss Bairro" é um plano infalível, combinaram com os outros meninos a todos votarem na Mônica e como uma miss tem que manter a classe, a Mônica não vai poder bater neles. Todos vão votar na Mônica para não apanharem mais, apesar de ter outras meninas mais bonitas no bairro, quando aparece a Carminha Frufru.

Os meninos ficam apaixonados, Carminha pergunta se é verdade que vão fazer concurso de miss e se ela deve participar. Eles concordam, mas ao perguntar se ela vai ganhar, Cebolinha diz que só Deus sabe e depois Xaveco cochicha que ela vai ficar tão desapontada. 

Depois, Mônica vê que as outras meninas já sabem do concursos de beleza, Mônica conta que Cebolinha e Cascão falaram que ela é uma forte candidata e as meninas dão gargalhada. Mônica pergunta para Magali se ela tem chance de vencer o concurso, Magali diz que sim, mas quem vai ganhar é ela própria. 

As meninas brigam entre si, Carminha aparece e conta que quem vai ganhar é ela. Mônica diz que sabe de coisas que ela não sabe, dá dica de ter cuidado com o pé e a deixa encucada. Mônica quer brincar com as meninas, que dizem que não brincam com concorrente, nem Magali, que vai tomar banho de espuma embelezador. Mônica acha que elas tão piradas com o concursos e vai para casa esperar o grande dia.

Chega o dia do concurso, os meninos estão reunidos, dizendo que vão fingir analisar as meninas e colocarem o nome da Mônica na urna. Aparecem as candidatas, primeiro Aninha, irreconhecível até para o Titi e Cascão acha que desse jeito a Mônica ganha mesmo. Depois, Denise, Cascuda e Magali bem feias também, até que a Mônica aparece, tenta fugir vendo as meninas arrumadas e Cebolinha diz que a Mônica embeleza o o concurso. Depois aparece Carminha Frufru, deslumbrante, encantando os meninos.

Começa a votação, cada um coloca nome da ganhadora no papelzinho, depositam na cartola e Cebolinha conta os votos, avisando que a vencedora vai ter que se comportar muito bem no ano para não perder o título. Só que todo mundo votou na Carminha Frufru, sendo a miss bairro do concurso e ela faz um discurso. Enquanto isso, Cebolinha reclama como isso pôde acontecer, os meninos contam que ninguém ia votar na Carminha e resolveram dar um voto de consolo. 

Cebolinha grita que estragaram o plano, era para votarem na Mônica para ela parar de azucriná-los. Mônica ouve e bate em todos os meninos para aprenderem a não enganar uma candidata a miss. As outras meninas acham que foi marmelada e ficam amigas de novo. Cebolinha xinga os amigos, que querem saber em quem ele votou. Cebolinha diz que foi na Carminha, achava que não faria diferença e ela ficaria tristinha. Carminha dá um beijo neles, feliz que virou miss e os meninos acham que o plano não deu tão errado assim.

História engraçada em que o Cebolinha cria plano infalível de fazer a Mônica como miss do Concurso de Beleza para ela poder se comportar e não bater nele nem nos meninos, mesmo se eles a provocassem. Só que não dar certo porque todos eles, como juízes, votam na Carminha Frufru em vez de votarem na Mônica e ainda apanham quando a Mônica descobre a verdade, tendo um consolo de serem beijados pela Carminha no final.

Todos pensaram a mesma coisa em dar um voto de consolo para a Carminha, que um voto não faria diferença. Curioso o Cascão e o Titi não votaram nas suas namoradas, votaram na Carminha com a presença das namoradas, a diferença dos votos teria que ser com Cebolinha, Franjinha e Jeremias e Xaveco e não unanimidade. Além do plano, conseguiram ainda causar discórdia entre as amigas, pelo menos fizeram as pazes no final.

Os meninos fazendo a Mônica de boba era o melhor. Foi engraçado o trocadilho de Mônica como forte candidata, não de beleza, mas por sua grande força de carregar peso, meninas darem gargalhada quando Mônica disse que era forte candidata para ganhar, as meninas aparecerem feias achando que estavam produzidas, de fato a Mônica ganharia se não fosse um plano. Incrível como a Magali não comeu a sua roupa com abacaxi e melancia e engraçado ela dizer que vai tomar banho de espuma embelezador.

Colocaram as meninas que eram fixas, Turma da Mônica tinha poucas meninas até então. A morena é considerada ser a Denise, apesar de não ter nome revelado, sempre aparecia de um visual diferente a cada história. Aninha apareceu maior que as outras meninas, não tinha um padrão de altura dela, variava de cada desenhista. Normalmente Aninha, por ter 8 anos, é mais baixa que o Titi e mais alta que as outras meninas. Detalhe do Jeremias aparecer antes do concurso, mas não apareceu durante o concurso. 

Foi a segunda história que a Carmnha Frufru, antes ela tinha estreado na história "Modelo e Manequim" (Magali Nº 93, de 1993), que seria história única dela e resolveram voltar em definitivo com a personagem. No início era explorada beleza dela diante dos meninos e ganhar em concursos, depois deixaram ela como uma vilãzinha rica e esnobe com aparições esporádicas ao longo dos anos 1990 e sempre com um visual diferente a cada história. Carminha ficou fixa de vez e com frequência maior e traços definitivos a partir dos anos 2000.

Tiveram erros de meninas sem batons em alguns quadrinhos, o que era muito comum, Cascuda aparecer com nariz em formato "c" na página 10 do gibi, além de Cebolinha aparecer com dente após a surra da Mônica e desdentado no final. Já na parte do Cebolinha falar certo ao avistar a Carminha Frufru não é erro já que quando tinham balões com vários personagens falando a mesma coisa juntos prevalecia como a maioria falava. Incorreta hoje em dia por crianças envolvidas em concurso de miss, maquiadas, meninos apanharem e aparecerem surrados, olhos roxos e sem dentes e a palavra "gozado" é proibida nos gibis atuais. 

Os traços ficaram ótimos, bem característicos dos anos 1990, pena as cores mais fortes, abandonando tons pasteis que marcaram os gibis. Essa história depois virou desenho animado e seguiu o estilo da história em quadrinhos sem muitas adaptações. Muito bom relembrar essa história marcante há exatos 30 anos.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Cascão e Chico Bento Nº 800

As revistas do Cascão e Chico Bento atingem a marca histórica de 800 edições lançadas no Brasil neste mês de fevereiro de 2024 e nessa postagem mostro como foram essas edições que estão nas bancas.

Os dois títulos foram lançados em agosto de 1982 na Editora Abril como quinzenais de 36 páginas cada um até nas suas edições "Nº 421" da Editora Globo, em fevereiro de 2003, quando suas edições "Nº 422", de março de 2023 passaram a ser mensais com 68 páginas, e desde janeiro de 2023, a partir das edições "Nº 23" da trrceira série da Editora Panini, voltaram a ser quinzenais, agora com 52 páginas cada um. Como suas revistas sempre tiveram mesmas numerações, Cascão e Chico Bento sempre comemoram juntos numerações redondas como essas do N° 800.

Verdadeiras Cascão Nº 100 Até N° 800
[CC #100 (A-1986), #86 (G-1990), #186 (G-1994), #286 (G-1997), #386 (G-2001), #19 (P-2008), #19 (P-2016, #49 (P-2024)]

Eles levaram 42 anos para atingir essa marca de 800 edições, juntando as 3 editoras, sendo 114 gibis da Ed. Abril, 467 da Ed. Globo, 100 da Panini (1ª série) e 70 da Panini (2ª série) e 49 da Panini (3ª série). E foram os primeiros títulos principais da MSP a chegarem a 800 edições, já que os da Mônica, Cebolinha e Magali ainda estão nas casas de 600 edições. Mesmo que foram lançados depois de Mônica e Cebolinha, mas como foram quinzenais por muito tempo enquanto estes foram mensais, ajudaram a conseguirem a marca histórica primeiro.

Verdadeira Chico Bento Nº 100 Até N° 800
[CHB #100 (A-1986), #86 (G-1990), #186 (G-1994), #286 (G-1998), #386 (G-2001), #19 (P-2008), #19 (P-2016, #49 (P-2024)]

Falando sobre as edições, que são as de "Nº 49" da terceira série da Panini, em relação à distribuição, chegaram aqui dia 15 de fevereiro de 2024. Seguem o estilo atual quinzenais de 52 páginas, formato canoa, 8 páginas de passatempos e 1 página de seção de correspondências e cada um custando RS 6,90. Tirando capas, contracapas, propagandas, passatempos e seção de correspondências, ficam 35 páginas com histórias cada um. 

As capas com logotipo em HD e com alusão à história de abertura com extensão na contracapa para justificar preço, código de barras, QR Code e selos não aparecerem na capa principal. Em ambos, abrem direto com as histórias, sem ter um frontispício comemorativo na página 3. Só histde abertura foram comemorativas, as demais todas normais. 

A seguir, comento individualmente cada uma dessas edições:

CASCÃO

A revista teve 5 histórias, incluindo a tirinha final. A história de abertura é comemorativa com o título "800 é pra ficar na história", com 20 páginas e escrita por Edson Itaborahy. Nela, Titi e Jeremias desejam gravar a rotina do Cascão para o reality show "Um dia na vida do Cascão" para o trabalho escolar e comemorarem as 800 edições dele, só que veem que a rotina é fraca, nada de interessante acontece, até quando surgem os vilões da S.U.J.O.C.A. para darem banho no Cascão.

Ficou bem simples a trama, tudo bem corrido para não deixar história grande já que gibi é quinzenal e com menos páginas e não dá pra ter histórias muito longas. Não teve referências a histórias passadas como costumam ser histórias comemorativas de números redondos de revistas, apenas focada na gravação do reality show, vilões querendo dar banho no Cascão e a expectativa das 800 edições. 

É de de estranhar o Capitão Feio querer dar banho no Cascão, mas como faz parte da S.U.J.O.C.A. que reúnem os vilões com objetivo de dar banho no Cascão, o Capitão Feio teve que participar. Na verdade, o Capitão Feio anda bem diferente atualmente, não tem planos para sujar o mundo, os seus monstrinhos se preocupam em limpar o esgoto, descaracterizaram demais. Dessa vez não apareceu o vilão Cabeça de Balde na S.U.J.O.C.A. nem o Doutor Span, apenas Capitão Feio, Doutor Olimpo, Cremilda e Clotide e Cúmulos.

Curioso Cascão bater de frente no muro e não ficar nem de olho roxo já que agora os personagens não podem aparecer machucados e surrados para não traumatizarem ou dar pena nas crianças. Os traços ficaram medianos para os padrões atuais, mas não deixam de serem digitais com muito "copiar/colar". E ainda teve um erro da Dona Lurdinha falar de boca fechada na 3ª página da história e fora Dona Lurdinha e as irmãs Cremilda e Clotilde, ora aparecerem com batom na boca, ora, sem.


Em seguida vem a Turma do Penadinho com a história "A forma da poça d'água", com 7 páginas, em que os personagens tentam conversar como foram parar no cemitério, contando tudo que eles próprios já tinham contado várias vezes, até quando eles querem saber como o Monstrengo do Pântano foi parar no cemitério. As formas de irem para o cemitério foram diferentes de outras vezes já contadas em outros gibis já que nunca teve cronologia na MSP, cada roteirista mostra como deseja. Os traços horrorosos, completamente digitais e as letras também digitais deixam mais decadentes ainda.

Depois vem Rolo com a história "Relógio inteligente", de 4 páginas, em que ele fica animado para mostrar para Tina o seu relógio esportivo para fazer corrida. A história de encerramento foi "Qual é o plano?", com 3 páginas, em que a Dona Lurdinha manda o Cascão arrumar o quarto dele e pede ajuda do Cebolinha. Tema bem batido, sempre tem histórias assim com Cascão e Cebolinha arrumando quarto. Traços bem feios também nessa. E termina com a tirinha.


CHICO BENTO

Foram 7 histórias, incluindo a tirinha final. A história de abertura é comemorativa com o título "Deste número não dá para esquecer", com 15 páginas e escrita por Edson Itaborahy. Nela, Chico Bento fica feliz que sua revista chegou ao "Nº 800" e como ninguém se lembrava da data comemorativa, resolve fazer um passeio na roça com o seu porco Torresmo.

Assim como em 'Cascão', também não teve referências a histórias antigas e trajetória da revista, o foco ficou na trama de ninguém lembrar da data especial, Chico ficar triste por terem esquecidos e o passeio com o Torresmo.  Foi tudo bem corrido, sem grandes diálogos para dar espaço a outras histórias na revista. Tema também bem repetido e previsível nas revistas, principalmente em histórias de aniversários.

Traços feios que davam para caprichar mais. Por causa do politicamente correto, vimos que agora procuram colocar personagens nadando com boia, nadadeira e óculos de nadopara não se afogarem. Antigamente, eles nadavam pelados mesmo ou no máximo com uma sunga ou bermuda.

Depois vem "Mais chuva na roça", com 3 páginas, em que o Chico Bento conta como é um dia de chuva na roça e como faz mudar a rotina deles. Ficou com uma espécie de remake da clássica "Chuva na Roça" de 'Chico Bento Nº 10' (Ed. Abril, 1982), só que mais resumida e sem nem 1% dos traços lindos que foram na história da Editora Abril, pelo contrário, traços horrorosos nessa. Depois tem "O poder da mente", com 3 páginas, em que o Zé Lelé deseja chocar um ovo de galinha só com a força da mente dele. Traços bem decadentes também nessa.

Depois vem uma tirinha com Chico e Zé Lelé na escola, com detalhe do Zé Lelé aparecer com o mesmo desenho nos 2 primeiros quadrinhos com tradicional estilo "copiar/colar" e sem seguida vem Turma da Mata com a história "Coelhinho por um dia", com 8 páginas, em que a Dona Cotia deixa seu filho na casa da Dona Coelha cuidar enquanto vai entregar uma roupa para o Rei Leonino. Como Dona Coelha tinha que ir ao mercado, faz com que o filho da Cutia fingir que é um coelho para sair junto com seus filhos porque ele era mimado e não queria ir. 

A única com traços bons na edição, só quando tem arte-final do Kazuo Yamassake que os traços ficam melhores. E a mudança na Turma da Mata em relação aos filhos do Coelho Caolho e Dona Coelha que agora colocam lacinhos nas orelhas da coelhinhas para diferenciar quem é coelho e quem é coelha. Antes desenhavam todos os filhos do mesmo jeito, independente se eram machos ou fêmeas. 

História de encerramento foi "A mesma coisa", com 4 páginas, em que o Chico interage com a sua turma em várias situações cotidianas para mostrar uma analogia com as curtidas de redes sociais na internet. Nessa teve presença da Tábata, amiga negra da Rosinha que passou a fazer parte da Turma do Chico Bento, mas que andava sumida por um tempo e agora voltou, mesmo sendo só uma participação. Criada para ser tipo uma Milena rural e passar a ter criança negra fixa na Turma do Chico Bento, o que não tinha. Devem colocar a Tábata aos poucos quando podem, e devem ainda procurarum jeito de não ser só uma nova Milena de Vila Abobrinha. Traços bem feios também nessa história. E revista termina com a tirinha.

Expedientes finais confirmam que são as edições 800. Bem curioso que ainda mostram que são revistas mensais, já podiam ter mudado que são quinzenais. 

Como podem ver, foram edições comemorativas simples, nada de grandioso e tão especiais, apenas o suficiente para dizer que a marca histórica de 800 edições não passou em branco, que lembraram. Quem tinha esperança que seria comemoração grandiosa, não vai gostar. As revistas seguem o estilo tradicional com histórias sem conflitos, voltadas ao politicamente correto, pouco humor, muitos temas repetidos, diálogos pequenos, apropriados de fato para crianças pequenas ou em alfabetização, fazendo jus a gibis infantis. Pelo menos nesses dois gibis não tiveram dessa vez grande foco ao lado educativo e ensinarem lições de moral, mas tiveram. Os traços e letras digitais decadentes desanimam ainda. Vale para quem quer ter edições N° 800 na coleção. Comprei só essas, aí não tem resenha das outras edições "Nº 49".  Fica a dica.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Capa da Semana: Cascão Nº 306

Nessa capa Cascão fica todo feliz debaixo da mamãe porca em um chiqueiro como se fosse um filhote de porco dela e os porquinhos estranhando. Para o Cascão, se sentiu em um ambiente familiar e achou bem agradável também a sujeira do chiqueiro. Muito legal. Essa completamente impublicável hoje em dia por conta do Cascão estar em chiqueiro, fazer apologia à sujeira e ainda ser comparado a um bicho, definitivamente sem chance.

A capa dessa semana é de 'Cascão Nº 306' (Ed. Globo, Outubro/ 1998).

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Zecão: HQ "Câmera indiscreta"

É Carnaval e mostro uma história em que foi fotografado por um repórter de jornal em um baile à fantasia e ficou com medo da Pipa descobrir. Com 4 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 189' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Mônica Nº 189' (Ed. Abril, 1986)

Zecão está com duas garotas em um baile de Carnaval, quando um repórter do jornal "O Diárião" tira fotografia. Zecão vai tomar satisfação, o repórter diz que vai ficar famoso, a foto vai sair no jornal amanhã. Zecão fica apreensivo que todos vão ver, quer pegar o filme dele, mas o repórter não leva a sério e vai embora. A mulher pede para eles voltarem a dançar, Zecão perde o ânimo para o Carnaval e vai embora pensando no que a Pipa vai falar depois que vir a reportagem.

No outro dia, Zecão vai para rua e compra o jornal de um menino que estava vendendo. Acha bandido o repórter de ter colocado foto na primeira página. Pipa aparece cobrando explicações das fotos no jornal. Nessa hora, Tina fala para Pipa que a viu na televisão e estava ótima no baile do panelão, câmera a focalizou várias vezes. Pipa tenta disfarçar, que o assunto era a foto do Zecão no jornal. No final, fazem as pazes, vão ao baile de Carnaval e fazem questão de tirarem fotos juntos e o repórter fica sem entender já que ontem quase o esfolou por ter tirado foto dele.


História engraçada em que um repórter de jornal fotografa o Zecão com mulheres no baile à fantasia e fica com medo da Pipa descobrir.  Ela vê as fotos no jornal,  mas como ela também traiu o Zecão em outro baile,  fazem as pazes e fazem questão de tirarem fotos juntos. Um traiu o outro e podiam ter terminado namoro em definitivo, mas preferiram perdoar. Definitivamente um casal que se merecem, valem nada. Se tivesem ido juntos, nada disso aconteceria.

O repórter pelo visto não sabe o que é direito de imagem. Se o Zecão não autorizou publicar fotos no jornal, ele tinha que procurar outras pessoas, não faltava gente no baile. História mostra situação na vida real de ter foto publicada sem consentimento da pessoa e passar constrangimento por isso, se com famosos não é bom, imagina com quem não é. Merece até processo. Hoje pode ser até fotos em Internet e não necessariamente em matérias jornalísticas ou com famosos, qualquer um está sujeito a isso com smartphones.


Tina mais uma aparece só para voltar a unir Pipa e Zecão nos anos 1980, dessa vez até que sem querer, foi fundamental para o Zecão saber da traição vista por todos pela televisão enquanto ele estava no baile. Tina basicamente só aparecia nos anos 1980 para conciliar os romances e a resolver os problemas dos amigos.

Foi engraçado o Zecão ir para rua com a mesma fantasia do dia anterior.  Pelo jeito dormiu e foi para rua com a mesma roupa desligado, de tão preocupado da reação da Pipa com a foto no jornal. Legal também mostrar câmera com filme, algo comum na época, mas datada atualmente. Curioso história solo do Zecão, o que era raro. Ele chegou ter bastante histórias solo em 1988, mas sempre tinha participação da Pipa no final.

Traços muito bons, típicos da Turma da Tina nos anos 1980, dessa vez a Pipa não apareceu com camisa branca de costume. Incorreta atualmente por conta do tema de Carnaval que não fazem mais, envolver traições, repórter sem ética, criança vender jornal na rua e o Zecão chamar o repórter de bandido, palavra proibida nos gibis atuais. Foi republicada depois em 'Coleção Um Tema Só Nº 13' - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 13' (Ed. Globo, 1996)

sábado, 10 de fevereiro de 2024

HQ "Turma, vamos formar a nossa escola de samba?"

É Carnaval e então compartilho uma história em que a turma desfila em uma escola de samba criada por ele e tem que enfrentar um antifolião que queria acabar com o desfile deles. Com 18 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 146' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cebolinha Nº 146' (Ed. Abril, 1985)

Mônica sugere para turma para formarem uma escola de samba. Eles acham a Mônica estava pirada, que levou muito Sol na cabeça, não era coisa séria e Cascão acha que é péssima ideia porque ele não sai de casa no Carnaval com aquelas bisnagas d'água. Mônica diz que se seus amigos não querem participar da escola de samba dela, conhece muita gente melhor para convidar.

A turma fica com ciúme, não existe gente melhor que eles para formar escola de samba e não deve chamar estranhos. Falam que não queriam porque é difícil arrumar fantasias, instrumentos musicais. Mônica diz que deseja desfilar na avenida e aí que acham que ela piorou de vez e explicam que precisariam de muita gente, carros alegóricos, boa bateria, samba-enredo. Mônica fala que a turma deles é grande, tem meninos que são bons de samba, as meninas podem bordar fantasia e podem usar os carros dos pais deles enfeitados como carros alegóricos.

A turma gosta da ideia, veem vantagens de desfile e combinam o que cada um vai fazer. Cebolinha fica encarregado de convidar o Chico Bento, aparece no sítio dele e leva chifrada de um boi e vai parar longe. depois do Chico salvar o Cebolinha, quer saber que negócio é esse de desfile de Carnaval. Anjinho se encarrega de convidar o Astronauta, que estava devolvendo um filhote extraterrestre que fugiu do zoológico da galáxia onde fugiu e se anima em saber sobre o desfile.

Mônica, Magali e Bidu convidam o Horácio, que estava atrás da página. E Cascão estava na selva pendurado em uma árvore para se livrar dos guardas reais e tentando convencer o Rei Leonino para desfilar, dizendo que ele seria o destaque, a figura mais importante, o centro das atenções e Rei Leonino se interessa a participar nessas condições. Depois de tudo pronto, Mônica e Cebolinha apresentam a escola de samba "Unidos da Turma" e todos desfilam animados. 

O desfile é televisionado e causa a ira do vilão Reinaldo, o Antifolião, não se conforma foliões pularem e desfilarem no Carnaval e quebra a televisão com o soco. Reinaldo conta que já foi Rei Momo e perdeu o trono porque o outro Rei tinha 2 quilos a mais que ele e não perdoa ser renegado a segundo plano por isso, ele que poderia ser o maior Rei Momo de todos os tempos. 

Acha que crianças desfilando é uma afronta à imensa pessoa e já que ele não pode ser o Rei do Carnaval, então não vai existir o Carnaval. Enquanto fala, ele pula e arrebenta o piso do seu apartamento e vai caindo quebrando teto e piso  de cada morador e na rua vai rolando em vez de andar de tão gordo que estava e segura algo na mão.

O Antifolião aparece no desfile, Mônica tenta bater nele por tentar acabar com a alegria deles e Reinaldo joga confetes infláveis nas bocas deles. Mônica ainda tenta dar coelhada, mas percebe que está longe e descobre que fica inchada como balão e todos da turma também viram balões. O Antifolião avisa que vai espalhar seus confetes no mundo todo e com os foliões gordos não vai mais existir espaço para dançar ou pular e assim o carnaval vai acabar.

Mônica se aproxima do Antifolião e com a coelhada consegue fazê-lo engolir todos os confetes infláveis do saquinho e diz que como ele é gordinho, vai virar um balãozão e precisa engolir seus confetes-antídotos. Anjinho não consegue alcançar, Piteco bate com a clava no Jotalhão, fazendo empurrá-lo, o Horácio e o Anjinho, que finalmente pega o antídoto antes do Reinaldo engolir, fazendo com que ele se torne um balãozão.

No final, a turma volta ao normal e a desfilar, comemoram que conseguiram derrotar o Antifolião, o deixando lá em cima como balão, assistindo o desfile de Carnaval e sem poder fazer nada. Cascão pergunta ao Cebolinha se agiu bem em não dar o antídoto para Mônica. Cebolinha diz que depois vai deixá-la descer, mas por enquanto quer curtir este momento, Carnaval é só uma vez por ano, mostrando a Mônica ainda como balão, furiosa a gritos de palavrões junto com o Reinaldo como balãozão.

História legal em que a turma forma uma escola de samba e um antifolião tenta impedir fazendo com que eles engulam seus confetes infláveis, fazendo ficarem inchados como balões. Só que não contava que a Mônica conseguiria que o próprio antifolião engolisse após coelhada no saquinho e ainda conseguirem pegar o antídoto, terminando com os planos deles.

Foi bem envolvente a trama dividida em como as crianças iam formar uma escola de samba do nada e com o vilão que queria acabar com o Carnaval. Seria algo impossível crianças formarem uma escola de samba em tempo recorde, não é a toa que a princípio acharam que a Mônica estava pirada com aquela ideia, mas histórias em quadrinhos pode tudo, sem explicações, conseguiram do jeito deles e pronto.

O vilão foi o Reinaldo Waisman, o roteirista da história. Ele gostava de se colocar como vilão em suas histórias e também como o Reinaldinho, sua versão criança como o menino mais fofo da rua que as meninas se apaixonavam, o que ficava bem divertida essa autopersonalização. Quem sabe o Reinaldo Waisman não gostava de Carnaval na vida real e fez uma brincadeira. 

Retratou-se como gordo porque tinha referência de ter sido um Rei Momo, engraçado ele conseguir destruir piso do seu apartamento e ir caindo pelos apartamentos de baixo pelo teto ao derrubar o piso de cima e ainda rolar de tão gordo. Dava para imaginar que ele até iria explodir após ter engolidos os confetes já que era obeso por natureza, mas acabou só ficando como um grande balão. Os vilões também tinham capacidade de fazerem invenções, não era só o Franjinha ou cientistas. Só que sempre eram invenções voltadas para o mal.

Cebolinha conseguiu fazer a Mônica se dar mal dessa vez, até ele lhe dar o antídoto, depois com certeza levou uma grande surra dela. Foi injusto essa atitude porque a Mônica foi a heroína de fazer com que o Antifolião engolisse os confetes infláveis, se não  fosse por ela, o vilão conseguiria ter terminado com o Carnaval. Cebolinha fez isso porque não poderia perder a oportunidade de derrotá-la, ele ficar na vantagem sobre ela pelo menos uma vez.

Foi divertido o crossover da Turma da Mônica com vários núcleos de personagens. Por mais que as crianças da turminha tinham muitos personagens, mas precisaram dos outros núcleos para a escola de samba ter mais componentes, só tirou a ideia de uma escola de samba exclusiva de crianças já que tinham também personagens adultos nos outros núcleos. Praticamente cada carro alegórico procuraram colocar um núcleo de personagens. 

Legal vê-los contracenando juntos, mais diferente de todos foi Cascão com Rei Leonino e bem engraçado o Cebolinha levar chifrada do boi Xinfrônio no sítio do Chico Bento. Até o Pelezinho e sua turma desfilaram, bem curioso já que estavam sumidos na época com histórias inéditas e destaque da nave do filme "A princesa e o robô" (1983) representando o carro alegórico espacial. Faltaram só a Turma do Penadinho e a Turma do Papa-Capim desfilando para ter todos os núcleos de personagens da MSP.

Engraçado ver tiradas como a turma achar a Mônica pirada, até o Anjinho, só que não deixando explícito, só pensando e detalhes como broches do Reinaldo que odeia Carnaval e a onomatopeia "Flopão" quando o Antifolião se transformou em um balãozão. Geralmente histórias de Carnaval eram envolvendo baile à fantasia, dessa vez inovaram com desfile de escola de samba. Era muito comum falas das personagens virando título da história e nessa foi mais uma de inúmeros casos. 

Dava para pensar que história era original de revista da Mônica, mas preferiram colocar em revista do Cebolinha provavelmente porque estava mais próximo da data do Carnaval na época e a revista dele era lançada nas bancas no início de cada mês e antes das revistas da Mônica, lançadas mais para o final de cada mês. Considerada história grande para os padrões da Editora Abril, que costumavam ter histórias mais curtas até na abertura, mas como muitas páginas foram ocupadas só por um quadrão e algumas com quadros maiores, aí não é tão grande no roteiro como imagina. 

Incorreta hoje em dia por causa do tema de Carnaval e ainda mais crianças em escola de samba que seria pior do que um baile à fantasia. Reinaldo ser desenhado com nariz muito grande e as piadas com os gordos como quebrar piso de tanto pular, rolar de tão gordo e falas como "vai sobrar banha para tudo quanto é lado" também seriam bem criticadas hoje. Também não podem mais Piteco com clava com prego e os palavrões da Mônica no final, a palavra "louco" é proibida provavelmente para não confundir com o personagem Louco e mudariam a televisão tubo colocando uma LED no lugar porque não pode coisas datadas.

Traços excelentes já da fase consagrada da turma. Anjinho ainda não era desenhado com auréola, só na Editora Globo que deixaram auréola fixo nele. Tiveram erros como Mônica com língua branca na 4ª página da história (página 6 do gibi) e o Chico Bento falar de boca fechada na 4ª página da história (página 7 do gibi). Propaganda inserida na história foi só na primeira página do lápis "Labra", coisa bem comum nos gibis da Editora Abril republicada depois em 'Coleção um Tema Só Nº 13 - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Coleção Um Tema Só Nº 13 - Mônica Carnaval' (Ed. Globo, 1996)