segunda-feira, 5 de julho de 2021

Magali: HQ "Melancias em falta"


Em julho de 1991, há exatos 30 anos, era lançada a história "Melancias em falta" em que a Magali  acha que vai faltar melancias, causando grande confusão. Com 6 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 55' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Magali Nº 55' (Ed. Globo, 1991)

Magali estranha fila grande em frente ao supermercado e uma mulher diz que teve notícia que vai faltar feijão e eles estão comprando antes que acabe. Magali pergunta se será para sempre e a mulher responde que vai ser alguns dias ou semanas até o abastecimento normalizar.

Mônica comenta que isso já aconteceu antes, já teve época que faltou arroz, outra faltou açúcar, farinha e batata. Magali nunca notou porque sempre pode comer outras coisas, mas ela não suportaria se faltasse melancia. Mônica diz que tem que ter certeza que nunca vai faltar porque melancia não é necessidade básica.

Magali fala que para ela é, começa a ficar desesperada e tem pressentimento que vai faltar melancia, joga fora a que ela estava comendo e corre para casa. Ela quebra o seu cofrinho com bastante dinheiro e corre para mercearia e compra todas as melancias que o Seu Mané tinha, falando que vai faltar melancias. Depois ela vai pra casa, pega um carrinho de mão e vai ao supermercado, comprando todas as melancias de lá. Uma mulher fala que é exagero e Magali diz que comprou porque vai faltar melancias.

Na feira, Magali manda o vendedor despejar todas as melancias que tem no carrinho. Ele estranha e Magal fala que elas estão em falta. Alguns clientes ouvem e ficam assustados com a falta. O povo da feira já fica desesperado e todos querem comprar, mas os vendedores de lá avisam que acabou, afinal Magali já tinha levado tudo.

Magali chega em casa, já sem dinheiro, mas aliviada que agora pode faltar melancias a vontade porque já tem o suficiente com o quarto repleto de melancias, até em cima da cama e do guarda-roupa. Quando vai para a rua, Mônica dá notícia que ela tinha razão, melancias estão em falta, o povo aflito tudo fazendo filas em mercados para ver se consegui alguma e na televisão informando que estavam com uma crise da melancia que nem o governo sabia o motivo da súbita falta dela no mercado. Mônica pergunta como Magali adivinhou e Magali responde quando se trata de melancia, ela tem muita intuição.

História bem legal com a Magali fazendo estoque de melancia com medo de que faltasse, comprou tudo onde encontrava e acabou mesmo faltando para os outros e ainda acha no final que era intuição, mas na verdade, faltou por causa dela de ter levado tudo. A história critica a falta de alimentos que era comum na época, normalmente por problema de distribuição ou safra ruim por motivos de clima, mas também atenta ao fato de uma pessoa estocar tudo só para ela, faltando para os demais.

Foi engraçado ver o desespero da Magali na hipótese de faltar melancia, podia faltar tudo menos a melancia. Prova a paixão dela pela fruta, Magali traça tudo, sem exceção, mas não esconde de tudo que ela come, melancia é a sua comida preferida e sua marca registrada. Foi divertido também vê-la correndo por todos os estabelecimentos, colocando tudo no carrinho de mão e ainda causando pânico nas pessoas dizendo que vai faltar ou até já faltou melancia e chegar em proporção de enfrentarem crise da melancia que nem governo sabia o motivo.

Interessante o dinheiro que ela tinha guardado na economia do cofrinho da sua mesada  para comprar tanta melancia, bom saber que sabia poupar em emergências assim para ela. Gostava também da autonomia das crianças para fazerem as coisas como fazer compras no mercado ou feira sozinhas, sem presença de adultos, coisa que não tem mais nas revistas. E também a força da Magali em carregar todas aquelas melancias, quando se trata de comida, ela é mais forte que a Mônica. esses absurdos eram muito bons. Impublicável pelo assunto de falta de comida não ser apropriado para crianças e esse mal exemplo da Magali de ficar com todas as melancias só pra si, um completo egoísmo. Fora a gula exagerada da Magali não ser mais explorada nas revistas.

Era comum historias de abertura curtinhas assim na época, ainda mais em revistas quinzenais de 36 páginas como da Magali, sendo que também tinham em outros com mais páginas como da Mônica e Cebolinha. Eles costumavam mesclar histórias de aberturas curtas com longas, mas depois, por padrão, foram mais longas e desenvolvidas. Traços ficaram excelentes, como era legal ver desenhos assim, pena cores começarem a ficar mais escuras, o que ia piorar em 1992. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

32 comentários:

  1. Intuição gera o que em (M)matemática é denominado por potenciação, provoca um frenesi que ultrapassa os limites do município, avançando por todos os pontos cardeais e colaterais do estado atingindo outras unidades federadas, culminando em escassez da fruta em nível nacional. Mal sabe Mônica que está diante do pivô da crise, inclusive, o mais hilário é a própria intuitiva não saber que é autora da escassez de seu alimento predileto, ou seja, a crise do feijão estimula a intuição que promove a crise do "frutão".
    Isto sim é um legítimo autodesconhecimento de robusto potencial de credibilidade, Magali não sabe que é influenciadora, formadora de opinião, mobilizadora de massas.

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    1. Pois é, elas nem se deram conta que foi a Magali a causadora disso. Não ia faltar se ela não tivesse comprado tudo. O pânico do pessoal querendo comprar depois que faltou foi muito engraçado. E cadê a mãe nessa hora pra impedir a filha de comprar todas aquelas melancias. Magali foi grande influenciadora, sim, todos acreditaram que ia faltar melancia quando ela falou, sem nem averiguarem se era verdade ou não.

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    2. Interessante observar também que Magali é um tanto forçuda quanto também equilibrista. Quando eu tinha sete anos de idade, com muita dificuldade conseguia carregar melancias, logicamente uma por vez, mesmo em pequenos trajetos já logo abria o bico, ficava exausto. Muito me admira a capacidade da guria, de frágil só aparência, que vigor, que destreza!

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    3. É, chegou a carregar no mínimo 4 melancias no braço, pode até ser mais já que o desenho saiu cortado, dando impressão que tinha mais melancias acima. Fora o carrinho que devia tá pesado para puxar com tanta melancia. Na hora do desespero pra conseguir comida, ela era capaz de tudo, até ter força maior que a Mônica.

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    4. Só sei que o pressentimento dela custou o desassossego das melancias do Oiapoque ao Chuí.
      No primeiro quadro da quinta página (pág.7 da revista) uma melancia parece descer de encontro à cabeça dela, melanciada no cocuruto pode ser fatal, todavia, como bem salientou, quando se trata de comida e especialmente melancias, Magali fica com os sentidos ultra-aguçados, tanto deve ter se esquivado do risco como deve ter impedido a fruta de se espatifar no gramado.

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    5. Sim, tava caindo naquela parte, com certeza ela logo deu jeito de não cair nela.

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    6. Quanto à capa, feng shui passa longe, pois em nada harmoniza televisor próximo à geladeira, mesmo considerando que existe o hábito de dispor televisores em cozinhas, já em copas, os dois aparelhos compondo o mesmo ambiente tende harmonizar mais e são cômodos complementares às cozinhas, é onde Magali e Dudu devem estar, certamente estão na residência dela, pois assistir ao conteúdo de geladeira ou refrigerador desperdiçando energia elétrica em residência alheia seria um tanto abusivo, em outros lares a guria não ousaria(?). Pouco importa feng shui, gag incorreta e muito batuta!

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    7. A intenção da capa seria mostrar que a geladeira representa uma televisão para ela. Para ser mais coerente, poderiam colocar uma capa de 2 quadros ou então uma distância maior com uma cozinha tipo americana. De qualquer forma, vale a piada e é boa.

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    8. Renderia uma tira, bem observado! Então, posso afirmar que Magali é "politelespectadora", pois assiste TV convencional, televisão de cachorro (capa do nº127 Ed. Globo) e "televisão de pinguim".

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    9. Nem lembro se teve tirinha assim nos gibis. Quem sabe teve tirinha que saiu nos jornais e a gente nem sabe. A capa com ela assistindo televisão de cachorro foi muito boa também.

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    10. Também não lembro ou desconheço, provável que exista. Uma que vai de encontro está na capa de As Grandes Piadas da Magali nº5 de 1987, agente do Ibope pergunta qual programa (televisivo) favorito dela, responde apontando para geladeira.

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    11. Essa é parecida, por comparar a geladeira com televisão. Mas ainda assim acho que deva ter uma tirinha de jornal bem específica como essa capa da Nº 55.

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  2. Falando na tal fruta,por que muito se escreve por aí "melÂncia",com acento circunflexo?

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    1. Quem escreve assim porque não se ligam na pronúncia, se verem ver que daria outra sentido, do verbo melar.

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    2. Há também uma tendência mais ou menos recente em grafar "muçarela" em vez de "mussarela", pesquisei e descobri que ambas são formas válidas no idioma escrito. Me acostumei com "SS" na palavra, acho estranho "Ç" substituindo a função da dupla de letras gêmeas. Para crianças em processo de alfabetização o "S" é popularmente conhecido por "cobrinha", pois é o mais sinuoso do alfabeto latino.

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    3. Já eu escrevo muçarela, mas as 2 formas estão corretas, sim.

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    4. Eu sempre pensei que era "muzzarela" e já vi escrito "mozarela".
      Vai entender.

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    5. "Mozarela" também é aceito no português, "muzzarela" é que nunca vi em dicionários do nosso idioma, de qualquer modo as quatro formas derivam do termo original em italiano que é "mozzarella".

      Quanto à "melância", traduzo como "ânsia por melancia", também podendo ser grafada como "melânsia", relevem esta bobagem! Mesmo assim posso afirmar que Magali é "melanciosa" ou "melansiosa", considerando que há muito a MSP criou o termo "Magalancia".

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    6. O blog tá preparando o povo pra questões de português em concursos kkk melancia e frequente nos gibis da Magali há anos...magali no país da melancia..ate q de maio do ano passado foi ela indo atrás dessas frutas

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  3. O exagero da Magali sempre lembrado nas histórinhas,a melancia ficou em falta no bairro porque a Magali comprou todas.

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    1. Ela sempre era exagerada, causou grande confusão, sem dúvida.

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  4. Na Globo sempre as histórias sempre eram curtinhas...a Magali tinha histórias impagáveis..era legal que eles saiam sozinhos ora vários lugares. Mini adultos..tem uma história que a Magali fica presa no mercado e ele é assaltado..vi no YouTube há um tempo e achei muito boa

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    1. Eu também gostava. Por coincidência essa "perigo no supermercado" foi a edição Nº 54, a anterior dessa aí. Já postei aqui, embora tá incompleta nas imagens porque foi das primeiras postagens do Blog. Se não tivesse postado, com certeza seria agora. Essa aqui:

      https://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2013/04/magali-hq-perigo-no-supermercado.html

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  5. Época da Globo foi o auge da Magali e cascao nos absurdos...hoje principalmente cascao foi muito prejudicado pelo politicamente incorreto não acha?muito certinho e sem o medo extremo da água...ate agarrar no quadrinho fazia pra fugir da chuva

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    1. Magali e Cascão foram os mais prejudicados. Agora estão querendo colocar Cascão preservando natureza, nada a ver com ele, isso era papel para Chico Bento e Papa-Capim, até combina mais com ar rural ou na selva.

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    2. Papa capim que participou até do filme uma aventura no tempo virou personagem esquecido. Sacanagem. ..por falar nisso qual o filme animado daturminha consideram pior ou melhor. E o que acharam de laços?

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    3. As historias da Magali ainda salvamquando envolvem tia nena

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    4. Miguel, o Papa-Capim hoje anda sumido até nas histórias dos gibis, provavelmente por causa das roupas que colocaram e não querem vê-lo sem roupa. Animação com ele mais raro ter também. Eu gosto dos filmes dos anos 80, "A princesa e o robô" foi um marco para mim. Gosto das histórias da Magali com a Tia Nena, costumam ser boas, sim.

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    1. Com certeza. E pra ficar tudo com ela no melhor estilo egoísta.

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  7. Um exemplo de como era a economia brasileira em 1991, pois com a hiperinflação faltava muitos alimentos básicos na mesa da população, o que de fato gerava muitas filas em supermercados. Maurício de Sousa soltou uma exposição da nossa realidade na época usando a Magali como exemplo. Era muito bom esse tipo de história, pois de um modo leve a criançada na época entendia como estava a situação do nosso país na real e hoje em dia infelizmente muitos pais a militantes do politicamente correto querem que a criança viva num eterno mundo de algodão doce e faz-de-conta.

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    1. Verdade, era um retrato do país como era em 1991, prova mesmo era o aumento de preço das revistas em cada edição, inclusive nas quinzenais. Era bom histórias assim pra crianças ficarem atentas, retratando de um modo que elas entendam. Uma pena quererem que elas pensam que tudo é maravilhoso e um mar de rosas, um mundo imaginário.

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