domingo, 23 de abril de 2023

Papa-Capim: HQ "Caçando Jacarés"


Mostro uma história em que o Papa-Capim teve que se livrar de caçadores de jacarés que iam na aldeia todas as noites caçá-los. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 216' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Chico Bento Nº 216' (Ed. Globo, 1995)

Papa-Capim avisa ao Cacique Ubiraci que viu um clarão perto do rio. Eles vão até lá correndo e veem que são caçadores de jacarés, que trabalham de noite longe das vista das pessoas. Um caçador coloca luz nas lanternas no rio e encontra os jacarés e quando vai dar tiro, Ubiraci joga uma lança e afasta os caçadores.

Ubiraci diz que hoje conseguiram afugentá-los, amanhã não se sabe. Papa-Capim pergunta por que eles caçam de noite e usam aquele clarão. Ubiraci explica que os jacarés estão dormindo de noite sem oferecer perigo e sabem que se iluminarem olhos dos jacarés no escuro, brilham mais  que a luz de Jaci, fica mais fácil saber onde estão e atacá-los e Papa-Capim fica com pena.

No dia seguinte, Jurema aparece contando que achou uma revista dos caraíbas e mostra ao Papa-Capim o que eles usam pra comer, para tomar banho e para dormir durante o dia. Papa-Capim se interessa pelo que usam para dormir e pede ajuda para Jurema. De noite, os caçadores voltam ao rio, ficam muito tempo lá, não encontram os jacarés e e ficam furiosos. Ao amanhecer, é mostrado que o Papa-Capim colocou tapa-olhos dos caraíbas nos jacarés, falando que agora todos eles realmente podem dormir tranquilos, principalmente os jacarés.

Uma boa história em que a tribo do Papa-Capim teve que lidar com caçadores de jacarés, tinham que ficar sempre alerta com a presença dos caçadores todas as noites para afugentá-los, mas um dia não iam conseguir. Até que Papa-Capim teve ideia de colocar tapa-olhos nos jacarés que descobriu na revista e os caçadores não conseguiram enxergá-los, resolvendo o problema de sono dos índios e a extinção de jacarés. Foi um grande alívio para eles a Jurema encontrar a revista e Papa-Capim inteligente, é só toda noite antes de dormir colocarem os tapa-olhos nos jacarés que tudo está resolvido. Esses caçadores nunca mais voltaram nas histórias.

Mostra conscientização contra caça de jacarés e animais em extinção na selva, histórias do Papa-Capim gostavam de mostrar os problemas ambientais e da fauna, e ainda aprendemos que olhos dos jacarés brilham a noite quando expostos a luz forte de forma divertida sem deixar piegas. Vimos também os costumes de índios primitivos como nomes como caraíbas (homens brancos) e Jaci (Lua), que quem lia os gibis antigos estavam mais que acostumados com essas palavras e detalhes de cotidiano deles de índia figurante preparando alimento, que faziam diferença. O Ubiraci é o cacique da aldeia e as vezes era o pai do Papa-Capim e em outras vezes, não, variando de cada roteiro, não tinham uma padronização.

Incorreta hoje em dia pelo tema de caça de jacarés e com caçadores querendo dar tiro neles e presença de arma, a palavra "Droga!" que é proibida nos gibis atuais, inclusive foi dita repetidamente por toda a história, além de mostrar os índios como primitivos e toda a sua cultura antiga, que nem sabiam o que eram as coisas da civilização como lanterna, revista, colher, sabonete e tapa-olho. Índios de hoje sabem de tudo isso e eles não querem mais tratar índios assim primitivos e agora a aldeia do Papa-Capim é moderna, com eles de roupas e sem morar em ocas, são tratados como são os índios da vida real. O que é uma pena, as histórias do Papa-Capim mostrando a verdadeira cultura indígena e contraste com homens brancos eram as melhores.

Teve também uma índia com seios de fora, só o alimento da cesta tampando os mamilos (3ª página da história) e colocando um cabelo por cima dos mamilos (4ª página da história), isso também não aceitariam atualmente e nem a Jurema sem um top também mesmo sendo criança. Os traços ficaram bons, típicos dos anos 1990, bonitos os desenhos da selva e gostei de um quadrinho inclinado enquanto caçadores estavam caçando, o que fez diferenciar da forma padrão de disposição dos quadrinhos. 

22 comentários:

  1. A sacada de Papa-Capim em salvar as peles dos jacarés e ao mesmo tempo poupar indígenas da função de sentinelas foi graças à Jurema que, por meio de um tipo de mídia caraíba, se interessa pelos hábitos e costumes do homem branco - o predador supremo, cujas lágrimas são de crocodilo...
    Assim como Papa-Capim apresenta oscilação no formato nasal, Jurema apresenta na forma dos pés.

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    1. Se Jurema não tivesse encontrado a revista, eles não conseguiriam salvar os jacarés nem o sossego noturno indígenas. Sem saber foi heroína. Nunca reparei nos pés da Jurema, pensava que sempre foi sem dedos, pelo menos nessa foi assim.

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    2. Pés da Jurema aparecem nas duas formas em HQs antigas. Algumas em que estão no formato humano são "O presente" (Alm. Mônica nº17 Globo), "Desafio de um grande guerreiro" (ChB nº23 Abril) e uma cujo tema é pintura corporal, talvez facial, algo nesse sentido, e ela como protagonista* (Alm. Cascão nº5 Globo). Certamente há outras aparições cujos pés não estão como os de Papa-Capim, Cafuné, Piteco, Mônica, etc.
      *Intitulada "Papa-Capim". Como título não remete ao tema, automaticamente é creditada ao principal do núcleo, que só dá as caras em dois quadrinhos (com balões de fala em mais dois em que não aparece) numa história de três páginas, clara injustiça dado que Jurema em tal condição é um tanto raro(a). Pior que nessa trama é tratada por Iracema, mais interessante é que o nome Jurema se faz presente pertencendo à outra indiazinha que divide protagonismo - praticamente uma Zé Lelé.

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    3. Parece, então, que no início eles não tinham definição dos traços da Jurema, pode reparar que essas histórias aí são primeiras que ela apareceu entre 1982 e 1983, aí depois padronizaram como pés sem dedos. Apesar de eu ter essas nos almanaques, nunca tinha reparados nos pés dela nessas.

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    4. Nessas três HQs os traços dela estão fidedignos ao aspecto que foi efetivado, que por sinal é um tanto marcante dentre as demais gurias da TM, dona de uma beleza ímpar, olhos amendoados com penteado que não parece de origem brasileira, acho que foi extraído de alguma cultura indígena norte-americana, afinal, a quantidade de filmes de bangue-bangue que Mauricio certamente assistiu na juventude... "não está(ão) no gibi"... - esta gíria até que foi bem utilizada pela MSP, tanto nas HQs quanto nas publicidades e/ou propagandas de gibis.
      Na verdade, em histórias do núcleo indígena publicadas no período Abril, não lembro se já vi Jurema com pés no padrão dos de Papa-Capim, Mônica e companhia.

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    5. Ficaram bem bonitos os traços nessas histórias, de fato tinham zelo. E parece que ainda na Editora Abril já deixaram a Jurema com pés sem dedos, na fase da Globo já era certo ser assim como foi nesta história.

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    6. Posso estar enganado, mas parece que nos primeiros anos do período Globo os pés de Jurema apresentam as duas formas.
      Marcos, a história que mencionei no tópico de "Peixe comigo, não!" em que há um cientista cuja aparência lembra a do Seu Cebola, é "O monstro", como não há a preposição "em", o correto é "Bidu e o monstro", paródia do clássico Frankenstein, estando mais para uma criatura robótica do que composta por partes de diferentes cadáveres. Publicada em Cebolinha nº111 de 1982, descobri em Back Old Mônica, cujo conteúdo completo dessa edição encontra-se disponível em formato PDF.

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    7. Aí só vendo os gibis aqui pra confirmar, nunca reparei nos pés da Jurema. Tenho essa edição Cebolinha 111, mas ainda assim não lembro da história, faz tempo que li, depois vejo pra relembrar.

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  2. Uma história como essa realmente nos faz cada vez mais, reconhecer o trabalho de arte maravilhoso produzido na ocasião. Desenhos lindos, traços sensacionais, cores bem equilibradas. O roteiro é muito bom, nos trazendo a consciência e proteção ambiental com uma ótima sacada. Roteiros e desenhos assim só nos faz confirmar que realmente antigamente havia mais capricho e dedicação para se produzir uma história em quadrinhos. Curioso é que hoje em dia aparece mais histórias da Turma da Mata do que do Papa Capim nos gibis do Chico Bento e não sei dizer quando exatamente começou a ser assim. Lembro-me que a Turma da Mata (pelo menos, nos anos 80 e 90) aparecia somente nos gibis da Mônica ou Cebolinha e era um núcleo que aparecia com menos frequência do que hoje em dia.

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    1. Muito boa mesmo, alerta os problemas sem ficar chato e didático. Pois é, podem até pensar que é nostalgia da gente, orgulhar que nosso tempo era melhor, mas não é, realmente eles tinham mais capricho em tudo e carinho para fazer os gibis antigos, hoje fazem na base de obrigação, tudo as pressas, só pra ter gibis em bancas.

      Sobre Turma da Mata nos gibis do Chico Bento estão com mais frequência nos gibis da Panini, principalmente nos últimos anos. Era o Papa-Capim que tinha destaque de secundários nos gibis do Chico Bento, mas desde que reformularam o núcleo deixando índios com roupas e aldeia moderna, quase não tem histórias do Papa-Capim nos gibis, só uma vez ou outra, está quase um núcleo esquecido, aí a Turma da Mata ficou no lugar da vaga que seria do Papa-Capim.

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  3. Finalmente podendo comentar agora, fiquei uns dias sem poder comentar nada, que último ano de faculdade tem tomado muito tempo, cê sabe né?

    Eu gosto dessas histórias de miolo, curtinhas e objetivas, como essa foi. Foi uma solução inteligente e a parte da revista com Jurema foi bem engraçada. E o feitiço virou contra o feiticeiro, hahaha. Eu gosto de uns cruzamentos do Papa com o Chico Bento, acho que já uns dois. Tem um que o Chico precisa apresentar um trabalho sobre índios, aí num ''acidente'', acaba rasgando a página do Papa-Capim, né? Outro que o Papa machuca o pé, o Chico leva ele para o sítio e eles acabam sendo amigos. Seria bom uma dessas histórias ser a próxima postagem (se você estiver aceitando sugestões, é claro).

    Agora uma dúvida: Papa-Capim e Turma da Mata não deveriam acontecer no mesmo universo, mesma época, mesmo lugar (tipo Piteco e Horácio ás vezes)? Meio que faria sentido.

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    1. Entendo sim, faculdade ocupa muito tempo, principalmente no final. Também gosto de histórias de miolo, bem objetivas e tinham conteúdos bons e criativos da mesma forma. Foram boas histórias de encontro do Chico com o Papa-Capim, tenho essas duas, quando der eu mostro aqui. No caso, rasga a página do Papa-Capim, sim.

      Apesar de histórias dele e da Turma da Mata terem universo da floresta, os bichos da Turma da Mata não têm na aldeia do Papa-Capim, por isso eles não se cruzam, semelhança só as vezes alertarem de problemas ambientais na Turma da mata embora não ser frequente isso. Piteco e Horácio é mais fácil por serem da Pré-História de fato e terem encontro de homens e dinossauros nos quadrinhos em ambos os núcleos. Ainda assim, tiveram almanaques Papa-Capim e Turma da Mata pela Panini alternando histórias entre eles por causa da semelhança de floresta, tinham encontro deles só nas capas.

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  4. Fico imaginando como seriam os filmes da saga "Tainá" se fossem produzidos hoje em dia.

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    1. Como o politicamente correto engloba tudo hoje em dia, não só gibis, iria ser um filme todo correto e educativo, cheio de lacração.

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  5. você pode me dar uma lista de shows de palco ao vivo da turma da monica

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    1. Infelizmente não sei informar isso. Só tem registros de algumas que foram realizadas no antigo Parque da Mônica.

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  6. Vai ter estreia da Sueli, menina surda, e sua família. Se preocupam só com a representatividade. Intenção dos gibis de hoje são apenas pra crianças que estão começando a ler e educá-las, tempo dos veteranos já foi, tem que aceitar. Chato tudo assim dessa forma as crianças que ainda leem enjoam logo, lá com 8, 9 anos de idade. E concordo que daqui um tempo nenhuma criança vai saber quem são os personagens e muito menos interesse em ter gibis, vai ser coisa do passado.

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  7. Nunca assisti filmes da MSP em live-action, confesso que é por completa falta de interesse. Na verdade, são poucos que posso dizer que gosto ou que pelo menos guardo com certo zelo na tal da memória afetiva, como, por exemplo, Conan interpretado por Schwarzenegger; os quatro ou cinco filmes do Super-Homem com o memorável Christopher Reeve; Caça-Fantasmas de 1984, dado que o antológico desenho animado é um derivado que fez tremendo sucesso em terras tupiniquins e creio que até mais que o próprio filme por aqui, apesar de no Brasil se passar por um, esse longa não é live-action. Mais um ou outro que nem vale mencionar... Essa explosão cinematográfica que personagens da Marvel se tornaram a partir do primeiro filme dos X-Men de 1999 ou 2000 não conseguiu me fisgar, a princípio me interessou bastante, até 2007, depois, digamos, "brochei".
    Essa engessada cartilha progressista que se abateu sobre os gibis da TM clássica é deveras indigesta, Fabiano. O que você levanta é mesmo intrigante, depois que o criador partir... por quanto tempo a prole irá segurar a onda? Quem cria, inventa, constrói, edifica possui relação umbilical, diferente de quem herda, e no caso, não é exagero dizer que os personagens nos quadrinhos da atualidade são uma herança adoecida, embora pequena parte deles seja ainda altamente rentável devido aos royalties da grande marca chamada Turma da Mônica.

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  8. Também não gosto desses filmes live-actions da MSP, descaracteriza muito, principalmente visual que nada lembra os quadrinhos, aí dispenso assistir a esse do Chico. Gibis deles viraram cartilha educativa, pra quem gosta, compra, prefiro gibis pra se distrair e ver aa contusões e os conflitos, aí fico só com as antigas, no máximo dos novos comprar edições especiais e só.

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  9. Não sabia que tinham mudado, última vez que entrei no blog deles foi há 1 semana quando falaram de gibis do Scooby Doo. Mudei a URL nos favoritos daqui, valeu por avisar.

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  10. Está uma moda de filmes live actions, fica cansativo. MSP não perderia essa oportunidade aproveitando a moda para fazer os seus.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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