quarta-feira, 5 de abril de 2023

Tina: HQ "A dificil arte de comprar"


Mostro uma história em que a Tina foi assediada por um vendedor, causando vários constrangimentos nela. Com 5  páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 163' (Ed. Abril, 1986).

Capa de 'Cebolinha Nº 163' (Ed. Abril, 1986)

Em uma loja, Pipa derruba as blusas que estava vendo e resolve experimentar tudo que ela derrubou. Tina comenta para ela não fazer como na outra loja onde experimentou tudo e levou nada e Pipa responde que culpa tem se o estoque todo era horrível. Como sabe que Pipa vai ficar um tempão experimentando roupas, Tina avisa a amiga que vai à loja do lado.

Ao entrar na outra loja, Tina comenta alto que está precisando de sapato, o vendedor escuta e vendo que era mulher bonita, logo se aproxima, perguntando de que cor, qual tipo e qual número. Tina aponta o que quer e diz que é número 35 e o Vendedor pergunta qual é o telefone dela. Tina não gosta e ele diz que foi brincadeira e já pegar o sapato.

Depois de trazer, o Vendedor calça o sapato nela bem devagar, tocando no pé dela. Tina reclama se não da para calçar mais depressa, ele pede desculpas, falando que a gatinha tem um pezinho lindo. Tina não gostou do sapato e o Vendedor pergunta se não quer ver um outro modelo, outra cor, uma bota ou chinelo. Tina diz que não e ele oferece vestido para ela provar e antes que dê resposta, a coloca no provador. 

Tina experimenta e o Vendedor surge na hora que estava sem roupa, só com calcinha e sutiã, perguntando se ficou bom. Tina se assusta, fecha a cortina do vestiário e o chama de atrevido. O vestido fica largo, ela sente calor na cabine e reclama que o Vendedor tomou chá de sumiço e o chama. Ele aparece, diz que ficou divino e ela diz que ficou largo. Ele sugere que é só apertar aqui, ali e ela diz quer um menor.

Após experimentar, Tina gostou e vai levar, ele insiste em ver calças e blusas e ela só quer esse vestido e se espanta por custar 200 Cruzados. Na saída, ele fala para voltar logo e ela pensa que só se for pra dar um soco na cara dele. Tina vê que ele colocou vestido errado na bolsa, ela reclama e ele diz que foi para ela voltar logo. Com o vestido certo, Vendedor pergunta se não quer ver biquíni, minissaia, quando Pipa aparece, conta para Tina que na outra loja só tinha lixo e naquela loja tem roupas bonitas, escolhe várias para experimentar, além de sapatos e Tina se sente vingada vendo o sofrimento do Vendedor com a Pipa.

História legal em que a Tina tem que aturar um vendedor que a assediava, não dava confiança, mas ele insistia como perguntar telefone dela, acariciar pés enquanto calçava sapatos nela, invadir provador enquanto ela trocava de roupas, perguntar se quer outras coisas para ela ficar na loja, inclusive biquíni e minissaia para vê-la mais a vontade. No final, ele se deu mal com a Pipa estabanada, derrubando tudo na loja e querendo experimentar tudo sem comprar, e, finalmente, Tina se saindo vingada.

O Vendedor não podia ver mulher bonita que dava em cima delas, muito abusado e atrevido, sem dúvida. Tina podia ter dado queixa ao gerente e nem ter comprado vestido após o primeiro assédio. Ponto alto foi ele abrir a cortina do provedor sabendo que ela estava quase pelada, só para ver o corpo dela. Mesmo sendo antiga, continua uma história bem atual, já que até hoje existem vendedores que assediam as clientes nas lojas e até o contrário com os clientes assediando vendedoras e deixar o alerta para os leitores que é coisa que não deve ter e ideal é a mulher denunciar. 

Gostavam de explorar sensualidade da Tina e frisar que era bonita, deixando homens loucos por ela, por isso a atitude do Vendedor, só que sem consentimento dela, vira assédio, se fosse só insistência para ela comprar, seria menos mal. Pipa bem exigente, vê loja toda e compra nada, típica cliente que vendedores não gostam. Foi engraçado ela derrubando tudo e tudo que derrubava, aproveitava para experimentar, que para ela seria favor, mas depois comprava nada.

É toda incorreta atualmente por ter assédio do Vendedor, Tina querer dar soco nele, ter sensualidade com Tina quase nua no provador. Tem também uma gíria datada do vendedor chamando Tina de "chuchu" que poderiam mudar em republicação hoje, pois eles não gostam de deixarem coisas datadas nas histórias, assim como a moeda "Cruzados" quando mostra o valor do vestido. Aliás, percebe-se que o vestido foi absurdo de caro, ao comparar 200 Cruzados com o preço dessa revista do Cebolinha que custou 6 Cruzados.

Os traços bonitos, Tina com cabelo curto, típicos dos anos 1980 e uma arte-final do Alvin Lacerda deixou melhor ainda. Interessante o Vendedor com dentes expostos maior parte do tempo, com ele com sabedoria e tentando passar lábia e cantadas na Tina. Foi uma história dos anos 1980 da Tina sem ela só aparecer só pra resolver problemas dos amigos e tendo seus próprios conflitos, o que foi bom para diferenciar o estilo que eram basicamente suas histórias na época de ser apenas a conciliadora. Foi republicada depois em 'Almanacão de Férias Nº 14' (Ed. Globo, 1993).

Capa de 'Almanacão de Férias Nº 14' (Ed. Globo, 1993)

34 comentários:

  1. Olá. Boa noite, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Dia 31/03/2023 (Sexta-feira), foi o meu Aniversário. Por gentileza, qual dia as Capas Todas das Revistas Todas da Turminha dos meses de Abril/Maio do ano de 2023 serão divulgadas pelo site da Loja PANINI COMICS Brasil, sim?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    1. Boa noite. Um feliz aniversário atrasado pra você. Sobre as capas, não sei, Panini abandonou postagens de capas no site. Abraços.

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    2. Ok. Muito obrigado pelas felicitações, Marcos!!!. Por gentileza, é verdade, que, a partir do mês de Julho do ano de 2023, terão os Relançamentos das Revistas Quinzenais da Turminha e os Almanaques Bimestrais da Turminha, nas Bancas de Revistas e Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, é isto mesmo?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    3. Sim, vão ter os relançamentos dos gibis e almanaques em julho.

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    4. Ok. Muito obrigado, então, Marcos.

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  2. Que história!! Gibis infantis de antigamente eram neste naipe, e não desencaminhavam as crianças, pelo contrário, as empurravam para frente. Poucos pais e responsáveis encanavam, maioria estava nem aí, tempos mais simples, mais diretos...
    Vingança classuda, e Tina não precisou mover uma palha nesta direção, o (U)universo (roteirista) conspirou para punir o entrão. Se partisse para desforra, Jaime teria de entrar em cena e o pau iria comer... Não é o Anjinho e nem é pelo excesso de peso que Pipa cai do (C)céu, é a reciprocidade isenta de hematomas assumindo o desfecho.
    Os três últimos quadros da segunda página remetem à uma HQ do núcleo do Penadinho em que há um podólatra inveterado, crônico.

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    1. É, era outro nível, outra cabeça, aí histórias bem melhores como essa. A vingança da Tina saiu sem querer, sorte dela da Pipa estar por perto e passar na loja. Outra alternativa boa seria o Jaime aparecer e dar uma surra no vendedor safado, ficar todo espancado. Teve uma história de um podólatra na Turma do Penadinho, lembro dessa, foi de Mônica Nº 60, de 1991. Muito boa também.

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    2. Me deixou encafifado, Marcos... Não lembro de Mônica nº60 (Ed.Globo) como edição que me pertenceu, já a história, sim, lembro como tendo feito parte da minha coleção na época. Em minha memória ela fica associada a algum número de Cebolinha pela mesma editora. Será que tive esse gibi da Mônica ou será que gostei tanto da HQ que minha mente a incorporou a algo que não aconteceu e que penso que foi verídico? Mais uma memória falsa? A conheci no final de infância ou início de adolescência, foi por aí, não creio que simplesmente li em algum sebo e não comprei a revista, pois é intenso o grau de familiaridade que tenho com essa história.

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    3. Provavelmente você teve ou gibi e não se lembra ou viu em sebo. Pelo menos se encaixa em época de final de sua infância ou início da adolescência. História de abertura foi de uma fada que transforma a Mônica em uma coelhinha azul. Outra alternativa é ter visto a história do podólogo na Internet. Não creio que você leu em almanaque por já estar mais velho.

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    4. Conheço a história de abertura desse número e a associo com o mesmo, já a do podólatra, não.
      É que com determinadas edições minha memória desassocia capas de conteúdos, sejam inteiros ou parte deles, isto é, olhando só por elas penso que não tive os tais números, depois que vejo os conteúdos das respectivas capas, descubro que já me pertenceram. Curioso e mais cruel é que o contrário também ocorre, o que me deixa ainda mais cismado. Alguns exemplos são Cascão nº98 (Abril) e Chico Bento nº109 (Globo), as capas me passam considerável sensação de posse, me são muito próximas, muito familiares mesmo, já os conteúdos, não, não correspondem da mesma forma.

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    5. Normal também a gente não lembrar dos conteúdos dos gibis que tivemos. provavelmente você teve esses ou pelo menos leu os físicos em algum lugar, daí você ter sensação de essas edições serem familiares. Todas muito boas, por sinal.

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    6. Parece que o termo não era bem difundido na época, pois o título é "Pedro, o pedólatra", com adjetivo grafado com "E", contendo só um "O".
      Quando não são pés... são mãos, ou melhor, é mão, pois há uma do tipo fantasma segurando alça da bolsa da Tina no último quadro da penúltima página.

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    7. Grafaram como pedólatra, talvez as 2 formas são certas. Nesse quadro sa Tina esqueceram de desenhar braço nela por isso ficou estranho.

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  3. Oh, meu, eu entendo todo o drama da Tina nessa história, esse vendedor tava me atiçando o mais profundo ódio e nojo, acho que Tina foi até paciente demais com ele, porque se fosse eu... uma vez, quando eu estava no colégio, notei um moleque sussurrando no meu cabelo, meu primeiro impulso foi me virar e dar um tapa nele. Ah, dei mesmo, comigo o esquema é bruto mesmo! E essa vingança da Pipa no final, não podia ter vindo em hora melhor, vingancinha é doce mesmo, e a Tina nem precisou conspirar, só aconteceu as coisas a favor dela.

    Adoro esse tipo vingança onde a vítima nem se incomoda, só observa as coisas acontecerem, o karma vem organicamente. Me lembra uma história onde o Cebolinha tinha um priminho muito danado e travesso (esqueci o nome) que batia nele por bater, e se fazia de anjo na frente dos adultos. Cebolinha, por ser mais velho, podia nem bater de volta, mas tentava fazer outros como Cascão baterem nele. Até tentou usar o peste como arma contra a Mônica, mas saiu pela culatra, como sempre. No final das contas, o peste se deu mal como a Maria Cebolinha, fazendo-o provar do próprio veneno, e o Cebolinha pôde assistir tudo de camarote. Uma das poucas histórias em que você sente pena do Cebolinha e não pode deixar de torcer por ele.

    Ok, me desviei do assunto. Honestamente, não vejo problema em mostrar assédio, bullying, racismo em gibi infantil... desde que deixem bem claro que é errado, um exemplo a NÃO ser seguido. Precisam valorizar mais a inteligência e discernimento do leitor.

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    1. Tina passou um sufoco com esse vendedor tarado, pelo menos a Pipa conseguiu vingar a Tina sem querer, foi muito bem vinda a presença dela lá. Também vejo nada de mais abordarem assédio nos gibis se o assediador tiver a lição no final. Foi até de espantar do vendedor ter se dado mal porque a sociedade na época era machista e era mais fácil darem razão ao vendedor, ainda bem que nessa não aconteceu isso. Lembro dessa do priminho do Cebolinha, realmente no final com a presença da Maria Cebolinha, ele sentiu na pele o que fez com o Cebolinha. De fato, se sentiu completamente vingado.

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    2. Ah sim, isso aí me deixaria incomodada. Se eles mostrassem algo errado como CERTO, aí seria revoltante mesmo, digno de nós reclamarmos. Mas quando aparecem bandidos, bullies, assediadores, personagens que fazem mal, eles se dão mal também. Então estou de boa com isso, não vejo problema em abordar essas coisas desde que fique claro que esse comportamento não é aceitável, é algo imoral. Senão, seria realmente problemático.

      PS: Ah, a Tina nessa história apareceu de batom preto, como ficaria mais conhecida em 2003 em diante.

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    3. Verdade, seria nada agradável o vendedor acabar bem. Na época, histórias de Rubão e Mariazinha, Rubão sempre se dava bem depois de tudo que aprontava com ela e ninguém ligava. E em alguns a Tina apareceu de batom preto, mas em outros mais para as páginas finais ficaram transparentes, acabou não tendo uma padronização.

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    4. Eu tenho um gibi antigo com a história que você citou. Se chama "Priminho pestinha" é muito boa a história, uma das minhas favoritas com o Cebolinha.

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    5. Nas histórias da Tina, os assediadores sempre recebem sua lição, seja por ação direta dela ou com uma ajudinha como essa da Pipa. Lembra daquela 'Um Paquera que não Desgruda', em que Tina segue a sugestão de Martinha (amiga que acho que só apareceu nessa história de 1984) e espera o paquera Sidão em frente à igreja, vestida de noiva KKK

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    6. João, história "Priminho pestinha" é muito engraçada.

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    7. Fábio, pelo menos nas histórias os assediadores não tinham vez. Lembro dessa sim, bem engraçada principalmente o final de ele fugir quando inventou que ia casar, isso ele não queria. Kkkk

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  4. Eu tinha esse Almanaque, mas não me lembro desta...

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    1. Se não tem mais, aí uma ou outra história se perde na memória, normal, ainda mais que essa foi de miolo e mais perdida no Almanaque.

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  5. Mudariam demais republicação e não fariam roteiro novo assim em gibi infantil. Arte atual é amadora e horrorosa.

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  6. Muito boa... olha esses traço? kkk tenho a hq no almanacão..a original não tenho! ;)

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    1. Traços encantadores, muito bom quando era assim. Essa eu tenho a original e o Almanacão, tomara que você consiga a original.

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  7. Vendedor cometendo assédio sexual na caradura, hoje em dia isso jamais seria aceito!

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    1. Sem chance mesmo mostrar isso nos gibis, completamente inadmissível.

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  8. Essa revista foi uma das primeiras do Cebolinha que li na escola. Sempre quis ter na coleção essa revista e só consegui adquirir mais recentemente, há uns 3 anos atrás, em sebo virtual. Sobre essa história, é bem engraçada, sempre adorei este núcleo de personagens, sobretudo a Pipa, o Zecão e o Rolo, só tinha história boa. Eu não gostava do papel conciliador da Tina nas histórias dessa época, isso a deixava muito sem graça. Ja nessa história, foi diferente, Tina participou de maneira mais cômica e destacada, bem melhor assim!

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    1. Oh, mas geralmente é assim mesmo, nos grupos de personagens caóticos, sempre precisa ter uma voz da razão, alguém mais sério com a cabeça no lugar. Esse personagem, por mais sem-graça que seja, é meio que vital porque senão tudo sai do controle e vira uma bagunça. É claro que esse personagem pode ter suas próprias peculiaridades e comicidades muito bem-vindas (a própria Tina ficou mais comica nos anos 90 e 2000), mas o papel de voz da razão é meio que indispensável num quadro geral. Na vida real, no próprios circulos de amigos que você já teve, sempre tinha um assim mais ''sã'' que o resto, não é?

      Na Turma da Mônica, sempre vi a Magali como a mais ''madura'' da turma, por assim dizer. Quando a história não era sobre sua gulodice ou era sobre os quatro juntos, ela sempre pareceu a voz mais sensata dentre eles.

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    2. Ricardo, legal que conseguiu ter essa revista, muito boa do início ao fim. Eu também não gostava da Tina como só conciliadora, melhor com tramas próprias. Os anos 1980 foram poucas próprias dela, mas tiveram algumas. Por isso os outros 3 amigos eram mais engraçados.

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    3. Sim, Isabella, a Tina era mais madura, era bom pra ajudar os amigos a saírem das enrascadas, mas podia ter tido mais conflitos com ela. Nós a os 1990 co seguiram isso de ela ser mais cômica, mas sem deixar de ser mais natural que os outros. Na Turma da Mônica também considero a Magali mais sensata, a que dava conselhos pra Mônica e abrir os olhos nos planos infalíveis dos meninos.

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    4. Pois é, a Tina nos anos 1980 era quase uma coadjuvante de luxo na turma que leva seu nome... Quase sempre aparecia só para dar conselhos pro Rolo e consolar a Pipa em mais uma briga com o Zecão (quando não era pra ser acusada pela Pipa de estar de olho no Zecão, kkk). Fora isso, tinha o namoro fixo com o Jaime que pra mim era um erro, porque na turma já tinha Pipa e Zecão namorando firme, ficava só o Rolo mais solto nesse aspecto. Então considero que foi fundamental a virada nos enredos da personagem a partir dos anos 90, de ter mais histórias centradas em sua própria vida e sem namoro fixo. Certamente a mudança mais importante da Tina após a mudança do seu visual em 1977.

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    5. Concordo, a mudança da Tina nos anos 90 foi melhor, deu mais personalidade a ela, que estava tão apagada. Aí, todos os personagens passaram a ter seus próprios conflitos, foi bom assim.

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