sábado, 30 de janeiro de 2021

Magali: HQ "A dívida"


Mostro uma história em que a Magali ficou devendo dinheiro para o Cebolinha e ele infernizou a vida dela para pagá-lo. Com 9 páginas, foi história de abertura de 'Magali Nº 189' (Ed. Globo, 1996).

Capa de 'Magali Nº 189' (Ed. Globo, 1996)

Cebolinha avista a Magali e fica pigarreando e cada vez mais alto para chamar atenção dela. Magali  pergunta se ele está com tosse, Cebolinha diz que não, só estava tentando lembrar que dia era hoje. Magali diz que era dia 15 e ele diz que faz 2 dias que foi dia 13 e 5 dias que foi dia 10 e pergunta se dia 10 não lembra alguma coisa.


Magali diz que dia 10 é o dia que o pai dela dá mesada. Cebolinha pergunta o que faz com a mesada e ela diz que compra doces, balas, sorvetes e ele complementa que paga os amigos. Magali se toca que está devendo dinheiro para ele e Cebolinha diz que deve 8 reais que deu para ela comprar chocolates, já erguendo braços pronto pra receber o dinheiro. Magali põe a mão no bolso e, em vez de dar dinheiro, pega um bloquinho para anotar e lembrar de pagá-lo mês que vem porque já gastou todo o dinheiro da mesada. Cebolinha fica uma fera e a chama de magrela caloteira e vai embora e Magali diz que a zanga dele vai passar logo.


No dia seguinte, Magali se esbarra com Cebolinha vindo do futebol com os meninos. Cascão comenta que venceu a partida, Franjinha diz que foi uma sacola de gols e Cebolinha lembra para Magali que foram 8, uma indireta para a  dívida e Franjinha pensou que ele falava de número de gols. Cebolinha fala que era o dinheiro que a Magali estava devendo na frente de todo mundo, fazendo ela passar vergonha.


No outro dia, Cebolinha telefona para Magali e pergunta de onde fala. Magali diz que é o número do telefone terminado com 8 e ele fala que é isso mesmo, que são 8 reais que está lhe devendo e que bom que ela lembra e a chama de caloteira. Magali encontra a Mônica, que pergunta qual o problema e Cebolinha surge de patins falando que a Magali pediu 8 reais emprestados e em vez de pagar dia 10, torrou toda a mesada. Magali comenta que ele está espalhando para todo mundo e vai ficar com fama de caloteira e pede dinheiro emprestado para a Mônica, que disfarça e diz que tá dura, dura e vai embora. Magali quebra o seu cofrinho em casa e só tinha moedas de chocolate.


No dia seguinte, Magali vê o muro da sua casa rabiscado com "Magali caloteira" e ela se pergunta se vai ser o mês inteiro assim e tinha que acontecer alguma coisa boa para melhorar o humor. Surge o Ivanzinho, o menino fofo da rua de cima, falando que estava procurando por ela. Magali imagina fogos de artificio de tanta felicidade. Ivanzinho a convida para tomar sorvete juntos, só que ele estava sem dinheiro. Magali diz que também está dura e Ivanzinho grita para o Cebolinha, que estava atrás da moita, que ela não tem dinheiro mesmo e o plano não deu certo. Cebolinha se convence que ela não tem dinheiro e vai ter que esperar mês que vem e Ivanzinho diz que pagar 10% da dívida a ele por ter se oferecido à Magali no plano.


Magali não aguenta mais e pede para a mãe adiantar 8 reais da mesada para pagar o Cebolinha. A princípio Dona Lili recusa porque pensava que era para torrar em doces, mas acaba aceitando quando era pagar dívida, mas fala que nunca mais peça dinheiro emprestado para ninguém. Magali devolve o dinheiro para o Cebolinha, que diz que não empresta mais nada para ela. Cebolinha vai a lanchonete e pede um sanduíche e milk-shake. Magali fala que não quer mais ficar devendo nada para ele, mas ao ver o lanche dele, acaba comendo tudo e termina com ela, com boca suja, anotando que está devendo um lanche e milk-shake para ele na próxima mesada. 


História engraçada com a Magali devendo dinheiro para o Cebolinha e ele fazendo de tudo para ela pagar. Ele está certíssimo em cobrar o que ela havia prometido quando recebesse a mesada, pois ela gastou tudo com doces e guloseimas e não pagou o que estava devendo para ele. Foram 8 dias após a mesada para ela pagar, isso com grande insistência dele senão não teria tão cedo. Acabou o Cebolinha perdendo dinheiro e lanche no final. Ele não tinha que comprar lanche na frente dela já sabendo a sua fama de comilona.


Foi divertido o Cebolinha espalhar para todo mundo para deixar a Magali com vergonha, ficar telefonando para lembrar, pichar o muro com Magali caloteira e até plano com Ivanzinho para testar se tinha dinheiro ou não. Engraçado também Cebolinha chamá-la de "magrela caloteira" assim que descobriu que ela não tinha dinheiro para pagá-lo e interessante Magali pedir dinheiro para a Mônica para pagar o Cebolinha, se conseguisse ia dar na mesma, ia só mudar a quem ela ia ficar devendo. Mônica que foi esperta e saiu fora. 


Quem já teve caso de gente que não pagou dinheiro emprestado se identifica bem e ainda pode ver maneiras de cobrar a pessoa que está lhe devendo, de um jeito de deixar o caloteiro bem envergonhado, e ainda ensina para o leitor não emprestar dinheiro para ninguém e não agir como a Magali  se caso pedir dinheiro emprestado a alguém. Impublicável por mostrar Magali caloteira e acharem que Cebolinha pode ter pegado pesado ao envergonhá-la por estar devendo. A expressão "Que inferno!" dita pela Magali não é mais aceita também nos gibis atuais.

Ivanzinho representa o menino fofo que as meninas admiram, cada história era um menino fofo diferente, mas nos anos 1980 era fixo o Reinaldinho, inspirado no roteirista Reinaldo Waisman. Pode até dizer que Magali traiu o Quinzinho já que ela namorado fixo dela na épocam mas as meninas ficavam doidos com o "menino mais fofo da rua" que até esqueciam dos namorados.

Traços ficaram bons típicos dos anos 1990, esqueceram de desenhar o braço da Magali e do Cabolinha no primeiro quadrinho, mas nada que esses erros tire o encanto da história. Durante a história teve propagandas inseridas nas laterais direitas das páginas, dessa vez anunciando chiclete "Ping-Pong" do Corcunda de Notre Dame, que tinha figurinhas par acolar no álbum de figurinhas do filme. No caso, propagandas com charadinhas do personagem, do novo filme da Disney recém-lançado em 1996 e do próprio chiclete. Eram comuns propagandas dentro das histórias, um recurso que até deixaram de lado no início dos anos 1990, mas que voltou a ter na metade daquela década, assim últimas vezes que aconteceram isso de propagandas inseridas nas histórias.

21 comentários:

  1. Quando se trata de comida alheia Magali é psicopata, o final da HQ confirma o que afirmo.
    Além de nunca dividir o que está comendo, nem sequer por educação oferece com receio de numa dessas alguém aceitar, ainda assalta as guloseimas dos outros, Magali também se mostra amnésica quanto a compromisso financeiro. Nesta história, através de muita pressão, alfinetadas, muitas indiretas e diretas ela conseguiu com atraso de oito dias honrar a dívida de oito reais por sei lá quantos minutos, acho que foram oito também. Oito, oito, oito, três oitos, o que me remete à dezena 38 que por sua vez remete-me a "três oitão", um dispositivo muito utilizado em caloteiros, depois do quadrinho final, Cebolinha sentiu vontade de sentar o dedo, com certeza!

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    1. A Magali era toda errada. Ela comia a comida dos outros, regulava comida pra eles, chegava a esconder pra ninguém comer e ainda achava ruim quando os outros recusavam comida para ela. Mesmo assim era engraçado, adorava o jeito dela assim. Nessa ainda foi pior porque ela teria que pagar o Cebolinha e só depois gastaria a mesada com os doces. Valeu a insistência do Cebolinha.

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    2. A mãe falou para nunca mais pegar dinheiro emprestado, deve ter entrado por um ouvido e saído pelo outro.
      Cebolinha deve oitenta centavos ao Ivanzinho, arrumou uma pequena dívida para investigar se a caloteira não estava mentindo.
      Outro detalhe interessante é que Cebolinha é tão esquecido quanto Magali, não se lembrou de cobrá-la no dia em que foi combinado quitar a dívida, só lembrou de correr atrás do prejuízo cinco dias depois, ou será que o bocó da mola ficou esperando a folgadinha se prontificar? Acho que dormiu mesmo no ponto.

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    3. Com certeza entrou em um ouvido e saiu pelo outro o aviso da mãe. No mês que vem que receber o dinheiro Cebolinha teria que dar 80 centavos par ao Ivanzinho. E pelo visto ele tinha esperança que Magali ia dar o dinheiro por livre e espontânea vontade, mas havia passado 5 dias e nada, aí resolveu se manifestar. Mas o ideal teria ter sido no primeiro dia porque ela ainda tinha dinheiro.

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    4. Sabendo que sua devedora ao receber as mesadas tende a torrar com guloseimas, ficando lisa dentro de poucos dias, deveria na manhã do dia dez aguardá-la na porta de casa, antes de colocar os pés no tradicional gramado seria surpreendida pelo pulo do credor. O que denota que preferiu ficar dando ouvidos para o single "Relax" de Frankie Goes (T)to Hollywood do que assistir à novela Tocaia Grande ou ler "Tocaia Grande: A Face Obscura", romance de Jorge Amado. É de se esperar que quem contrai débito relaxe, credor que relaxa com dívida está pedindo cano, mediante suspeita de calote o recurso é tocaiar.

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    5. Tem que ficar em cima do devedor, insistir, senão ele não paga.

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    6. Você deve conhecer, o título da HQ já não me lembro mais, sei que é de encerramento de algum número do Cascão de 1983, o tema é o mesmo desta, o credor também é o mesmo, o que muda é o devedor, Cebolinha passa muita raiva para reaver a quantia que emprestou ao Cascão, querendo comprar um caminhãozinho exposto em uma vitrine de loja de brinquedos, em determinado momento o preço do brinquedo dispara a cair e depois volta para o preço que estava, por ser uma cômica história voltada principalmente ao público infantil logicamente há um exagero, mas, a questão da repentina e gradual queda de preço do produto e depois de modo radical voltando a subir retrata o que acontecia durante boa parte daquela década, é tão engraçada quanto esta e com arte bem mais caprichada, com esta carente descrição consegue se lembrar, Marcos? É de alguma edição entre 21 e 26, por aí.

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    7. Eu até conheço essa história, mas não lembro a edição que foi.

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    8. O pirracento do Cebolinha espezinha o manso do Cascão assim como faz aqui, é que todos os revólveres do palmeirense são de brinquedo, senão...
      Estou pensando que se caso o credor da Magali fosse um dos irmãos bombeiros hidráulicos dos jogos eletrônicos Mário e Luigi, qualquer um dos dois não tentariam tirar as cuecas pelos pescoços como fez Cebolinha, afinal, de canos eles entendem, como são ítalos (mas quem os criou é japonês), não haveria problema se caso terminasse em pizza, o problema seria Magali fazendo parte desse final já que graças à ela terminaria de tal forma.

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  2. Ai ai, só a Magali mesmo, eu adoro essa história, parabéns pela postagem, tudo de bom pra vc

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    1. Maravilhosa. Magali fazia de tudo. Valeu! Pra você também.

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  3. Gostei da história, boa para refletir como as pessoas, muitas vezes, mudam o comportamento quando se trata de dinheiro. O engraçado é que podemos imaginar de quanto deve ser a mesada da Magali, já que ela gasta dinheiro o tempo inteiro na rua com dezenas e dezenas de lanches. Ou o pai da Magali é milionário ou a Magali pega lanche de graça. Enfim, absurdos dos quadrinhos que é melhor deixar a imaginação fluir.

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    1. Verdade, boa reflexão em relação a isso. Para bancar tudo que ela come, teria que ser uma mesada de 1 salário mínimo rsrs. Esses absurdos eram bons, ela comia tudo e nem se importava com a grana que gastava com o que comia.

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  4. Ih a Magali pagou o que devia e agora deve mais um lanche,por comida a Magali faz confusão. Demais!

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    1. Ela sempre fazia confusão quando envolve comida, assim que era legal.

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  5. Caso a HQ fosse republicada,com as "devidas" adaptações para os dias atuais,o preço da dívida ainda seria de oito Reais?Ou teria correção monetária para,talvez,uns trinta?
    Oito contos valiam,em 96,muito mais do que valem hoje!

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    1. Acho que iam adaptar valor sim, ia ficar muito barato hpe um lanche assim de 8 reais, mesmo em um bairro simples como o Limoeiro. E do jeito que MSP afora alterar tudo que vê pela frente, deviam mudar isso também.

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    2. Dados básicos da correção pelo IGP-M (FGV) Dados informados
      Data inicial 01/1996
      Data final 01/2021
      Valor nominal R$ 8,00 ( REAL )
      Dados calculados
      Índice de correção no período 7,74304100
      Valor percentual correspondente 674,304100 %
      Valor corrigido na data final R$ 61,94 ( REAL )

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  6. O que eu gosto de ler nas suas análises toda semana são as observações de coisas que são impublicáveis hoje em dia, fiz até uma aposta com uma amiga aqui que no meio do seu texto sempre tem essa palavra ou similar =)

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    1. É até coincidência isso, eu escolho a história, geralmente escolho alguma mais rara e acabo encontrando alguma coisa que não seria publicada. Mas acontece também de ter histórias que passariam de boa.

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  7. Bela história, mas a Magali ultimamente está sendo bastante odiada no Instagram e no Facebook por causa do comportamento egoísta e da gula incontrolável dela.

    Aposto que a maioria nem deve ler direito a Turma da Mônica e só conheceu por causa dos memes.

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