sábado, 25 de dezembro de 2021

Chico Bento: HQ "Natal na Roça"

No Dia de Natal, mostro uma história lançada há exatos 30 anos em que o Chico Bento encontrou um Papai Noel diferente e duvidou da sua identidade. Foi história de abertura de 'Gibizinho do Chico Bento Nº 5' (Ed. Globo, 1991).

Capa de 'Gibizinho do Chico Bento Nº 5' (Ed. Globo, 1991)

Nela, surge o Papai Noel caipira na roça e Chico pergunta quem é ele. Ao revelar que é o Papai Noel, Chico pergunta vestido com aquela roupa e ele responde que como está no Brasil, não dava para ficar encapotado com todo o calorzão.

Chico pergunta pelo trenó e pelas renas e Papai Noel diz que pelas bandas, é melhor uma carroça e as renas são bichos delicados, aí melhor um par de burros, que falam que eles não são burros, e, sim jegues. Chico estranha os bichos falarem e Papai Noel diz que é só saber conversar com eles. 

Papai Noel avisa aos bichos que é para eles esperarem porque vai entregar os presentes na região. Chico estranha ser naquela hora ao entardecer e não de noite e Papai Noel diz que se entregar de noite tem pouca iluminação na roça e vai se perder, fora ele ter vista cansada.

Nhô Lau vê o Papai Noel pegando uma goiaba sua e aponta espingardada para ele. Papai Noel entrega o presente do Nhô Lau, que agradece pelo regador novo e Papai Noel o manda regar bem o pomar e as goiabas são uma gostosura. 

Depois, entrega  uma boneca para a Rosinha e uma vara de pescar para o Zé Lelé, que agradece pensando que era Santo Antônio. Chico fala que ele é o Papai Noel e Zé Lelé corrige como Vô Noel. Para o sítio de Nhô Titita, Papai Noel entrega todo o saco, que era esterco que pediram.

Chico se zanga e fala que ele não é o Papai Noel e enumera que ele não tem trenó nem rena, não usa roupa vermelha de frio, entrega os presentes de dia em vez de noite. Papai Noel o chama de Chico para tentar explicar tudo de novo. 

Chico estranha ele saber o nome dele. Papai Noel fala que sim porque ele é o Papai Noel dele, cada pessoa o imagina diferente, podendo ser um negro magro e até um extraterrestre, mas no fundo eles são todos iguais porque todos levam a mesma mensagem de amor e paz. É Natal, o Menino Jesus nasceu, é o que é mais importante.

Papai Noel entrega o presente do Chico, um chapéu novo. Ele agradece, Papai Noel manda chamá-lo de Nhô Noel e Chico o convida para ficar para jantar com a família dele e depois  ir à missa do galo. Ele diz para ficar para outra hora porque tem outros presentes para entregar, tem ainda muitas crianças esperando. 

Chico diz que os presentes já acabaram e Papai Noel diz que tem muito mais de onde ele veio. Chico comenta que vai demorar muito para chegar com aquela carroça e ele diz para relaxar porque ele é Nhô Noel. A carroça começa a voar após o comando do Papai Noel para os burros Florisval e Gerôncio. No final, com Nhô Noel voando no céu, Chico deseja um Feliz natal para o Nhô Noel e para todos os leitores.

Uma história bem simples e bonita com boa mensagem em que Papai Noel caipira chega na roça, muito diferente da forma tradicional, chegando a dar desconfiança no Chico Bento, mas na verdade era o Papai Noel que o Chico imaginava que podia ser assim no seu interior. Ele agiu como um caipira, falando errado, com carroça, como o Chico é caipira, esse seria o Papai Noel ideal na imaginação dele. 

De fato, temos uma visão do Papai Noel e cultura natalina vindas de países frios, que não contradiz em países tropicais como o Brasil. Como lá é inverno e aqui verão, fica bem diferente ver Papai Noel com roupas de frio no verão,  cultura de que tem que ter neve, além de comidas como nozes, castanhas, que não são típicas do Brasil, etc. Cada continente podia adaptar a sua cultura natalina sem perder a essência e a história também aponta essa ideia. 

A mensagem boa na história foi que independente da forma que a pessoa imagina o Papai Noel, o mais importante é ter paz e amor no coração e celebrar a verdadeira razão do Natal que é o nascimento do Menino Jesus. Foi legal ver toda a interação do Chico com o Nhô Noel, os burros falando que são jegues e os presentes para o povo da roça.

A história não é incorreta, hoje só iriam tirar parte de Nhô Lau apontando espingarda para o Papai Noel, ja que armas são proibidas atualmente na MSP. Os traços excelentes, um encanto, ainda mais nesse formato Gibizinho que davam impressão dos quadros serem maiores. 

Teve 19 páginas no formato Gibizinho, mas se saísse em gibi normal, seria pelo menos a metade de páginas. A capa da edição, muito bonita também, por sinal, apesar de ser tema de Natal, mas não foi relacionada à história de abertura, coisa rara nos Gibizinhos. Mais detalhes do título "Gibizinho" pode ver AQUI e AQUI. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

FELIZ NATAL PRA TODOS!!!

26 comentários:

  1. Muito boa... traços bonitos... nunca tinha visto essa antes! ;)

    Feliz Natal... <3

    http://blogdoxandro.blogspot.com/

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    1. Traços lindos, caprichavam em tudo. Até pensava que você conhecia. Feliz Natal :D

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  2. Feliz natal..erq legal os gibizinhos podia levar no bolso ...podiam manter esse formato mais nataro que os gibis comums

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    1. Feliz Natal, Miguel! Eram muito bons, gostava bastante, e de fato eram uma forma de quem não tinha muito dinheiro ter acesso a gibis. Hoje é tudo mesmo preço e padronizado.

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  3. Feliz Natal!

    E eu tenho ou tive esse gibizinho e lembro muito bem dessa HQ,e da parte hilária de haver esterco no saco.

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    1. Legal que tem esse, muito bom. Eu também achei engraçada essa parte do esterco no saco, de pedirem isso. Feliz Natal pra você.

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  4. Eu tenho esse gibizinho, simplesmente sensacional essa história. Uma pena que tenha apenas duas histórias nesse gibi. E muito interessante mostrar q cada ponto de vista do papai Noel é personalizado kkkkkkk (quem entendeu a referência?)

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    1. É demais, a cara do Natal, adoro essa. Normalmente Gibizinhos assim eram poucas histórias, normalmente eram 2, no máximo 3, as vezes história única. Mesmo assim eram legais. E eu não entendi a referência de ponto de vista do Papai Noel.

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    2. É que tem uma teoria que diz que cada cópia de Super Mario 64 é personalizada, ou seja, em cada cartucho aparece alguma coisa diferente do convencional. Daí, decidi fazer essa referência.

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    3. Agora entendi, Adriel. Não tinha me tocado.

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  5. Aí Marcos, eu sei que Natal já foi, mas você podia mostrar uma de minhas histórias de Natal favoritas: Papai Noel, Uma Banana, em que Magi deixa de acreditar no velhinho.

    (Minha favorita mesmo, Natal Rural, você já mostrou.)

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    1. No caso seria o Cascão que deixou de acreditar nessa. É legal, sim, quando der eu posto.

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    2. É, eu não tinha certeza se era Cascão ou Magali. Atirei Magali por causa da banana no título 😂

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    3. KKK. Beleza. Essa é de Cascão 180 - Ed. Globo, 1993.

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  6. Eu tinha um gibizinhos com uma hiariya da Magali com um fermento que saia do bolo e explodia a casa toda..lembro que lia pra uma tia e ela raxhava de rir...e realmente era um quadro por página ..eu preferia esse que o almanacao

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    1. Essa é boa também. Almanacões eram republicações e várias páginas de passatempos e os Gibizinhos com histórias inéditas. No Almanacão gostava das histórias, já passatempos eram exagero.

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  7. Papai Noel adaptado à cultura de Vila Abobrinha, e Chico com razão demora para acreditar.
    A arte foi dividida entre dois desenhistas, pelo menos é o que parece.

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    1. Chico demorou a acreditar, mas se convenceu no final. Não sei dizer se teve divisão de desenhistas, acho que não, tudo normal.

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    2. O tipo ou estilo de traço das três últimas páginas e com Nhô Lau agradecendo pelo regador até Chico voltando à descrença em quem o velho afirma ser não parece(m) do mesmo profissional das demais, acho que estas sete foram desenhadas pelo(a) mesmo(a) que se encarregou da HQ de encerramento de Mônica nº198 de 1986, sobre a titular frustradamente insistir em aprender sozinha a jogar bola, poderia citar outras, mas é para não esticar tanto. Lembrando que entre as duas publicações são cinco anos e pouco, não é muito, mas esse recorte de tempo contém mudanças significativas nos traços de cada desenhista.

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    3. Difícil saber quem desenhou, mas é certo que o desenhista de 1986 estava no estúdio em 1991. A diferença dos traços nessas partes foi mínima. Se foi desenhada por outro, seguiu a ideia central do estilo do desenho original.

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    4. Classifico esta na lista de HQs desenhadas por dois ou mais profissionais, ainda que de forma discreta as sete páginas que destaco diferem das outras, é mais perceptível em Chico Bento do que no Papai Noel ruralizado, dois estilos naturalmente parecidos, daí contrasta pouco e passa batido dos menos detalhistas. Perceba que o fundo passa a noturno na retomada do que é responsável pela maioria das páginas, deslize, poderiam ter anoitecido gradualmente.
      Não lembro de histórias com artes divididas publicadas nos 1980, não quer dizer que não existam, são mais constantes nos 1970 e 1990.
      Em "Coelho por um dia" que suponho ser de 1976, apenas a última página foi elaborada por outro desenhista, você deve conhecer, Cebolinha irritado por ser atingido pelo coelhinho o solta em um penhasco, Mônica decide que ele ficará no lugar do brinquedo, o fantasia de coelho azul, e como sofre o coitado, gota d'água é o falatório do chá de bonecas que culmina em tentativa de resgate do Sansão, chique, envolve até helicóptero, o quadrão final tem uma pitada de "Missão Impossível", mas certamente não foi impossível recuperá-lo.

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    5. Acontecia as vezes de ter mais desenhistas desenhando mesma história e dava pra perceber bem a diferença. Nessa do Chico, pelo menos, foi bem sutil. E conheço a história "Coelho por um dia", é também legal essa.

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    6. Nada depreciável, claro, mas nessa trama ficou um pouco estranho apenas a última página não ter sido desenhada pelo mesmo que elaborou as demais, suponho que tenha sido o jovem Sidão que por algum contratempo não conseguiu concluí-la.
      Gostaria muito de através de máquina do tempo ou por alguma outra forma superavançada de tecnologia, presenciar, constatar in loco como era MSP nos 1970, imagino que foi um ambiente profissional deveras aprazível, simplicidade é a grande marca dessa época, e nem tudo eram flores, claro!
      Tendemos romantizar o que não presenciamos, fatos, momentos, períodos, épocas que conhecemos através de relatos orais, por meio de livros e revistas, de documentários e telejornais. Glamourização funciona tanto para o bem quanto para o mal, e nunca, nunca mesmo é uma maneira produtiva olhar os acontecimentos pretéritos não vivenciados por nós desse modo enviesado, o passado visto sem ponderação por quem não o evidenciou logicamente não é compreendido plenamente. Desconstrução é tudo de bom, via única para se chegar no que realmente importa: a verdade.

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    7. Nos anos 1970 era uma equipe muito pequena, poucos funcionários, roteiristas, deviam ficar muito tempo ocupados dedicando às histórias até porque tudo era feito a mão. Bom que era tudo feito com mais amor, mais carinho, aí ficava tudo mais natural e agradava mais o público. Agora pra saber os detalhes só entrevistando o Maurício pra perguntar como era.

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  8. Agora vocês imaginem a emoção do garoto Florisvaldo aqui, vendo que foi homenageado virando um jegue do Nhô Noer. Não lembro se um dia eu contei pessoalmente isso ao Mauricio, mas o fato é que tempos depois, vocês vão pegar o "Galodiador", e adivinha quem é o vilão da história?

    O gibizinho eu perdi, mas o Galodiador, comprei apenas por causa do meu nome, pela segunda vez na história da MSP. ^^

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    1. Florisvaldo não é um nome comum, aí quando aparece em gibis é legal. Coincidentemente as 2 vezes foram com Chico Bento. Eu também gosto quando colocam meu nome nos personagens.

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