segunda-feira, 22 de abril de 2024

Piteco: HQ "O primeiro descobridor"

Dia 22 de abril é comemorado o Descobrimento do Brasil e, então, mostro uma história em que o Piteco resolve cruzar o oceano sozinho para ver se há outras terras além da Aldeia de Lem, onde ele vivia. Com 14 páginas, foi publicada em 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998).

Capa de 'Cebolinha Nº 136' (Ed. Globo, 1998)

Bolota procura Piteco, encontra e pergunta o que ele está fazendo com olhão parado para o mar. Piteco fala que que estava pensando o que existe para lá e Bolota responde que só água, água e mais água. Piteco acha que deve ter algo, além de onde a vista alcança, novas terras e povos. Bolota acha que se tivesse, já tinham aparecido, dado sinal de vida e Piteco fala que não, se ficarem que nem eles, só olhando, sem fazer nada.  

Piteco resolve criar uma canoa parecida com a que usam para pescar para tirar a limpo essa questão. Bolota avisa que as ondas vão virar a canoa, ele vai afundar feito pedra, manda ouvir a voz da razão e Piteco nem dá ouvido, pegando machado e derrubando árvore para construir a canoa e Bolota desiste.

Passam-se os dias, um homem sente falta do Piteco e Bolota diz que está no mundo da Lua. Thuga fica desanimada e Ogra conta que agora que o Piteco endoidou, as chances de ela se casar diminuíram mais ainda. Na calada da noite barulhenta, Piteco continua seu projeto até que em uma manhã, finalmente termina de construir a canoa e todos admiram. 

Bolota espera que Piteco tenha caído em si, mesmo que existisse um outro mundo e ele chegasse até lá, poderia encontrar monstros terríveis ou povos inimigos, poderiam descobrir da existência deles e poderiam ir para lá para trucidá-los. Piteco acha que se a humanidade toda pensasse como o Bolota, ficaria para sempre na Idade da Pedra. Todos o ajudam a empurrar a canoa para o mar. Bolota acha que a canoa nem flutua, mas conseguiu. Piteco abastece o barco e estufa as velas e vai a caminho da aventura e da descoberta e todos ficam tristes que vão perdê-lo, até Thuga acha que vai ficar viúva antes de se casar.

Piteco diz que o tempo está bom, quando cai uma tempestade, sofrendo com as ondas do mar dentro do barco. Quando volta o Sol, fica aliviado que o barco resistiu. Em seguida, aparece uma mulher atrás de uma pedra. Piteco tenta salvá-la, falando que não devia nadar tão longe. Logo percebe que ninguém conseguiria nadar tanto assim e descobre que ela era uma "sereiassaura" que queria atacá-lo. Piteco bate na cabeça dela com a clava e em seguida aparece um monstro do mar. Corre dando voltas na canoa que faz com que o monstro dê um nó no pescoço, conseguindo se livrar dele. 

Passam-se os dias, Piteco encontrou nada ainda, a comida que trouxe já acabou, mas pelo menos pode pescar, problema é a água que está acabando e não dá para beber água salgada do mar. Ele se pergunta se Bolota tinha razão, que a viagem foi uma loucura, há dias só vê água e que vai ver não existe mais nada mesmo e vai morrer ali, sedento e sozinho, é o preço a pagar por ser tão atrevido.

Até que encontra uma terra, na verdade, uma ilha, mas comemora assim mesmo chamando a terra de "Pitecolândia". Tinha coqueiro com "cocossauros", come e bebe a água deles. Comenta que gente não tem, mas prova que podem existir outras terras e tem certeza que além dali, existem também outras terras e povos e resolve dormir até voltar para casa na manhã seguinte, recebido por festa por aqueles que já o julgavam perdido. Ninguém acreditou, provas da existência de Pitecolânda ele não tinha, porque cocos e conchinhas não era novidade, mas sua coragem foi reconhecida por todos.


Durante muito tempo, Piteco repetiu a história de sua emocionante aventura e teve façanha de se tornar o primeiro explorador do mundo. Só depois de muitos séculos que tiveram naus capazes de cruzar oceanos de novo e narrador comenta que nada mau seria se ele tivesse chegado só um pouquinho mais para lá, invertendo a História dos descobrimentos e, quem sabe, a nossa própria História.

Legal essa história em que o Piteco quer descobrir se existe outras terras e outros povos além da Aldeia de Lem e resolve fazer um barco para cruzar oceano e descobrir outras terras, mesmo seus amigos achando que encontraria nada e que era uma loucura ir. Ele passa vários sufocos no caminho até encontrar uma ilha bem pequena, mas o suficiente para deduzir que estava certo e há outras terras não exploradas pelo mundo.

Piteco foi para frente do seu tempo, para saírem da Idade da Pedra, alguém teve que ousar como invenções, principalmente a da criação da roda, e com o Piteco foi o primeiro explorador do mundo. Precisou lutar contra a desconfiança dos outros, de acharem loucura o que estava fazendo, enfrentou perigos, tempestade, fome, sede, mas resistiu e conseguiu o seu objetivo. 

Se avistasse mais um pouco além, enquanto estava na ilha, encontraria a Europa, algo mais grandioso e mudaria todo o rumo da humanidade. Ele poderia ter levado alguém junto para provar que a "Pitecolândia" existia de fato, mas ninguém queria ir mesmo se ele convidasse, aí ficou só na palavra dele. Outra possibilidade seria voltar depois lá com alguém, já que viram que dava para voltar para Lem.

História, baseada nas Grandes Navegações, mostrou mensagens de seguir sua intenção, não ligar para opiniões dos outros, não deixar a opinião negativa dos outros que não seria capaz prevalecer suas vontades, não se acomodar e procurar inovações e mudanças para progredir, e ainda teve um lado filosófico de como seria a humanidade se tivessem descoberto novas terras cruzando oceanos desde a Pré-História. 

Nunca foi falado até então onde ficava a aldeia do Piteco, nessa descobrimos que era na América, mas não qual América e país. Sempre imaginamos que Lem da Pré-História era onde depois seria o Brasil por personagens falarem em Português brasileiro. Isso se eles não falavam outro idioma sem ser o Português e deixavam traduzido para gente entender.  É o mesmo que a Turma do Papa-Capim que, por serem índios primitivos, acreditam-se falarem em Tupi-Guarani ou outro idioma indígena e colocam eles falando em Português nas histórias. 

Foi engraçado ver o Piteco dando a mínima para comentários que ele era louco fazer a exploração, a Thuga dizer que vai viúva antes de se casar, Piteco achar que a "sereiassauro" era uma mulher bonita perdida, o monstro dar nó no pescoço ao ficar rodando no barco, Piteco chamar a terra nova de "Pitecolândia" e o coco de "cocossauro". Narrador-observador contando a história sempre deixa legais, no caso seria o roteirista dela. Foi até grande considerando ser de personagem secundário, mas nos gibis a partir de 1996, estavam procurando colocar de vez em quando histórias de secundários maiores para não ter a regra que eles só tinham histórias curtas de até 5 páginas nos gibis. 

Os traços ficaram bons, com uma arte-final mais diferenciada. A Ogra foi desenhada diferente dessa vez com cabelos maiores, mas o normal era ela ser desenhada do jeito normal. Teve os quadrinhos ondulados, recurso que adotaram nas histórias do Piteco a partir de 1996, antes disso tinham enquadramentos retangulares padrão nas histórias dele. 

22 comentários:

  1. Olá. Bom dia, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, na primeira quinzena do mês de Maio do ano de 2024, terá uma Edição Comemorativa, falando sobre os 60 anos da Magali, ou, não?. Por gentileza, é verdade, que, entre, meses de Julho/Agosto do ano de 2024, terão umas Edições Comemorativas, falando sobre os 30 anos do Do Contra, e, do Nimbus, ou, não?. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, na primeira quinzena do mês de Janeiro do ano de 2025, terá uma Edição Comemorativa, falando sobre os 30 anos da Marina, ou, não?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    1. Não tem nada confirmado ainda se terão edições com histórias comemorativas para essas personagens, pelo menos com Magali vamos saber logo dentro de algumas semanas se terá comemoração ou não. Abraços.

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    2. Sim, terão relançamentos de todas essas edições. Comprei o livro Mônica 60 Anos. Abraços.

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    3. Ok. Muito obrigado, então, Marcos.

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  2. Eu tenho esse gibi, mas sem a capa. Legal demais essa história!

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    1. Muito boa essa história, uma aventura bem envolvente se Piteco conseguiria descobrir ou não novas terras.

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  3. Pitecolândia seria Bahamas ou Cuba, fazendo analogia com os primeiros desembarques da frota espanhola comandada por Cristóvão Colombo. O que é um pouquinho decepcionante é Lem ficar situada na América do Norte ao passo que estes personagens são brasileiros, dichavando América do Sul, contudo, pode ser que Lem represente a América em sentido lato, isto é, da Terra do Fogo à Groenlândia, do Ártico ao Antártico, posto que América é o único continente bipolar. Ao mesmo tempo, é compreensível apontar para América do Norte dado analogia aos primeiros feitos do genovês e dos espanhóis pelas bandas caribenhas, pois, geograficamente, Cuba e Bahamas são territórios próximos ao México e aos EUA.

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    1. Pela posição, dá para entender que Lem fica na América do Norte. Não necessariamente seria no Brasil, pode ser que eles falem outra língua e as falas são traduzidas automaticamente para o Português para os leitores entenderem. Já ouvi falar que homens da caverna falavam um dialeto completamente diferente da gente, era mais emissão de ruídos e não era a toa que tinha pinturas em paredes para se comunicarem, aí nem a Língua Inglesa existia.

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    2. Creio que Mauricio de Sousa extraiu o nome do habitat dos personagens pré-históricos das três primeiras letras de Lemúria, lendário continente submerso localizado entre África, Oceania e Ásia, daí, se Lem deriva mesmo desse nome, em vez de América do Norte, Piteco deveria ter partido de algum ponto no Oceano Índico.

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    3. Uma possibilidade, nunca vi Mauricio falar a origem do nome de Lem. De início, achava que era um trocadilho com madeira de lei, mas acredito que não seja isso. Vir de Lemúria faz mais sentido se foi essa a inspiração dele.

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    4. Piteco e os demais do núcleo são brasileiros no sentido de onde foram criados. Assim como Brucutu, outro primitivo, só que gringo, criado nos Estados Unidos e fonte de inspiração para Mauricio criar o herói pré-histórico tupiniquim.
      Existe alguma história dos 90's com participação do Tio Glunc, Marcos?

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    5. Verdade, Piteco foi inspirado no Brucutu. Existem histórias, sim, com o Tio Glunc nos anos 1990, mas precisamente a partir de 1996.

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    6. Aliás, esse parente da Thuga tende a me remeter à Turma da Mônica das duas primeiras décadas, portanto, não lembro se já o vi em alguma história dos 80's. Existe alguma aparição desse personagem que pertence a essa década?
      E o Vartolo? Esse conseguiu ser mais dichavado pelos argumentistas dessas épocas do que o Tio Glunc. Parece que há uma aparição noventista (pode ser oitentista, não sei ao certo) em que está magro, sendo que nos 70's aparece como um sujeito gordo ou pelo menos parrudo.

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    7. O Tio Glunc eu vi que apareceu em uma história de 1980, que no caso seria bem na transição dos anos 1970 para os 1980, quem sabe essa história foi roteirizada em 1979. Acho que foi a última dele antes de sumir e voltar em 1996 porque não lembro de outra dele ao longo dos anos 1980. Não lembro também se o Vartolo apareceu nos anos 1980 e 1990, parece que voltou nos anos 2000 fazendo ponta. Não lembro dessa que ele aparece magro, ai não sei qual década foi, o normal é ele ser gordo.

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    8. Parece que já vi Vartolo magro, não do tipo magrelo, mas não como gordo ou parrudo, sei lá, talvez não há aparição dele assim, vai que é só equívoco de memória, porém, tenho impressão de ter visto esse personagem fisicamente mais elegante. Ele é aquele cujos olhos ficam ocultados por volumosa franja, certo? Cabelos e barba azuis, não é isso?
      E Beleléu? Não é das antigas, ou é? Em meus tempos de guri e adolescente não lembro se vi esse inventor, através da (I)internet descobri que pertence ao núcleo pré-histórico. Quando surgiu essa figura?

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    9. Entendo, onde viu o Vartolo não era magro, só que não tão gordo como era originalmente. Sim, esse mesmo com cabelo e barba azuis com franja em cima dos olhos. O Beleléu apareceu uma vez em história de 1980, seria história única, aí em 2004, o Paulo Back voltou com o personagem sendo o inventor fixo de Lem e continua nos gibis até hoje. Em vez de qualquer personagem ser inventor como era, o Beleléu passou a exercer essa função.

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    10. Quiçá conheço essas com Tio Glunc e Beleléu publicadas no ano de 1980.
      Vartolo também conheci pela via virtual. Tive muitos almanaques, maioria pela Editora Globo, se em algumas edições dessas cheguei a ver esse personagem, não há como saber.
      Um que ademais é bem apagadão, porém, considero como figura clássica, é aquele sujeito corpulento que sempre fico em dúvida se é delegado ou prefeito. Pelo que lembro de cinco ou seis aparições dele, está mais para autoridade policial do que para chefe de aldeia, no entanto, pelo contexto em que os habitantes de Lem vivem, esses cargos podem se resumir em uma coisa só, dado à extrema incipiência em que se encontram enquanto sociedade, isto é, dado ao primitivismo.

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    11. O Vartolo eu vi mais em histórias dos anos 1970, muitas vezes só como figuração. Esse personagem citado é o Delegado, aparecia mais nas histórias do Zum e Bum para prendê-los, frequência maior nos gibis dos anos 1980, apesar de aparecer desde os anos 1970 e ter algumas aparições nos anos 1990. Depois de 2000 ficou sumido já que Zum e Bum sumiram dos gibis e como não tinham histórias com outros bandidos e tinha ninguém pra prender, aí o Delegado perdeu a função nas histórias.

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    12. Há uma história muito antiga em que esse personagem participa, posso estar equivocado, mas, pelo rotundo porte físico, pelo narigão, pelo quepe e pela capacidade de mobilização (liderança), tudo leva crer que é ele mesmo. Intitulada apenas por "Piteco", palavras como "delegado" e "prefeito" não estão nos diálogos, quiçá seja primeira aparição dessa autoridade. Curtinha, dez quadros acomodados em três páginas e o personagem em questão aparece em seis. Republicada em Almanaque da Mônica nº17 de 1990. Acho que tens esse gibi, Marcos. Se tiver e estiver com fácil acesso, dê uma conferida, páginas 56 a 58.
      Outra curiosidade na mesma HQ são traços do Piteco no quadro de abertura, não batem com traços dele e dos demais contidos nos outros nove, parece que foi redesenhado para republicação. Vai que na publicação original a imagem do personagem no quadrão de abertura seja exatamente a que se encontra no almanaque, de qualquer forma, para detalhistas, esse contraste nos traços é, no mínimo, estranho.

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    13. Tenho esse Almanaque da Mônica 17 de 1990, era o Delegado mesmo. Originalmente é uma história mais antiga do que vinham republicando na época, parece ser uma história de 1976 e já vi a original e não percebi mudança em desenhos, até mesmo porque eles não alteravam desenhos nos almanaques da época. Aí, desenhos ficaram diferentes e pouco estranhos por ser história do meio dos anos 1970 e não porque alteraram.

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    14. Curiosamente, Marcos, estilo de traço do Piteco no primeiro quadro da HQ parece de 1976 (1975-77), já o visual dos traços do restante dessa compacta trama remete ao estilo de 1972 para trás.
      Sabe informar por qual edição essa história chegou ao público pela primeira vez?

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    15. Pior que não lembro o número da edição original, mas sei que o primeiro quadro não foi alterado desenho no almanaque, foi como saiu na original.

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