Dia 15 de outubro é o "Dia dos Professores" e em homenagem mosto uma história em que o Cascão foi professor de Medicina em uma faculdade por um dia para escapar de dois garotos após ele ter trapaceado no jogo de bafo. Com 7 páginas, foi história de abertura publicada em 'Cascão N° 31' (Ed. Abril, 1983).
Capa de 'Cascão Nº 31' (Ed. Abril, 1983) |
Cascão foge de dois meninos valentões depois de trapacear no jogo de bafo, colocando chiclete na palma da mão para virar as figurinhas e entra pela janela de uma faculdade. Os meninos vão conferir se ele entrou na janela, Cascão se disfarça de professor com um jaleco que estava na cadeira, dá tapas neles, reclamando que aparecem quando estava se preparando para dar aula.
O diretor vê o Cascão, pensa que é o novo professor de Medicina e o leva para sala de aula. Cascão fica sem saber o que falar para os alunos, se apresenta, diz que parece que vai chover, pergunta se viram o final da novela e se está tudo bem com eles e os alunos só olham para a cara dele. Cascão se prepara para dizer a verdade, quando vê os meninos no lado de fora da faculdade e diz que ele é o maior médico do mundo e melhor professor de Medicina.
Cascão chama os meninos, diz que não estão bem, pisa nos pés deles com a cadeira que servia para deixá-lo mais alto, e conta que estão com a rara doença "figurinos escleróticos", causada com constante contato com figurinhas e é altamente contagiosa, principalmente se forem figurinhas premiadas. Como dizem que as dele são premiadas, Cascão quer providenciar dois caixões, com mais ou menos um metro e cinquenta cada. Para salvá-los, os meninos precisam colocar todas as figurinhas no bolso dele.
Eles colocam no bolso, mas cai uma no chão, Cascão sai da cadeira, reclamando que faltou justo a figurinha do Falcão, a mais difícil de todas. Os meninos e os alunos descobrem a farsa do falso professor, ficam furiosos e todos dão surra no Cascão, muita pancadaria, com palmadas no bumbum, puxões de orelhas, tapões e o expulsam, jogando pela janela. No final, Cascão todo surrado, pergunta para os leitores se tem algum médico na casa.
Engraçada essa história em que o Cascão trapaceia no bafo e se disfarça de professor de Medicina da faculdade para fugir deles. Não contente, ele inventa que os meninos tinham doença contagiosa por causa das figurinhas e tinham que colocá-las todas no bolso dele, só que entregou todo o seu próprio plano fazendo questão de ter uma figurinha difícil que caiu no chão, fazendo a maior surra que já levou, não só dos meninos que enganou como de todos os alunos da faculdade.
Cascão poderia ter ficado quieto ao ver os meninos pela janela, esperava eles irem embora e contava a verdade para os alunos que resolveria a situação, mas a ganância de ter todas as figurinhas que eles tinham o motivou a criar o plano infalível. Ou então, poderia deixar a figurinha no chão e depois que os meninos fossem embora, aí pegava Como sempre ele estraga os planos, não seria diferente estragar o seu próprio plano.
Foi uma história que plano infalível foi criado por acaso, às vezes acontecia de planos acontecerem de acordo com as circunstâncias que apareciam. Os garotos foram figurantes aparecendo só nessa história e apenas o branco que teve nome revelado como João, o negro ficou sem nome. Personagem se disfarçar quando estava em perigo era normal na época, com inspiração em desenhos animados como Pernalonga, Pica-Pau, Manda-Chuva, Scooby Doo, etc.
O título poderia ser "Cascão na faculdade" já que ele não foi professor de escola e nem poderia mudar para um ambiente escolar normal porque a faculdade foi fundamental para o Cascão ser passar por médico que diagnostica doença rara nos meninos. Além do "Dia dos Professores", a história ajudou a homenagear também o "Dia do Médico" comemorado dia 18 de outubro.
Foi engraçado ver Cascão enganando os outros, perguntar se viram final de novela, ficar em cima de uma cadeira e pisar nos meninos, dizer que eles estavam com doença rara contagiosa e fatal e teria que encomendar dois caixões e a farsa descoberta com muita pancadaria. Hilário o aviso do narrador-observador dizer que a surra foi censurada e deixou só as onomatopeias porque seria impróprio para o horário e os leitores verem tais cenas. Não que a violência traumatizaria os leitores da época, foi só para dar graça e também agilizar nos desenhos. Hoje é incorreta por Cascão trapacear em jogo de bafo, enganar todo mundo sendo professor que na verdade não é, toda a violência do Cascão apanhar de todo mundo que estava na faculdade, dizer que apanhou na bunda, levou puxões de orelha, aparecer surrado, adultos baterem nele, além do menino negro com lábios bem grossos.
Os traços muito bons, típicos da primeira metade dos anos 1980, um pouco antes dos personagens terem os traços consagrados a partir de meados de 1984. Curioso os quadrinhos repetidos dos alunos assistindo ao Cascão a dar aula, diferente desses desenhos serem de copia e cola de programa de computador, eles criavam o quadrinho com a imagem a mão e depois tirava xerox e colava. Queriam agilizar o desenho, mas bem que poderiam ter desenhado cada quadrinho com os alunos com expressões diferentes, até porque também dá trabalho de tirar xerox, recortar papel e colar onde queria, não muda muita coisa. Teve erro mínimo de meias dos garotos pintadas com as cores dos sapatos na penúltima página. Propagandas inseridas na história eram comuns na época e dessa vez foi do achocolatado "Toddy" na primeira página. Foi republicada depois em 'Almanaque do Cascão Nº 12' (Ed.Globo, 1990).
Capa de 'Almanaque do Cascão Nº 12' (Ed. Globo, 1990) |
FELIZ DIA DOS PROFESSORES!!!
Cascão oitentista é um tipo muito à toa, é cretino, é velhaco, é pilantra, é safo, do jeito que eu gosto - Diabo também gosta dele assim - e com direito a "censura" durante espancamento do nosso bom e velho calhorda.
ResponderExcluirCascão assim era bom demais, definitivamente personagens incorretos eram mais engraçados e tinham conteúdo. A "censura" foi muito legal, ficou só na imaginação de como eles espancaram o Cascão, mas claro que deixaram assim só porque era difícil desenhar uns 30 alunos mais dois garotos batendo no Cascão ao mesmo tempo.
ExcluirExato. Censura foi nada mais que otimização para evitar detalhismos e consequentemente economizar tempo na confecção da metade superior da última página.
ExcluirOutra otimização é o que há no quarto quadro da terceira página (pág.5) ser estendido para o sexto e o oitavo quadros da mesma.
Sim, a demanda devia estar grande e aí usaram esse recurso. A parte da plateia também foi isso, desenhou uma imagem e depois tirou xerox. Ainda assim não ficou artificial, até porque foi desenhado a mão e usou só em um momento apropriado.
ExcluirO que fizeram na terceira página (pág.5) ficou muito bom, absolutamente nada de aspecto artificial, pelo contrário, os alunos estáticos funcionam com precisão, pois a forma como deixaram a sequência foi para o "professor" se sentir bastante desconfortável inicialmente.
ExcluirSim, mostrou que eles estavam atentos no que o Cascão estava falando e ficou sem reação, nervoso com a situação. Isso foi bom mesmo.
ExcluirErros com cores são:
ExcluirNa excelente sequência elaborada para a princípio pressionar o protagonista, os sapatos do sujeito no canto direito do quarto quadro estão azuis e, no sexto, passam para cinza(s), e, nos mesmos quadros, sapatos do bigodudo ao fundo mudam de verde(s) para o que parece ser um azul escuro.
No sétimo quadro da segunda (pág.4) faltou azul na camisa listrada do João. Sei lá, parece que há um azul bem, bem clarinho mesmo, ou é mera impressão.
Não tinha reparado esses erros, só de meias dos garotos sem serem pintadas de brancas em alguns quadrinhos. Acredito que a camisa do João chegou a ser pintada, mas ficou desbotada na impressão, já que aparece um tom levemente mais escuro que o branco nas listras.
ExcluirSe consegue enxergar significa que não é impressão minha.
ExcluirNa sexta página (pág.8) tem mais alguns: Cascão com orelha esquerda branca no segundo quadro, já no quarto, mão esquerda - basicamente o polegar - e peito do guri também foram pintados de branco.
É, deu pra perceber um tom diferente do branco, tipo um azul ou cinza super claro. Esses outros erros difíceis de perceber de cara, mas de fato foram erros, sim de colorista, falta de atenção.
ExcluirObservando a quarta página (pág.6), especificamente do primeiro ao quinto quadros, como fez para se locomover posicionado sobre a cadeira? Não é difícil entender como fere os pés dos moleques, certamente utilizou algum macete para pular segurando-a com pernas e pés sem se desequilibrar, já se dirigir à janela para introduzir seus antagonistas à aula, fica a incógnita. Será que foi cambaleando?
ExcluirSão os absurdos dos quadrinhos. Pode ser que ele só se curvou muito até a janela ou estava com os pés amarrados na cadeira e deu alguns passos em direção à janela. Situação semelhante no momento que o diretor o leva até a sala de aula, naturalmente a cadeira iria cair no movimento do diretor o segurando pelo braço. Aí se a cadeira não estava amarrada nos pés, Cascão teve um equilíbrio fora de série.
ExcluirPor questão de tempo acho que não amarrou pés ou pernas na cadeira, acredito que o que a deixa firme durante o funcionário o conduzir às pressas à sala de aula tenha sido o jaleco todo abotoado e por consequência bem esticado por encobri-la, comprimindo-a de modo a estabilizá-la mesmo com movimentos bruscos - tipo três em um, isto é, Cascão, jaleco e cadeira formando um só corpo, um volume inteiriço, e em meio a esta combinação é possível que uma das pernas ou um dos pés tenha se prendido entre o assento e o encosto do objeto de maneira involuntária ou quem sabe até propositalmente, reforçando ainda mais a estabilidade do disfarce.
ExcluirPenso que para se aproximar da janela e puxá-los para o recinto, introduzindo-os ao lero-lero disfarçado de aula, foi tenteando, tenteando, até alcançá-los, ou seja, pendendo de um lado para o outro, grosso modo, foi cambaleando e não levantou suspeitas com tais movimentos, pois andar mancando, cambaleando e camboteando, tudo isso é normal.
Com o funcionário pode ter acontecido isso da perna tenha ter se prendido na cadeira. Cambaleando até a janela também é uma hipótese boa, de qualquer forma tudo fica na nossa imaginação, não pode afirmar como de fato foi.
ExcluirÓtima histórinha, adoro um bom disfarce e atuação. Pobre Cascão, só se ferra. Querer bater em alguém só por causa de umas figurinhas é foda. E TODO MUNDO (crianças e adultos) batendo nele no final foi meio covardia também. Se bem que o que aconteceu no final foi meio culpa dele. Confiou demais na sorte, e acabou sendo imprudente.
ResponderExcluirMas era bom os anos 80 assim, né. Os finais que aconteciam aos personagens eram engraçados afinal. Nem sempre eram tão merecidos, mas é a vida, né.
É, quando eles se disfarçavam eram ótimos atores, interpretavam bem e conseguiam enganar os outros. Os adultos bateram no Cascão porque não gostaram de ser enganados, mas não deixa de ser covardia bater em criança seja qual for o motivo. Já os garotos foi tanto por causa das figurinhas quanto por terem sido enganados, raiva maior ainda. Como Cascão gosta de sujeira, encaixava bem essa característica de trapaceiro, fazer jogo sujo. Se ele não entregasse o plano, ia dar tudo certo pra ele. Muitas vezes não tinham finais felizes nas histórias, mas ficavam muito engraçadas, sem dúvida.
ExcluirLegal das HQs da MSP desses tempos, Isabella, são que crianças como Cascão, Cebolinha, Mônica, Chico Bento, etc e etc dispõem (dispunham) de tamanha autonomia, e foi este elemento, que julgo primordial, o responsável por várias HQs como esta, cujo protagonista se mostra extremamente ousado, usando e abusando da sorte e com direito a ser espancado por uma multidão majoritariamente adulta. Não eram poupados por serem crianças e isto fez toda diferença durante a trajetória da TM clássica nas quatro primeiras décadas. Únicos devidamente protegidos nessas "épocas áridas" foram Dudu, Maria Cebola e vários de aparições únicas cujas idades transitam entre as desses dois, era critério da MSP para com personagens criancinhas, acho que nem haveria como ser diferente disso e, ainda que fosse possível, penso que não seria interessante, isto é, não teria graça uma "Maliazinha" da vida, um Dudu da vida, entre tantos outros pequeninos, volta e meia machucados por conta de acidentes e por apanharem, já Mônica, Magali, Cascão, Jeremias, Anjinho, etc, etc, são outros quinhentos...
ExcluirEsses detalhes que faziam a diferença, a autonomia deixavam muito melhores. As criancinhas como Dudu e Maria Cebolinha realmente não apanhavam de adultos, no máximo que poderia acontecer é o Dudu apanhar da Mônica, acho que aconteceu, mas evitava ao máximo. Já as crianças de 6 anos em diante sempre apanhavam.
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