sábado, 5 de outubro de 2024

Cascão: HQ "Eu prometo!"

Eleições municipais no Brasil chegando e, então, mostro uma história e que o Cascão quis ajudar um político que não conseguia se eleger. Com 5 páginas, foi história de encerramento publicada em 'Cascão Nº 77' (Ed. Abril, 1985).

Capa de 'Cascão Nº 77' (Ed. Abril, 1985)

Cascão encontra o político Roberto Pedreira desanimado e comenta que ele está mais por baixo do que uma minhoca. Roberto fala que se estivesse no lugar dele, entenderia, vai ser derrotado de novo nas próximas eleições, a única vez que foi eleito foi para orador da classe e isso porque tapeou na contagem dos votos. Cascão quer ajudá-lo, apesar de não votar, tem os seus meios de convencer o pessoal, e, assim, o político nomeia Cascão como seu cabo eleitoral, que sai para conversar com os eleitores.

Roberto acha que foi tempo perdido e pensa em mudar de partido e depois Cascão volta com várias  pessoas apoiando, exibindo faixa que é defensor da classe, que é o maior, querendo beijos neles e nos filhos e ainda é entrevistado. Roberto pergunta ao Cascão como conseguiu tantos eleitores, ele responde que nunca tomou banho e tomaria se votassem nele e o pessoal falou que se Roberto conseguir mudá-lo, pode mudar o país.

Roberto quer saber quando Cascão vai tomar banho, ele diz nunca vai tomar, prometer é um negócio. fazer é outra. Roberto fala que não pode prometer o  que não pode cumprir. Cascão se desculpa e vai reparar o mal que fez. Roberto comenta que perdeu a chance de ser eleito, mas não pode enganar os outros, prefere ser um político malsucedido a ser um mentiroso bem-sucedido. No final, Cascão fala com os leitores se não gostariam de se tornarem eleitores e votarem no Roberto.

História legal em que o Cascão tenta ajudar o político que não ganha eleições inventando que ia tomar banho para atrair votos, mas ficaria só na promessa já que prometer é uma coisa e fazer de fato é outra coisa bem diferente. O político não aceita que o seu eleitorado seja enganado, é melhor ser um político honesto a mentiroso. Para o Cascão seria fácil os votos enganando os outros, mas não seria honesto prometer o que não ia cumprir e Roberto achou que iria se queimar ser eleito prometendo uma mentira, afinal, Cascão nunca tomaria banho.

O Cascão teve uma mentalidade de como são os políticos na vida real e o Roberto um político que é raro de se ver com honestidade e que não faz de tudo para se eleger, nem com golpes baixos. Poderia ter mais políticos como o Roberto, dá pena de logo o candidato honesto ninguém quer votar. História com ar filosófico mostrou, então, mensagem de que se deve votar em candidato que tenha promessas de campanha e pensa como o Roberto de seguir mandato sempre com honestidade e não à base de mentiras. Mesmo com quase 40 anos de lançada, continua bem atual até hoje.

Eles gostavam de histórias envolvendo política e conscientização de votos, nem que fosse de eleição para o clubinho dos meninos, mesmo que as crianças não votam, mas já começariam a ter um pensamento crítico desde novo e ainda ajudavam os pais e os adolescentes que liam os gibis dos filhos e irmãos. Atualmente histórias assim são incorretas porque o povo do politicamente correto acha que política não é assunto apropriado para crianças. Fora que poderiam achar ruim o comportamento desonesto do Cascão, que deveria ser um bom exemplo por ser personagem fixo principal e aparecer negro com lábios grandes.

Foi engraçado ver papo entre eles como o Roberto procurando onde está o bom dia, Cascão dizer que está mais por baixo que minhoca, que tapeou na contagem de votos de orador da época da escola, o bebê não gostar de ser beijado pelo Roberto e Cascão dizer que hoje é cabo e amanhã, sargento, que prometer é um negócio, fazer é outro porque não iria tomar banho. Não revelou o cargo que o Roberto estava concorrendo, mais chance de ser vereador ou deputado. Ele apareceu só nessa história como era de costume em histórias de secundários para aparições únicas.

Os traços ficaram bons, típicos de histórias dos anos 1980. Nunca foi republicada até hoje, poderia ter sido a partir de 1996, quando estavam republicando histórias de miolo de 1985 do Cascão com mais frequência, mas não foi, ou por conta de esquecimento ou porque queriam acabar logo com republicações de histórias da Editora Abril por estarem velhas, tanto que muitas histórias das últimas edições do Cascão e Chico Bento de 1985 e 1986 não foram republicadas e a partir de 1999 passaram a republicar nos almanaques só histórias deles da Globo. Então, é uma história rara e só quem tem o gibi original que conhecia.

30 comentários:

  1. Olá. Boa noite, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, entre os meses de Outubro/Novembro/Dezembro/Janeiro dos anos de 2024/2025, terão os Relançamentos dos Almanaques:
    Mônica; Cebolinha; Cascão; Magali, e, Chico Bento Edições #19, e, #20 (Edições #104, e, #105-Segunda Temporada);
    Turma da Mônica Edições #19, e, #20 (Primeira Temporada);
    As duas Edições da Revista Mônica Especial de Natal: #17 (Primeira Temporada-Relançamento), e, #18 (Primeira Temporada);
    As duas Edições do Super Almanaque da Turma da Mônica: #15 (Primeira Temporada-Relançamento), e, #16 (Primeira Temporada);
    O Relançamento do Almanaque da Tina Edição #05 (Edição #33-Segunda Temporada);
    As duas Edições do Almanacão Turma da Mônica: #20 (Edição #40-Segunda Temporada-Relançamento), e, #22 (Edição #44-Segunda Temporada),
    E,
    O Relançamento do Livro Magali 60 Anos, nas Bancas de Revistas, e, Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, é isto?. Eu aguardo respostas. Abraços.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite. Terão relançamentos dessas edições. Abraços.

      Excluir
    2. Não sei. Tem nada confirmado se vão ter reajustes ano que vem. Abraços.

      Excluir
    3. Ok. Muito obrigado, então, Marcos.

      Excluir
  2. Político brasileiro honesto... só nos quadrinhos... Será que só mesmo no ficcional? Já passei da fase da total descrença, é muito fácil crer que a humanidade é causa perdida e daí embarcar no niilismo, largando tudo para lá, ou seja, desistir da própria espécie. Por um tempo fui assim, felizmente revi certos conceitos e mudei de ótica.
    E que poder de persuasão tem o Cascão, poderia ser marqueteiro de campanha de Roberto Pedreira.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pelo jeito só nos quadrinhos mesmo, no máximo um ou outro vereador honesto e olhe lá. Cascão teve ótima persuasão, só ficar atento a convencer honestamente e não como ele fez.

      Excluir
    2. É de cor o erro nesta arte de capa, pois as mãos do Cascão deveriam estar em vermelho, que é a cor predominante no traje, ou em amarelo, que é minoritário(a) na vestimenta, ou qualquer outra em vez de cor de pele. Tirar o capacete enquanto está fora d'água não é problema, Cascão é tremendamente ligeiro, estará com cabeça devidamente protegida antes do próximo mergulho, questão são só as mãos, por causa de erro de colorista parecem que estão em contato com a água.

      Excluir
    3. Nem considero isso como erro na capa, simplesmente desenharam mãos do Cascão sem luva, deveria ser com luva apropriada para não molhar. Não se ligaram que ele podia molhar mãos. Não foi uma boa capa, se foi pela causa de extinção de baleias, poderia ser outro personagem.

      Excluir
    4. Acho que quem desenhou não iria descaracterizá-lo, luvas são um acessório prioritário para o desafio no qual foi inserido, era só pintá-las de vermelho ou de amarelo* ou qualquer outra cor que não fosse tom de pele, quem coloriu e quem revisou a arte são os vacilões de fato.
      Já trajado a caráter cavalgando filhote de orca e fora d'água tirar proteção da cabeça, nada disto descaracteriza, são para denotar ousadia e destreza, o lado desafiador do personagem sendo testado.
      *Como capacete é parte do traje e é o que mais indica se tratar de um escafandro, daí, amarelo não é a cor minoritária como equivocadamente mencionei acima, verde sim, é minoritário dentre as três.

      Excluir
    5. Se a intenção era ser luva e pintaram com a cor de pele, aí seria erro do colorista, sim. Difícil saber se a intenção do roteirista da capa era ser uma luva ou a mão do Cascão mesmo sem proteção. Tirar a proteção da cabeça e por um momento rápido também não acho descaracterização.

      Excluir
    6. Falei do verde como cor minoritária do escafandro, mas, sei lá, às vezes olho e parece um tipo de azul, no entanto, acho que está mais para verde, um verde azulado.
      Até que não é difícil, Marcos, é só irmos pela lógica, se o personagem tem aversão à água, não faria sentido elaborar o esboço da gag optando por mãos desprotegidas, cor de pele deveria ficar restrito ao rosto e cabeça, foi vacilo de colorista e quem revisou deixou passar. Não repare, é que não consigo ver outra explicação. Se a ilustração fosse atual, considerando descaracterização do personagem, tal dúvida faria sentido.

      Excluir
    7. Considero ser um verde azulado. Pelo visto um esquecimento de pintar as mãos, se fosse hoje, sem dúvida, não teria luvas nem capacete e capaz até do Cascão usar sua roupa tradicional e não de mergulho. Já tiveram capas e histórias assim nos últimos anos com o Cascão bem alegre no mar com sua vestimenta normal. Clara descaracterização descarada.

      Excluir
  3. Mas 'peraí', Marcos. Essa capa não é meio fora de carácter para o Cascão? Mesmo com roupa de mergulho, ele está em cima de uma baleia ou orca (animal que vive debaixo de água) e bem no meio do oceano. E pela cor do céu/fundo, parece estar tempo de chuva ou trovoada. E tirou o capacete, o que significa que muito provavelmente vai pelo menos apanhar respingos na cara ou cabelo...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é uma capa a ver com o Cascão, um pouco descaracterizado, pelo menos estava com roupa de mergulho, tirou o capacete para posar e mostrar que era ele na capa, nada impede de colocá-lo em seguida. Acredito que foi para alertar sobre extinção de baleias, mas daria pra ser com outro personagem. Sobre o fundo, acho que foi uma variação do rosa, tinham vezes que deixavam a cor rosa com tom mais roxo em histórias e capas. Pode também considerar que estava de noite e não necessariamente em um dia nublado ou chuvoso. Tiveram capas bem melhores, sem dúvida, essa também não é das minhas preferidas, apesar de bem desenhada.

      Excluir
    2. Houve histórias em que mostraram que até ficar perto de água, mesmo com roupa de mergulho, dá medo ao Cascão (como aquela da Turminha na praia, em que ele tenta chegar perto, mas logo foge e fica debaixo do guarda-sol, com escafandro e tudo). Não o consigo ver numa situação de risco triplo de se molhar (oceano/chuva/corpo da baleia molhado.)

      Excluir
    3. Sim, era sufoco o Cascão entrar no mar, no rio, mesmo com roupa de mergulho. Mesmo sendo da fase clássica, não foi uma boa capa, nem se ligaram a detalhes de que ele podia se molhar.

      Excluir
  4. espero que sai na biblioteca histórica do Cascão, que tô esperando até hoje, vai sair a da Magali e do Cascão nada (espero do Chico Bento também)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estranho Magali pela Biblioteca Mauricio de Sousa chegar antes de Chico Bento e Cascão, parece que ambos estão com pouca moral na MSP, ao menos é o que transmite a princípio. Quando ela passa a titular, os dois tinham seis anos e meio nessa condição.

      Excluir
    2. Guinho, deve sair Biblioteca do Mauricio do Cascão e do Chico Bento também, nem que seja só um volume, quem sabe do Cascão ano que vem. Pode ser que deles tenham os anos 1982 e 1983 em um só volume pra não ficar fininho demais já que em 1982 foram só 10 edições, menos até que Magali no primeiro ano, que foram 14. O jeito é aguardar.

      Zózimo, acredito que anteciparam a da a Magali por causa dos 60 anos de criação dela este ano. De qualquer forma, ela passou a frente dos meninos, sem dúvida Magali está em alta no momento.

      Excluir
  5. Universo dos quadrinhos é certamente mágico... quando foi a última vez que esse pais teve um político decente? Você se alembra?
    Cascão, bem esperto ele... apesar de essa ser uma tática suja (trocadilho não intencional), certamente mentirosa e incorreta, mas pelo menos ele ainda estava tentando ajudar o cara que ele nem conhece. Equivocado mas bem-intencionado. Dizem que o que vale é a intenção, não? Sujeito foi admirável, recusando qualquer forma de mentira e corrupção e foi algo revigorante de ouvir (ou de se ler). Foi um bom exemplo para o Cascão, que pode aprender alguma coisa com ele. Fiquei tristinha no final e torci para que ele ainda fosse eleito depois do fim. Queria que ele estivesse aqui na vida real...
    Essa é uma ótima história educativa e o que as crianças de hoje precisam. Quer dizer as crianças talvez ainda sejam muito jovens para votar ou pensar nisso, mas educar sobre o mundo rela nunca é demais. É irônico e hipócrita como eles cobram tanto por educação e boas morais, mas censuram histórias como essa, que fazem um bem muito maior do que as histórias com morais escancaradas e brochantes de hoje. Esses pais parecem que vivem com a cabeça nas nuvens... sério.

    Boa histórinha, curtinha e proveitosa. Nota 8.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nem lembro quando teve político decente, tarefa difícil. Para o Cascão trapaça combina por ele gostar de sujeira, mas não é o certo, bom que aprendeu a lição com o político. Seria melhor se ele fosse eleito no final com a honestidade, fica só na imaginação porque não deu resultado da eleição. Era muito bom quando educavam assim do que coisa bem didática como adotam hoje. Não dá pra entender mesmo pais não aceitarem histórias como essa, privar o assunto só porque as crianças não votam, péssimo pensamento deles.

      Excluir
    2. Eu me lembro dessa história num material didático da Positivo... A escola que eu estudei no Ensino Fundamental teve um convênio com eles no final da década de 90, e no material de Português da 8a. série (atual 9° ano do Fundamental, que eu cursei em 2000) vinha essa história com exercícios e tudo. Em outra ocasião também veio "Interrogação da Vida", do Piteco (que não lembro se foi no mesmo ano ou na 7a.)... Enfim, eu já gostava quando vinham tiras de jornal nos livros didáticos, histórias completas então, eram um jeito muito divertido e envolvente de aprender.

      Excluir
    3. Então, Andrey, segundo o que afirma a respeito de "Eu prometo!", a HQ foi republicada, entretanto, não pela via tradicional.

      Excluir
    4. Legal, Andrey. Era bom quando tinham histórias e tirinhas em livros escolares como material de aula para interpretação, essa do Cascão é ótima pra isso, já gostei desse livro. Lembro dessa do Piteco, bem filosófica também.

      Zózimo, de certa forma foi republicada em algum lugar, mas não pela MSP. Perderam chance em almanaques da Globo dos anos 1990, pena que estavam com pressa de acabarem logo com as republicações de histórias da Editora Abril senão sem dúvida republicariam. Hoje sem chance.

      Excluir
    5. Uma que conheci através de livro didático de Português é "O primo (paquerador) da cidade", tenho republicada em Almanaque do Chico Bento nº40, de 1997. Zeca se expressa por gírias, como " mina", "avião", "gatinhas" e Chico entende tudo ao pé da letra. Imagino que saiba a qual me refiro, daí, sabe informar, fazendo favor, se a primeira publicação dessa HQ foi pela Editora Globo, Marcos?

      Excluir
    6. Zózimo, lembro dessa do primo, é da Globo de Chico Bento Nº 21 de 1987. Bem legal essa.

      Nos meus livros didáticos de tempo de escola não tinham histórias completas, no maximo quadrinhos soltos de histórias do tipo pra descobrir ambiguidade ou escritas informais pra norma culta. Costumavam ter mais tirinhas e às vezes histórias de 1 página.

      Excluir
    7. O visual de "O primo (paquerador) da cidade" exala o início do período Globo, porém, eu tinha dúvida, é que conheci algumas através de republicações e por bom tempo acreditando que fossem da platinada até me surpreender ao descobrir que são de 1985 e 1986.
      Em livros escolares lembro também de um tabloide do Horácio e trechos de algumas histórias, como uma do Raposão, que chuto ser de 1978, e outra da Tina, de 1992, essa tenho certeza do ano porque conheci na íntegra e foi pela primeira publicação, em gibi emprestado, e alguns anos antes me deparei com três pedaços dela estampados em páginas de livro de escola.

      Excluir
    8. As histórias de 1985 e 1986 da Abril são parecidas com as de 1987 da Globo, são próximas, ai as vezes a gente se confunde. Normalmente identificava por cores nas republicações, as da Globo colocavam mais parecidas como foram nas revistas originais da editora e as Da Abril colocavam tons de cores dos gibis atuais até então. Ainda assim já tive alguns casos de achar que história de 1986 era de 1987 ou vice-versa. Em livros, vi alguns tabloides do Horácio, já histórias da Tina, não, nem trechos.

      Excluir
  6. Gostei demais dessa hq. Simples, mas com uma mensagem edificante e gratificante. Bom demais acompanhar essas hqs aqui no seu blog. Grande Abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, as histórias da Editora Abril costumavam ser mais simples e com grandes conteúdos assim mesmo, eram boas. Legal que você gostou dessa e das outras que posto aqui. Abraços.

      Excluir