quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Chico Bento: HQ "O que eu quero..."

Mostro uma história em que o Chico Bento se decepcionou com um Papai Noel que trabalhava no supermercado e foi atrás para tomar satisfação com ele. Com 5 páginas, foi história de encerramento de 'Chico Bento Nº 9' (Ed. Abril, 1982).

Capa de 'Chico Bento Nº 9' (Ed. Abril, 1982)

Em uma visita do Papai Noel em um supermercado, as crianças faziam seus pedidos de Natal, mas quando chega a vez do Chico Bento, o dono fala que eles têm que fechar o supermercado e Chico fica triste sem conversar com o Papai Noel e resolve esperá-lo nos fundos, sem saber que era só um homem vestido trabalhando para o mercado.

Chico vê Osvaldo recebendo dinheiro do pagamento do dono do mercado e depois vai atrás dele. Pergunta se lembra dele e diz que não deu tempo de fazer o pedido no mercado. Osvaldo fala que está sem tempo, tem que ir para casa, Chico pergunta pelas renas, ele diz que deixou no estacionamento e vai para casa a pé. Chico estranha ir para o Polo Norte a pé, andar faz bem.

Chico pergunta por que ele recebeu dinheiro do dono do mercado. Osvaldo diz para ele fazer o pedido e ir embora e Chico insiste que ele está escondendo alguma coisa. Assim, Osvaldo tira o gorro e a barba confessa que não é o Papai Noel e que foi contratado pelo gerente do mercado para fingir que era e arranjar mais fregueses. Chico pergunta por que ele fez isso e o homem responde que foi pago por isso. Chico fica com pena das crianças que vão ficar sem os presentes que pediram e que o sonho acabou para elas e diz que Osvaldo não tem culpa, afinal, estava sendo pago para isso.

Chico vai para casa triste e vai dormir. Depois, acorda com crianças na rua felizes por ter ganho presentes, exatamente o que pediram. Chico fica feliz que o Papai Noel veio mesmo e que estava tão desapontado e  até ele ganha uma bola. No final, mostra a esposa do Osvaldo reclamando do sorrisinho do rosto do marido e pergunta o que ele fez com o pagamento do mercado que ficou de levar para casa.

História legal em que o Chico Bento deixou de fazer seu pedido par ao Papai Noel do supermercado e foi atrás dele depois sem saber que não era o verdadeiro, apenas um contratado do supermercado para aumentar clientela de lá. Ao saber da verdade, Chico fica com pena das crianças iludidas que não vão receber os presentes e o homem fica com pena e gasta todo o dinheiro que ganhou no mercado para comprar presentes para as crianças que atendeu no mercado. No final, Chico pensou que o verdadeiro Papai Noel quem levou presentes para a criançada e não soube que foi o Osvaldo que entregou por ter ficado sensibilizado.

O Osvaldo podia ter fingido que era Papai Noel para o Chico mesmo já sendo fora de horário de trabalho, pelo menos não gastaria o pagamento que ganhou. O dono também podia esperar Chico falar com o Papai Noel, ainda mais só que só faltava ele na fila, não custava esperar 10 minutos para fechar o mercado, mas são situações que precisavam ter  senão não teria história.

Foi legal a conversa entre o Chico e o Osvaldo enquanto ele pensava que era o Papai Noel de fato, bem na inocência, e a paródia do sabão Omo como "Momo". Normalmente seria Papai Noel que trabalha em shopping, mas como o Chico mora na roça, aí deixaram um supermercado no lugar. Daria pra fazer adaptação com algum personagem da Turma da Mônica em um shopping tranquilamente que não mudaria o sentido. 

Além de divertir, ainda tem uma bonita mensagem em que não deve prevalecer o consumismo e ganância de ganhar dinheiro, que Natal não é só comércio, Osvaldo aprendeu que dinheiro não é tudo e não é certo enganar e desiludir as crianças, principalmente as pobres. Apesar da lição de moral, é incorreta por mostrar que Papai Noel não existe, retratado como funcionário de mercado, hoje e dia, eles retratam sempre que Papai Noel existe, sem deixar dúvidas, para não tirar a fantasia das crianças.

Os traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1980. Teve erro de gorro do Papai Noel todo vermelho em vez de ter a parte branca na parte próxima da cabeça no último quadro da 2ª página da história. Foi republicada algumas vezes nas edições especiais de Natal, uma delas foi em 'Mônica Especial de Natal Nº 5' (Ed. Globo, 1999).

Capa de 'Mônica Especial de Natal Nº 5' (Ed. Globo, 1999)

18 comentários:

  1. O NATAL É UM PRESENTE
    A CEIA • 42-45☜
    PAPAI NOEL ESTEVE AQUI
    PRA VER O ANO PASSAR
    PRESENTES DE NATAL
    A CEIA • 120-121☞homônimas, isto é, intituladas com mesma frase
    MESA FARTA
    NEM PRESENTE, NEM BOTINAS
    ATÉ O ANO QUE VEM
    PAPAI PAPAI NOEL
    Esta lista, Marcos, são títulos de HQs do Chico Bento que estão em Mônica Especial de Natal nº3 de 1997 - 'Mônica Edição de Natal', é o que consta no expediente do almanaque. "O que eu quero..." não foi republicada neste gibi.

    Meio ridículo o que há no segundo quadro da primeira página, um galalau infantojuvenil acomodado na coxa direita do Santa, e o melhor é que o quadrão pega carona na marmota, com ele aguardando na fila, se bem que... para ser mais exato, não pega carona, o quadro de abertura é parte essencial da ênfase, consegue ser mais hilário que o conteúdo do quadro seguinte, por denotar o tamanho do moleque.
    Como se Zé Luís sentasse no colo do Papai Noel, entretanto, a intenção do roteirista neste detalhe foi incrementar, realçar o lado cômico da trama logo de início, é um ridículo típico das HQs e tiras de piadas da oitentista MSP e ainda bem que usavam e abusavam desta forma de fazer com que o cômico sobressaísse ainda mais através de detalhes como o do exemplo em questão.

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    1. É que eu tinha visto no "Guia dos Quadrinhos" e constava lá que essa história estava naquela edição. Fui conferir e então eles erraram. Mudei o almanaque, na Nº 5 tenho certeza que foi republicada. Realmente hoje é estranho um garoto daquele tamanho no colo do papai Noel, pode ser também que na época ainda acreditavam em Papai Noel até na pré-adolescência.

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    2. Aparências e/ou roupas dos guris desconhecidos que estão no iniciozinho da HQ não são de caipiras, contudo, como é uma trama do Chico Bento e com agravante de se passar em Vila Abobrinha, pressupõe-se que ambos são caipiras, mesmo não sabendo se expressam ou não por meio do caipirês, é correto presumir que são dois caipirinhas. Assim como Hiro, que não se veste como capiau e ainda por cima se expressa de forma correta, mas, não é como, por exemplo, Franjinha, Magali, Mônica e o primo Zeca, que residem e por consequência convivem em meios urbanos, ou seja, o japinha certamente não é matuto, porém, é um caipirinha assim como seu amigo titular, diferença entre eles é que Hiro é um caipira deveras polido.
      Feita introdução reservada ao primeiro parágrafo, voltemos o foco para o galalauzinho. Para melhor entendermos seu comportamento perante o cidadão disfarçado de Papai Noel, temos que fazer um tipo de exercício mental que consiste em ir(mos) para cidadezinhas brasileiras da vida real cronologicamente localizadas nos anos 1980. Cidades pequenas do Brasil oitentista eram majoritariamente rurais e, nesses lugares, crianças que estavam em final de infância eram bem mais ingênuas se comparadas com a criançada caipira brasileira da atualidade em transição de infância para adolescência. Ainda assim, com o real servindo como base para o ficcional, acredito que o roteirista optou por brevemente evidenciar algo tão hilário movido somente pelo bom e velho sarcasmo inerente aos profissionais da magnífica MSP das antigas.

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    3. Eles são caipiras mesmo não agindo ou se vestindo como um legítimo caipira, as vezes têm uma instrução melhor e serem mais modernos de se vestirem diferente. Concordo que o povo era mais ingênuo, aí tinha uma prolongação da infância e mais chance de acreditarem em Papai Noel até mais tarde e que, apesar disso, a intenção do roteirista foi só de sarcasmo.

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    4. Tanto é sarcasmo (ou sutil e inofensivo escárnio - dão na mesma, são sinônimos, coisa de roteirista galhofeiro) que, gotículas saltando da testa do (pseudo) Papai Noel (segundo e terceiro quadros da primeira página), a princípio expressam desconforto e, consecutivamente, são pela perna ficar livre do excesso de peso, são de alívio.

      Se o garoto que brinca com pião for o mesmo que aparece no início, o erro está no nariz, pois de azul para vermelho(a), não é erro, apenas trocou de camisa.
      Quanto ao menino altão, partes verdes do tênis e da blusa ou camisa mudarem para vermelhas na cena em que brinca com carrinho, também dá para desconsiderar que são erros, até por ele e os demais guris que se divertem com brinquedos se encontrarem no dia seguinte. Chico Bento que todos os dias está com mesma roupa ou tem várias calças e camisas idênticas, assim como as roupas de Zé Lelé, Hiro, Cascão, Mônica, etc, etc.

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    5. O peso do garoto no colo deu desconforto a ele. Os meninos retratados no final eram os mesmos no início da história, só que com roupas diferentes por ser dia seguinte. Os personagens principais que aparecem sempre com a mesma roupa pra ter identificação, já secundários apareciam com roupas diferentes em situações assim.

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  2. Oi Marcos, eu queria perguntar se você tem outros blogs que não sejam da Monica, porque pelo que vi, você segue outros blogs de outros assuntos (só não sei se você gosta do Marreta do Azarão por ser um blog +18 e censurado), mas você nunca teve interesse de fazer um blog de vários outros assuntos como o do Cartooniza Mais?

    PS: Quando eu falei no cartooniza mais e no seu blog sobre os filmes de anime é porque a medida que comecei a assistir mais, fiquei com um choque cultural das roupas escolares dos personagens

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    1. Eu não tenho outros blogues, não faço por falta de tempo, mas acesso a outros, blog +18 posso acessar, só não dá pra colocar nos favoritos. Não conheço esse blog que você indicou. Entendi sobre os filmes de animes, provavelmente seja padrão de estilo dos autores, quase certo que seja isso.

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    2. A Marreta do Azarão era o blog que o Fabiano e o Jotabê eram amigos que o Fabiano teve uma briga com ele e que postava cada coisa obcena pra caramba, eu perguntei por que ele gostava de postar nudez de mulher e ele falou "porque são gostosas" e eu perguntei se eu tinha que ter cuidado com o que falo e ele respondeu que eu posso falar o que eu quiser, não sei se no seu blog e no cartooniza mais também posso, mesmo coisas que não tem a ver com a Mônica

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    3. Não conhecia mesmo esse blog dele. Aqui pode falar de outros assuntos fora da Turma da Mônica nos comentários, só ter cuidado de coisa obscena demais porque tem crianças que podem ler, mas um pouco pode até porque tinham histórias mais ousadas nas antigas que posto aqui de vez em quando e também evitar política pra não ter brigas, salvo se a postagem da história for sobre política.

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  3. Há muitas historias da Monica que você tem? Porque fica a pergunta "quando acabar as histórias dos gibis clássicos"? Você vai falar sobre futebol? Música? Mangás?

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    1. Tenho bastante gibis, nunca acabaria histórias, eles têm milhares de histórias que dão pra postar. Únicas histórias que vão acabar de postar são as de Réveillon, estão quase acabando as disponíveis e quando não tiver mais, simplesmente não postarei mais sobre esse tema.

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    1. Pois é, se arrependeu e quis consertar. Como eram crianças pobres, iam ficar sem presentes se ele não fizesse isso.

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  5. As histórias do Chico eram sempre mais maduras, até essas de Natal né? Não era comum revelar a identidade real do "Papai Noel" justamente pra que as crianças que acreditassem não se decepcionassem.

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    1. Sim, bem maduras, bastante reflexões, principalmente os primeiros números dele da Editora Abril. As de Natal não ficavam atrás. Preferência era não retratar identidade do papai Noel e que ele não existisse, mas de vez em quando criavam histórias assim.

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  6. Bela capa. E gostei bastante do designe de natal do blog. Marcos, vi a pouco uma capa do Chico da abril, nº 35. muito legal tmb. E é de natal. Vc tem esse gibi?

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    1. Capa muito bonita. Valeu por gostar do design novo do blog. Tenho essa edição do Chico 35 da Abril, a história de abertura é de Natal.

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