sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Pelezinho: HQ "Quem vai buscar?"

No último dia 29 de dezembro de 2022 morreu o Edson Arantes do Nascimento, o grande jogador de futebol Pelé. Em homenagem ao Pelé, mostro uma história do Pelezinho em que ele discute com o Frangão quem vai buscar a bola que ele perdeu durante a partida de futebol. Com 4 páginas, foi publicada em 'Pelezinho Nº 52' (Ed. Abril, 1981).

Capa de 'Pelezinho Nº 52' (Ed. Abril, 1981)

Na partida de futebol, Pelezinho erra o gol e bola vai parar além da trave. Quando se prepara para voltar para o meio do campo, Frangão questiona Pelezinho quem vai pegar a bola. Ele responde que o Frangão que tem que buscar, porque é o goleiro quem pega as bolas e Frangão diz que foi o Pelezinho quem chutou e, então, ele quem deve buscar.

Cana Braba e Teófilo querem saber motivo da discussão, eles falam que o outro não quer pegar a bola e Cana Braba resolve buscá-la. Pelezinho e Frangão não deixam porque é questão de princípios e é um deles que tem que ir buscar. Pelezinho fala para o Frangão que o jogo só vai começar quando ele for buscar a bola. Frangão diz que pode esperar sentado e Pelezinho senta no chão, mandando Frangão buscar a bola.

Em seguida, Rex traz a bola, Pelezinho toma a bola do cachorro, falando que ele não tem que fazer favor para o folgado do Frangão e chuta a bola para bem longe. Um homem de carro vê a bola e pega para dar para o filho dele por estar novinha. Pelezinho comenta que o homem levou, Frangão fala que a culpa é do Pelezinho que a chutou. Os meninos ficam brabos com os dois por terem perdido a bola e para não apanharem os dois vão juntos correndo atrás do carro e tentarem recuperar a bola com o homem.

História legal em que Pelezinho perde gol e fica a dúvida de quem era a obrigação de buscar a bola para continuarem o jogo, o Frangão que era goleiro ou o próprio Pelezinho que foi quem chutou. Fica a briga entre eles, não permitindo que os outros meninos peguem porque era questão de princípios e acaba perdendo a bola para o homem que andava de carro, afinal, achado não é roubado. Ficaram sem jogar futebol e sem a bola por conta de discussão boba.

Não é por que goleiro sempre agarra bolas que têm obrigação de pegar. Frangão estava certo que teria que ser o Pelezinho quem teria que buscar porque foi quem chutou, o Pelezinho que foi o folgado. Ainda assim, se eles permitissem o Cana Braba pegar ou aceito o Rex ter pego, não aconteceria de perder a bola. Foi engraçado o absurdo do Rex ter pego a bola, ele gostava de futebol assim como o seu dono, Pelezinho. Podiam ter o colocado como gandula e nada disso tinha acontecido. Final ficou aberto e fica na imaginação dos leitores se eles conseguiram ou não recuperarem a bola com o homem.

Os traços ficaram bons , típicos de histórias de miolo do início dos anos 1980. Hoje, a palavra "droga" é proibida nos gibis, enredo acho que até poderiam fazer uma assim, apesar de ter brigas entre amigos, mas não teve pancadaria e violência física. Não foi republicada em almanaques da própria Editora Abril, a maioria das histórias do Pelezinho dos anos 1980 nuca foram republicadas na fase de ouro da MSP , mas depois republicaram sem alterações em 'As Melhores Histórias do Pelezinho Nº 2' (Ed, Panini, 2012).

Capa de 'As Melhores Histórias do Pelezinho Nº 2' (Ed. Panini, 2012)

Assim, fica a homenagem ao Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, jogador que encantou gerações e brilhou no futebol brasileiro. Faleceu em 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos, vítima de câncer de cólon, deixando um legado no futebol brasileiro e mundial. Entre 1977 a 1982 teve seu personagem Pelezinho em gibis mensais da MSP, representando o Pelé criança com histórias, na maioria, envolvendo futebol e situações que o Pelé viveu quando era criança, e incluindo absurdos e fantasias mágicas, típicas das histórias da MSP. Depois do cancelamento do gibi mensal, seguiu com almanaques regulares pela Editora Abril até em 1986 e algumas edições e especiais aleatórios, alguns com histórias inéditas inéditas, pela Editora Globo até em 1992 e depois uma volta de almanaques e Coleção Histórica entre 2012 a 2014, ficando o personagem Pelezinho também popular com as crianças que acompanharam. Descanse em paz, Pelé!

19 comentários:

  1. Poderia Ter Sido Uma Linda Parceria Entre Pelé E Maurício Porém Pelezinho Se Despediu dos Quadrinhos Rápido Seu Último Gibi Com Histórias Inéditas Foi O Gibizinho de 92

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  2. Histórias em que Cana Braba e Pelezinho se desentendem devo conhecer umas dez ou mais, já indisposição entre Frangão e Pelezinho não havia visto ainda.
    Engraçado como Rex se comporta em meio aos humanos, é bem diferente dos pets do Bairro do Limoeiro, em relação à bicharada de Vila Abobrinha também é bem diferenciado, anda sobre duas patas e possui um ar meio debochado, lembra o Snoopy em meio à garotada.

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    1. Era maos comum o Pelezinho e Cana Braba se desentenderam, mas as vezes tinha com o Frangão pra diferenciar. O Rex também diferenciava dos outros cachorros, andava com 2 patas, jogava bola, carregava coisas, quase humanizado, so não falava, eu gostava ele agindo assim.

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    2. Inaugurado no mês de março de 2013, seu blogue está há nove anos e nove meses na ativa, imagino que dezembro de 2022 seja o único mês em que começa e termina com HQs do Pelezinho.

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    3. Sim, nunca teve 2 postagens do Pelezinho em um único mês, foi primeira vez. :D

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    4. Correlacionando "Se sair do quintal..." com digamos, o "estrelismo" que apronta em "Quem vai buscar?", no intuito de "baixar a bola" Pelezinho até que mereceria retornar ao cerceamento do quintal de casa.

      Marcos, o que você entende pelas linhas dos quadros das HQs deste núcleo serem discretamente irregulares? Talvez nem tão discretas, parecem arame(s). A que exatamente o padrão remete? Futebol amador? Futebol em bairro de periferia? Várzea, campo(s) de várzea? Cheguei pensar em alambrado, é um forte elemento de contexto futebolístico, este roteiro, por exemplo, com alambrado não funcionaria exatamente desta forma, pois mesmo que a bola o cruzasse (por duas vezes), terminariam por pulá-lo na tentativa de recuperá-la, seria algo a mais para desenhar e o roteiro não fluiria tão bem. Quadrinhos apresentados assim seriam uma combinação, um misto de tudo que mencionei?
      Núcleos como do Piteco, do Horácio, Turma da Mata, Papa-Capim e Penadinho, que também possuem padrões característicos nas linhas dos quadros de suas respectivas HQs, não questiono motivos de serem assim, estão claros para mim, já no núcleo do Pelezinho, este detalhe ainda me encafifa.

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    5. Nesta história, o Pelezinho adotou estrelismo, merecia castigo como foi em "Se sair do quintal...". Tinham alguns núcleos que gostavam de diferenciar nos quadros de acordo com a característica, talvez quadros assim do Pelezinho com certo relevo seja para representar grama de campo de futebol. Mas nunca tiveram motivos específicos dos quadros desses núcleos serem diferenciados e se representavam alguma coisa, colocavam diferentes por colocarem, só da Turma do Penadinho que era pra demonstrar que estavam assustados com assombrações.

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    6. Linhas onduladas dos quadros das HQs e tiras do núcleo do Penadinho representam o conceito de fantasmagórico. Fantasmas compostos por lençóis apresentam ondulações nos tecidos ao se movimentarem, tipo cortinas ao(s) vento(s), não chega ser o caso de Penadinho, porque os lençóis que usa ficam bem ajustados no... no... corpo(?), ou melhor, ficam devidamente ajustados no... perispírito, não ficam folgados sobre... sei lá, o ectoplasma, não é errado dizer que ele, Alminha e Pixuquinha são "costurados". Movimentos de fantasmas também remetem a nevoeiro e fumaça, reforçando ainda mais o efeito ondulatório em relação a eles, e criaturas como múmias, caveiras, lobisomens, etc, que não se movimentam ondulando, pegam carona, estão sob o guarda-chuva da ondulação por ser um clássico padrão visual que representa o gênero do sobrenatural.
      Quanto às formas das linhas que compõem quadrinhos de HQs de núcleos como Turma da Mata, Papa-Capim, Horácio e Piteco, têm a ver com rusticidade. Jurássico, pré-histórico, tribal, silvestre, são todos elementos rústicos, ou seja, são simples, selvagens, naturais, primitivos.

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    7. Ideia dos quadros da Turma do Penadinho é justamente essa de ar fantasmagórico. Dos outros pode ser isso. Lembrando que Papa-Capim os quadros são normais, sem arte.

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    8. Há fantasmas que tremulam até parados, independente de usarem ou não lençóis.
      Tem razão! Não sei por que incluí o núcleo indígena como tendo algum tipo específico de padrão nas formas das linhas dos quadros de suas histórias, mas, pensando melhor, até que consigo compreender o motivo, pois em Papa-Capim faria sentido, já em Pelezinho... depende!
      Estive observando mais atentamente e constatei que nas HQs da Turma da Mata e do núcleo pré-histórico os quadros com formatos característicos também não são uma constante, isto é, não são assim em absolutamente todas as tramas, há outrossim compostas por quadros de linhas comuns.
      Padrão visual foi efetivado mesmo em Horácio, Penadinho e, ao que tenho observado, Pelezinho parece que também, e é neste núcleo que não consigo compreender com clareza o motivo disto, acho que os quadros assim representam mistura de elementos que mencionei, como futebol amador/de bairro; várzea; alambrado; cultura de periferia; improvisação; paixão genuína pelo esporte bretão e sei lá mais o quê.

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    9. Turma da Mata começou com quadros com arte assim, aí nos anos 1980 seguiram normais e voltaram com a arte em 1996. E Piteco começou com quadros sem artes e só foi ter a arte a partir de 1996. Pelezinho vai ver que não tinha motivo especial, colocariam assim só pra diferenciar.

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    10. Pode estar certo, Marcos, mas, acredito que estes quadros "aramados" têm relação intrínseca com o caráter do núcleo, com a personalidade coletiva dele.
      Do modo como o logotipo está escrito na fotografia, indica que o título foi exportado para países da América Latina, talvez publicado na Espanha também.

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    11. Ou foi quadro pensando em futebol ou sem motivo especial. Na fotografia, acredito que tenha sido evento de lançamento da revista na Espanha, as revistas do Pelezinho também eram exportadas para outros países, tudo indica também já pensando em exportações quando Mauricio resolveu criar a revista para lucrar.

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  3. Tenha um ótimo 2023 e que seu blog completa 10 anos e que a mônica completa 60 anos no ano que vem .

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    1. Obrigado, Matheus. Um ótimo Ano Novo pra você. De fato vão ser 10 anos do Blog e 60 anos da Mônica em março.

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  4. Em 2023 :
    Os Gibis de 1973 Completam 50 Anos
    Os Gibis de 1978 Completam 45 Anos
    Os Gibis de 1983 Completam 40 Anos
    Os Gibis de 1988 Completam 35 Anos
    Os Gibis de 1993 Completam 30 Anos
    Os Gibis de 1998 Completam 25 Anos
    Os Gibis de 2003 Completam 20 Anos
    Os Gibis de 2008 Completam 15 Anos
    Os Gibis de 2013 Completam 10 Anos

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  5. Pelezinho tinha hqs muito boas. E os desenhos eram maravilhosos. Pelé foi garoto propaganda de várias marcas. Logo, era de se esperar que ele virasse gibi tmb. Nos anos 80 e 90 era comum celebridades ganharem gibis. Mas o Pelé virou nos anos 70. Ou seja, foi o precursor disso.

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    1. Verdade, foi precursor nisso, já que os outros gibis eram personagens fictícios. Depois virou moda, várias celebridades tiveram seus gibis. Eu gostava das histórias do Pelezinho, tanto roteiros quanto traços, tudo muito legal.

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