Em homenagem às Olimpíadas, mostro uma história em que o primo Zeca resolveu treinar esportes olímpicos na roça, se dando muito mal por causa do Chico Bento. Com 11 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 195' (Ed. Globo, 1994).
Capa de 'Chico Bento Nº 195' (Ed. Globo, 1994) |
Nela, o primo Zeca chega no sítio do Chico Bento para passar o final de semana porque precisa de concentração para participar das Olimpíadas da escola. Chico diz que conhece uma piada do papagaio muito boa e Zeca diz que é "Olimpíadas" e pergunta se ele não usa acento. Chico diz que sim e busca 2 bancos como assento para eles.
Zeca explica que Olimpíadas é um grande competição que reúne vários tipos de esportes. Chico lembra que a professora já tinha falado disso e pergunta ao primo o que ele vai competir. Zeca diz que não sabe, é bom em várias coisas e pede ajuda ao Chico para treinar e poder decidir.
Depois, Zeca tenta treinar salto com vara, vê uma árvore que pode servir de barra e pede para o Chico trazer a vara. Ele volta, porém com uma vara de porcos, sem saber como o primo vai fazer os porcos saltarem. Zeca se irrita e fala que é vara de madeira, não de porco. Chico se desculpa porque está aprendendo coletivos na escola e pega a vara de madeira. Zeca faz o salto, mas ao chegar no topo da árvore, Chico lembra que lá tinha uma colmeia de abelhas e Zeca é picado todo por elas.
Em seguida, Zeca tenta lançamento de disco. Chico diz que não sabia que o primo ia virar cantor e Zeca diz que é arremessar discos bem longe. Chico entrega discos de vinil do Zeca que estavam na mala dele, Zeca arremessa sem ver e quando descobre, corre desesperado para buscá-los e lamenta seus discos do "Legião Suburbana", "Tantãs" e "Bon Chovi" destruídos e reclama com o Chico que não é aquele tipo de disco que se joga.
Zeca resolve, então, fazer marcha, ele faz o movimento com bunda empinada e Chico avisa que é para correr até a casinha do lado de lá, pensando que tinha cagado. Zeca fica bem irritado, que não está com vontade de ir ao banheiro, e Chico diz que então a coisa é pior que pensava, olhando para a bunda do primo. Zeca chama Chico de tonto e fala que a marcha é assim mesmo, mas perdeu o pique de fazer depois dessa e vai treinar outra coisa.
Na corrida de obstáculos, Zeca pula a cerca, e vai pulando as pedras no caminho. Chico avisa que não devia ter pulado a cerca porque o touro que fica lá não gosta de vermelho. O touro dá uma chifrada no Zeca que vai parar longe, bem no riacho. Zeca aproveita para fazer natação, mas não sabia que tinha um jacaré lá. Chico ainda tenta tirar o primo de lá, mas não deu tempo, o jacaré morde a bunda dele, tem perseguição e Zeca foge correndo para a cidade, de volta a sua casa a pé, com Chico lembrando que o primo não levou a bagagem dele e acha o pessoal da cidade sempre apressado.
Depois de uns dias, Chico recebe uma carta do Zeca, que diz o treinamento na roça foi bom, venceu a maratona das Olimpíadas da escola, ganhou medalha e convida o Chico ir à casa dele pra ver. Chico responde a carta do primo, falando que por enquanto não dá pra ir, eles estão fazendo Olimpíadas na roça também com vários atletas.
O Zé Lelé está treinado corrida de obstáculos roubando goiabas do Nhô Lau, que fica tiririca atrás dele dando tiros de sal; o Hiro faz arremesso de discos do filho do Coronel, Rosinha faz marcha com os meninos adorando e assobiando para ela, tem salto à distância com ajuda do touro. Zé Lelé chama o Chico pra treinar e Chico faz salto com vara, com porcos de verdade também saltando com ele, terminando assim.
História bem divertida e em clima de Olimpíadas com o Zeca treinando esportes olímpicos para a escola para decidir o que fazer. Habilidoso em vários esportes, mas não deu certo por imprevistos, sendo a maioria por causa do Chico ou por não ter avisado sobre os perigos da roça antes do primo fazer ou por atrapalhar mesmo que na inocência e sem querer. Zeca acabou optando por maratona visto que correu desesperadamente da roça até a sua casa na cidade com medo do jacaré e também para se livrar do Chico.
Foi engraçado o Zeca sofrer picado por abelhas, perder seus discos de vinil no arremesso, levar chifrada de touro, ser perseguido por jacaré e correr desesperado até a sua casa por puro medo. Engraçado o Chico pensar que ele tinha cagado ao fazer marcha atlética. Muito boas também as piadas gramaticais no início da história, com Chico pensando que Olimpíadas era concurso de piadas, confundir acento com assento e vara de madeira com vara de porco. Pelo menos coletivo de porco ele sabia e que "assento" é coisa para sentar. Como era bom ver o Chico burro e lerdo com o primo, sem saber as coisas da cidade, agindo como um retardado. O Zeca também se irritava fácil com ele, não tinha paciência.
Boa ideia também do pessoal da roça treinando para as Olimpíadas lá em vila Abobrinha no final, foram bem criativos, com direito a chico fazer com que porcos também façam salto com vara. Histórias do Chico na cidade eram melhores que o primo na roça, mas essa até que ficou legal e do mesmo nível. É que apesar da história se passar na roça, seguiu o estilo do Chico lerdo na cidade porque se tratava de uma competição que é comum só na cidade.
Muito legal também as paródias das bandas dos discos do Zeca como "Legião Suburbana" (Legião Urbana), "Tantãs" (Titãs) e "Bon Chovi" (Bon Jovi). Sempre eram criativos com paródias de nomes de bandas e artistas famosos. Discos de vinil acabam sendo datados hoje. Incorreta por mostrar sofrimentos do Zeca picado por abelhas, levando chifrada de touro, mordido por jacaré, atualmente não mostram personagens contracenando com bichos silvestres e muito menos sendo atacados violentamente por eles, fora não mostrarem mais Chico lerdo assim e o Nhô Lau com espingarda e dando tiros de sal, tudo coisas proibidas também hoje em dia.
Traços excelentes, era muito bom desenhos assim, e ainda com curvas nos olhos em alguns momentos quando eles estavam bem brabos. O Genesinho apareceu de cabelo preto por não ter traços definitivos ainda na época, só ficou definitivo a partir de 1996. Podiam até ter deixada essa história reservada para 1996 já que foi ano de Olimpíadas mais próximo, mesmo assim valeu, muito boa.
Quando Chico vê Zeca treinando marcha, primeiro pensa que está com muita vontade de ir ao banheiro, depois pensa que está desmunhecando, fica aliviado ao saber que a modalidade é assim mesmo, tem que requebrar, que barato! Os meninos de Vila Abobrinha são à moda antiga, tanto que marcha atlética é desempenhada por uma menina apenas, Chico Bento não deve ter visto como Rosinha foi "ovacionada", o requebrado da caipirinha tem total audiência por parte do gênero oposto.
ResponderExcluirEu ia falar dessa marcha do Zeca,do Chico pensando outra coisa ao saber que não era "piriri".��
ExcluirSensacional. Chico era demais naquela época. De fato ele pensou que o Zeca desmunhecou, coisa que não tem mais, iam implicar bastante com essa cena. Ele também não deve ter visto os meninos dando em cima da Rosinha na marcha, do jeito que era ciumento, ia dar surra nos meninos. Também cena de meninos cantando Rosinha iam implicar também hoje.
ExcluirVara de porcos saltando com varas também é outra excelente sacada deste roteiro.
ExcluirTambém achei, Zózimo, foi bem criativo isso.
ExcluirQuanto ao lançamento de discos, a burrada é dos dois, já marcha atlética, Chico desconcentra o primo, nas demais modalidades Zeca não precisa da influência do primo para se dar mal, é mérito exclusivo dele, pois é tão urbanizado, tão autocentrado que não se atém aos perigos do campo.
ExcluirO Zeca podia ser mais atento às possibilidades que podiam ter na roça, existência de locais com bichos, principalmente um riacho ter jacaré. Se fosse mais esperto não aconteceria.
ExcluirDesatenção de Zeca é mesmo tamanha nesta trama, parece até completa desinformação, pois em 1994 já conhece de longa data o sítio dos tios e primo, sabe muito bem que não são afeitos aos eletroeletrônicos, exceto talvez aparelhos de rádio que funcionam à base de pilhas, residência não possui nem eletrodomésticos, como uma básica geladeira por exemplo, levou LPs para passearem na roça, peso morto, até porque o passeio foi fatídico para os bolachões, mortos em dois sentidos. Compreendo o garoto, antigamente muitos aficionados por música diziam: "Não consigo ficar longe dos meus discos!", o primo da cidade certamente compartilha do mesmo pensamento.
ExcluirEle não prestava atenção ao seu redor, só nas suas tecnologias até então, aí se deu mal. Nem dá pra entender porque ele levou LPs pra lá se o Chico não tinha vitrola em casa e nem energia elétrica na região. Podia levar só um rádio a pilha se não conseguisse ficar sem música. No máximo, discman, caso ele tivesse CDs. Na época já tinham CDs, mas só estavam a começar a se popularizar naquela época, por isso colocaram LPs na história.
ExcluirPrimeiro CD que adquiri foi em 1994, Ratos de Porão, tenho até hoje, à época a mídia estava em início de popularização. Primeira vez que vi um CD foi em final de infância, 1989 ou 1990, com exatidão não sei precisar, tenho certeza que não foi antes e nem depois desses dois anos, foi em um deles, naquela altura já era um formato bem divulgado, porém, era coisa de playboy e patricinha, elitizado, ainda não era popular.
ExcluirAcho que o que importa para o Zeca é estar próximo dos discos independente das rotações, isto é, tocando ou em seus respectivos plásticos e capas cartonadas, normal, digno de quem faz ou carece fazer análise, tanto que em pleno cafundó esperou que lhe fosse entregue de bandeja discos próprios para serem lançados, objetos de atletismo facilmente encontrados em cidadezinhas de predominância rural, é que Sigmund já morreu, do contrário explicaria para os leitores.
Sim, o CD se popularizou a partir de 1994, quando também começavam a gravadoras não criarem versões em LP, apesar de ainda existir. Antes disso, só ricos tinham CDs, até porque também os aparelhos de som com CD eram caros também. Deu essa impressão de que ele queria ficar perto dos seus discos, ter uma lembrança da cidade enquanto estava na roça, só assim levá-los até lá e carregar mais peso na mala
ExcluirQuanto aos nomes dos suínos, há um que chama atenção, leitores veteranos mais antenados certamente sabem do que se trata, o que quero destacar não é a figura em si, atento para o fato da MSP raramente se manisfestar desta forma com pessoas envolvidas em corrupção, mesmo nos tempos áureos onde o politicamente incorreto foi trivial não era comum pequeninas menções como esta, em 1994 PC Farias era um nome bastante em voga, não era político, era empresário, foi tesoureiro de campanha de Fernando Collor de Mello e foi um dos nomes que levou à derrocada do mesmo enquanto (P)presidente da República, quem presidia o Brasil quando Chico Bento nº195 chegou às bancas era Itamar Franco. Mauricio de Sousa sempre evitou em suas HQs mencionar e menos ainda aparecer, parodiando ou não, figuras políticas ou ligadas com políticos, mesmo aquelas que eram bem vistas pela opinião pública, bastante criterioso quanto a isso, o porquinho que compõe a vara do primo da roça é uma rara exceção.
ExcluirO nome do porquinho do Chico Bento é Torresmo, pelo menos o mais conhecido. Não lembro de outro nome a ver com figura política. De fato, era raro mesmo ter personalidades políticas nas revistas da MSP, até por não ser um assunto relacionado a crianças. Teve a história de eleições de Cebolinha 35 de 1989 que apareceram alguns políticos que estavam concorrendo a presidência naquele ano como a mais famosa.
ExcluirÉ que nesta história Chico Bento fala: "Anda, Catita! Vamo, Tadeu! Pelota! PC Faria!", refiro-me ao quarto nome mencionado que compõe a vara, percebe, Marcos? Associa um figurão envolvido em corrupção a um suíno, embora possa não parecer, lógico que discretamente há uma crítica embutida, e não era do feitio da antiga MSP alfinetar em seara política, compreende? Você deve ser mais novo que eu, mas também é leitor veterano, deve saber mais ou menos do que estou falando, nem que seja por alto já deve ter ouvido falar. Muito provável que Mauricio tenha lido o roteiro, ou leu a HQ concluída antes da publicação, acho que passou por não ter se dado conta, ou avaliou e concluiu que não daria problema, mas que é incomum, isto é!
ExcluirHavia aquele sei não aó ver meninas rebolando e meninos fazendo diganos fiu fiu pras meninas em um gibi do cebolinha uma menina puxa o short dele revelando que não tá brozeando..pagando cofrinho..o povo era meio louco antigamente. ..mas tirando esses detalhes mais polêmicos eu não acabaria com os tiros de sar..afinal não era arma de verdade e os meninos tavam roubando goiabas....quer dizer "pegando"
ExcluirZózimo, nem tinha reparado. De fato, tem o nome do político, acho que Mauricio deixou passar de boa, ainda na época que não tinha politicamente correto, só evitava coisas de política. Agora, se republicassem hoje, eles iam alterar essa parte.
ExcluirMiguel, bem lembrado, eles não falam termo roubar, nem em roubar goiaba, falam pegar pra não ter ideia de criança está roubando. Tiro de sal podiam ter mantido, pior são alterações em almanaques.
ExcluirMas se Chico não é mais retratado lerdo,como ele é atualmente?Um nerd?E Zé Lelé,então?
ResponderExcluirO Chico é mais esperto e estudioso, no mínimo esforçado pra aprender. Zé Lelé até que é lerdo as vezes, mas não tanto como era, não a ponto de avacalhar e ridicularizar o personagem na burrice. Maioria das vezes é mais figuração pra contracenar com o Chico, dentre as que eu vi.
ExcluirMas a graça é eles serem burros,para a gente dar umas boas risadas e esquecer,por uns momentos,da vida real.
ExcluirUma gente atualmente fica evacuando regras em cima de personagens fictícios,sô!
Gostei dos termos, Julio Cesar! A Turma da Mônica foi transformada em uma profunda privada sob tutela de empoderada diarreia moralista crônica, com defeito na descarga e sem direito à manutenção. Infelizmente não transborda tão cedo.
ExcluirPois é, a intenção era pra serem engraçados, mas ficam humanizando personagens e ficam implicando com tudo, achando que crianças vão ficar burras porque viram personagens assim, é o que parece. Nada a ver. Por isso não compro revistas novas.
ExcluirNão é nem isso. ..sabemos que o Brasil e movido pelo campo estão longe de serem burros tem muita tecnologia no campo. Além do preconceito com crianças da roça ...lógico que e um exagero levar uma história em quadrinhos como crítica pessoal mas talvez queiram mostrar que o campo evoluiu. .Não tem mais medo de aviso achando que são ets
ExcluirMuito boa... nunca tinha visto essa antes rs
ResponderExcluirblogdoxandro.blogspot.com
É legal, sim. Bom que a conheceu aqui.
ExcluirMuito boa! Legal o trocadilho vara de madeira X vara de porcos. Aposto que a criançada de hoje em dia não entenderia (por serem lobotomizados por paulo freire) , se bem que o proprio Chico explica que tinha acabado de aprender os coletivos...
ResponderExcluirMago Economista, definiu bem, "lobotomizados por Paulo Freire", falou tudo!
ExcluirAh, elas saberiam sim no momento que aprendessem coletivos na escola. A partir da 2ª série já davam pra saber.
ExcluirEu aprendi (e lembro até hoje) que o coletivo de porco é vara por conta de uma outra história do Chico Bento, em que ele vai fazer uma prova sobre coletivos mas não estudou e tenta deduzir as respostas e responde tudo errado. Muito boa. Além da vara lembro que aprendi naquela história que o coletivo de cachorro é matilha, de avião esquadrilha, de ladrão quadrilha..gibi tbm é cultura! Mas a melhor parte eram as respostas que o Chico inventava haha
ResponderExcluirO chico era inteligente pra ser tão ingênuo
ExcluirEu lembro dessa história de coletivos, engraçada demais. Bons tempos do Chico.
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