Mostro uma historia em que a Pipa resolveu arrumar namorado por correspondência depois de terminar mais uma vez o namoro com o Zecão. Foi publicada em 'Mônica Nº 197' (Ed. Abril, 1986).
Capa de 'Mônica Nº 197' (Ed. Abril, 1986) |
Pipa vai à casa da Tina e diz que foi a gota d'água e terminou definitivamente o namoro com o Zecão porque ele pendurou 6 pôsteres da Natassia Kinski na parede do quarto dele em vez de colocar fotos dela e ainda disse que ela não é bonita como a Natassia.
Em casa, Pipa vai vendo as correspondências dos homens. Ela vê mensagem do Ezequiel de 80 anos; de um cara que queria se casar, mas que tem 5 filhos; do Leo Gatão, um cara convencionado que se acha bonitão é o máximo; e do Plácido Azarildo, que acha que beleza não é importante e que dinheiro não traz felicidade. Nenhum desses a agradou.
Pipa ainda fica meia hora lendo as correspondências até que encontra a do Bruno, que era moreno, alto, olhos verdes, sensível, inteligente, fiel, bonito, porém modesto, e que prefere as gordinhas. Pipa se encanta e manda uma carta para ele. Pipa acha uma emoção o início de um grande amor, sem brigas e discussões como tinha com o Zecão e começa a chorar com saudades dele.
Pipa coloca a carta na caixinha dos correios e espera. Como demora, há passagem de tempo até o dia que ela recebe a cartinha. Zecão aparece perguntando se ela está mais calma e achando que ela já o perdoou. Pipa diz que acabou de receber carta do futuro namorado, que encontrou através do Correio Sentimental da revista. Zecão ri e diz que que não vai dar em nada e aposta que é feio, chato e narigudo. Ele se pergunta se não for e vai espiar a Pipa perto da janela da casa dela.
Na carta, Bruno diz que adorou conhecê-la e que vai se encontrar com ela na rodoviária na quinta-feira, dia 21, as 15 horas, e estará com camisa azul. Por coincidência, a carta chegou no dia do encontro e ela vai até lá se encontrar com Bruno. Zecão ouve e diz que estará lá e se pergunta se a camisa azul está limpa.
Tina vai à rodoviária com a Pipa, que estava bem ansiosa, até que chega o Bruno. Pipa estranha ser muito alto e ele fala que tem camisa azul e olhos verdes. Pipa pensou que ele era diferente e Bruno diz que namoro por carta é assim, a gente pensa uma coisa e aparece outra. Pipa se conforma e segura a mão dele para apresentar a cidade. Nessa hora, ele se desequilibra e cai, aí Pipa vê que Bruno, na verdade, era o Zecão disfarçado com pernas de pau e peruca.
Zecão diz que não podia deixar a Pipa se encontrar com um bonitão e charmoso, queria fazer as pazes e até tirou as fotos da Natássia do quarto. Pipa achou bonitinho o ciúme dele e se ele quiser, adoraria voltar o namoro, Assim, o casal faz as pazes e vão embora. Tina ainda espera o Bruno, mas demora e vai embora também. No final, aparece o verdadeiro Bruno, se lamentando que se atrasou e a Pipa desistiu, com a surpresa dos leitores que ele era igual a como o Zecão estava disfarçado até na altura gigante.
História muito engraçada com a Pipa querendo esquecer o Zecão através de namoro por correspondência. Mesmo com a tentativa, ainda gostava dele e como o plano do Zecão fracassou, acabaram voltando. Pipa é louca, ciúme doentio pelo Zecão, sempre terminavam namoro, principalmente por causa de ciúmes, mas voltavam às boas no final. Só o fato de pendurar pôsteres da famosa no quarto foi motivo de ciúme dela. Hoje em dia ela não é ciumenta a esse ponto, por isso é impublicável.
Na época, como não tinha internet, era normal as jovens procurarem namorados por seções de correspondências amorosas em revistas ou em jornais e o roteirista quis fazer crítica com isso. Várias revistas de fofocas ou para meninas adolescentes tinham isso na época de criar anúncio do seu perfil nas revistas e aí permitiam mandar cartas um para o outro e ter um namoro por correspondência.
Só que como dependia dos correios, demorava vários dias para saber a resposta de cada carta. E muitas vezes não davam para enviar fotos, aí só descobriam como eram no dia do encontro pessoal. Hoje em dia evoluiu e fariam adaptação com a Pipa procurando namoro por aplicativo de relacionamento de celular ou em grupos de redes sociais, com a vantagem de enviar e receber mensagens e fotos instantaneamente. Algo semelhante acontecia nas seções de cartas das revistas da Turma da Mônica que as crianças gostavam de trocar correspondências com outros leitores, criando até fãs clubes entre eles.
O grande absurdo foi o futuro namorado Bruno ser a cara do que o Zecão se disfarçou. Se ele não tivesse ido lá, a Pipa acabaria tendo a mesma surpresa de ver um cara gigante e feio. Foi criativo também a paródia à revista "Contigo" e à atriz Natasha Kinski. Também absurdo de Tina deixar porta de casa aberta e Pipa já ir entrando sem nem bater na porta.
Os traços excelentes da fase de ouro dos anos 1980 da Turma da Tina, com direito a Tina com cabelo curtinho, Pipa bem gorda e Zecão bem narigudo, assim que era bom ver os desenhos deles. Nas últimas revistas da Editora Abril, a cor azul era meio desbotada, quase branca, por isso os fundos bem claros quando eram para ser azuis e o Bidu aparecia quase branco também, mas curiosamente a cor da camisa do Zecão ficou bem vivas.
Tiveram propagandas inseridas nos rodapés das páginas, como era de costume na época, por isso a história ocupou 10 páginas da revista, mas se não tivesse, seriam 9 páginas. Dessa vez foram anúncios com chocolate "Lollo", pastilhas de hortelã "Garoto" e das bolas "Elka". Essa história foi republicada depois em 'Almanacão de Férias Nº 12' (Ed. Globo, 1992). termino mostrando a capa desse Almanacão.
Minha irmã, lá para 1992, 93 lia uma tal de Carícia, título direcionado ao público feminino adolescente, tinha uma seção assim como a mostrada na HQ, onde homens se divulgavam à procura de caras-metades. Mídia impressa perdeu muito espaço, sinal dos tempos, normal!
ResponderExcluirSem conhecê-lo, Zecão reproduziu fielmente a aparência de Bruno.
Sim, essas revistas como Carícia, Capricho, tudo tinham, era moda trocar correspondência amorosa por cartas ou pelo menos pra fazer amizade. Infelizmente a mídia impressa se perdeu, ninguém quer comprar revistas hoje em dia.
ExcluirSobre Zecão, sem querer descobriu como era a futura cara metade da Pipa, foi engraçado. Para felicidade dele, o namoro da Pipa não ia pra frente quando visse o Bruno, não ia durar muito, ela ia ligar pra aparência.
Pela descrição do aspecto físico de Bruno através do (C)correio (S)sentimental Pipa deduziu que fosse "o lindo", nada foi dito a respeito de sua origem, e se for olindense? No Carnaval de Olinda Bruno passa batido, seria só mais uma gigante atração.
ExcluirNastassja Kinski foi um grande nome entre as célebres beldades da época, o nome da atriz não foi parodiado, foi apenas aportuguesado.
Pipa pensou que ele era lindo pela descrição, mas notou que não era e caiu a ficha. Sim, o nome da Nastassja Kinski foi aportuguesado como aconteceu muitas vezes com celebridades estrangeiras só que de qualquer forma teve a grafia diferente da original.
ExcluirGonzaguinha já dizia: "São Paulo é o Q.G. do Nordeste!", com base nisto e pela estatura, o frustrado pretendente ao coração da rechonchuda deve ser mesmo de Olinda.
ExcluirFica a dúvida de qual cidade ou estado o Bruno era, se bem que no Nordeste no geral não costumam ter pessoas altas. De qualquer forma, fica na imaginação de cada um de onde o Bruno veio.
ExcluirMarcondes Falcão Maia, o brega cantor e comediante popularmente conhecido por Falcão é uma das exceções. Mais provável que seja do interior paulista, ituano com ascendência norueguesa.
ExcluirHq sensacional... e olha os traço!? ;)
ResponderExcluirTenho ela no almanacao de férias na coleção! :D
http://blogdoxandro.blogspot.com/
Traços maravilhosos, pena não fazerem mais assim. Bom que tem esse Almanacão, muito bom esse, só clássicos.
ExcluirEu só vi republicada nesse Almanacão de Férias. Pelo menos você leu a revista original de alguma forma, foi uma revista legal. Acho que colocavam propagandas inseridas nas histórias porque tinham muitos anunciantes, aí foi a forma que encontraram para ter mais propagandas sem aumentar número de páginas com elas e tirarem páginas com histórias por causa disso. Eu até não achava ruim, até parava a história para ler as propagandas na sequência que vinham. Bem nostálgico mesmo.
ResponderExcluirEu tenho esse almanacão e lembro dessa HQ.
ResponderExcluirE demorei para entender a piada da capa do Mônica 197.
Diferente da arte da capa de Cascão nº14 de 1987 em que demorei muito para compreender, esta entendi a primeira vez que vi, Julio Cesar, eu tinha sete ou oito anos de idade e nos anos 1980 bovinos ainda eram associados como sendo avessos ou aversivos ao vermelho, ou seja, são uma espécie não identificada com a teoria marxista, diferente do Boi Garantido de Parintins no Amazonas que é representado pelas cores vermelho e branco.
ExcluirSim,no Amazonas tem gado vermelho e gado azul.
ExcluirSegundo a crença, é o único que gosta da cor, um boi que quebra paradigma.
ExcluirConheço o episódio, supimpa! Antes de conhecer o personagem, eu devia ter uns cinco de idade e me lembro que meus pais, meus tios defendiam a teoria que é piada desta capa, pela expressão desconfiada, o touro conhece Mônica de outros (C)carnavais, de outros (F)festivais de Parintins.
ExcluirDessa vez a Mônica não bancou a valentona e usou vestido azul para despistar o touro, que desconfiou porque já a conhecia com vestido vermelho. Embora não colecionava na época, mas se fosse publicada quando eu tinha 6 anos ia saber e entender a piada, sempre soube disso dos touros não gostar de vermelho.
ExcluirMeus Pica-Paus preferidos são os da década de (19)40.O de pernas peladas e olhos vesgos é o da fase biruta,que foi polêmico na época,mesmo sendo divertido e superior ao sem sal Andy Panda,que acabaria no limbo pouco depois.
ExcluirEm 1944,o pássaro ficou um pouquinho mais sóbrio,porém ainda encapetado.A nova fase,em 1951,trouxe um Pica-Pau um tanto tímido e de pouca fala,mas não demorou muito para ele ficar doidinho de novo.
Lembro-me que os episódios de Pica-Pau no Brasil eram exibidos pelo SBT, fico imaginando se anteriormente pertenceram à Rede Globo, pois a platinada é mais velha que a TV do judeu uns dezesseis anos mais ou menos, também podem ter sido exibidos pela Rede Tupi ou pela Rede Record antes da indústria da fé ter dominado a emissora. O que deu certa depreciada na imagem da ave pitoresca aqui no país, meio que desgastou a sensacional figura do Pica-Pau foi a overdose de episódios exibidos diariamente entre 2008-2012 - quiçá se estendeu um pouco mais - pela TV do bispo neopentecostal que nesse extenso período estava sofrendo com falta de programação.
ExcluirSem as publicidades a história tem nove páginas, é o espaço que deve ter ocupado nas republicações.
ResponderExcluirEram os eram os apps da epoca..quando fiz una dez anos ou onze minha mae disse que eu tava velho pra ler gibis e me comprou todateen revista de meninas..odiei na epoca..era cheio de coisas sobre namoro
ResponderExcluirZózimo, essas propagandas eram encaixadas de forma de ocupar uma página a mais, aí na republicação, de fato, a história teve as reais 9 páginas.
ResponderExcluirMiguel, essas revistas só interessavam mesmo para as garotas, fora isso ninguém gostava por não ter assuntos que interessassem os garotos. Com 11 anos era normal ainda criançada gostarem de gibis, com 13 ou 14 anos que já começavam a não gostar mais.
ResponderExcluirCoitado do Miguel! Acho que os pais não devem interferir de forma incisiva no que os filhos em final de infância e início de adolescência leem, salvo leituras claramente inapropriadas justificam-se interferências dos responsáveis.
ResponderExcluirO que me fez largar os gibis da MSP não foi o fato de estar na adolescência, embora nessa fase comecei a me interessar pela categoria liderada por DC e Marvel, mas também não foi esse o motivo pelo desinteresse pelos personagens nacionais de categoria mais infantil, foi porque os traços se tornaram pouco atrativos, do contrário eu ainda consumiria até na fase adulta, com certeza! Me desinteressei bem antes dessa paranoia com politicamente correto pois a falta de capricho surgiu primeiro.
Imaginei que o Zecão ia aparecer no encontro da Pipa e o Bruno era enorme mesmo,eu adoro as histórias dessa turma.
ResponderExcluirÉ, de alguma forma o Zecão ia atrapalhar o namoro entre Pipa e Bruno, não ia deixar a Pipa escapar sem luta. Eles eram muito bons.
ExcluirEste blog é uma gostosa viagem no tempo... saudade das historinhas despretensiosamente engraçadas, das revistinhas do Cascão, do Chico e da Magali quinzenais, com argumentos mais objetivos, menos enrolação... pelo que vi, as novas edições ganharam mais páginas... mas de passatempos... tempo ruim esse nosso... =(
ResponderExcluirPois é, as revistas deles tinham poucas páginas, mas com conteúdo extremamente melhores e sem enrolação. Gostava mais até dessas quinzenais. Eles estão com mais páginas, só que com mais passatempos e aí fica uma coisa pela outra pagando mais caro.
ExcluirÉ, Miguel, ainda bem que minha mãe nunca interferiu em minhas leituras, sempre li o que eu queria. Gibis comprei até 17 anos, e voltei a comprar com 36. Gibi é algo que não tem idade. A gente pode desinteressar por um tempo, mas pode voltar a ler a qualquer momento. Com 12 anos comecei a ler revistas sobre carros, lia algumas revistas como Veja, Visão e "Isto é". Nas gibis sempre era minha leitura favorita.
ResponderExcluirÓtima história, possuo essa revista da Mônica da Editora Abril. Esses ciúmes da Pipa rendiam histórias excelentes. Pipa e Zecao eram meus personagens favoritos deste Núcleo. Lembro de outra história bem engraçada, Pipa no "paquera na TV" uma paródia ao programa do Silvio Santos, "namoro na TV". Curioso que a Tina nessa época fazia mais um papel de conselheira de Pipa e Zecao, bem certinha . Nos anos 90 e 2000 vimos uma Tina mais moderna, descolada e sensual, uma marca definitiva da personagem.
ResponderExcluirVerdade, nos anos 1980 a Tina aparecia mais pra aconselhar e resolver os problemas dos amigos. A partir dos anos 1990 passou a ter seus próprios dilemas e ficar sensual. Essa da Paquera na TV é muito engraçada, Pipa tinha ótimas histórias. Já mostrei essa história aqui:
Excluirhttps://arquivosturmadamonica.blogspot.com/2018/06/hq-e-a-pipa-na-paquera-na-tv.html
Nunca me desinteressei pelos gibis do Mauricio de Sousa anteriores a 1997, salvo os almanaques publicados nesses três últimos anos da década que como me encontrava em outra fase da vida, natural que dividisse foco com outras coisas como quadrinhos de categoria diferente dos da TM, revistas eróticas (mais conhecidas por pornográficas) e música, principalmente rock. Nessa conturbada fase os gibis da TM dos 1970 e 80 não perderam importância, continuaram firmes em minhas preferências, não colecionava mais, portanto, muitas vezes comprei esporadicamente em sebos e comprava almanaques em bancas de jornais, como afirmei acima e reitero aqui, o que larguei, o que parei mesmo de consumir foram edições até então atuais que visualmente são muito aquém da maioria publicada anteriormente, com esse desinteresse pelo até então atual fui poupado de não presenciar em tempo real os personagens sendo gradualmente reprimidos, quando dei conta, o cerceamento se encontrava pleno, não passei pelo desgosto do processo, tive apenas o natural choque ao constatar tamanha mudança.
ResponderExcluirMeus pais pouco importavam com o que eu lia ou deixava de ler, quanto à questão levantada por Miguel posso dizer que tive relativa sorte, pois se nesse tempo eu lesse conteúdos altamente inapropriados, conteúdos destrutivos e os mantivesse devidamente escondidos, meus pais provavelmente não iriam se dar conta, eu é que não curtia conteúdos nocivos tais como apreciação por armas de fogo e como confeccionar bombas caseiras só para ficar em dois exemplos, o que quero dizer é que a interferência que Miguel sofreu certamente foi deveras desagradável assim como o completo desinteresse por parte dos pais e responsáveis pelos conteúdos que crianças e adolescentes consomem pode ser muito, muito perigoso mesmo, o negócio é saber dosar a chamada puericultura. Ser mãe, ser pai, tem que ter espinha dorsal, como falta cada vez mais tato para desempenhar as nobres e desafiadoras funções, o mercado de pets há muito não sabe o que é crise, pois socialmente está claro que estão substituindo, estão ocupando os lugares que outrora eram das crianças.