quinta-feira, 18 de junho de 2020

Uma História do Horácio na Terra dos Peludos


Mostro ma história em que um curandeiro golpista usou Horácio como plano para vender seus xampus milagrosos para o povo continuar peludo. Com 9 páginas foi publicada em 'Mônica Nº 88' (Ed. Abril, 1977).

Capa de 'Mônica Nº 88' (Ed. Abril, 1977)

Escrita por Mauricio de Sousa, dois  seres misteriosos sequestram o Horácio enquanto estava dormindo e carregam para bem longe até à taba do Pajezão da Tribo dos Peludos. Quando é entregue, Pajezão avisa aos capangas que não é para dar em nenhuma palavra sobre a captura do Horácio. Pajezão comenta que o "asqueroso, repelente, verdadeiro pelado" é o que precisa para a sua grande cerimônia e deixa o Horácio preso até a hora que precisar.


Amanhece, o povo peludinho acorda e estão ocupados com os preparativos da grande cerimônia. Um pergunta se não vai ajudar a levantar o altar da cerimônia e o outro fala que não acredita nessa história do Pajezão, deixando o Peludinho com raiva cobrando como ousa duvidar das palavras do maior curandeiro que já existiu. Afirma que vai ser mostrado um asqueroso repelente pelado, apesar de acreditarem que só existam peludos no mundo e pelados são uma pavorosa lenda.


Na taba, Pajezão se arruma para a cerimônia e Horácio pergunta por que ele está preso lá. Pajezão fala que precisa dele para o seu show, que o povo não acredita que existem pelados no mundo e quando virem o Horácio vão acreditar e comprar o xampu milagroso dele. Pretende colocar o xampu no Horácio,  ele sai para descansar um pouco e volta peludo, só que no dia seguinte, Horácio vai aparecer pelado de novo e ele dirá que só tem efeito  24 horas e precisará comprar mais para continuar peludo. Horácio acha tudo isso desonesto e Pajezão afirma que ninguém precisa saber e vai encher o bolso e Horácio vai ajudar, queira ou não.


Chega a hora da cerimônia e Pajezão executa o seu plano falando para os peludinhos que há uma ameaça para a raça deles, um estranho vírus atingiu um peludo nas montanhas e acabou sendo pior que a morte, ficando todo pelado e mostra o Horácio pelado. O povo se impressiona, mas um não acredita e pergunta por que ele está amarrado e o Paezão responde que ele se torna uma criatura perigosa estando pelado.


Perguntam se isso não pega. Pajezão fala que sim por ser um vírus contagioso e estariam ameaçados se não fosse pelo seu superxampu. Ele passa o xampu no Horácio,  inventa que passou demais e tem que tirar o excesso lá dentro como desculpa para colocar o casaco de pele para dizer que o Horácio ficou peludo por causa do xampu. Todos ficam surpresos e acabam comprando o xampu do Pajezão.


Depois de um tempo, Pajezão está feliz, cheio da grana e comenta que foi Horácio que ajudou a ganhar e ele complementa que foi à força. Pajezão tenta tirar o casaco de pele para o povo pensar que o Horácio ficou pelado de novo e teriam que continuar usando o xampu para evitar a recaída. . Só que o casaco grudou nele por causa do xampu e Pajezão resolve tirar mergulhando Horácio no rio. Ele vai falando sobre o plano para tapear o povo enquanto mergulha o Horácio, mas acaba o povo peludinho ouvindo tudo e descobrindo a farsa.

Pajezão é preso e um peludinho pede desculpas ao Horácio de mandá-lo embora porque não estão acostumados á visão de um pelado. Horácio não se esquenta e vai embora e no caminho falando que qualquer dia vai pensar em experimentar uma peruca, terminando assim.


Essa história é legal, bem criativa com o Pajezão usando o Horácio para dar golpe no povo para usarem o seu xampu milagroso ao inventar que um vírus desconhecido muito contagioso podia deixá-los todos sem pelos. Ele se aproveitou da falta de conhecimento e ponto fraco do povo para se dar bem , já que eles pensavam que só existiam peludos no mundo e do pavor deles de ficarem pelados.


Mauricio quis fazer crítica a golpistas da vida real que querem se dar bem á custa da fraqueza dos outros e fazer reflexão em relação a pessoas que tem fobia do diferente. O povo peludo era preconceituoso e ver um ser sem pelos era uma aberração, algo apavorante, comparado a um racismo, por exemplo. Assim, é uma história impublicável hoje em dia por conta do sequestro do Horácio, envolver golpe e a fobia do povo peludo, ainda mais que eles não se redimiram com o Horácio no final, continuaram achando uma aberração. O lance de xampu para calvície foi bem inovador até então, já que na  época não tinha remédio  e tônico capiar para tratar calvície e hoje em dia loções pra tratar já são realidade.


Pode notar também uma linguagem bem formal, colocações corretas de próclises como "tornou-se", palavras difíceis como "azáfama" , balões com mais texto, demorando mais a leitura, tudo bem  característico nos gibis dos anos 1970, sobretudo nas histórias de aventura escritas pelo Mauricio.

Nos anos 1970 as histórias do Horácio eram longas, até por Mauricio ter mais tempo de fazer. Já nos anos 1980 e 1990, as histórias do Horácio tiveram foco em republicações de tabloides de jornais que não haviam saído em gibis, ficando assim até não ter mais tabloides e, depois disso raramente tem histórias novas do Horácio nos gibis e quando tem não são mais feitas pelo Mauricio.


Os traços ficaram bons,até que o Horácio não mudou muito seus desenhos desde os anos 1970, diferente dos personagens da Turma da Mônica que tiveram várias mudanças até chegar ao estilo consagrado dos anos 1980. Mais ma vez história do Horácio sem título como era de costume. Sejam longas ou curtas colocavam título só "Horácio", com raríssimas exceções.

24 comentários:

  1. Adorei a postagem,gosto das histórias do Horácio da editora abril e Globo,eram tão filosóficas e bonitas,hoje em dia não fazem mais histórias assim porque pode ser um tema muito sério para as crianças.Lamentável.

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    1. Eram boas mesmo. Pena não fazerem mais histórias assim.

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  2. Marcos, me lembro que antes do desenho animado Snorks estrear na Rede Globo, a emissora exibia a chamada anunciando os Snorks entre outras novas animações que estreariam no Balão Mágico ou no Xou da Xuxa, acho que era Balão Mágico mesmo, sei lá! Devo ter assistido a chamada umas três vezes sem prestar a devida atenção e como volta e meia eu panguava, pensei que estrearia o Horácio em desenho animado, fiquei ansioso aguardando o dia em que assistiria o Horácio pela primeira vez na TV, quando chegou o bendito dia vi que era os Snorks, me dei conta de que tinha panguado e adorei a animação. Os olhos dos personagens gringos se parecem com os olhos do Horácio.
    Irritar o Horácio é uma tarefa bem difícil, o pequeno dinossauro é um poço de paciência e bondade, na maioria das vezes encontra-se calmo, não se revoltou por ser órfão, consegue também o paradoxo de ser inocente e sábio. Somente quando aprendi a ler é que entendi o fato de o dinossaurinho possuir pequeninos braços e mãos (ou patas), ele é um tiranossauro que adora alface, o que é outro paradoxo.

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    1. Não teve animação com Horácio na época. Até que Snorks lembrava um pouco ele. Braços pequenos porque é tiranossauro e comer alface sem ser carnívoro foi pra dar um ar mais calmo, de paz.

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    2. Animação do Horácio, que eu saiba nunca teve, se existe, desconheço.
      O que sei é que o Mauricio sempre teve xodó com o núcleo dos dinossauros, a maior parte das HQs antigas do Horácio foi ele que escreveu, as características comportamentais do personagem foram em parte inspiradas no próprio cartunista, ouvi da boca do Mauricio mesmo, ele se vê no Horácio, se expressava através do dinossaurinho.
      Uma grande sacada um tiranossauro que gosta de alface, provavelmente não é vegetariano, mas, por ser pacífico, com certeza não mata pra comer, possui uma pequenina boca, o que também não é característica da extinta espécie, possui olhos enormes indicando que tá sempre atento, observando, questionando, através das características físicas e comportamentais é que entra o viés filosófico do personagem, suas antigas histórias vão do simples ao complexo, quando eu tinha nove, dez anos de idade, muitas de suas histórias não compreendia plenamente, apesar do Horácio ser bem-humorado e muitas vezes ingênuo, ele lidava com situações e questões angustiantes típicas de filósofos, ainda por cima lidava com a angústia de sua condição de órfão, muitas histórias dele também são simplórias, de fácil compreensão.
      Com certeza o lado filosófico do Horácio foi suprimido, deve tá bem bobo como os demais núcleos da TM atualmente.
      Há mais ou menos dez anos, conheci através da rede o alter ego do personagem, o Super-Horácio não emplacou os 1980.

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    3. Tem umas animações curtas do Horácio em 3D que foram desenvolvidas especialmente para a internet, dá pra ver no Youtube como essa do link. Ultimamente não tem mais histórias do Horácio nos gibis, mas dentre as que tiveram e que eu vi, tem um lado educativo, mas tão filosófico pesado como era.

      https://www.youtube.com/watch?v=HgzGN_m8N3A

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    4. Bom saber, Marcos! Em 3D só conheço com o núcleo do Penadinho.

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    5. É. Foram criados na mesma época esses do Penadinho e Horácio, por volta de 2017.

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  3. Horácio não está no meu top5 personagens preferidos mas com certeza eu gosto demais das histórias dele, pois na maioria das vezes passam uma mensagem muito bonita. Abraço

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    1. Eu gosto do Horácio, dava pra refletir com suas histórias, era bom pra variar do resto do gibi. Abraço

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  4. Coincidência ou não, esses dias eu estava olhando essa revista pra comprar no Mercado Livre. O que me desanimou foi o preço, 25 reais mais 10 de frete. Assim fica difícil comprar, pela Internet fica em conta só se comprar lotes maiores. Essa revista deve ser muito boa. Essa história do Horácio é bem diferente das que costumavam ser publicadas normalmente. Essa ai tem mais aventura e é mais longa. Mas, sinceramente, nunca gostei muito das histórias do Horário, acho um dos personagens mais sem graça do Maurício.

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    1. Mercado Livre é absurdo, cobram caro demais. Já vi mais caro que isso lá. Quando compro lá é só por lote e ainda assim até assim tá caro. Essa revista eu comprei em sebo por R$ 2,50, tinham outros dessa época também, tive sorte.

      Eu até gosto do Horácio, mas sem dúvida tem personagens melhores. Muitas não entendia quando criança, só passei a entender quando adulto.

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    2. Sim, quando eu era criança também não entendia muito bem as histórias do Horácio. Dava a impressão que o fim da história faltava algo, achava meio sem sentido. Marcos, sobre você achar essa revista no sebo por R$ 2,50, me dá o endereço, preciso ir a este sebo....rsssss.....com essa pandemia tá difícil passar no centro aqui de BH, só conheço sebos no centro. De qualquer forma, tenho adquirido algumas revistas boas pela Internet, consegui semana passada um lote das revistas:Almanaque do Chico Bento número 7 da Abril, Almanaque da Magali número 1 da Globo e o Almanaque número 1 do Cascao da Panini por 28 reais já com frete. Aí acho que valeu a pena. Tem revistas que quero comprar desde 1986 e nunca as encontrei em lugar nenhum físico. Então, vou ter que pagar um pouco mais para conseguir ter essas revistas que sempre quis. Alguns exemplos: Mônica 200 da abril e Cebolinha 163 e 167 da Abril, essas li na escola e nunca consegui comprar. Estou quase fechando um lote que inclui essas três e mais 21 revistas. Vamos ver.

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    3. Essa revista comprei já tem 3 anos, ultimamente o sebo tem aparecido só Panini, até os do centro estão fracos também. A forma de encontrar mais antigos seria Mercado Livre, chato é o preço. Esse lote deve ficar caro por ter muitas revistas, mas compensa, caso comprasse individuais lá.

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  5. A HQ diz tanto que simplesmente não consigo ter palavras para comentar.

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    1. Verdade, dá boa mensagem e sem deixar piegas. Mauricio sabia escrever bem.

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  6. Coitado do Horácio,estava dormindo tranquilamente e esses seres o puseram numa enrascada,ainda bem que tudo terminou bem. Sempre nas histórias dele alguém põe ele numa confusão.

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  7. Sei que não tem nada a ver com essa história, que eu curti bastante por sinal, mas gostaria que vc postasse caso tenha a história mais politicamente incorreta dos quadrinhos do Mauricio de Sousa, que na minha opinião foi a da "Dona Morte em: Com os dias contados" que mostra um cara que acha que vai morrer bebendo até cair, indo pra boate ficar com um monte de mulher seminua após largar a esposa aos berros e apertar o pescoço do chefe com a gravata pra se demitir. Saiu no Cascão 10, de 1987. Aliás, nessa época saiu uma outra em politicamente incorreta, uma que os meninos da rua chamavam o Cebolinha de "bicha" num desfile.

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    1. Conheço essas, a da Dona Morte é bem engraçada e a do Cebolinha sendo chamada de bicha seria alterada hoje sem dúvida. Quando der eu posto.

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    2. Pra falar a verdade, achei essa da Morte um pouco triste e tensa, ainda mais pra um gibi da turma da Mônica... mas foi bem legal mesmo!

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    3. Triste pro homem que perdeu tudo, mesmo assim não deixa de ser legal.

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  8. Por favor, não pare de postar. Você está prestando um verdadeiro serviço público.

    https://bardodanevoa.blogspot.com/

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