quarta-feira, 22 de maio de 2024

Uma história do Horácio com Dinossaura com cauda grande

Mostro uma história em que o Horácio ajuda uma Dinossaura a ter autoestima com a sua cauda enorme que era criticada por todos. Com 6 páginas, foi publicada em 'Mônica Nº 123' (Ed. Abril, 1980).

Capa de 'Mônica Nº 123' (Ed. Abril, 1980)

Escrita por Mauricio de Sousa, começa com Tecodonte falando que tem novidade no pedaço para o Horácio, que pensa que é novo vulcãozinho estourando por aí e Tecodonte diz que é quase isso e mostra a Dinossaura que estava passando e a chama de aquilo que estava passando, cochicham que nunca tinha visto antes, é a maior cauda da paróquia.

Eles ficam olhando a Dinossaura enquanto passa, ela percebe e reclama por que não falam logo que a cauda dela é ridícula feia e deselegante. Horácio diz que não falaram nada e a Dinossaura o corta que estavam olhando como dois bobocas e chora que sempre foi assim, nunca a olharam como uma mocinha normal por causa da cauda enorme. Horácio fala para ela não ficar triste e pergunta se todos da raça têm cauda assim. Ela diz que não sabe, nunca viu ninguém da raça dela, é só ela arrastando aquele rabo por todo o mundo. 

Tecodonte pergunta por que ela tem contra isso e Horácio acha o caso dela sério e resolve ajudá-la. Fala que lagartos podem perder parte da cauda sem maiores problemas, que pode cortar o rabo, dizem que não dói nada e vai ficar andando só com um cotozinho, contente sem nenhum restinho da cauda, no início teria problema de desequilíbrio porque é o rabo que sustenta todo o corpo dela, mas é só aprender a andar com barriga empinada para frente.

Horácio pergunta como ela quer perder a cauda, se correndo na frente de um dinossauro faminto ou encostando o rabo na lago das piranhas, só escolher que eles ajudam. A Dinossaura pergunta se acha que o rabo dela é grande, Horácio diz que não, assenta muito bem nela. A Dinossaura percebe que a cauda dela é legal, beleza pura e resolve não mais cortar e vai embora feliz, gostando do seu rabo e não se importar mais com a opinião dos outros e termina Tecodonte falando ao Horácio que não perde a oportunidade de defender a Ecologia.

História legal em que Horácio resolve ajudar a Dinossaura que tinha um a cauda enorme que chamava atenção dos outros e criticavam. Ele apontou coisas que podiam acontecer se ela tirasse a cauda e ela muda de ideia no final, ainda mais depois que ele diz que não é grande, deixando a Dinossaura feliz. Ela ficava deprimida tida vez que criticavam a cauda dela e Horácio recuperou a autoestima. Tecodonte foi bem cruel achando que ela era uma aberração. 

Mais uma história filosófica do Horácio, sempre disposto a ajudar os outros. Maurício queria deixar a mensagem que a gente tem que aceitar o corpo que tem, não fazer plásticas só para atender o padrão de beleza da sociedade e não se importar com a opinião dos outros e também que devemos aceitar as diferenças dos outros. Para o que sofre bulying, é pior ficar olhando com desprezo do que falar na cara. Teve a graça da Dinossaura dizer que tem um rabinho, mesmo sendo daquele tamanho.

Cita também a respeito de extinções de animais, já que a Dinossaura nunca viu outros dinossauros da raça dela. Aí por isso Horácio querer também defender a Ecologia porque se a Dinossaura fosse a única da raça e se ela morresse, não teria mais ninguém. Se Mauricio quisesse prolongar a história, poderia mostrar outro dinossauro da mesma raça e vendo que era normal cauda daquele jeito e até eles se apaixonarem. Incorreta atualmente por ter preconceito, Tecodonte achar a Dinossaura uma aberração, se referir à cauda como "aquilo". 

Mauricio em 1980 não estava mais fazendo tanto aquelas aventuras longas com Horácio enfrentando vilões  monstros, Napões ou ele encarnando Super Horácio, estava fazendo histórias do Horácio mais curtas focadas no cotidiano dele, só que ainda não com formatos de tabloides de 1 página em jornais que prevaleceram ao longo das décadas de 1980 e 1990. Algumas histórias dele saíam primeiro em jornais, outras eram exclusivas para os gibis.

Os traços ficaram bons, interessante que o Horácio é o único que não teve grandes mudanças de evolução de traços desde os anos 1970 era bem parecido, foi o primeiro a ser todo arredondado e assim ficou sem grandes mudanças depois. Não teve título como de costume nas histórias dele e teve um erro de Horácio aparecer com pintas brancas em vez de vermelhas no primeiro quadrinho da 4ª página da história. Foi republicada depois em 'Almanaque da Mônica Nº 6' (Ed. Globo, 1988).

Capa de 'Almanaque da Mônica Nº 6' (Ed. Globo, 1988)

28 comentários:

  1. Temos aqui um exemplo de (P)psicologia (A)aplicada.
    Horácio costuma ser sagaz sem perceber que está sendo, mistura de ingenuidade com sabedoria - por vezes, um parvo bem-sucedido.
    Conhece mais sobre a espécie da dinossaura complexada com a forma física do que a própria, e sua proposta de como prefere ser mutilada para ficar "elegante", levando-a a perguntar-lhes o que acham de sua imensa cauda e responde que fica mais formosa com do que sem o membro, levantou a autoestima da "lagarsaura", ou "lagartaura".

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    1. Sim, o Horácio gostava de aplicar psicologia e sabedoria para ajudar os outros. Foi bom assim que conseguiu tirar a complexidade da Dinossaura, voltando a ficar feliz. Foi bom pra todo mundo.

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    2. Às vezes, devido à orfandade que o compõe, o complexado é ele.

      No segundo quadro da segunda página, o tom de pele do Horácio está igual ao do Tecodonte.
      Ainda na segunda página, as pintas que estão na cauda da dinossaura, no decorrer da trama passam para as costas.
      No segundo quadro da última página há outro detalhe no corpo da personagem que, não se desloca, mas, "meio que" some, é o que parece ser um colar. Coloquei aspas por ocorrer parcialmente já que os contornos externos do objeto estão entre os ombros e o pescoço.

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    3. Horácio tem complexo de ser órfão, aí isso pode ser que motive a ajudar os outros pra ter o lado familiar sem querer. Esses erros são difíceis de ver de cara, principalmente as pintas na cauda. Do colar tinha intenção de colocar, esqueceram de desenhar o contorno interno e pintaram tudo de azul.

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    4. HQs antigas do Horácio costumam ter camadas e entrelinhas e isto faz o núcleo ser bem melhor compreendido por adultos do que pelo público infantil, na maioria, há muitos detalhes incutidos que crianças normalmente não captam, não conseguem identificá-los pelo baixo nível crítico que, claro, decorre de inexperiência por conta de imaturidade.
      Esta é uma do tipo e, analisando comportamento do Tecodonte, acho que não cabe considerá-lo cruel diante do drama que presencia, pois o "aquilo" que profere está em negrito para dar ênfase ao espanto e à curiosidade que o abarcam devido ao que vê e Horácio fica igualmente impressionado. Também se deve considerar que a palavra em destaque é mencionada com a personagem surgindo de maneira parcial, ocultando a parte do corpo que é pivô da trama e a combinação destes detalhes, juntamente com que há nos quadros anteriores, têm função de gerar expectativa nos leitores.
      A pergunta direcionada ao amigo: "O que ela tem contra isso?" não condiz com um Tecodonte preconceituoso e, pela expressão facial com que a faz e permanece com mesmo tipo de cara no quadro consecutivo sugere insensibilidade em contraposição a como Horácio interpreta a situação da dinossaura.
      Portanto, Marcos, compreendo teu ponto de vista sobre o modo como Tecodonte se porta nesta história, entretanto, não o vejo cruzando tal linha, estando mais para impressionado e insensível do que para cruel e preconceituoso.

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    5. Verdade, as crianças não entendiam bem as histórias do Horácio, por isso elas não gostavam muito do personagem. E Tecodonte se mostrou insensível mesmo, cruel que quis dizer porque foram coisas que ele não deveria dizer por aumentar a complexidade da dinossaura com a cauda dela.

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    6. Entendi, Marcos, está explicado. Se bem que no quadro em que pergunta só estão os dois, dando entender que teria puxado Horácio para ficarem um pouco afastados para perguntar discretamente, ela pode ter percebido, pode ter ouvido ou não, e o comentário que faz no quadro seguinte, idem, embora ela apareça e pode ter escutado, por estar compenetrada na amargura, vai que não escutou. Contudo, caro Marcos, sua resposta é o suficiente, compreendi plenamente e faz sentido o modo como interpretou e empregou o termo "cruel" para definir a impressão que Tecodonte lhe transmite nesta passagem, utilizando a palavra mais mesmo como sinônimo de insensível.

      Adquiriu Mônica nº123 (1980) através de sebo virtual ou foi em algum estabelecimento, isto é, sebo físico?
      Pergunto por ser um tanto antiquado ou, digamos, analógico, compro nada pela rede, e não é por conservadorismo ou por preconceito com sistema digital, é por receio de cometer alguma inoperância, tipo pagar pelo produto e não recebê-lo por algum erro da minha parte. Repara não, sou muito ressabiado. Fora que continuo entusiasta de sebos estabelecidos, aqueles que para comprarmos gibis, livros e outras paradas usadas temos que sair de nossas residências. Século XX ainda encontra-se impregnado em mim, não estou totalmente adequado a este século e confesso que volta e meia apanho, sofro com minha relativa desadequação.

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    7. Acredito que ela não prestou atenção no papo do Horácio e Tecodonte enquanto conversavam sozinhos por estar na amargura. Esse gibi comprei em sebo físico, mas já comprei gibis na internet algumas vezes quando é mais raro de achar, sem preço abusivo e em bom estado de conservação. É só ver histórico do vendedor que dá pra comprar na internet, sim.

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    8. Quando conheci esta arte de capa que, inclusive, dos gibis oitentistas do título é a primeira com alusão à HQ de abertura, por bom tempo acreditei que não conhecia a história, até descobrir que faz parte do Almanaque da Mônica nº28 da Editora Abril e esse é só mais uma daquelas edições que marcaram minha infância e que não me pertence mais. O que ocorreu é que simplesmente foi apagada da minha memória, ao passo que lembro de pelo menos umas cinco desse gibi e não foram por resgates, são lembranças que foram mantidas desde moleque até os dias atuais.
      "Ioiô galático" foi republicada no período Globo?

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    9. Sim, a capa fez alusão à história "Ioiô galático". Bem curtinha e maravilhosa. As lembranças não se apagam, se ver algo, volta a lembrar. Essa história por coincidência foi republicada de novo nesse Almanaque da Mônica 6 da Globo cuja capa coloquei na postagem, ou seja, as duas primeiras histórias deste almanaque ("Ioiô galatico" e a do Horácio) foram do mesmo gibi da Mônica 123 de 1980.

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    10. Minha capacidade de resgatar memórias não é 100%, pelo menos não em relação aos quadrinhos da MSP das antigas, pois há um número considerável de HQs que tive acesso pela via virtual e até então acreditando que não conhecia e, pesquisando, descubro que conheço desde infância e/ou desde adolescência e isso me causa leve frustração. Boa parte das que estavam esquecidas minha mente resgatou ao revê-las e muitas que revejo são como se estivesse vendo pela primeira vez. Já até acostumei, quando me deparo com histórias antigas da TM e que parecem desconhecidas, conto com possibilidade de talvez conhecê-las, entretanto, felizmente, dentre essas há aquelas que, assim que bato os olhos, tenho certeza de que de fato não conheço.
      Curtinha... até que não, Marcos. São quarenta e dois quadros dispostos em oito páginas. Sua impressão deve ser por conter muitos quadros compridos ou excessivamente retangulares, do tipo que não divide(m) espaço, ocupando inteiramente as faixas.

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    11. Não são todas as histórias que a gente relembra ao ver de novo, mas grande chance de lembrar se foi do período que a gente colecionou na infância, principalmente se a postagem que vimos tiver a capa de determinada história vista. Por ser uma história de abertura, considero curta ter 8 páginas, independente de quantos quadros tem no total, claro, que maior e não super curtinha do que se fosse uma história de 5 páginas ou menos.

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  2. Se o Mauricio ainda escrevesse histórias, os gibis atualmente não seriam assim tão secos...

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    1. Estariam melhores com Mauricio escrevendo, porém teriam o politicamente correto porque ele apoia, ainda assim seria um nível melhor que anda, menos pior.

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    2. Até por que, os gibis atualmente giram em torno de dar lições de moral, mas eles dão lições de moral de forma muito (muito mesmo) chatas e bobas, jogando a lição de moral na nossa cara. Mauricio consegue dar uma lição de moral de forma tão natural (Vejam só, até rimou!), sempre deixando de forma escondida, de forma lúdica e sem parecer que é uma cartilha educativa. Sobre o Mauricio apoiar o politicamente correto, não sei aonde que eu vi na interneyt uma entrevista em que o Mauricio fala que ele não mudou, o mundo é que está mudando. De fato, algumas coisas realmente nunca iriam ser bem encaradas pela sociedade hoje, mas por outro lado, sempre que vimos a Mônica batendo no Cebolinha ou o Cascão na lata de lixo, compramos a ideia de que é tudo ficção, é só os filhos serem bem educados pelos pais (O que hoje está bem difícil) e pronto!

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    3. Sim, o Mauricio deixava natural e até de uma forma pra gente pensar e com várias interpretações. Essa cartilha educativa que deixam hoje fica cansativo, até por quase todas as histórias estarem assim. Ele deixa o politicamente correto porque o povo de hoje quer assim e pra ter vendas dos gibis tem que deixar como a maioria gosta. Bastava os pais educarem que as crianças saberiam que o que está nos gibis é ficção e não é pra imitar personagens na vida real, não deixariam os personagens serem exemplos a serem seguidos.

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  3. Oi. O Maradona chegou a te rum projeto que viraria personagem em quadrinhos, teve até uma imagem divulgada, mas não saiu do papel. Já Messi e Cristiano Ronaldo parecem que foram citados em histórias com nomes parodiados.

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  4. Já li essa história num almanacão, mas a dinossaura era lilás e não azul na versão republicada.

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    1. No Almanaque da Mônica 6 da Globo, a dinossaura apareceu lilás, não lembro dessa outra republicação em Almanacão, mas aí provavelmente foi tirada desse Almanaque da Mônica.

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    2. Como não tenho nem o gibi original nem o almanaque, então desconheço essa versão, porém, essa história deve ter umas duas ou 3 versões, como já citaram aí acima que ela era lilás, as que lembro tinha amarela, se não me falha a memória, teve branca, e acho que rosa. Aí tem uma de duas páginas, outra parece que de uma página e outra de 3 páginas.
      #RumoADezMilGibis

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    3. Acho que vi também em um Almanaque Piteco & Horácio da Panini. Aí desconheço as outras republicações, como os quadros são do estilo de 3 linhas por páginas, é fácil ajustar pra menos páginas reduzindo proporção dos quadros.

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    4. Sim, uma ou duas versões tá nos almanaques

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    5. Curioso foi ter tido várias versões da história.

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  5. Quando eu falei do Gugu, na época da morte dele, falei dos gibis dele, foi uma das únicas vezes que falei mais detalhado de outros gibis sem ser da Turma da Mônica. Não falei dos programas dele e o que ele passava, no caso, ele seguia a moda da época, que era aquilo, todos os programas de auditório tinham Boca da garrafa porque era sucesso, não lembro se crianças dançavam no programa dele, eram adultos, mas passava no horário da tarde e as crianças adoravam. Quem sei que mostrava crianças dançando essas músicas de Axé era o Raul Gil, tinha até concurso.

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  6. Eu encontrei essa história em dois Almanacões diferentes. O curioso é que, da segunda vez que eu li, ela veio com um layout bem diferente (parece que tinha mudado de três linhas de quadrinhos pra quatro, se bem me lembro), assim o segundo e terceiro quadrinhos da terceira página tinham sido combinados em um só, e aquele primeiro quadro da quinta página (que tinha sido passado para o final da quarta - nas duas versões, aliás), foi refeito no início da quinta página com um diálogo ligeiramente diferente, entre outras coisas que não lembro.

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    1. Pelo que vi tiveram depois outras versões dessa história em gibis mensais, ou redesenhando ou diminuindo proporção dos desenhos do tipo deixando quatro linhas por página em vez de três e consequentemente ocupando menos páginas nos gibis e algumas leves mudanças de texto pra caber na quantidade de páginas que queriam. Aí, depois essas novas versões foram republicadas nos almanaques, por isso é uma história que dá pra encontrar em vários almanaques. Uma outra versão que eu vi foi no gibi da Mônica Nº 42 (Ed. Globo, 1990) e aí posteriormente essa versão foi republicada em outros almanaques, provavelmente em um desses Almanacões que você viu.

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