domingo, 26 de maio de 2024

Chico Bento: HQ "Meu amigo, o Gigante"

Em maio de 1994, há exatos 30 anos, era publicada a história "Meu amigo, o Gigante" em que o Chico Bento se depara com um gigante no sítio e o seu pai lhe dá várias tarefas para fazer por castigo de não acreditar no que o filho disse. Com 14 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 191' (Ed. Globo, 1994).

Capa de 'Chico Bento Nº 191' (Ed. Globo, 1994)

Seu Bento flagra o Chico Bento parado e quer saber por que não foi buscar a água na fonte que tinha pedido. Chico fala que seria tempo perdido, a fonte é tão longe, ia dar sede na cainhada e iria beber toda a água na volta, por isso resolveu ficar ali e poupar trabalho. Seu Bento fala que o filho é preguiçoso, tem que aprender a cumprir tarefas para cuidar do sítio, um dia. Chico acha que esse dia está tão longe e o pai ordena que ele vá buscar a água.

No caminho, Chico reclama que o pai pensa que ele é de ferro, andar lonjura toda para pegar água, subir e descer montanha, sendo que lembra que não tinha montanha antes ali. Ele pega a água e voltar a subir e descer a montanha e quando se afasta, vimos que era um gigante deitado. Chico reclama do Sol, logo surge uma sombra e quando se dar conta se assusta com o Gigante e corre, deixando o balde d'água no chão e o Gigante fica com o balde.

Chico vai para casa apavorado, o pai pergunta pela água que pediu, Chico diz que não deu para levar, o Gigante apareceu e o assustou. Seu Bento acha que é a desculpa mais esfarrapada que ele contou e por causa da mentira vai dar outras tarefas para cumprir: vai arar a terra que ainda falta, consertar a cerca e buscar muitos baldes d'água até ele cavar outro poço, tudo sem reclamar e "ai" dele se não cumprir. Dona Cotinha fica com pena de ser muita tarefa, Seu Bento fala que o filho precisa aprender a lição que preguiça não leva a lugar nenhum e o que ele fizer já está bom.

Chico lamenta o mundão de terra que vai ter que arar. Pega o cavalo Osório para ajudar na tarefa. Vai arando até que dá de frente com o Gigante. Chico implora para não comê-lo, é melhor comer o cavalo que tem mais proteínas. O Gigante diz que é vegetariano, aí Chico manda, então, não esmagá-lo e o Gigante fala que não faria mal a uma mosca, se a enxergasse e que foi para devolver o balde. Chico diz que pode ficar com ele, servir de dedal. Gigante agradece e conta que adora colecionar essas coisas pequenininhas deles, tem uma casinha completa em miniaturas.

Chico pergunta o que o Gigante faz por aquelas bandas, nunca o viu antes e é meio difícil não enxergá-lo. Ele responde que gosta de viajar, principalmente no campo, é tudo tão lindo e ar saudável empurrando tudo perto dele com sua respiração. Chico conta que por causa dele, se trumbicou, o pai mandou fazer várias tarefas por não ter acreditado que tinha o visto. 

O Gigante resolve ajudá-lo. Para arar a terra, usa um pente gigante escovando a terra e consegue terminar tudo em 2 minutos, para consertar a cerca, usa palitos de dentes gigantes criando uma cerca nova e em vez de buscar água de fonte, cava terra com uma colher gigante, encontra água e forma um novo poço para o sítio.

Chico fica feliz e dá seu chapéu como forma de agradecer ao Gigante, que queria para colocar nos seus bonequinhos. Ele vai embora, o cavalo Osório acha que deviam contratá-lo e Chico aliviado que escapou do trabalho. Seu Bento aparece e fica admirado com o trabalho que o Chico fez e pergunta como fez. Ele diria que foi por causa do Gigante, mas emenda que foi pelo seu gigantesco esforço. 

Seu Bento diz que viu que ele aprendeu a lição e que vai dar uma recompensa. Chico acha que seria descansar, mas o pai fala que a partir de agora vai lhe dar muitas tarefas para fazer todos os dias para provar que tem confiança nele. No final, Chico chora e o cavalo pergunta para os leitores que com tanta água, quem precisa de poço.

História engraçada em que o Chico recebe ordem do pai de buscar água na fonte por estar preguiçoso e depois que encontrar um gigante e não levar a água para casa, Seu Bento não acredita e dá mais três tarefas trabalhosas para o filho fazer. Chico encontra de novo com o Gigante, que o ajuda utilizando apetrechos gigantes que tinha com ele. Seu Bento adora tanto o resultado e fala que a partir de agora o Chico vai ter tarefas para fazer na roça todos os dias, deixando o Chico arrasado.

Podia acontecer de tudo nas histórias do Chico Bento, até aparecer do nada um Gigante no sítio. Ele teve sorte de encontrar um Gigante bonzinho que só estava viajando e que o ajudou nas tarefas da roça que o pai deu. Bem criativas as formas de arar terra, criar cerca e cavar poço novo com os objetos que tinha. Com seus objetos gigantes foram multifuncionais e decisivos para renovar o sítio do Chico. E ainda legal o Gigante ter coleção pessoal dos objetos das pessoas como se fossem miniaturas de brinquedos e um balde servir de dedal para ele. 

Foi engraçado também o Chico respondendo o pai no início com as suas desculpas para não trabalhar,  escalar o Gigante pensando que era uma montanha, dizer que é para comer o cavalo  que tem mais proteínas que ele, Gigante empurrando tudo perto dele com sua respiração e a surpresa do Chico depois do pai relevar no final que teria mais trabalho em vez de descanso. O cavalo Osório interagindo como comemorar que o Gigante fez trabalho dele e dizer aos leitores que as lágrimas do Chico não precisaria de poço também deu um charme a mais.

Vimos que o Seu Bento estava bastante rigoroso e exigente, mesmo que quisesse dar lição no Chico para deixar de ser preguiçoso, ele exagerou na quantidade de tarefas na roça, podia ter lhe dado só uma tarefa, a de arar terra já seria bem trabalhosa. Mas também deixou claro para a esposa que não precisaria que fizesse tudo, o que conseguisse fazer já era válido, intenção era driblar a preguiça do Chico. 

O final muito engraçado de em vez do Chico descansar, o pai deu mais tarefas para fazer todos os dias, e ainda ele dizer que isso seria uma recompensa para o filho. Vai ver que não acreditou que o Chico fez tudo aquilo sozinho e queria lhe dar lição para não mentir para ele. Agora, sim, que Chico realmente teria trabalhos para fazer que o Gigante fez no lugar. Sem dúvida, o Chico aprendeu no final que não deve ser preguiçoso e muito menos mentir para o pai.

O titulo da história vem de paródia do filme "Meu amigo, o dragão", mas a paródia é só no nome do título, já que a sinopse da história em quadrinhos tem nada a ver com o do filme. Incorreta atualmente por ter trabalho infantil, já que Chico não pode mais trabalhar pesado na roça, além de ele ser preguiçoso, responder, ser abusado e desobedecer o pai, mentir até no final, dizendo que foi ele quem fez o trabalho, não ter final feliz para o Chico, Seu Bento ameaçar de bater no filho ao dizer "ai" se não cumprisse as tarefas, e os absurdos do Gigante.


Os traços ficaram bonitos, típicos dos anos 1990. A colorização já estava cada vez mais com tons fortes sem ser os tons pasteis que marcaram os primeiros anos da Editora Globo. Tiveram erros na 7ª página da história (página 9 do gibi) do Gigante com orelha laranja seguindo continuação da cor da barba e pálpebra branca do Chico e a cerca quebrada primeiro aparecer cinza e depois marrom. Muito bom relembrar essa história há exatos 30 anos.

18 comentários:

  1. Que viagem de HQ... Arrisco dizer que parece que o/a argumentista era fã de Gentle Giant e a escreveu inspirado(a) em alguma música dessa banda.
    No segundo quadro da penúltima página talvez seja exagero considerar erro em Chico Bento dizer "claro" em vez de "craro", pois é só uma palavrinha pronunciada (grafada) corretamente, porém, caipirês é um elemento marcante neste e em outros integrantes de Vila Abobrinha, seja nos efetivados e na maioria, isto é, nos de aparições únicas.

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    1. Verdade, ficou legal. É uma possibilidade de roteirista ter se inspirado esse Gentle Giant. Pelo visto a intenção real era Chico falar "craro", aí o letrista se enganou por estar acostumado a escrever "claro", mas uma palavra o Chico falando certo não tem problema.

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    2. No penúltimo quadro da sétima página (pág.9) o chão está verde, erro duplo, pois desenhista induziu colorista desenhando gramado onde deveria ser terra fofa. Nas duas páginas seguintes só há gramado e na décima (pág.12) o chão de terra retorna e oscila entre dois tipos até final da história.
      No último também da sétima (9) o erro é só de um e bem discreto, trata-se de uma parte do cavalo estar em rosa, mais precisamente na altura da barriga. Ainda que os risquinhos indiquem que é o corpo do bicho, colorista pensou que fosse fundo e meteu rosa.

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    3. Todas as vezes que aparece gramado são erros mesmo, ele pode estar acostumado a desenhar cenários com gramados e esqueceu. Da barriga do cavalo nunca ia reparar esse detalhe por ser um tom parecido da cor dele, de fato a parte é a barriga dele. Essa página 9 do gibi foi a que teve mais erro em uma mesma página.

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    4. É público e notório que Chico Bento está entre os mais antigos de Mauricio de Sousa, criado dois ou três anos antes do surgimento da Mônica - tal imprecisão é por haver fonte que sustenta que teria sido pensado e elaborado no primeiro ano da década, se é fato ou não, foi convencionado 1961 como ano de origem.
      Todo mundo que curte o personagem outrossim sabe que era coadjuvante, Hiro e Zé da Roça comandavam o núcleo.
      Pouco divulgado a respeito de Chico Bento e Vila Abobrinha é sobre quando surgem em Mônica e Cebolinha. Parece que foi o último núcleo a entrar nesse que, até então, era um novo circuito no que se conhecia por MSP, posto que tinha nos jornais sua principal fonte de exibição para tudo que criava e desenvolvia na seara dos quadrinhos. A partir de que edição* o núcleo rural passa ser exibido regularmente nos gibis?
      *Ou a partir de quais edições, considerando que são dois títulos. Penso que foi introduzido em Mônica primeiramente, daí, por gentileza, Marcos, sabe informar qual o primeiro número de Cebolinha que contém história(s) do(s) caipira(s)?

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    5. Apesar do Chico ter sido criado antes da Mônica, ele demorou a parecer nos gibis. Estreia do Chico em gibis foi apenas em Mônica Nº 20 de dezembro de 1971 e com aparições esporádicas e histórias curtas de até 2 páginas, quando tinha. O Chico firmou mesmo a partir de meados de 1973 e tinha mais histórias primeiro nos gibis do Cebolinha, depois que passou a ter também em gibis da Mônica. E por todos os anos 1970, o estilo de histórias do Chico eram bem diferentes, ele tinha outra personalidade e só adotou estilo próprio que conhecemos quando passou a ter seu próprio gibi e personalidade definida de fato só a partir dos gibis da Globo.

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    6. Permita-me discordar num ponto:

      Como são cento e quatorze edições publicadas antes de 1987 e conheço um número expressivo de HQs do núcleo rural desse período, não percebo oscilação de personalidade por parte do titular-nuclear, ainda que seja discreta indefinição no comportamento dele no decorrer desse tempo, também não percebo. A síntese basilar de Chico Bento se encontra claramente estabelecida bem antes da MSP mudar de editora, pelo menos é assim que o vejo analisando e comparando suas histórias dos dois períodos - Globo e, na Abril, na condição de titular.

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    7. Acho que a partir de 1983 o Chico já passou a ter personalidade quase igual como conhecemos, antes disso era diferente. Ainda assim no período até 1987, acho que tinham algumas indefinições como, por exemplo, comportamento com a Vó Dita, com o primo Zeca, que passaram a ser definidas só na Globo.

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  2. Olá. Bom dia, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Por gentileza, uma pergunta: você comprou a Revista Magali Edição #55 (Edições: #225/#628-Terceira Temporada), ou, não?. Por gentileza, qual dia o Restante das Capas das Revistas Todas da Turminha do mês de Maio do ano de 2024, e, as Capas Todas das Revistas Todas da Turminha dos meses de Junho/Julho do ano de 2024, elas serão divulgadas pelo site da Loja PANINI COMICS Brasil, sim?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    1. Também não sei que dia vão ser divulgadas...

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    2. JP, não chegaram ainda aqui as edições de Nº 55, por isso ainda não comprei essa revista da Magali. As capas das edições Nº 56 já vi divulgadas, já as outras não sei quando, só a editora e a MSP que podem saber quando vão divulgar. Abraços.

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    3. Ok. Marcos, por gentileza, é verdade, que, nos meses de Novembro/Dezembro do ano de 2024, terão os Relançamentos dos Almanaques:
      Mônica; Cebolinha; Cascão; Magali, e, Chico Bento Edições #20 (Edições #105-Segunda Temporada);
      Turma da Mônica Edição #20 (Primeira Temporada);
      Tina Edição #05 (Edição #33-Segunda Temporada);
      Almanacão Turma da Mônica Edição #20 (Edição #42-Segunda Temporada);
      Super Almanaque da Turma da Mônica Edição #15 (Primeira Temporada),
      E,
      As duas Edições da Revista Mônica Especial de Natal: #17 (Primeira Temporada-Relançamento), e, #18 (Primeira Temporada), nas Bancas de Revistas, e, Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, é isto mesmo?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    4. JP, vão ter relançamentos dessas edições. Abraços.

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    5. Ok. Muito obrigado, então, Marcos.

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  3. Boa história, eu lembro bem dela. Foi uma das primeiras que colecionei dos anos 90. Mesmo Chico sendo preguiçoso, precisando aprender, fiquei com dó dele, o pai dele pegou pesado com aquelas tarefas todas. Chico presisa de firmeza e disciplina, mas não era para tanto, né? Gigante gente boa, bem gentil de ajudar, Chico teve sorte. E o cavalo também deu selo de aprovação, até dançou de alegria.

    O final sempre foi meio sem-noção para mim. Sempre achei muito ingênuo o Seu Tonico achar que o Chico, em talvez cinco minutos, deu conta daquilo tudo sozinho. No mínimo, o moleque demoraria umas duas horas antes de terminar tudo. E essa ''recompensa'', ein? Tá mais para um castigo bem distribuído. Só consigo acreditar se eu de fato pensar que o pai do Chico não acreditou realmente no filho e quis dar essa punição adicional por mentir. E o cavalo Osório fechou bem com a piadinha bem-vinda.

    História bem divertida, nota 8.

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    1. O pai pegou pesado mesmo, podia dar um castigo, mas não precisava ser tão exagerado, Chico nunca conseguiria fazer tudo, só o Gigante pra ajudá-lo. Só arar a terra já levaria um tempão, pra ele fazer todas as 3 tarefas teria que ser o dia todo e ainda ia faltar algo. Pro pai recompensa seria mais trabalho, tudo que Chico não queria, pode ser que o pai achou que mentiu pra ele, não ter acreditado que fez aquilo e quis dar o castigo ao Chico, mas isso não ficou muito claro, fica na interpretação de cada um. O cavalo Osório foi legal, gostei dele dançando e comemorando que o Gigante fez tudo, tirando o trabalho dele.

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    2. Cavalo também bem preguiçoso, não?

      Esse final até me lembrou o final de uma HQ ''Muita Confusão para um Só Mônicão'', onde a Dona Luíza dá um castigo na Mônica e Cebolinha, para eles arrumarem toda a sala alagada, o banheiro, a cozinha, o quintal, concertar a máquina, e etc. Tudo isso com um ar de boazinha, e dizendo que porque confia muito neles.

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    3. Cavalo aprendeu com o Chico quesito preguiça. Eu li essa do Monicão, um final parecido, bastante coincidência finais assim.

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