quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Turma do Penadinho: HQ "Vida do lado de lá"

Mostro uma história em que um homem morre e curte a vida após a morte, Com 6 páginas, foi publicada em 'Parque da Mônica Nº 34' (Ed. Globo, 1995).

Capa de 'Parque da Mônica Nº 34' (Ed. Globo, 1995)

Nela, a família do Anacleto está no hospital com esperança que sobreviva, mas acaba morrendo. Enquanto choram, o espírito do Anacleto segue um túnel em direção à luz, até chegar ao cemitério do Penadinho, recebido pela Dona Morte. Anacleto pergunta se morreu e Dona Morte diz se ele está achando que ali era o Parque da Mônica e o deixa lá por ter o que mais o que fazer.

Anacleto recebe uma pancada do Cranicola  ter sido arremessado. Penadinho pergunta se machucou e por ver que era novo lá, convida Anacleto para jogar futebol com eles. Depois, Anacleto dá uma volta no cemitério, vê o Zé Vampir, Frank, Muminho e o Lobi e acha bem interessante. Em seguida, vai se divertir com o Penadinho, assustando grupo de pessoas que estavam chamando por espíritos e ainda vai ao baile que tem todas as sextas-feiras no cemitério. 

Anacleto gosta de lá, acha que é a vida que sempre quis, mas tem que ressuscitar quando a Dona Cegonha descobre que a Dona Morte o levou por engano. Já de volta à vida, jornalista quer saber do Anacleto como é a vida após a morte par ao seu livro e Anacleto conta o que presenciou como jogar bola com um crânio falante e que fez 2 gols e o médico prefere desconsiderar esse caso por não acreditar no que o Anacleto estava contando.

História legal em que a Dona Morte leva o Anacleto para o cemitério e ele vê que era bem divertido lá. Só que a Dona Morte o leva por engano e precisa ressuscitar e ao contar como é a vida após a morte, ninguém acredita. Dona Morte mais uma vez desatenta e se engana com suas vítimas, 3 vezes em um único mês, ruim para o Anacleto que estava gostando da outra vida e nem se lembrava da sua família. O jornalista queria uma exclusividade, aparecer imediatamente depois de ele ressuscitar, mas era difícil de acreditar que após a morte acontecia aquilo que o Anacleto falava.

Dessa vez teve toda a trajetória da morte, de Anacleto fechar olhos lentamente, da passagem da alma pela luz conduzida pela Dona Morte até chegar ao cemitério em vez de Anacleto aparecer direto lá para mostrar como era o processo completo assim que a pessoa morre e cemitério ficou retratado como um lugar animado e perfeito, com direito até de jogar futebol e baile às sextas-feiras, como o melhor lugar para ficar. Era comum ter histórias em que fantasmas não gostavam de ter morrido e depois acaba gostando de lá, nessa o Anacleto gostou de lá do início ao fim.

Mostrou tema de vida após a morte, curiosidade que muitos tem, sem saber como é de verdade, já que ninguém voltou para contar como é. Foi tudo de forma leve e humorada, para amenizar a morte, não dizer que era ruim morrer. O cemitério do Penadinho representa o purgatório, onde as almas esperam se vai para o céu ou para o inferno ou reencarnar e era o Penadinho quem recebia essas novas almas. No caso, então, o purgatório que era o melhor lugar para se viver. 

Tiveram vários absurdos típicos de histórias em quadrinhos. Foi engraçado o Cranicola servir como bola na partida de futebol, contra a vontade dele, fantasma ter dor ao receber bolada do Cranicola, festa em cemitério. Engraçado também Dona Cegonha mandar Dona Morte arrumar um óculos para ler direito a sua lista e interessante casais da festa de diferentes espécies como Zé Vampir com fastasma, Lobi com cachorrinha de verdade. É incorreta atualmente por envolver vida após a morte, dizer que morrer não é ruim, espiritismo, família chorar diante do corpo do Anacleto em hospital, grupo de invocação de espíritos, sem chance história assim hoje em dia.

Curiosidade da Dona Morte falar o bordão "Não, Pedro Bó" como referência ao personagem Pedro Bó, interpretado por Joe Lester no quadro do Pantaleão, personagem interpretado por Chico Anysio no programa "Chico City". O bordão virou sinônimo de resposta a alguém que faz uma pergunta idiota. Não era muito comum o Parque da Mônica ser citado em histórias que não eram ambientadas lá, quando acontecia, eram em histórias publicadas naquela revista como nesta história. Também raramente tinha mais de uma história do Parque na revista, o certo era só a de abertura e as demais, histórias normais.

Traços ficaram bons, típicos de histórias de miolo dos anos 1990 e colorização bem bonita, adorava as cores assim do segundo semestre de 1995 com degradê em todos os quadrinhos, seja ambiente externo ou interno, até em arbustos e gramas e nos balões com degradê quando eram coloridos em fundo branco. Tiveram alguns erros como bigode do médico de cor da pele na primeira página, Anacleto ter aparecido de céu claro na página 2 da história e Anacleto de boca fechada no terceiro quadrinho da página 3 da história.

35 comentários:

  1. Eita e a capa dessa revista? Cascão deixou a Cascuda de lado? kkkk

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    1. Sim, ele deixou Cascuda de lado e se apaixona pela Janaína. Muito legal essa.

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    2. Ele tinha brigado com a Cascuda porque tinham mandado uma caixa de sabonetes pra casa dela, e resolver arrumar outra namorada.

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    3. Sim, Andrey, caixa de sabonete foi fundamental pra ele terminar namoro c9m Cascuda.

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  2. Que arte linda nesta historinha! Os humanos estão super-detalhados!

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    1. Verdade, eles caprichavam nos desenhos, ficavam muito bonitos.

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  3. "(P)pedro (B)bó"... Como que meus tios usaram e abusaram desta expressão... Eu mesmo, quando falava asneiras, tecia comentários idiotas, era bater e valer, me mandavam um pedro bó na lata, sem menor cerimônia.
    Como foi bom não ter sido poupado de determinados tratamentos que advinham de adultos e até dos adolescentes, pois a gente crescia e ia se criando, ficasse de bobeira na pista, dançava, essa era a ordem.

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    1. Sim, é uma expressão antiga e os mais velhos falavam muito, sempre pra dar ideia que achavam que era uma pergunta idiota, não necessariamente que fosse de fato. Se falam isso hoje, seria falta de respeito, que é maltrato, implicariam demais. Interessante que foi Chico Anysio que criou o bordão e se popularizou rápido.

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    2. Chico Anysio, bem lembrado... O que lembrava a respeito da expressão é que há relação com TV, mas não sabia exatamente o quê. Cheguei a pensar que fosse algum personagem de telenovela ou coisa de algum comercial que teria marcado época - antigamente, comerciais e propagandas televisivas(os) marcantes eram uma espécie de regra.

      Quanto ao ofício da Dona Morte, ceifa muito mais vidas masculinas, tende a poupar a mulherada. Claro que há mulheres fantasmas no núcleo, nesta história mesmo, ainda que de forma bem resumida, podemos ver algumas. Alminha é único exemplo como integrante fixa.
      Até no lúdico da categoria da TM clássica, não digo "mulheres prontamente mortas", até aí, tudo bem, mas, evidenciar os processos em curso, isto é, mulheres morrendo tendem a chocar mais comparando com o fenômeno se abatendo sobre homens, e isso ocorre em diversas culturas, ou seja, consenso que ultrapassa fronteiras. De certo modo, neste sentido, homens adultos são... descartáveis.

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    3. A TV que formou o bordão. Acontecia as vezes principalmente em programas de humor e comerciais. A Dona Morte morava homens e mulheres, tiveram mais homens provavelmente por conseguirem roteiris maus engraçados. Pode até chocar mais mulheres morrendo, mas não descartaram nas histórias por completo.

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    4. A tirada de Dona Morte, denotando um choque de realidade que se abate em Anacleto ao mencionar Parque da Mônica, é uma "piadinha localizada", isto é, só funciona harmonicamente por "Vida do lado de lá" ser original de Revista Parque da Mônica, pois se a trama fosse publicada em outro título, o comentário soaria meio deslocado e, por menor que fosse, ainda surtiria alguma graça.

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    5. Talvez por essa piada, o roteirista queria mesmo que essa história fosse publicada na Revista Parque da Mônica.

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    6. Sim, Rodrigo, só pode ser por isto mesmo, e harmonizou bem. Outra coisa é se já foi republicada, independente qual seja o almanaque, a piadinha com cemitério não ser o famoso parque continua funcionando. Meio deslocada(o) seria só mesmo se a primeira publicação fosse em Mônica ou Cascão ou Cebolinha - até mesmo em Chico Bento, pois nos tempos da Editora Abril o título do caipirinha volta e meia contava com HQs do núcleo do Penadinho, questão é que na época não havia Parque da Mônica, nem o parque propriamente dito e nem o título (gibis) dedicado(s) a esse espaço de entretenimento infantil, o que existia era a itinerante Pracinha da Mônica, protótipo do Parque da Mônica.

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    7. A piadinha do Parque da Mônica poderia sair em qualquer título de gibi já que todos conhecimento da existência do Parque, e até ajudaria como divulgação, só que como já tinha a revista do Parque, preferiram colocar lá. A piadinha serve pra responder com deboche da pergunta idiota que o Anacleto fez.

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    8. Se fosse publicada em Mônica, por exemplo, Dona Morte poderia dizer: "Tá achando que isto aqui é o Bairro do Limoeiro?"

      Marcos, você menciona o bigode do médico; ambiente aberto em fundo claro, sendo que é noite; Anacleto falando de boca fechada... mas, há mais um erro, trata-se da roupa da Dona Morte no segundo quadro da última página, está com gola e isto não faz parte do traje dela.

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    9. Também serviria bairro do Limoeiro se fosse em outro gibi. Ndeixa de ser um erro da Dona Morte com gola a não ser que abaixou um pouco o traje na hora, pouco provável.

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    10. Se estivesse esticando-a com dedo indicador como demonstração de constrangimento pelo baita deslize que cometeu, até se justificaria presença de gola, contudo, ainda seria estranho, porque, na roupa da Dona Morte, o que se entende por gola ou algo que se aproxime disto é a parte frontal e inferior da carapuça.

      Os óculos da (C)cegonha não aparecem no terceiro quadro da última página, no entanto, está longe de ser um erro, simplesmente pode ter guardado em algum bolso do colete.
      É interessante a ambígua relação que Dona Morte tem com as aves da natalidade, às vezes, o antagonismo é explícito, já em outras, há uma colaboração mútua, com ambos os lados se respeitando e se complementando, mantendo a fluidez do sistema.

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    11. A gola pelo visto foi erro. A Dona Cegonha deve ter colocado o óculos só pra ler a lista e depois guardou. E não tinha uma relação padronizada entre Dona Morte e Dona Cegonha, variava do roteiro, mas muitas vezes tinha rivalidade entre eles.

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  4. Olá. Boa noite, Marcos. Eu sou JP, de Salvador-Bahia. Por gentileza, uma pergunta: você irá comprar o Box dos Quatro Livros do Saiba Mais! Com a Turma da Mônica, no mês de Maio do ano de 2024, ou, não?. Por gentileza, você comprou o Livro Mônica 60 Anos, nesta semana, ou, não?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    1. Boa noite. Não vou comprar o box de Saiba Mais e ainda não comprei o livro Mônica 60 anos. Abraços.

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    2. Ok. Marcos, por gentileza, é verdade, que, no mês de Junho do ano de 2024, terão os Relançamentos do Super Almanaque da Turma da Mônica Edição #14 (Primeira Temporada), nas Bancas de Revistas, e, Livrarias das Regiões Todas do Brasil todo, é isto mesmo?. Por gentileza, uma pergunta: é verdade, que, no mês de Maio do ano de 2024, as Revistas da primeira quinzena:
      Mônica;
      Cebolinha;
      Cascão;
      Magali;
      Chico Bento
      E
      Turma da Mônica Edições #55 (Edições #225-Terceira Temporada), elas irão fazer umas Referências, sobre os 60 anos da Magali, é isto mesmo?. Eu aguardo respostas. Abraços.

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    3. Vai ter relançamento desse Superalmanaque. Se tiver algo especial de 60 anos da Magali, acho que vai ser só na revista dela sem serem histórias interligadas com os outros gibis. Estilo como foi com Cebolinha e Chico Bento. Mais fácil é a data passar em branco.

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    4. Ok. Muito obrigado, então, Marcos.

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  5. Li essa em um almanaque. Dos almanaques que tenho do Penadinho, gostei bastante de uma HQ, embora seja bem pesada (como tantas). Nela, um cara que gostava de passar a perna em todo mundo acaba morrendo, aí no céu ele tenta furar a fila e um dos anjos fala: "Aquele que fura a fila aqui vai direto pro..." Aí ele cai no inferno e lá tem uma fila e todo mundo deixa ele passar na frente. Aí ele fala: "Pelo menos aqui as pessoas são mais amigáveis" então quando ele passa na frente de todos mundo percebe que a fila é pra entrar no caldeirão fervendo e tomar espetada com o tridente

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    1. Tiveram bastante histórias pesadas com a Turma do Penadinho, eram as melhores deles. Eu já vi essa história, bem legal, sim não lembro em qual edição eu vi.

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  6. Já li essa história quando era criança. Só que nunca entendi a imagem distorcida no último quadrinho da primeira página.

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    1. Sempre entendi que o quadrinho representa a alma do Anacleto saindo do corpo e a visão que ele tinha enquanto se movimentava.

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    2. A cena que Warrior of Light diz não ter compreendido bem quando criança e que você, Marcos, conseguiu decifrar, possui viés espírita e o que há neste quadro em específico outrossim é o tipo de situação contida(o) em vários relatos de EQM, as tais experiências de quase-morte. Na verdade, a cena em questão é um clichê e que já era manjado em 1995.

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    3. Sim, Zózimo, a história tem um lado espírita e querer mostrar EQM e era bem comum isso nas histórias, por isso não difícil de decifrar a cena.

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  7. Gostei da história, curtinha e sabe bem seu propósito. Sempre gostei das histórias do Penadinho, depois da Mônica e do Chico acho que era o núcleo que mais gostava na verdade. Embora eu não goste muito da Dona Morte assim desatenta, para mim a personagem sempre foi inteligente. Não combina com ela.

    Marcos, você acredita em EQM (experiência de quase morte)? Onde as pessoas em operações de coração saem do corpo e dizem que podiam ver a sala e as pessoas em volta? Que viam uma luz, viam amigos e pessoas falecidas? Esses casos ficam muito famosos e cientistas se interessam muito por isso até hoje. É muito intrigante. Você acredita nisso?

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    1. Bem curtinha e divertida, sem precisar de enrolações. As vezes a Dona Morte aparecia desatenta, um pouco fira da personalidade dela, mas acho que as vezes a colocavam assim pra diferenciar é dar um humor maior. Eu acredito em EQM e bem curioso e intrigante de fato. Tem cientistas que estudam isso, inclusive.

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  8. MSP poderia pensar com carinho em republicar o parque da Mônica no formato omnibus, como vem fazendo com os títulos da Abril. É um material que choro até hoje por ter vendido =(

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    1. Por isso melhor não se desfazer, deixa guardado porque depois se arrepende. Acho difícil fazerem o omnibus do Parque por serem revistas de 1993 e se fizerem, vai demorar porque querem fazer por ordem de lançamento dos títulos. Tipo, só vão lançar omnibus do Cascão e do Chico Bento quando os da Mônica e Cebolinha chegarem em 1982 e aí um omnibus de 1993 iria demorar bem mais. Não acredito que nem Cascão e Chico Bento vão ter, devem cancelar antes disso.

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  9. Pelo cenário, e pela falta de aparelhos, eu acho que o cara faleceu na casa dele, e não no hospital. Achei bacana aquele último quadro da primeira página, que dá a impressão de uma pessoa abrindo os olhos e refocando a visão; mesmo com a forma crua que foi feito, foi uma ideia legal.
    Agora, nunca vi esse negócio de proibir história dizendo que a morte não é ruim; não foi sempre essa uma das ideias centrais do núcleo do Penadinho? O que vão querer depois, que tirem as histórias dele das revistas?

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    1. O que determina que era a casa dele foram os quadros, se não fosse isso ficaria indefinido porque os cenários eram simples sem muitos objetos. A cena do último quadrinho da primeira página ficou legal. Não acredito que eles não vão tirar a Dona Morte e os personagens desse núcleo, mas deixam histórias bolinhas que poderiam ser protagonizadas por qualquer personagem e a Dona Morte não matar mais ninguém. Já está sendo assim, eles estão bem diferentes do que eram.

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