Mostro uma história em que o Papa-Capim se apaixona pela Lua Jaci e pensa que uma mulher fosse a Jaci que voltou para a Terra para namorar com ele. Com 6 páginas, foi publicada em 'Chico Bento Nº 96' (Ed. Globo, 1990).
Capa de 'Chico Bento Nº 96' (Ed. Globo, 1990) |
Papa-Capim olha para a Lua e diz que está apaixonado. Janaína pergunta se é por ela e Papa-Capim responde que é pela Jaci, quanto mais olha, mais enamora, é muito linda. Janaína diz que Jaci é uma deusa e nunca se apaixonaria por um indiozinho bobo como ele. Papa-Capim fala que Jaci um dia foi uma índia com cabelos da cor dos raios do Sol e quem sabe um dia ela volte para a Terra e namore com ele. Papa-Capim fica olhando para Jaci até quando amanhece e vai embora.
Logo depois, uma mulher loira, a Jacira, vai mergulhar no rio, Papa-Capim acha que é Jaci, que ouviu as preces dele e voltou à Terra para namorar com ele. Em seguida, ele vai lá se apresenta e diz que está apaixonada por ela, que não entende já que não se conhecem. Papa-Capim diz que a conhece, todas as noites fica olhando para ela e a Jacira diz que sabia que tinha que ter fechado a janela do quarto.
Papa-Capim fala que querem diria estar conversando com uma deusa e Jacira acha que é exagerado. Depois, ela fica com fome e Papa-Capim vai buscar frutas. Jacira acha gentil e diz que adora água-de-coco. Papa-Capim pede para ela levá-lo para o céu. A mulher fala que já tem namorado ciumento, ele pergunta se é o Sol, o vento ou o rio e ela diz que se chama Carlão e é surfista, que anda no mar sob uma prancha e explica que mar é um lago imenso, maior que a floresta.
Papa-Capim pergunta se o namorado dela é um Deus, Jacira responde que alguma garotas o endeusam por ser uma fera no surf. Papa-Capim fica triste, diz que não entende o que ela estava falando, Jacira dá um beijo nele no rosto e vai embora, mergulhando no rio. Depois, ela sai da selva de carro com seus pais, confirmando que era mulher mesmo. No final, Papa-Capim comenta com Janaína que devia se apaixonar por uma índia da tribo como ela e ouvindo o trovão, Janaína diz que é para esquecê-la porque está apaixonada por Tupã.
História legal em que o Papa-Capim se apaixona pela Lua Jaci e ao ver uma mulher mergulhando no rio, pensa que era Jaci que voltou para a terra pra namorar com ele. Só que ela queria nada com ele, já tinha namorado, deixando Papa-Capim desiludido. No final, ele se conforma e pretende namorar com a índia Janaína, só que aí ela se apaixona pelo Deus Tupã.
Papa-Capim teve um amor platônico, era impossível ele namorar com a Jacira e principalmente se ela fosse Jaci como ele desejava. É muito inocência por parte dele de achar que Jaci voltaria para Terra em forma de humana, se soubesse, já saberia desde o início que seria impossível namorá-la. Deu uma pena do Papa-Capim desiludido e sem entender nada o que a Jacira falava, já que não sabia dos costumes dos caraíbas (homens brancos), não sabia nem o que era mar e surfista.
Não falaram por que Jacira e seus pais estavam na selva, ela podia ter falado isso para o Papa-Capim, provavelmente deixaram de fora para agilizar a trama e deixar curta por ser um gibi quinzenal. Curiosa a semelhança do nome dela ser Jacira, bem parecido com Jaci.
Final ficou aberto se Janaína ia atrás de Tupã e se aconteceria a mesma coisa com o que aconteceu com Papa-Capim e Jacira. Eles gostavam de finais abertos assim para leitores imaginarem uma sequência. Oficialmente, a namorada do Papa-Capim era a Jurema, mas tinham vezes que deixavam outras indiazinhas como namorada dele e a Janaína foi mais de uma vez e ela estava bem frequente nas histórias desse período de 1989 e 1990, depois ela sumiu dos gibis.
Essas histórias mostrando costumes dos índios primitivos, enaltecendo seus deuses como Tupã e Jaci, etc, e sem saber dos costumes dos homens brancos eram as melhores. Essa é incorreta hoje em dia justamente por isso da Turma do Papa-Capim ser mostrada como tribo primitiva, com ocas, caçar com arco e flecha, não saber sobre a civilização, envolver religião dos índios, aparecerem sem roupas, hoje em dia, os índios não gostam nem de serem chamados de índios, e, sim, de indígenas. Além disso, envolve tema de namoro, criança se apaixonar por uma adulta e a Janaína aparecer sem top, mesmo sendo uma índia criança não pode hoje em dia.
Os traços ficaram muito bonitos, sempre caprichavam nos cenários da selva da Turma do Papa-Capim e a mulher por quem ele se apaixonou deslumbrante também. Até arte do título caprichavam e com criatividade colocando coraçõezinhos na palavra "Apaixonado". A Janaína não tinha traços definitivos enquanto apareceu nos gibis, a cada história era desenhada diferente de acordo de cada desenhista, o que era normal com personagens secundários recém-criados.
Parou na da galega, denota que de bobo Papa-Capim só tem cara e o jeito de andar... Depois que percebe que é muita areia para seu caminhãozinho, decide reciprocar à arrastada de asa de Janaína, mas, aí, caboclo... rejeitou quando não devia... perdeu, playboy! Mesmo não sabendo direito o que é mar... terminou vendo navios. Melhor assim, pois se Jurema descobre que o indiozinho estava querendo outros apitos, ainda mais apito de caraíba, se dirigiria a ele feito chaleira cujo conteúdo atinge 100 graus celsius, ou seja, apitaria estridentemente... e não teria essa de "pode vir quente que estou fervendo", não haveria reciprocidade, seria só mesmo a boa e velha vara-verde estalando na sambiquira dele.
ResponderExcluirGraças a D... digo, graças a Tupã, tudo termina em paz, afinal, sem conotação, mas... já conotando, Papa-Capim é o menino que Deus guarda - apenas mesmo no bom sentido, até por guardas florestais aparecerem lá uma vez ou outra nas HQs deste núcleo.
Ele acabou perdendo o namoro com a Janaína, se tivesse ficado com ela desde o inicio, não a perderia também. Jurema que gostou já que Papa-Capim namorou com ela depois em definitivo. E já tiveram mesmo guardas florestais nas histórias do Papa-Capim, já teve de tudo.
ExcluirEm "A substituta" e "Um amor de professora" também têm esta de criança se apaixonar por adulto, ou melhor, por adultas, visto que o protagonista das duas é o Chico Bento que fica fortemente atraído pelas professoras, sendo a Marocas uma delas.
ExcluirConhece essas histórias, Marcos?
Falando nisso, tem uma história em que a Mônica se apaixona por um parente adulto, porque ele elogia ela e fala brincando que quer namorar com ela. Aí depois ele aparece com a namorada dele e a Mônica briga com ele como se estivesse sendo traída. Também tem uma história em que o pai do Cebolinha conta que a primeira paixão dele foi quando ele era uma criança e se apaixonou por uma professora. São histórias como essas que nunca mais serão publicadas.
ExcluirZózimo, conheço essas histórias do Chico. Eram comuns histórias assim das crianças se apaixonarem por professoras ou adultos próximos, queriam se aproximar do que acontecia na vida real e queriam deixar mais próximos do cotidiano das crianças.
ExcluirJoão, lembro dessas citadas por você, no caso da Mônica, se apaixonou pelo seu primo Edu. De fato, não publicariam hoje em dia, iriam implicar muito. Na época ninguém ligava, hoje daria processo.
ExcluirMuita idiotice se dar ao trabalho de processar uma empresa como a MSP por causa de uma HQ inofensiva como esta do Papa-Capim e tantas outras neste tema, muita falta do que fazer.
ExcluirAcho que não conheço as histórias citadas pelo comentarista João.
A professora de "A substituta" parece ser a mesma de "Professora nova" (Chico Bento nº21 Ed.Abril), o que acha, Marcos? Será que essas loiras seriam no singular, isto é, seria mais uma personagem que conseguiu o feito de possuir duas aparições?
Zózimo, lembro na história do pai do Cebolinha ele conta ao filho sobre ter se apaixonado por uma professora, quando era criança. Mas viu que ela já tinha namorado e ele era muito novo pra ela. Ficou triste e quando cresceu não conheceu muitas mulheres interessantes. Até que conheceu a mãe do Cebolinha e ele sentiu que aquela era a mulher da vida dele, porque sentia uma tremedeira e um calafrio ao se aproximar dela. Aí o Cebolinha passa perto da Mônica e sente o mesmo (só que por medo de apanhar) aí ele diz: "Ela só o que faltava, tô apaixonado pela Mônica".
ExcluirConcordo, Zózimo. Problematizam tudo, fica chato isso. Não sabem nem interpretar inocência. Também acho essas professoras parecidas, se não é a mesma, aí se encaixaria em casos assim de personagem secundária ter 2 aparições.
ExcluirJoão, lembro bem dessa história, só não lembro da edição que saiu. É bem assim mesmo como você descreveu.
ExcluirRealmente não sei se conheço essa do Seu Cebola, João. Pela descrição parece bem engraçada.
ExcluirO nome da personagem de "Professora nova" não é mencionado, já em "A substituta", não lembro direito, creio que ocorre o mesmo, são anônimas - ou anônima, gostaria que fossem a mesma apenas para incluí-la na galeria dos que contam com duas aparições.
Zózimo, não lembro de menções de nomes delas nas histórias, tenho quase certeza que não falaram. Sendo desenhos iguais, pode considerar a mesma personagem.
ExcluirSão desenhos muito parecidos, mas, pensando melhor, são mesmo duas personagens, não sei qual foi publicada primeiro, uma é de Chico Bento nº21 (1983), não sei qual a edição da outra, e também, ordem não faz diferença, questão é que em "A substituta" Chico fica atraído pela professora e em "Professora nova" o tema é outro, isso indica que são duas docentes.
ExcluirZózimo, devem ser duas diferentes. Pena a gente não saber verdadeira intenções dos roteiristas.
ExcluirE o nome da bela dama ainda era Jacira.
ResponderExcluirPapa-Capim não era nada, nada bobo mesmo.
Muito legal essa questão de explorar a mitologia indígena. Infelizmente o "mundo" não permite mais que histórias assim, mesmo essa, recheada de inocência até a medula, sejam publicadas. Mas há de chegar o dia em que o Sol brilhará de novo, e dispersará para sempre as trevas destes tempos sombrios em que vivemos...
Se ela dissesse o nome dela, aí que o Papa-Capim ia pensar que era a Jaci. Era muita inocência por parte dele, muita simplicidade, e por isso se tornava boa, hoje implicariam com essa inocência, sem dúvida, sem chance de publicação.
ExcluirCara!
ResponderExcluirEsta publicação desbloqueu essa HQ na minha memória!
Não tinha uma mínima lembrança dela,como se eu nunca tivesse lido,até chegar aqui!
Acontece da gente esquecer de uma história e lembrar ao ler depois de muito tempo. Essa é muito legal.
Excluir"Essa é incorreta hoje em dia justamente por isso da Turma do Papa-Capim ser mostrada como tribo primitiva, com ocas, caçar com arco e flecha, não saber sobre a civilização, envolver religião dos índios, aparecerem sem roupas, hoje em dia, os índios não gostam nem de serem chamados de índios, e, sim, de indígenas. Além disso, envolve tema de namoro, criança se apaixonar por uma adulta e a Janaína aparecer sem top, mesmo sendo uma índia criança não pode hoje em dia. "
ResponderExcluirImaginem se os filmes da "Tainá" fossem gravados hoje em dia!E foram produzidos não muito tempo atrás não,hein!
Não se pode falar/escrever "índio","escravo" e "mulato",como se determinado termo fosse ofensivo ou se se mudasse iria mudar o passado ou eliminar alguma condição degradante que originou o termo!
Continuo falando e escrevendo esses termos,consciente de que não estou ofendendo ninguém.
Infelizmente tudo é ofensivo hoje em dia, eles querem ser chamados de indígenas, palavra índio é proibida, acredito que as mudanças recentes na Turma do Papa-Capim tenha grande influência deles, não gostarem de serem retratados como primitivos. Hoje o filme Tainá não existiria ou colocaria extremamente didático, perdendo toda a graça.
ExcluirAntigamente,quando se chamava uma pessoa "da cor" como eu de "preto",nego se ofendia,e dizia que "preto é cor,negro é raça".Hoje em dia,tanto "preto" como "negro" é usado sem problema.
ExcluirSe bem que o termo "negro" antigamente era usado só formalmente,na mídia,enquanto o povo falava "preto" mesmo.
E eu mesmo não gosto do termo "raça" para humenos,prefiro "etnia".Nossa raça é a humana!
Houve mudanças na cultura e na linguagem e continuará havendo mudanças,revogando outras.
Vejo que preferem ser chamados de negros do que preto. Quando falam preto, dá um ar pejorativo e antigamente povão não ligava ser chamado de preto, até nos trapalhões, o próprio Mussum nem ligava.
ExcluirBoa tarde, não sei dizer, acho que é venda nacional, mas não sei confirmar. Abraços
ResponderExcluirSem contar o machismo velado, exposto através da frase de Jacira: "Puxa! Por mim, eu ficava aqui... pena que meu namorado não deixa... é um ciumento!" Escuta aqui: ele é seu pai? Seu patrão? NÃO!! ele é apenas e tão somente o seu namorado! Hoje,ele não deixa você ficar aonde você quer... amanhã,vai fazer coisa MUITO PIOR!! caso está história fosse republicada(o que eu duvido), com certeza mudariam para "só iria sentir falta do meu namorado... gosto tanto dele!"
ResponderExcluirVerdade, teve um diálogo machista, desmerecendo a mulher e ela achar tudo normal. Com certeza diálogos assim seriam alterados hoje em dia, sendo que dificilmente esta seria republicada.
ExcluirLegal essa história, essa revista do Chico tenho desde nova. Impressionante como uma história inocente como essa iria ter implicância do pessoal lacrador. Definitivamente, vivemos tempos estranhos. Não sabia que o Papa Capim e sua tribo não são mais mostrados em ocas, ou mostrando seus costumes. Já basta a questão das roupas, que já mudaram. Será que faz sentido existir um personagem "indígena", se ele não pode ter orgulho e viver uma vida de "índio "? São somente histórias em quadrinhos, o povo precisa se preocupar mais com a realidade, oras...
ResponderExcluirPor incrível que pareça uma história tão inocente iam implicar demais, outros tempos, sem dúvida. Pois é, não vivem em ocas, são casas simples e costumes de indígenas normais da atualidade, também não vejo sentido mostrar tribo assim nas histórias, perde a graça. Quase não tem histórias do Papa-Capim agora e quando tem, seguem um estilo mais educativo, seguindo as causas dos indígenas atuais, nada a ver mesmo se preocuparem com a realidade já que gibis são ficções. Pra ter ideia, já vi história com o Cacique com celular, descaracterizaram demais.
ExcluirTerá uma nova capa e não sei quando vão divulgar no site. Vou comprar quando tiver promoção, encontrar um bom desconto, acredito que só em 2024. Abraços.
ResponderExcluirOk. Muito obrigado, então, Marcos.
ResponderExcluirNão tenho essa edição... mais já li essa boa hq em algum almanaque, rs ;)
ResponderExcluirhttp://blogdoxandro.blogspot.com/
Sim, saiu em algum almanaque da Globo. História legal.
ExcluirA outra parte incorreta da história é que no 3° quadrinho da 3ª página da história , quando o papa - capim pula , a bunda dele aparece .
ResponderExcluirTem razão. Não podem mais mostrar buhda das personagens.
ExcluirHistória bem inocente e cativante. Papa-Capim se apaixona pela lua, esnoba possível namorada, encontra a primeira garota loira e assume que é Jaci (que provavelmente ainda é seu apelido, de Jacira, que coincidência), descobre que já é comprometida e quando tenta começar algo com antiga paquera, esta já partiu para outra e está apaixonada pelo Tupã. Não sei como podem implicar com isso, precisa manter sua inocência de criança para saber apreciar. Adoro a ingênuidade do Papa-Capim, me lembra uma história que ele e Cafuné foram levados para praia por engano, cochilando em um caminhão, estranham a areia, pensam que o mar era o rio que cresceu, engoliu e floresta e ficou salgado e ''turbulento'' com ondas, tudo enquanto pensam que foi obra do Curupira, imagina só. Esses curumins e suas idéias. Boas histórias que não voltam mais.
ResponderExcluirNão dá pra entender de implicarem com coisas assim tão inocentes, fora muito comum crianças se apaixonarem por adultos próximos. Eu gostava quando o Papa-Capim tinha inocência e lembro dessa com ele e Cafuné irem para praia por engano, nunca tinham visto e estranham tudo. Realmente histórias assim não voltam mais.
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