segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Chico Bento: HQ "Rede de armadilhas"

Compartilho uma história em que o Chico Bento quando queria se deitar na sua rede e sempre era impedido por alguém. Com 7 páginas, foi história de abertura de 'Chico Bento Nº 67' (Ed. Globo, 1989).

Capa de 'Chico Bento Nº 67' (Ed. Globo, 1989)

Chico Bento monta a sua rede entre as árvores em frente ao sítio, depois de pegar um suco e um livro para deitar na rede, o pai está deitado nela. Seu Bento pergunta ao filho se foi ele quem armou a rede, Chico confirma e Seu Bento diz que é um menino bom, só ele para fazer essa surpresa para o pai que estava cansado de trabalhar na roça e que podia ficar o dia todo lá. Seu Bento dorme na rede por meia hora, quando a sua mulher, Dona Cotinha o chama para almoçar.

Chico aproveita para armar a rede em outro lugar. Anda um pouco e acha local com árvores e monta a rede, feliz que vai poder matar a vontade, só que quando vai deitar, Zé Lelé estava lá. Chico fala que é para sair, a rede é dele, Zé Lelé responde que não tem nome do Chico ali e se fosse, armaria na casa dele, não ali e se quiser usar a rede, vai ter que esperar. Chico aceita quebrar o galho e espera Zé Lelé curtir a rede.

Depois de um tempão dormindo na rede, Zé Lelé vai embora e quando Chico vai deitar, vê que tinha outra pessoa dormindo. Chico dá pontapés, gritando que é para o folgado sair e ninguém mais vai deitar na rede dele. Aí, descobre que era a Rosinha, que pergunta como se atreve aquela grosseria era e termina o namoro com ele. 

Então, Chico resolve armar rede em outro local mais longe ainda e vai para o mato. Arma em cima de um formigueiro, as formigas reclamam entre si e picam a bunda do Chico, que dá um salto para cima e vai procurar outro lugar, falando que não vai desistir da rede dele. 

Depois, monta em outro local do mato, perto de um penhasco, e olha para vários lados para ver se não tem ninguém por perto. Quando finalmente vai deitar, ele se joga nela, fazendo uma onça que estava no galho cair na rede com ele. A onça ataca o Chico, vão se rolando pelo mato, caem do penhasco e param no rio. No final, os pais vão ao hospital visitar o Chico, que estava internado. Perguntam ao médico como o filho estava passando. O médico diz que ele sofreu umas fraturas, mas vai ficar bem e que na verdade até parece feliz, mostrando o Chico todo engessado e guinchado sobre a cama como se estivesse em uma rede.

História legal, bem curtinha e muito divertida, em que o Chico só queria relaxar em uma rede, mas sempre quando tenta deitar, aparecia alguém para atrapalhar, era só ele virar as costas que alguém já estava na rede. Primeiro o pai, depois o Zé Lelé e a Rosinha e até formigas e onça impediram seu descanso. Depois de sofrer acidente com a onça, conseguiu ter a sensação de estar em uma rede no hospital e apesar de acidentado, ficou feliz porque finalmente se deitou em uma rede.

Foram engraçadas as formas do impedimento de deitar, tudo podia ser evitável se Chico fosse mais inteligente. Com o pai, até ainda podia aceitar que ficou com pena do pai cansado de tanto trabalhar na roça e não queria desapontá-lo, só que assim que o pai estava almoçando, era só o Chico ficar lá e já estava resolvido. Mesmo que saísse para procurar outro local, Chico foi muito tolerante com o Zé Lelé folgado, era só expulsá-lo. Com a Rosinha vacilou, podia ter visto quem era antes de mandar expulsar daquele jeito. Com as formigas, ele podia olhar para baixo primeiro e com a onça, olhar para cima antes de armar a rede. 

As reações do Chico em cada um destes impedimentos deixaram melhor ainda. O embate com a onça foi hilário demais. Não mostraram o que aconteceu depois com a onça, até para agilizar e ser uma trama curta em gibi quinzenal e o que era importante era o desfecho com o Chico e aí fica na imaginação de cada um com o que aconteceu com a onça.

O tipo de roteiro parece desenho animado de várias coisas inesperadas acontecerem com o personagem em sequência e as cenas da onça com o movimento, perderam chance de fazer um desenho animado baseado nessa história. Hoje em dia é incorreta nem tanto pelo tema em si, mas por elementos como Chico dar pontapé na Rosinha na rede, ficar sozinho no mato, ser picado por formigas e principalmente, o final com ele se atracando com onça, mostrando acidente com o Chico caindo em precipício, internado no hospital com fraturas no corpo todo, piadas com gente internada, final triste em relação à saúde do Chico, tudo que não pode mais atualmente.

Os traços muito bonitos e encantadores, típicos dos anos 1980. Alguns erros que tiveram foram de pálpebras do Chico brancas quando ficou de olho fechado no último quadrinho da 2ª página da história (página 4 do gibi), ele com dente vermelho no 2º quadrinho, com língua branca no 6º quadrinho e dente com cor da pele enquanto dormia no 7º quadrinho da 3ª página da história (página 5 do gibi) e ele cantando de boca fechada no último quadrinho da 4ª página da história (página 6 do gibi). Todos erros muito comuns na época.

19 comentários:

  1. Redinha disputada, sô!
    De certa forma, a namoradinha mereceu o chute, claro que Chico Bento não faria isto se soubesse quem é, engraçado também é a folgança da Rosinha, não é comum agir assim, se acomodou na rede com o dono dela dormindo encostado na árvore, esperava ser acordada por ele e foi exatamente isto que aconteceu.
    Quem merecia ser tratado com intolerância é o Zé Lelé.

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    1. Muito disputada, povo de Vila Abobrinha adora uma rede. Se Chico soubesse que era a Rosinha, não faria o que fez, até que eu pensava de início que era o Zé da Roça. Ela foi folgada também, mas sem dúvida quem merecia os pontapés ou o Chico virar rede pra baixo era o Zé Lelé, ele foi o mais folgado e abusado.

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    2. Pior foi que, apenas por querer ficar bem, bem, bem longe da folgança alheia e bem sossegado na rede, dois desejos legítimos para qualquer caipira normal, termina literalmente vendo a onça beber água (ele também bebe), só faltou ver a cobra fumar - ofídio tabagista... deve ser uma cena e tanto presenciar de perto algo assim... ainda assim, prefiro ficar só mesmo na segurança da minha imaginação fértil.

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    3. Acho que a onça bebeu um pouco de água, mas conseguiu escapar e seguiu seu caminho. Acredito que as fraturas do Chico se devem mais ao atraque com a onça antes da queda, já que caíram na água.

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    4. Seu Bento olhando para o filho todo lascado e com expressão tranquila por, da pior maneira possível, se afastar das inconveniências e finalmente ter sossego para descansar, não imagina que foi ele quem induziu Chico na busca pelo local ideal para relaxar. Melhor terminar sem saber que foi responsável por iniciar o efeito dominó do guri com a rede para não sofrer com a culpa, afinal, é só um pai e marido trabalhador que cochilou antes do almoço e que provavelmente faria o mesmo após almoçar, motivando Chico a remover a rede, bem diferente das folganças de Rosinha e Zé Lelé.

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    5. É, na cabeça do Chico imaginou que o pai poderia voltar depois do almoço, ainda assim que ele conseguiria ficar lá por meia hora enquanto o pai comia e fora que ele podia voltar para o trabalho sem descansar, ficou vago isso e na nossa imaginação. Chico cedeu a vez pro pai com pena de vê-lo cansado pelo trabalho, mas com Zé Lelé e Rosinha foi bem diferente, dava pra ser mais firme, principalmente com o Zé Lelé, se tivesse enxotado, nem precisaria lidar com Rosinha depois.

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    6. A partir da quinta página (pág.7) o chapéu não aparece mais, o que não deve ser interpretado como erro, só está fora do nosso alcance, ou seja, permanece próximo ao dono fora das vistas dos leitores, claro que Chico o perde por causa do encontro com a onça e o mesmo vale para o copo e livro que "saem de cena" uma página antes da "ausência" do acessório do protagonista. Provavelmente bebe o suco logo após indisposição com a namorada e ao se dirigir para o próximo local de instalação da rede os transporta nela como se fosse bolsa ou sacola, entretanto, também é possível que tenha esquecido os objetos no ponto entre sua casa e a mata.

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    7. Esses não considero erros, pode muito bem o Chico ter esquecido ao sair pra caminhar em outro local. Erros foram mesmos na colorização e cantar de boca fechada.

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    8. Sim! Ocultações definitivas de chapéu, copo e livro a partir de dois momentos da trama correspondem à coerência, não são erros.
      Sobre os discretos erros com cores, há também o retalho da rede pintado de branco nos três últimos quadros da penúltima página.

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    9. Verdade, nem reparei nesses erros dos retalhos da rede, esses, sim, erros porque havia aparecido amarelo antes.

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  2. Lembro que li essa história quando criança, quando li pela primeira vez achei meio sem sal, muito repetitiva. Relendo agora, até que as situações foram bem engraçadas e o final podemos chamar de agridoce (só fiquei mal pelos pais dele, imagina o tamanho do desespero deles). É uma das histórias que poderia realmente ser evitada se o Chico pensasse duas vezes nas situações, ou se fosse mais assertivo/ pulso firme com os ''forgados''. O Zé Lelé saiu pela tangente, é esperto com a mesma frequência que é lerdo, se deu bem ele, já Rosinha... Chico poderia ter lidado melhor. Gosto de pensar que quando Rosinha soube que ele sofreu acidente e ficou internado, se compadeceu e foi visitá-lo e deixou ele se explicar. Até que tudo acabaria bem para ele.
    História nota 8, gostei mais relembrando agora do que quando criança.

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    1. É engraçada, só dá pena dos pais no final, pessoal nem ligava pra essas coisas, gostava das piadas. Na verdade, o Chico só apareceu acidentado por causa da piada final porque normalmente quando personagens caíam de precipício, no máximo tinham arranhões e saíam andando na outra cena como se nada tivesse acontecido, o mesmo vale pra desenhos animados. Com certeza tudo podia ser evitado principalmente com o Zé Lelé. De alguma forma, depois Chico e Rosinha fizeram as pazes, a visita no hospital devem ter resolvido tudo.

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    2. Eu sempre fui uma pessoa bem sensível mesmo, é fácil me emocionar. Eu até gosto de violência, pastelão em desenhos animados- ás vezes eu gargalho, ás vezes eu fico sentida, mas nada demais. No caso dessa história, os pais simplesmente ficaram sabendo que o filho sofreu acidente, foi atacado por uma onça, e nem estavam lá para vê-lo, socorrê-lo. Eles até que estão bem tranquilos na última página, bem de boa, quase como se o Chico ficar hospitalizado fosse algo comum, como uma rotina. Claro, isso dá um certo toque de humor.

      Agora, só imaginando: como o Chico conseguiu ser salvo, ele quebrou ossos, certamente ficou inconsciente quando caiu na água, na certa era para ter se afogado. Será que alguma boa alma viu toda a cena, de repente um pescador no lago, e tratou de ajudá-lo e chamar a emergência? Sei não, hein? Só ficando na nossa cabeça. De qualquer forma Chico engessado na última cena parece seguro de que o trauma valeu a pena.

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    3. Levando a sério como na vida real, realmente dá pra se emocionar e ficar triste com a situação do Chico e dos seus pais, por isso hoje não fazem mais histórias com situações assim. A forma como Chico foi salvo e parou no hospital também fica na imaginação de cada um, provavelmente um pescador ou alguém que estava perto da beira do rio que o resgatou. E pra ele, serviu como males que vem para o bem, só com o acidente ele conseguiu relaxar em uma rede.

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  3. Boa noite, não sei quando vou comprar, só quando tiver promoção. Sim, porque pagar R$ 89,90 em um livro desse não dá. Abraços

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  4. Magali completa 60 anos em 2024, mas não sei se vão fazer revista e livro comemorativos, principalmente livro. Abraços.

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  5. História muito engraçada mesmo, eu acho que a onça foi de Rainha Elizabeth II (risos).

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